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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 14, 2012

Em risco a sobrevivência da humanidade


 

Sanguessugado do Burgos
 Raymundo de Oliveira
Não há registro na história da humanidade de uma nação relativamente tão poderosa quanto os atuais Estados Unidos. Quantas bases militares tem a China no exterior? E a Rússia? E o Irã? E a Síria? E o Brasil, Cuba, Venezuela, Japão, Alemanha? Posso afirmar que não têm nenhuma base militar no exterior. Por quê, com que direito os EUA têm dezenas de bases militares em todas as partes do mundo?
América Latina
Não há um só país na América Latina que não tenha sido vítima da agressão dos EUA, direta ou indiretamente. O golpe de Pinochet, no Chile, foi diretamente apoiado pelo governo americano. O golpe de 64, no Brasil, tinha a Quarta Frota norte americana preparada para a eventualidade de não dar certo.
"O México foi esquartejado pelos EUA no século XIX e quando Cárdenas resolveu nacionalizar o petróleo, a pressão foi imediata e direta, ficando célebre a expressão: México, triste México, tão longe de Deus e tão próximo dos Estados Unidos”. Hoje a NAFTA está destruindo a indústria mexicana. A ALCA, no restante da América Latina, tinha o mesmo objetivo, felizmente afastado.
Poderíamos citar ainda a Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Argentina, Colômbia, Haiti, Peru, Equador, Bolívia, Uruguai, Paraguai. Cada país uma história triste, os EUA sempre apoiando os governos repressivos, onde os interesses das grandes empresas americanas se confundem com aqueles dos grupos internos de empresários associados a elas. É quase sempre uma história similar.
E não me referi ainda a Cuba, onde o domínio americano substituiu o espanhol, na passagem do século XIX para o XX. Vem daí a excrescência histórica da base de Guantánamo que os EUA se recusam a devolver a Cuba e que foi transformada em centro de tortura de militantes árabes. Além disso, até hoje o Império mantem o criminoso bloqueio a Cuba.
Como a política venezuelana não é aquela que os americanos gostariam, eles construíram sete bases militares na Colômbia e armaram fortemente este país, insuflando a guerra, que todos sabemos seria instrumento da destruição da Venezuela pelos EUA, tendo como objetivo verdadeiro as reservas petrolíferas do país.
Quando o Brasil descobre o pré-sal, num momento em que as multinacionais procuram desesperadamente novas reservas de petróleo, imediatamente é reativada a Quarta Frota que, há décadas, estava adormecida. Esse acordar da Quarta Frota está sendo um aviso aos brasileiros e latino-americanos de que um poder mais alto está de olho nessa riqueza estratégica.
Oriente Médio
Sem qualquer simpatia pelo Iraque sob o governo de Saddam Hussein, período em que os comunistas e a esquerda em geral estavam na cadeia, é preciso reconhecer que se tratava de um país com uma das melhores qualidades de vida na região e onde as mulheres tinham mais direitos. Porém, possuía a terceira maior reserva de petróleo do mundo.
Tendo perdido a confiança dos EUA, o Iraque é invadido por decisão unilateral dos norte-americanos, sem, para isso, ter conseguido nem mesmo o apoio da própria Europa. Alegavam que o Iraque teria armas de destruição em massa, o que ficou provado que era mentira. São tão fortes que não precisam dar satisfação a ninguém. Destruído o país, Saddam é preso e levado a julgamento, durante o qual foram assassinados três advogados de defesa e trocado o juiz-chefe. Imaginem se isso tivesse acontecido em Cuba!!!!
Procuraram impedir qualquer pronunciamento de Saddam Hussein, tendo o julgamento sido interrompido diversas vezes. Seu depoimento seria perigoso, pois poderia dizer de quem recebeu os gases tóxicos que usou contra os curdos. Poderia relembrar o apoio que tivera dos EUA na guerra contra o Irã. Moral de história: os defensores da “democracia ocidental e cristã”, os norte-americanos, forçaram seu enforcamento, transmitido ao vivo pela Internet. Há poucas barbaridades tão graves no passado recente e tão bem documentadas.
Hoje o Iraque é um país arrasado, sem infraestrutura de saneamento, sem hospitais, suas estradas destruídas, escolas fechadas, toda uma juventude, que chegou a ser das mais instruídas da região, sem condições de assistir às aulas. Mas seu petróleo está controlado pelos EUA e as empresas americanas contratadas para reconstruírem o país.
Esse processo se repetiu na Líbia, que também possui enorme reserva de petróleo, tendo sido assassinado Muammar Kadhafi pelas forças da OTAN, sob orientação dos EUA.
Há pouco mais de um ano, as coisas fugiram do controle no Egito, à época comandado por Hosni Mubarak, homem de confiança dos EUA. Rapidamente, a Sra. Hillary Clinton deixou claro que Mubarak era amigo e o defendeu contra os que se levantavam por eleições livres. Não deu certo, o movimento cresceu, Mubarak caiu. A palavra final não foi dita, mas os americanos estão apoiando o que restou da ditadura militar anterior, receosos de que as coisas possam ir longe demais.
Os EUA querem continuar decidindo o destino de cada país e controlando suas riquezas estratégicas. Serão melhores, por acaso, os dirigentes da Arábia Saudita ou eles estão sobrevivendo porque são submissos e permitem que seu petróleo, a maior reserva do mundo, seja utilizada livremente pelo maior império da história da humanidade?
Há quarenta anos os norte-americanos saíram enxotados do Vietnam, após causarem milhões de mortes. Hoje estão destruindo o Iraque e o Afeganistão e se preparando para destruir a Síria.
E, com tudo isso, querem impedir que o Irã se prepare para a guerra, construindo suas próprias armas. O que aconteceu no Iraque e na Líbia é incentivo para que se armem as nações ameaçadas pelos EUA.
O drama é ainda mais profundo, pois Síria, Irã, Líbia, Afeganistão, Iraque, entre outros, têm tido governos deploráveis, ditaduras teocráticas, algo que sonhávamos não seria visto no século XXI. É inconcebível qualquer apoio a esses governos, por tudo o que têm representado de atraso. Porém, não se pode dar uma carta em branco para os EUA escolherem que ditaduras podem ficar e quais as que ele decidiu acabar. A superação desses governos precisa ser algo vivido por seus povos, nascido de suas lideranças, superado pelo avanço de seus próprios quadros: cientistas, mulheres e homens, profissionais liberais, trabalhadores e suas organizações.
Crise e Guerra
Como colocado no início, não há registro na história da humanidade de uma nação tão poderosa. Sua atuação no exterior é suportada pelo desnível nos armamentos onde os EUA têm larga vantagem sobre todos os outros países somados. O perigo adicional é que, numa dessas crises cíclicas a que somos levados pela lógica do Capital, como a que estamos vivendo, o Império se desespere e faça “bobagem maior”. A história mostra que a guerra é sempre uma possibilidade nas grandes crises.
Em risco a sobrevivência da humanidade.

