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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 10, 2012

Militares que comemoraram golpe de 64 farão teste do bafômetro


Militar da reserva pleiteou vaga no time titular: “Já me sinto preparado para distribuir sarrafos nos comunistas bichas”, disse um deles. 
CLUBE MILITAR - O que era para ser uma simples comemoração ganhou ares de piquete subversivo. Acossados por maconheiros, vândalos e comunistas, dezoito militares da reserva desembarcaram da nave de Cocoon, no Centro do Rio de Janeiro, para celebrar o aniversário do golpe de 1964. "Vocês precisam saber a verdade: a revolução de 1964 livrou o país das ONGs, das passeatas gays, do hino nacional cantado pela Fafá de Belém e do Big Brother. Disso a imprensa não fala!", discursou o comandante Ernesto Garrastazu Bolsonaro, enquanto desembainhava um Ato Institucional. "Hoje a Susana Vieira faz o que quer sem censura prévia", vituperou, acomodando um militante do PSOL num pau-de-arara.
Com um megafone na mão, o blogueiro Ronaldinho Azeredo tentava promover a paz, a compreensão e o amor solidário entre os homens de boa vontade e bom saldo bancário: "‎Questões que haviam sido superadas, ou que estavam justamente adormecidas, são reavivadas com paixão cruenta", cantarolou ao som de mantras do Homem de Bem. Perguntado sobre a truculência dos torturadores, as arbitrariedades da censura e o destino ainda desconhecido de inúmeros desaparecidos políticos, Azeredo evocou um grão-mestre: "O AI-5 era só um papelzinho", e completou: "Quanto aos desaparecidos políticos, vocês já procuraram no Facebook, seus preguiçosos?"
Antes de regressarem à nave de Cocoon, todos os militares foram forçados a passar por uma blitz da Lei Seca. "Quem chamar o golpe de 'revolução' vai ter de soprar o bafômetro", explicou um policial comunista, maconheiro e subversivo.
 
No zcarlos do The i-Piauí Herald
*Militânciaviva

Grécia: tudo normal

Grécia? Pois é, Grécia.
Se os órgãos de comunicação fossem coisas sérias, falariam de dalguns dos problemas que atravessam o País helénico.

Claro, não puderam evitar a história do reformado grego, o ex-farmacêutico que deitou-se fogo na Praça Syntgama, farto de ter de procurar no lixo algo para comer.
Mas além destes acontecimentos de qualquer forma "espectaculares" e "mediáticos "(pois os media gostam de histórias "fortes"), há outras realidades que continuam ignoradas.

Nomeadamente, na Grécia acontece algo nunca visto num País ocidental desde a Segunda Guerra Mundial. E na Grécia não houve guerra, não nos últimos tempos: houve, e ainda há, o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia. Há bancos.

A pesquisa "A Condição da Infância na Grécia 2012", assinada pela Unicef e pela universidade de Atenas, relata que no País são agora 439.000 as crianças que vivem abaixo da linha da pobreza, em condições desnutridas e insalubre. E com o termo "pobreza" é considerado o rendimento mínimo que uma família de quatro pessoas tem que ganhar todos os meses para pagar a renda e as necessidades básicas como alimentação, transporte, vestuário e educação.

Estas crianças vivem em famílias que representam um quinto das famílias de todo o País.
Neste quinto, 21,6% têm uma dieta pobre em proteína animal, 37,1% não têm aquecimento adequado em casa, 27,8% vivem em casas húmidas e 23,3% naquelas definidas como "más condições ambientais."

Embora os números oficiais falem de 21% dos gregos que vivem na pobreza (isso é, com um rendimento inferior a 470 Euros por mês), o número real já tocou (e talvez ultrapassou) 25%, que significa um quarto dos Gregos pobres.

Em números absolutos, dos 11,2 milhões de gregos, dois milhões 800 mil não têm o suficiente para viver. Mas, de acordo com uma pesquisa da Sociedade Grega para a Luta Contra a Pobreza (EAPN), devido ao agravamento da crise, a Grécia poderia em breve atingir até 30% da população abaixo da linha da pobreza. Previsões recentemente confirmadas por um estudo da Fundação para a Pesquisa Económica e Industrial (Iobe), um prestigiado think tank.

Nos últimos meses, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (Elstat), mais de 400.000 famílias ficaram sem rendimentos, porque nenhum membro trabalha, enquanto mais de 60.000 famílias têm recorrido ao tribunal para consolidar ou renegociar as dívidas, pois demasiado pobres para poder pagar as prestações.
Acontece quando a política de austeridade corta salários e reformas.

