Seguindo proposta brasileira, as Farc abandonam sequestros e anunciam libertação de todos os reféns
Guerrilha aceitou proposta do Brasil,
que ajudará no processo de entrega dos polícias e militares mantidos em cativeiro.
Via Opera
Mundi
As Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (Farc) anunciaram no domingo, dia 26, que não recorrerão mais à prática
de sequestros como arma política para pressionar o governo colombiano. No anúncio
divulgado em seu site na internet, o secretariado da guerrilha também confirmou
a libertação de dez policiais e militares colombianos atualmente mantidos como reféns.
O texto afirma que as Farc continuam
a buscar a paz em diálogo com o governo colombiano. “Por isso, queremos comunicar
a nossa decisão de ampliar a liberação já anunciada de seis prisioneiros de guerra,
para os quatro restantes em nosso poder”, diz o comunicado.
“Anunciamos que a partir da data banimos
a prática deles [sequestros] em nossa
atuação revolucionária”, informaram as Farc, que disseram que a decisão obriga a
guerrilha a revogar uma “lei” do grupo rebelde, que, em 2000, autorizou seu financiamento
com o sequestro de civis.
O comunicado também agradece a atuação
de autoridades brasileiras na mediação do conflito e dão a entender que a libertação
dos reféns poderá ser feita no Brasil. “Ao agradecer a oferta generosa do governo
presidido por Dilma Rousseff, que nós aceitamos sem hesitação, queremos expressar
nossos sentimentos de admiração para as famílias dos soldados e policiais em nosso
poder”. O Brasil colocou à disposição os meios logísticos para a missão humanitária
de entrega dos reféns.
O fim do sequestro como arma política
era uma das antigas reivindicações da ONG CCP (Colombianos e Colombianas pela Paz),
liderada pela ex-congressista Piedad Córdoba.
Há três anos, Piedad e a CCP mantêm
negociações com as Farc, que já permitiram a libertação de maneira unilateral de
20 rebeldes e, agora, os dois compromissos finais deles sobre os sequestros.
Os reféns
Os militares e policiais, todos eles
em cativeiro há mais de 12 anos, são os últimos reféns remanescentes das Farc, que
chegaram a manter mais de 50 políticos, militares, policiais e três norte-americanos,
que pretendiam trocar sem sucesso por 500 rebeldes presos.
O comando central da guerrilha pediu
à porta-voz das famílias dos reféns, Marleny Orjuela, que os receba na data estipulada,
ainda não divulgada publicamente.
Os reféns a serem libertados são os
militares Luis Alfonso Beltrán Franco, Luis Arturo Arcía, Robinson Salcedo Guarín
e Luis Alfredo Moreno Chagüeza, e os policiais Carlos José Duarte, César Augusto
Lasso Monsalve, Jorge Trujillo Solarte, Jorge Humberto Romero, José Libardo Forero
e Wilson Rojas Medina.
Todos eles são membros das forças
armadas ou de segurança da Colômbia sequestrados em ações realizadas entre 1998
e 1999, nos piores anos da atividade das Farc, guerrilha ativa desde 1964.
Na lista de reféns, também aparece
Luis Eduardo Peña, subcomissário da Polícia Nacional, de quem se desconhece se continua
vivo, pois tanto as Farc como a ex-congressista Piedad Córdoba insinuaram que ele
teria morrido em cativeiro.