Fonte: rededemocratica.org
*Gilsonsampaio

Auto Didata - A arte dos livres pensadores

Autodidata é a pessoa que tem a capacidade de aprender algo sem ter um professor lhe ministrando conteúdos em aulas. O próprio indivíduo, através dos seus empreendimentos pessoais, consegue intuir, pesquisar e encontrar o material necessário para a sua aprendizagem. Muitas vezes confunde-se um autodidata com alguém que gosta de estudar, porém ao contrário daqueles que têm prazer em estudar, o autodidata tem a preferência e a habilidade de conhecer por conta própria. Um diferencial relevante entre um indivíduo somente intelectual e um autodidata, é que para o segundo, o processo de pesquisa tem mais valor que o próprio resultado, pois ao buscar uma informação, acaba se apropriando de vários outros conhecimentos. Ser também um autodidata é importante para o aperfeiçoamento integral do ser, pois implica muitos outros desenvolvimentos psíquicos paralelos ao fator educacional, como o autoconhecimento, a libertação do intelecto formal e a redescoberta dos dons naturais, ou seja, da capacidade inata de expandir a inteligência. A educação deve acordar o indivíduo em conformidade com a inteligência integral (trabalho emocional – o saber sentir; e o intelectual – o aprender a pensar). (Nirma Regina)

terça-feira, março 13, 2012

Transição do Planeta e momentos atuais Jan Val Ellam

Conformismo, rir ou chorar?