O relatório também cita vários casos de crianças que desmaiam nas aulas por causa da desnutrição. Estes casos foram conhecidos com a notícia, em Dezembro, de Maria Iliopoulou, directora do orfanato em Atenas, que denunciou ter registado 200 casos de crianças desnutridas, sendo as famílias delas incapazes de alimenta-las. A mulher afirmou que os professores do Instituto por ela dirigido ficavam nas filas diariamente para buscar um prato de comida para os alunos mais necessitados.

Afirma a Iliopoulou:
Em muitas escolas de Atenas, a situação é ainda mais dramática porque algumas crianças desmaiam nas aulas por causa da fome.

O Ministério da Educação, que no início tinha definido a queixa como "propaganda", foi forçado a reconhecer a gravidade do problema. Assim decidiu distribuir para os estudantes de famílias pobres vales-alimentação com os quais poder comer no refeitório das escolas.

Mas há mais: na Grécia está de volta ao trabalho infantil.
A pesquisa conclui citando uma estimativa UNICEF do Provedor de Justiça das crianças, segundo o qual na Grécia há mais de 100.000 menores que trabalham para contribuir aos orçamentos das famílias pobres.

Tudo isso enquanto o governo Papademos prepara-se para divulgar o plano de recapitalização dos bancos helénicos: serão precisos cerca de 50 biliões de Euros, entregue pela dupla UE-FMI para evitar o colapso do sistema bancário grego.

Sinceramente: podemos deixar falir os bancos? Claro que não. Porque, é explicado, se cair o sistema bancário, cai tudo.
As famílias, pelo contrário...


Ipse dixit.
*InformaçãoIncorrecta

Grampo sem áudio:


a suspeita que não pode ser esquecida


Atualizado às 10:25 do dia 23/03/2012
1. No episódio do grampo dos Correios,  revista Veja se aliou a Carlinhos Cachoeira para expulsar uma quadrilha concorrente do bicheiro. No capítulo "O Araponga e o Repórter", da série "O caso de Veja", descrevo essas relações promíscuas.
2. No caso do grampo sem áudio - o suposto grampo de uma conversa entre Demóstenes e o então presidente do STF Gilmar Mendes -, mostra-se a relação espúria Demóstenes-Veja.
3. Agora, a operação Monte Carlo, mostra as relações de Demóstenes e Carlinhos Cachoeira, inclusive revelando que o bicheiro era informado sobre movimentos políticos de Demóstenes, conforme matérias de hoje.

Insisto na questão: vai-se varrer para baixo do tapete uma suspeita de crime que envolveu todos os poderes da República, o do grampo sem áudio? Até onde foram as relações Veja-Demóstenes-Carlinhos?
À medida em que vão sendo reveladas as influências políticas múltiplas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, é hora de tirar outros fantasmas do armário. Especialmente enquanto vai se desnudando a imagem pública do senador Demóstenes Torres.
Um deles talvez seja a mais grave suspeita a pairar sobre a política brasileira: a de que foi engendrada uma falsificação envolvendo o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a maior revista do país, dando munição para uma CPI, servindo de instrumento de ameaça ao próprio presidente da República. Uma armação que, na história do país, tem o mesmo nível do Plano Cohen e das Cartas Brandi.
Trata-se do grampo sem áudio da conversa de Demóstenes Torres com Gilmar Mendes divulgado pela revista Veja.
A suspeita mais forte é a de que houve uma ligação de Demóstenes para Gilmar, acompanhada presencialmente por um repórter da Veja. O repórter teria anotado em detalhes as falas de Demóstenes; mas de Gilmar captou apenas frases curtas e soltas, conforme pode-se perceber na reconstituição do diálogo. Além disso, quem liga é Demóstenes, é ele quem dá o mote para a conversa. O que reforça a suspeita de que a transcrição só tinha acesso à fala de Demóstenes - por estar assistindo e anotando a conversa - e reconstituiu posteriormente a de Gilmar.
Aparentemente, Gilmar foi o incauto nessa história e acabou endossando a farsa, inebriado que estava pela catarse montada em torno da Satiagraha, que o colocou no centro de todos os holofotes.
É uma suspeita que não pode ser varrida para baixo do tapete. A CPI do Grampo foi prorrogada devido a esse episódio. Nem parlamentares, nem Ministério Público Federal nem Polícia Federal têm o direito de ignorar essa farsa.
Aqui, a íntegra da conversa captada pelo suposto grampo:
Gilmar Mendes – Oi, Demóstenes, tudo bem? Muito obrigado pelas suas declarações.
Demóstenes Torres – Que é isso, Gilmar. Esse pessoal está maluco. Impeachment? Isso é coisa para bandido, não para presidente do Supremo. Podem até discordar do julgado, mas impeachment...
Gilmar – Querem fazer tudo contra a lei, Demóstenes, só pelo gosto...
Demóstenes – A segunda decisão foi uma afronta à sua, só pra te constranger, mas, felizmente, não tem ninguém aqui que embarcou nessa "porra-louquice". Se houver mesmo esse pedido, não anda um milímetro. Não tem sentido.
Gilmar – Obrigado.
Demóstenes – Gilmar, obrigado pelo retorno, eu te liguei porque tem um caso aqui que vou precisar de você. É o seguinte: eu sou o relator da CPI da Pedofilia aqui no Senado e acabo de ser comunicado pelo pessoal do Ministério da Justiça que um juiz estadual de Roraima mandou uma decisão dele para o programa de proteção de vítimas ameaçadas para que uma pessoa protegida não seja ouvida pela CPI antes do juiz.
Gilmar – Como é que é?
Demóstenes – É isso mesmo! Dois promotores entraram com o pedido e o juiz estadual interferiu na agenda da CPI. Tem cabimento?
Gilmar – É grave.
Demóstenes – É uma vítima menor que foi molestada por um monte de autoridades de lá e parece que até por um deputado federal. É por isso que nós queremos ouvi-la, mas o juiz lá não tem qualquer noção de competência.
Gilmar – O que você quer fazer?
Demóstenes – Eu estou pensando em ligar para o procurador-geral de Justiça e ver se ele mostra para os promotores que eles não podem intervir em CPI federal, que aqui só pode chegar ordem do Supremo. Se eles resolverem lá, tudo bem. Se não, vou pedir ao advogado-geral da Casa para preparar alguma medida judicial para você restabelecer o direito.
Gilmar – Está demais, não é, Demóstenes?
Demóstenes – Burrice também devia ter limites, não é, Gilmar? Isso é caso até de Conselhão.
(risos)
Gilmar – Então está bom.
Demóstenes – Se eu não resolver até amanhã, eu te procuro com uma ação para você analisar. Está bom?
Gilmar – Está bom. Um abraço, e obrigado de novo.
Demóstenes – Um abração, Gilmar. Até logo.