Rimo-nos da mimetização de atitudes que parecem reproduzir sem qualquer mediação o comportamento de terceiros. Mas é exatamente esse o fundamento das atitudes coletivas nas sociedades de massa.
O efeito piada desse traço de psicologia social já havia sido bem apreendido no mais popular e duradouro programa de “pegadinhas”, apresentado pelo apresentador Alan Fant.
Num dos episódios, transmitido em 1962, denominado “de cara para parede”, as câmeras registram o breve deslocamento por elevador de quatro integrantes do show, ao lado de um passageiro qualquer.  No interior do equipamento, o grupo adotava o gesto inusitado de voltar os rostos para os fundos do veículo, no que eram invariavelmente acompanhados pelo desconhecido que não resistia a imitar-lhes o movimento.
O impulso de ajustamento a que se viu submetido o cidadão comum frente o grupo dotado de poder dentro do elevador, pode ter consequências bem mais funestas que a do riso quando transposta a ambientes sociais.
Foi o que demonstrou o experimento conduzido dez anos depois pelo psicólogo Philip Zimbardo, com alunos da Universidade de Stanford, que entrou para a história dos mais célebres estudos de investigação comportamental como a “experiência da prisão de Stanford”.
Nas dependências da própria universidade foi simulada uma prisão com todas as características físicas de um centro de detenção: grades de ferro, corredores escuros e celas com uma latrina, uma pia e um acolchoado sobre o cimento.
Para o estudo foram convocados jovens entre 25 e 30 anos de idade por meio de anúncios em jornal ao que se apresentava como sendo um experimento científico realizado por uma instituição de renome, à remuneração de 50 dólares ao dia.
Apresentaram-se para os testes de seleção quase 100 pessoas, dentre as quais foram selecionadas 20, em função de histórico pessoal de não violência e comprovado equilíbrio emocional, além de perfeitas condições de saúde.

Os indivíduos selecionados foram triados aleatoriamente para compor 2 diferentes subgrupos, o dos policiais e o dos prisioneiros. Estes foram uniformizados e dotados de um bastão e óculos escuros a fim de que seus olhos não pudessem ser vistos pelos detentos.

Os prisioneiros, de acordo com o contrato firmado com o departamento de psicologia da universidade, foram detidos por policiais verdadeiros da polícia da cidade de Palo Alto, ainda ao amanhecer de um dia qualquer quando saiam desprevenidos de suas residências. Foram algemados, encaminhados para um cárcere real e depois transferidos para as instalações prisionais da Universidade.

Propositalmente, não foram estabelecidas regras moduladoras da conduta dos guardas, a fim de que se pudesse observar o padrão de comportamento do grupo diante do empoderamento determinado pela força de manter em custódia o grupo de prisioneiros.

O que se viu chocou os estudiosos e levou à suspensão do experimento 15 após o seu início. Os maus tratos e a busca de propósitos de satisfação pessoal por meio da violência cresceram, na mesma medida em que se generalizavam os sintomas de despersonalização e de transtornos emocionais entre os prisioneiros.

Ao fim da primeira semana, uma rebelião foi controlada com espancamentos e a privação do sono dos rebelados. O líder do motim foi posto em solitária enquanto os liderados com melhor comportamento foram premiados com condições privilegiadas de aprisionamento. Em pouco tempo a lealdade interna do grupo foi quebrada e o líder isolado e hostilizado pelos demais.

O conformismo não se restringiu aos encarcerados senão que também a seus parentes que, diante dos cuidados de aparência dirigidos aos presos apenas dois dias antes da visitação, consideraram a transformação por que passavam algo natural quando não desejável. Crises convulsivas de choro e tentativas de suicídio puseram fim ao experimento.

O que se viu em Stanford foi que o grupo dominante agiu de maneira crescentemente insidiosa visando a quebrar da dignidade pessoal dos condenados, ao ponto de passarem a ter desprezo pelo direito dos mesmos à vida. Humilhações e violações daquilo que poderia ser considerado direitos humanos, foram a regra e o risco de morte tomou proporções verdadeiramente assustadoras para os psicólogos. As sequelas sobre os voluntários prisioneiros perseveraram ao longo de 5 anos transcorridos os experimentos.

Um pouco mais distante das celas de uma prisão, se o conformismo de que padecem os homens livres em mercado é para rir ou para chorar, só os desdobramentos futuros dessa nossa condição de consumidores irresolutos o fará demonstrar. Daí talvez o por que de tantos risos histriônicos nos programas cômicos de “stand-up comedy”, que divertem expondo  a própria anomia moral dos espectadores. E o choro incontido em quartos escuros e consultórios, que a maioria tem vergonha de publicamente revelar. 
*Brasilquevai

Deleite Lenine / Milton


Deputados propõem tirar nome de ditador da ponte Rio-Niterói

 

Via CartaMaior
Deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) defende homenagem ao sociólogo Betinho, que se notabilizou na defesa dos direitos humanos. Atualmente a obra chama-se oficialmente ponte Presidente Costa e Silva. O sociólogo Candido Grzybowski, atual diretor do Ibase, enfatiza a importância da alteração do nome da ponte Rio-Niterói no contexto da instalação dos trabalhos da Comissão da Verdade.
Da Redação
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) apresentou na semana passada um Projeto de Lei destinado a alterar o nome da ponte Rio-Niterói. O atual homenageado é Arthur da Costa e Silva, segundo mandatário da ditadura militar, entre 1967 e 1969. Em seu lugar, a denominação ficaria ponte Herbert de Souza – Betinho.
Na justificativa, o parlamentar argumenta que “esta proposta tem sua origem na solicitação de vários movimentos de direitos humanos encaminhada aos membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em dezembro de 2011”.
Entre as entidades solicitantes estão o Centro de Teatro do Oprimido, o Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça, o Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH), o Instituto de Estudos e Religião (Iser), o Instituto Frei Tito de Alencar, a Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.
A proposta alinha-se com um dos tópicos do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). O documento prevê que não mais sejam dados a logradouros públicos nomes de indivíduos que notadamente tenham cometido crimes e perpetrado violações dos direitos humanos no período da ditadura (1964-85).
Momentos sombrios
Segundo Alencar, é “inaceitável que a popularmente chamada Ponte Rio-Niterói seja oficialmente denominada ponte Presidente Costa e Silva, em homenagem a um chefe de Estado que foi um dos artífices do golpe militar, responsável por momentos dos mais sombrios da história brasileira como o que se inicia com a edição do famigerado Ato Institucional nº 5 (AI-5)”.
O sociólogo Candido Grzybowski, atual diretor do Ibase, enfatiza a importância da alteração do nome da ponte Rio-Niterói no contexto da instalação da Comissão da Verdade. Seria mais uma forma de “passar a limpo muitos aspectos da nossa história recente, sem revanchismos, mas com senso de justiça e de verdade conosco mesmos, nossos filhos e netos”.
Betinho (1935-1997) foi sociólogo, militante político e teve uma longa militância em defesa dos direitos humanos. Após mais de uma década exilado, este mineiro de Bocaiuva retornou ao Brasil em 1979. Aqui criou o Ibase, em 1981 e liderou o lançamento da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida em 1993. Além disso, destacou-se na luta contra a discriminação aos portadores do vírus do HIV.
O Projeto de Lei também é assinado pelos deputados Alexandro Molon (PT-RJ), Domingos Dutra (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF), Ivan Valente (PSOL-SP), Janete Capiberibe (PSB-AP), Janete Pietá (PT-SP), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Luiz Couto (PT-PB), Luiza Erundina (PSB-SP) e Padre Ton (PT-RO).
*GilsonSampaio