Juiz de MERDA


Gilmar ignora explicações do MPF e arquiva ação contra jogos



De O Globo


Decisão sobre jogos de Cachoeira se arrasta no Supremo

Marconi Perillo, governador de Goiás, autorizou em 2000 exploração de caça-níqueis

Roberto Maltchick

Gilmar Mendes, ministro do STF, mandou arquivar ação do MP O Globo / Aílton de Freitas

BRASÍLIA - Uma ação iniciada pelo Ministério Público de Goiás tramita desde 2005 no Supremo Tribunal Federal (STF) tentando anular lei daquele estado que autoriza a exploração de loterias instantâneas. Naquele ano, chegou ao ministro Cezar Peluso, que, como relator escolhido para o caso, deixou o processo parado por cinco anos, até que ele foi redistribuído e caiu nas mãos do ministro Gilmar Mendes - que mandou arquivar a ação do MP. Sem entrar no mérito sobre a validade ou não da legislação estadual, Gilmar tomou a decisão com base em falhas processuais. A lei e o decreto que regulamentou essa norma foram assinados, em 2000, pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), eleito para novo mandato em 2010. A legislação abria brecha para que o governo contratasse empresa para explorar até mesmo caça-níqueis, segundo promotores. A principal beneficiada seria a empresa Gerplan, que pertencia ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Veja também
O passo a passo da legalização do jogo em GoiásPT agora fala em CPI para apurar elo entre bicheiro e parlamentaresCaso Cachoeira: superintendente do Incra no DF é afastadoGoiás deve ter CPI para investigar envolvimento com contravençãoCardozo diz que escutas da PF no caso Cachoeira não são ilegais
Apesar da lei aprovada e do decreto assinado, Marconi Perillo não levou adiante a exploração das loterias instantâneas. O governo de Goiás argumenta que não pôs a norma em prática por recomendação dos próprios promotores, que advertiam sobre a existência de brecha na lei para a exploração de caça-níqueis. Ainda assim, o processo judicial se arrasta até hoje, e, agora, a Advocacia Geral da União (AGU) pede ao ministro Gilmar Mendes que reconsidere a decisão.
AGU diz que houve fraude processual
A Gerplan - Gerenciamento e Planejamento Ltda. é citada em relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como uma das empresas que serviam às atividades de Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro sob a acusação de liderar esquema de exploração de jogos de azar em Goiás. De acordo com o relatório da PF, a Gerplan já está desativada. O artigo 4º do decreto 5.282 prevê que, entre as modalidades de loteria que poderiam ser exploradas em Goiás, estava a loteria de terminal ou videoloteria, "que consiste na utilização de equipamento ou terminal de apostas, dotado de vídeo, capaz de demonstrar o resultado de combinação de números, palavras, símbolos ou figuras".
A polêmica foi parar no STF em 2005, depois que o MP recorreu ao Tribunal de Justiça de Goiás para questionar decisão da primeira instância, que, em 2002, considerou válida a norma editada por Perillo. E só subiu ao STF porque a AGU entrou como parte interessada, uma vez que a Constituição permite exclusivamente à União legislar sobre a exploração de loterias. Em 2007, a Suprema Corte reforçou a lei, ao julgar procedente Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelo mesmo MP de Goiás, contra todas as leis estaduais que versavam sobre jogos.
Em 2010, cinco anos após chegar ao STF, o relator da ação, ministro Cezar Peluso, assumiu a presidência da Corte. O processo foi redistribuído, então, ao ministro Gilmar Mendes. O processo passou mais de um ano com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ele recebeu os autos em abril de 2010 e os devolveu ao STF em dezembro do ano seguinte.
Em 2 de fevereiro deste ano, Gilmar Mendes arquivou a ação ao encontrar um erro processual do MP, que os promotores não reconhecem. Em sua decisão, o ministro do STF explica que o Ministério Público perdeu o prazo para recorrer da decisão de primeira instância. O Ministério Público foi intimado da sentença em 20 de agosto de 2002, e teria 30 dias para apresentar o recurso, carimbado no protocolo em 25 de setembro. Teoricamente, o prazo venceu.