Vamos denunciar Alckmin ao Tribunal Penal Internacional

O incansável companheiro Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, lançou uma petição on line requerendo do promotor geral do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, o julgamento internacional dos cinco maiores responsáveis pela barbárie no Pinheirinho, começando pelo governador Geraldo Alckmin. O link é http://www.peticaopublica.com.br/?pi=CRIM2012
Recomendo enfaticamente a todos os meus leitores que apoiem a iniciativa, não só assinando como a divulgando e recomendando. É importante que o documento chegue às mãos de Ocampo com o endosso de um grande número de brasileiros inconformados com a volta às práticas da ditadura militar um quarto de século depois de o País ter voltado à civilização.
Os signatários manifestam sua preocupação com a "onda de violência oficial deflagrada pelo governo, a justiça e a polícia do estado de São Paulo, que vitima brutalmente trabalhadores, estudantes, pessoas vulneráveis, habitantes de favelas e outros setores carentes ou etnicamente perseguidos da sociedade".
Lungarzo faz um extenso e impecável levantamento dos crimes e abusos cometidos na desocupação do Pinheirinho, concluindo com a solicitação de "uma ampla e rigorosa investigação independente" e o indiciamento de cinco autoridades por crimes contra a humanidade. São elas:
  • o governador Geraldo Alckmin;
  • o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori;
  • o secretário de Segurança do estado de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto;
  • o prefeito da cidade de São José dos Campos, Eduardo Pedrosa Cury; e
  • a magistrada interveniente da comarca de SJC, Márcia Faria Mathey Loureiro.
Segundo ele, uma intervenção do Tribunal Penal Internacional se faz necessária porque nenhuma medida está sendo adotada pelo governo paulista ou pelo federal, no sentido da apuração das responsabilidades e punição dos crimes.
Em artigo sobre o mesmo assunto (ver íntegra aqui), Lungarzo argumenta que "o indiciamento e acusação dos culpados, mesmo se não puderem ser detidos, servirá de estímulo para que outros setores populares não se deixassem arrasar, humilhar, balear, estuprar, queimar e, eventualmente... matar".
E destacou a integridade do promotor Ocampo e sua "equipe inteligente, corajosa e eficiente, em perpétuo alerta e correndo grandes riscos". Assim, apesar de contar com efetivos muito aquém dos necessários e de ser ser sabotado "pelos Estados Unidos e por todas as ditaduras e governos neofascistas", O Tribunal Penal Internacional tem obtido algumas vitórias, como a sentença que já decidiu e anunciará nesta 4ª feira (14) contra Thomas Lubanga, por seus crimes de lesa-humanidade no Congo.
Por último, quero registrar e aplaudir este ótimo comentário de Lungarzo sobre as autoridades que decidiram dar bestial demonstração de força no Pinheirinho, passando por cima de uma decisão judicial e optando por cumprir outra, como se coubesse aos governos e não à própria Justiça dirimir dúvidas sobre a competência de diferentes cortes e magistrados numa mesma questão:
"Não lutamos com inimigos normais. Estamos nas mãos de psicopatas, místicos e racistas, e é um preconceito pensar que eles são mais humanos que os da Gestapo, da Falange, do Fascio, da Ustasha, do stalinismo. Afinal, alguns dentre eles são comprovadamente discípulos do Opus Dei, a forma ideológica mais tortuosa e patológica do fascismo espanhol. Outros se nutriram no Integralismo, a versão mais irracional do fascismo italiano, que foi amplamente popular em São Paulo".
No Náufrago da Utopia
*comtextolivre

A Erosão da “Relational Matrix”