"Verifico que o recorrente foi intimado da sentença em 20 de agosto de 2002, conforme a certidão de folhas 622. No carimbo de protocolo do recurso, no entanto, consta a data de 25 de setembro de 2002, posterior ao término do prazo de 30 dias. (...) Notório, portanto, a intempestividade do recurso, tendo a sentença transitado em julgado", afirma o ministro Gilmar Mendes na decisão.
Mas o Ministério Público e o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, argumentam que houve erro ou fraude processual, no âmbito da Justiça de Goiás. No agravo, encaminhado ao ministro Gilmar Mendes, em fevereiro, a AGU afirma que a ação do MP já justificava a presumida perda de prazo.
A ação relata que o recurso teria sido impetrado em 19 de agosto de 2002, portanto, no prazo regimental. A AGU reproduziu cópia do recibo manuscrito, assinado por um servidor do cartório identificado apenas como "Wilson", com a data de 19 de setembro daquele ano. E alega que o argumento da perda de prazo é "inverídico".
"Assim, demonstrando o equívoco/falsidade da certidão que ensejou a decisão ora recorrida, merece ser provido o presente agravo, julgando-se tempestiva a apelação interposta pelo MP/GO. Caso assim não entenda, requer que o feito seja conduzido ao plenário do STF, de maneira que o presente agravo seja provido", conclui a AGU, em agravo assinado por Adams e os advogados Grace Fernandes Mendonça e Alisson da Cunha Almeida.
O governo de Goiás assegura que não há exploração da loteria instantânea, apesar do arquivamento da ação do MP.
A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal informou que o ministro Gilmar Mendes terá que decidir sobre o caso, por isso, não pode se pronunciar fora dos autos. A AGU também se limitou a confirmar que atua no caso e que defende os argumentos presentes na ação.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/decisao-sobre-jogos-de-cachoeira-se-arrasta...
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*AmoralNAto

Dilma reclamou. Pelo jeito, Obama não gostou

 

Peitando o Valentão

Dilma reclamou. Pelo jeito, Obama não gostou Foto: Kevin Lamarque/REUTERS

Presidente americano não demonstrou muita empolgação com a visita da colega brasileira, que expressou, mais uma vez, preocupações acerca da política monetária expansionista dos países ricos; Merkel também não tinha gostado das cobranças

247 – A presidente Dilma Rousseff voltou a reclamar da “depreciação da moeda de países desenvolvidos” nesta segunda-feira, desta vez para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Depois de falar em “tsunami monetário” antes e durante sua última viagem à Europa, a presidente brasileira, que passou um hora e meia em reunião com o presidente Obama – o dobro do tempo previsto – pediu mais integração e o fim de medidas protecionistas na região, inclusive o que chamou de “protecionismo cambial”.
Obama, que já havia se manifestado sobre o encontro, apenas ouviu as reclamações, durante o pronunciamento à imprensa, com a mão no queixo. Um presidente americano completamente diferente do que aquele que recebeu o primeiro-ministro britânico, James Cameron, há alguns dias, com direito a cachorro quente e jogo de basquete – sem falar no jantar de gala de que Dilma não vai usufruir. Um Obama diferente, também, daquele que chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “o cara”.
Lula, aliás, também se dava bem com o ex-presidente norte-americano George W. Bush – assim como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dividia com o contemporâneo Bill Clinton certa empatia intelectual. Pode ser que a agenda internacional da presidente Dilma seja mais espinhosa, mas o fato é que a brasileira já havia desagradado a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, durante viagem à Alemanha, quando a reclamação sobre o “tsunami monetário” foi rebatida com outra, sobre as medidas protecionistas dos países em desenvolvimento.
EUA
Além das discordâncias na esfera cambial, Dilma e Obama tratraram do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos e conversaram sobre oportunidades de negócio para os americanos na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016. Também foi abordada a ampliação de parceria nas áreas de inovação, educação e segurança.
*AmoralNAto

Dossiês falsos: Fórmula da Veja em sua prática de antijornalismo

José Sagui Tenório, via Advivo

Veja publicou, por intermédio de Mainardi, dossiê falso acusando Franklin Martins, ministro da Comunicação Social de Lula. PF descobre!

Do Blog do Onipresente

PF descobre quem foi que tramou com a Veja os ataques a Martins.

O agente federal aposentado Wilson Ferreira Pinna, lotado na Agência Nacional de Petróleo (ANP), foi apontado pela Polícia Federal como o autor do falso dossiê contra o diretor do órgão, Victor de Souza Martins, irmão do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. O dossiê falsificado foi usado pela revista Veja para atacar a ANP e o ministro.

O material falsificado acusava Victor de Souza de aumentar os royalties das prefeituras que contratavam a empresa Análise Consultoria, que ele tem em sociedade com a mulher, Joseana Seabra. Pinna foi denunciado na 2ª Vara Federal Criminal do Rio pelos crimes de interceptação telefônica ilegal e quebra de sigilo fiscal dos irmãos de Vitor, inclusive do ministro.
Após a revista Veja divulgar o dossiê em abril [2009], primeiramente através da coluna de Diogo Mainardi e posteriormente em matérias da própria revista, o Ministério Público Federal constatou que o documento não estava no inquérito da Delegacia Fazendária, que apura corrupção nos repasses de royalties. A inexistência do dossiê levou o superintendente da PF no Rio, Angêlo Gioia, a abrir novo inquérito.

Em maio, a PF descobriu um pendrive com o falso dossiê, as declarações de renda obtidas ilegalmente e as transcrições de gravações telefônicas. Não se sabe ainda qual jornalista da revista Veja recebeu o pendrive, mas os policiais identificaram Pinna como o autor.

Por meio de representação à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal, onde tramita o inquérito, foi pedida a prisão do agente, além de busca e apreensão na sua casa e na ANP.

O pedido foi para as mãos do juiz Rodolfo Kronemberg Hartmann, da 2ª Vara Federal, que não analisou o caso, provocando um conflito de competência. Tudo parou até 15 de julho, quando o Tribunal Regional Federal (TRF) decidiu que a competência é da 2ª Vara. Após negar pedido de prisão, Hartmann intimou Pinna a apresentar sua defesa, antes de decidir se aceita a denúncia.

Ontem, procurado pelo Estado, Pinna reclamou da divulgação do caso por conta do segredo de Justiça e depois se apegou na rejeição do pedido de prisão para se defender. Vitor repetiu o que falou na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados: “Quero justiça, saber quem fez essa investigação criminosa, a mando de quem, quem pagou e com qual objetivo.”

Em seu blog, o jornalista Luis Nassif afirma que a lógica deste novo episódio do dossiê contra Martins é a mesma que descreve na série de matérias que desmascaram a revista Veja (clique aqui), especialmente no capítulo “O lobista de dantas”. “Primeiro, o lobista passa o dossiê para Diogo Mainardi. Ele escreve, Veja garante o espaço. Não é uma ou duas vezes, é mais que isso, é sistemático”, denuncia Nassif.

*Limpinhoecheiroso

Exploração de caça-níqueis é autorizada desde 2000 em Goiás

A lei foi assinada pelo então governador Marconi Perillo (PSDB) e, desde então, o Ministério Público tenta sua anulação. O governo argumenta, no entanto, que nunca chegou a explorar as loterias instantâneas. A principal beneficiada pela medida seria a Gerplan, empresa de Carlinhos Cachoeira