Há muitos hoje no mundo inteiro, das mais diferentes procedências, preocupados com a crise atual que engloba um complexo de outras crises. Cada um traz luz. E toda luz é criadora. Mas, de minha parte, vindo da filosofia e da teologia, sinto necessidade de uma reflexão que vá mais fundo, às raizes, de onde lentamente ela se originou e que hoje eclode com toda a sua virulência. À diferença de outras crises anteriores, esta possui uma singularidade: nela está em jogo o futuro da vida e a continuidade de nossa civilização. Nossas práticas estão indo contra o curso evolucionário da Terra. Esta nos criou um lugar amigável para viver mas nós não estamos nos mostrando amigáveis para com ela. Movemos-lhe uma guerra sem trégua em todas as frentes, sem nenhuma chance de vencer. Ela pode continuar sem nós. Nós, no entando, precisamos dela.
Estimo que a origem próxima (não vamos retroceder até o homo faber de dois milhões de anos atrás) se encontra no paradigma da modernidade que fragmentou o real e o transformou num objeto de ciência e num campo de intervenção técnica. Até então a humanidade se entendia normalmente com parte de um cosmos vivente e cheio de propósito, sentindo-se filho e filha da Mãe Terra. Agora ela foi transformada num armazém de recursos. As coisas e os seres humanos estão desconectados entre si, cada qual seguindo um curso próprio. Essa virada produziu uma concepção mecanisista e atomizada da realidade que está erodindo a continuidade de nossas experiências e a integridade de nosso psiqué coletiva.
A secularização de todas as esferas da vida nos tirou o sentimento de pertença a um Todo maior. Estamos desenraizados e mergulhados numa profunda solidão. O oposto à uma visão espiritual do mundo não é o materialismo ou o ateismo. É o desenraizamento e o sentimento de que estamos sós no universo e perdidos, coisa que uma visão espiritual do mundo impedia. Esse complexo de questões subjaz à atual crise. Precisamos, para sair dela, reencantar o mundo e perceber a Matriz Relacional (Relational Matrix) em erosão, que nos envolve a todos. Somos urgidos a comprender o signficado do projeto humano no interior de um universo em evolução/criação. As novas ciências depois de Einstein, de Heisenberg/Bohr, de Prigogine e de Hawking nos mostraram que todas as coisas se encontram interconectadas umas com as outras de tal forma que formam um complexo Todo.
Os átomos e as partículas elementares não são mais consideradas inertes e sem vida. Os microcosmos emergem como um mundo altamente interativo, impossível e ser descrito pela linguagem humana, mas apenas por via da matemática. Forma uma unidade complexa na qual cada partícula é ligada a todas as outras e isso desde os primórdios da aventura cósmica há 13,7 bilhões de anos. Matéria e mente comparecem misteriosamente entrelaçadas, sendo difícil discernir se a mente surge da matéria ou a matéria da mente ou se elas surgem conjuntamente. A própria Terra se motra viva (Gaia) articulando todos os elementos para garantir as condições ideais para a vida. Nela mais que a competição, funciona a cooperação de todos com todos. Ela mostra um impulso para a complexidade, para a diversidade e para a irrupção da consciência em níveis cada vez mais complexos até a sua expressão atual pelas redes de conexões globais dentro de um processo de mundialização crescente.
Esta cosmovisão nos alimenta a esperança de um outro mundo possível, a partir de um cosmos em evolução que através de nós sente, pensa, cria, ama e busca permanente equilíbrio. As idéias-mestras como interdependência, comunidade de vida, reciprocidade, complementariedade, corresponsabilidade são chaves de leitura e nos alimentam uma nova visão mais harmoniosa das coisas.
Esta cosmologia é que falta hoje. Ela tem o condão de nos fornecer uma visão coerente do universo, da Terra e de nosso lugar no conjunto dos seres, como guardiães e cuidadores de todo o criado. Esta cosmovisão nos impedirá de cair num abismo sem retorno. Nas crises passadas, a Terra sempre se mostrou a nosso favor, nos salvando. E não será diferente agora. Juntos, nós e ela, sinergeticamente poderemos triunfar.
Leonardo Boff é autor de Homem:Satã ou Anjo Bom?
Al Gore diz que a democracia foi prostituída
Al Gore diz que a democracia foi prostituída
Fotografia © Mario Anzuoni / Reuters
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, afirmou na segunda-feira que "a democracia foi prostituída" e tem esperança de que a Internet conduza à melhoria da governação, noticia a AP.
p class="artigo-intro">Gore fez a afirmação durante um debate com o co-fundador da Napster e empresário da Internet, Sean Parker, na Conferência e Festival Sul pelo Sudoeste, em que ao longo de uma hora discutiram a interseção entre Internet e governo. O ex-vice de Bill Clinton apelou à audiência de milhares que seguiram o debate na Internet e aos que assistiam ao vivo que começassem um movimento "Ocupar a Democracia".
Depois de considerar que o governo dos EUA deixou de ser funcional, Gore apelou à criação e aplicação de instrumentos digitais e meios sociais para responder a esta perda de funcionalidade.
Parker disse acreditar que a Internet está à beira de novas possibilidades que podem provocar mudanças políticas e tornar as eleições menos dominadas pela televisão.
*Nassif