247 - No ano 2000, o então governador Marconi Perillo (PSDB) aprovou uma lei e decreto que abria brecha para que o governo de Goiás contratasse empresa para explorar até mesmo caça-níqueis. A principal beneficiada seria a empresa Gerplan, que pertencia ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O governo de Goiás argumenta que não pôs a norma em prática por recomendação dos próprios promotores. Mas até hoje, uma ação do Ministério Público tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) tentando anular a lei.
Lei na matéria do Globo:
BRASÍLIA - Uma ação iniciada pelo Ministério Público de Goiás tramita desde 2005 no Supremo Tribunal Federal (STF) tentando anular lei daquele estado que autoriza a exploração de loterias instantâneas. Naquele ano, chegou ao ministro Cezar
Peluso, que, como relator escolhido para o caso, deixou o processo parado por cinco anos, até que ele foi redistribuído e caiu nas mãos do ministro Gilmar Mendes - que mandou arquivar a ação do MP. Sem entrar no mérito sobre a validade ou não da legislação estadual, Gilmar tomou a decisão com base em falhas processuais. A lei e o decreto que regulamentou essa norma foram assinados, em 2000, pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), eleito para novo mandato em 2010. A legislação abria brecha para que o governo contratasse empresa para explorar até mesmo caça-níqueis, segundo promotores. A principal beneficiada seria a empresa Gerplan, que pertencia ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Apesar da lei aprovada e do decreto assinado, Marconi Perillo não levou adiante a exploração das loterias instantâneas. O governo de Goiás argumenta que não pôs a norma em prática por recomendação dos próprios promotores, que advertiam sobre a existência de brecha na lei para a exploração de caça-níqueis. Ainda assim, o processo judicial se arrasta até hoje, e, agora, a Advocacia Geral da União (AGU) pede ao ministro Gilmar Mendes que reconsidere a decisão.
AGU diz que houve fraude processual
Mais:
“Marconi está provando do seu próprio veneno”

Prefeito de Anápolis deposto em 2003, Ernani de Paula afirma que o método usado para a sua derrocada foi reproduzido pelos mesmos personagens no caso Mensalão, inclusive com provas fabricadas; “Demóstenes e Cachoeira operaram para derrubar Lula jogando pela candidatura de Perillo em 2006”, diz
Marco Damiani _247 – Ex-prefeito da segunda maior cidade de Goiás, Anápolis, o empresário e fazendeiro Ernani de Paula tem experimentado o doce sabor da vingança por meio da leitura diária, linha por linha, do atual noticiário político. “O governador Marconi Perillo, o senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira estão provando do mesmo veneno que serviram a mim”, disse ele ao 247. “Fui cassado por uma armação entre eles, que agora estão pagando dobrado, em dimensão nacional, por suas armações”.
Mais:
 Governador de Goiás teria contratado especialistas, segundo denúncias de ativistas, para acabar com o movimento “Fora Marconi”, que já tem mais de nove mil usuários no Facebook
247 – O governador de Goiás, Marconi Perillo, ganhou recentemente um protesto nas redes sociais e já é acusado por ativistas de contratar um exército para desfazê-lo. Reportagem publicada no Correio do Brasil nesta quinta-feira traz denúncias de ativistas referentes à contratação de especialistas em internet, por parte do governo, para encerrar a campanha contra Perillo. O Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, tem membros investigados pela Polícia Federal por manter relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e permitir sua influência em postos de trabalho na gestão do Estado.
Mais:
http//brasil247.com/pt/247/poder/52252/Perillo-é-acusado-de-censurar-protesto-virtual.htm
*Ajusticeiradeesquerda

Que tal você mesmo reestatizar o BANESPA? Ou o BEMGE, BANERJ, BANEB, MERIDIONAL?

 

Se você tem conta em um banco privado e transfere sua conta para um banco estatal, junto com muitos outros brasileiros, o efeito é o mesmo que reestatizar aqueles bancos estaduais que foram privatizados.

A carteira de clientes e negócios daqueles bancos estaduais que foi vendida para um banco privado, voltará para um banco estatal.

Você pode fazer essa revolução silenciosa agora, com as próprias mãos, "sem dar um único tiro". Basta trocar sua conta de banco, privado para público.

Apesar de todas privatarias terem sido ruinosas para a nação, a pior privataria tucana não foi a da Vale, nem do setor elétrico, nem das teles. A pior de todas foi a dos bancos estaduais que, se era para desmantelá-los, deveriam ser incorporados aos bancos públicos sólidos (CEF, BB, BNB, BASA).

Quando o governo tucano privatizou o BANESPA, o BEMGE, o MERIDIONAL, o BANERJ, o BANESTADO, o BANEB, o BANDEPE, etc. privatizou-se a própria moeda. Isso porque na economia moderna, é o conjunto dos bancos que "criam" o dinheiro.

Quando os depósitos, as poupanças e os créditos sob controle estatal foram para os bancos privados, eles ficaram com a faca e queijo na mão para fazer a maior parte da política monetária. O próprio Banco Central virou um leão sem dentes, comendo na mão do chamado mercado.

Além do país quebrado, esse foi um dos maiores fardos que Lula recebeu em 2003. Foi preciso reerguer o BB, a CEF e o BNB, para retomar o papel de protagonista que estes bancos públicos tiveram para reduzir a crise de 2008 a uma "marolinha". E foi preciso regulamentar a portabilidade de contas e financiamentos bancários para dar poder de escolha do correntista diante do poder dos bancos.

Agora a presidenta Dilma volta à carga com o próximo passo, e usa a CEF (cujo controle é 100% estatal) para fazer uma grande derrubada na taxa de juros. Com isso, o Banco do Brasil (que é estatal, mas tem outros acionistas minoritários), acompanha para não perder mercado. O cartel dos bancos privados procuram resistir, apostando no comodismo do cliente que resiste em levantar do sofá e mudar de banco.

A estratégia dos privados é empanturrar a TV, jornais e revistas com propagandas fantasiosas em massa para não mudarem de banco, e só baixar juros para o cliente que der um ultimato avisando que vai mudar de banco.

Além disso, anúncios em massa fazem a alegria dos barões da mídia que, interesseiros, direcionam os noticiários e escalam os "especialistas" para dar opiniões, do jeito que os bancos privados gostam, contra a queda dos juros, atacando os bancos públicos.

Quem tem dívidas bancárias já tem um bom motivo pessoal para mudar de banco. Afinal quem não gosta de trocar um financiamento por outro com prestação mais barata? Mas mesmo quem não tem dívidas, há a motivação política para reestatizar pelo menos uma parte do setor bancário.

Talvez estejamos entrando na maior reforma econômica dos últimos anos, capaz de fazer outra revolução silenciosa, como a que aconteceu no governo Lula com a distribuição de renda fazendo milhões de brasileiros entrarem na classe média e proporcionando um surpreendente crescimento do mercado interno.

Se o mercado bancário for mais estatal do que privado, impondo juros civilizados com lucros menos exorbitantes, o dinheiro, através do crédito, fica mais acessível a todos os brasileiros, produzindo outro ciclo virtuoso para continuar dinamizando a economia e gerar cada vez mais e melhores empregos.

Para algumas pessoas pode ser chato trocar de banco, mas se ficar acomodado, pior é continuar vivendo num país sob a ditadura dos bancos privados.

Com toda a conjuntura desfavorável (pois a composição dos poderes no Brasil são majoritariamente de forças capitalistas conservadoras), Lula fez e Dilma está fazendo a sua parte. Cabe a cada um de nós também fazermos a nossa e reestatizarmos os bancos estaduais, com a simples mudança de conta. Do contrário, não adianta ter passado 8 anos gritando "Fora Meirelles".
*osamigosdopresidentelula

Safatle: Escracho
honra o Brasil

 

"... um Judiciário cínico ..." (Foto: Leandro Silva/Sul 21)


O Conversa Afiada republica excelente artigo de Vladimir Safatle

Honrar o país


Aqueles que hoje desafiam a mudez do esquecimento e dizem, em voz alta, onde moram os que entraram pelos escaninhos da ditadura brasileira para torturar, estuprar, assassinar, sequestrar e ocultar cadáveres honram o país.


Quando a ditadura extorquiu uma anistia votada em um Congresso submisso e prenhe de senadores biônicos, ela logo afirmou que se tratava do resultado de um “amplo debate nacional”. Tentava, com isto, esconder que o resultado da votação da Lei da Anistia fora só 206 votos favoráveis (todos da Arena) e 201 contrários (do MDB). Ou seja, os números demonstravam uma peculiar concepção de “debate” no qual o vencedor não negocia, mas simplesmente impõe.


Depois desse engodo, os torturadores acreditaram poder dormir em paz, sem o risco de acordar com os gritos indignados da execração pública e da vergonha. Eles criaram um “vocabulário da desmobilização”, que sempre era pronunciado quando exigências de justiça voltavam a se fazer ouvir.


“Revanchismo”, “luta contra a ameaça comunista”, “guerra contra terroristas” foram palavras repetidas por 30 anos na esperança de que a geração pós-ditadura matasse mais uma vez aqueles que morreram lutando contra o totalitarismo. Matasse com as mãos pesadas do esquecimento.


Mas eis que estes que nasceram depois do fim da ditadura agora vão às ruas para nomear os que tentaram esconder seus crimes na sombra tranquila do anonimato.


Ao recusar o pacto de silêncio e dizer onde moram e trabalham os antigos agentes da ditadura, eles deixam um recado claro. Trata-se de dizer que tais indivíduos podem até escapar do Poder Judiciário, o que não é muito difícil em um país que mostrou, na semana passada, como até quem abusa sexualmente de crianças de 12 anos não é punido. No entanto eles não escaparão do desprezo público.


Esses jovens que apontam o dedo para os agentes da ditadura, dizendo seus nomes nas ruas, honram o país por mostrar de onde vem a verdadeira justiça. Ela não vem de um Executivo tíbio, de um Judiciário cínico e de um Legislativo com cheiro de mercado persa. Ela vem dos que dizem que nada nos fará perdoar aqueles que nem sequer tiveram a dignidade de pedir perdão.


Se o futuro que nos vendem é este em que torturadores andam tranquilamente nas ruas e generais cospem impunemente na história ao chamar seus crimes de “revolução”, então tenhamos a coragem de dizer que esse futuro não é para nós.


Este país não é o nosso país, mas apenas uma monstruosidade que logo receberá o desprezo do resto do mundo. Neste momento, quem honra o verdadeiro Brasil é essa minoria que diz não ao esquecimento. Essa minoria numérica é nossa maioria moral. 

*PHA

segunda-feira, abril 09, 2012

A Grã-Bretanha não consegue desligar o gás.

 

Elgin: nada de faiscas
Tranquilamente ignorada pelos media, desde o passado 25 de Março há uma colossal fuga da plataforma de extracção da Total, a Elgin, no Mar do Norte. Fala-se de 200.000 metros cúbicos de metano por dia: tanto para ter uma ideia, é como se a cada dia desaparecessem no ar 21 prédios de 7 andares cheios de gás.
É uma espécie de Macondo (lembram-se? Golfo do México, Deepwater Horizon, petróleo, BP...), só que desta vez fica no Mar do Norte. Em cima é possível observar a fotografia aos infravermelhos publicada pelo diário Daily Mail: uma nuvem  cor de rosa ao redor da plataforma. Muito bonito, não fosse que a nuvem é gás.
Soluções? Ahiahiahi, este é uma nota doente, aliás, melhor não falar do assunto. Deixemos que o gás possa fugir alegremente e entretanto tentemos não fazer faiscas.
Pois o gás é inflamável.
E a poluição? Ah, pois, haveria também o discurso da poluição. Mas neste caso a solução é mais simples: é só não falar do assunto. Nada de notícias, nada de poluição. Ao ponto que as únicas notícias chegam de Greenpeace.
Ninguém ainda tem analisado ​​o ar em redor da Elgin: apenas um navio de Greenpeace recolheu amostras na zona de fronteira (duas milhas) além da qual é proibido aproximar-se. Resultados esperados depois da Páscoa.
As condições do mar que fica debaixo da nuvem de metano? Não recebidas. O gás que escapa propaga-se no ar, não na água, mas mesmo assim há trocas gasosas entre a atmosfera e o líquido.
O navio de Greenpeace tem observado uma película oleosa sobre a água, a Total diz que não há crise, ora essa, é só o gás condensado e geralmente um pouco de petróleo está sempre presente nas explorações de gás. É poluição "normal", é tudo regular.
Por enquanto só sabemos o que Greenpeace relata: mau cheiro, o que é esquisito pois o metano em si é inodoro. O que usamos em casa é adicionado com substâncias que permitem aperceber-se do perigo em caso de fugas.
E que tal travar a fuga?
Ehhh, pois, dito assim parece simples, não é?
Pela primeira vez em 12 dias, um grupo de peritos voltou para a plataforma Elgin para inspeccionar o complexo e identificar as peças que ainda podem ser usadas em segurança: o objectivo é enviar pessoal qualificado a bordo para tentar fechar o poço com a bombagem da lama pesada. Não foram divulgados os resultados da inspecção.
Caso a ideia da lama não seja aplicável, a Total terá que proceder como já aconteceu no Golfo do México: um relief well, um poço de socorro, para tapar o poço principal com uma tampa permanente. Estimativa do tempo necessário para executar a operação: seis meses. Entretanto: nada de faiscas.
A Reuters publicou uma entrevista com os peritos e consultores anónimos que trabalham pelas empresas envolvidas na extracção de gás em águas britânicas. Como regra geral, as entrevistas anónimas são mesmo antipáticas, mas a verdade é que ninguém está disposto a dar a cara, pena ficar sem trabalho ou algo pior.
Então vamos com o resumo das entrevistas: há cada vez menos gás nas explorações britânicas do Mar do Norte, então é preciso atingir profundidades cada vez maiores. O que significa mais pressão. O que significa tudo mais difícil e arriscado. Como no caso da Elgin .
Simultaneamente, o preço do gás natural diminuiu, pelo que as empresas devem reduzir os custos. E quais os primeiros custos que são cortados? Manutenção e segurança. O que cria uma situação explosiva. Literalmente.
Dados
Para acabar, alguns dados acerca da plataforma Elgin.
A plataforma fica localizada no Mar do Norte, 240 quilómetros ao largo de Aberdeen (Escócia), e opera no campo de petróleo e gás conhecido como Elgin-Franklin.
De propriedade da Total, acomoda uma tripulação de 97 pessoas.
É uma plataforma HP/HT, isso é, Alta Pressão e Alta Temperatura, trabalha com profundidades de 5.500 metros com uma pressão máxima de 1.100 bar.
A Total afirma que a Elgin é uma das maiores plataformas do mundo, com uma capacidade máxima de 15,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Estreada em 2001, tem uma vida útil de mais de 20 anos.
Se não explodir antes.
Ipse dixit.
Imagens: Daily Mail
*Gilsonsampaio