Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, abril 12, 2012
Globo terá que indenizar família de Chico Mendes
Emissora de João Roberto Marinho (esq.) utilizou na minissérie Amazônia
imagens do ambientalista Chico Mendes (dir.) sem autorização da família;
condenação corresponde a 1% dos lucros da Globo com a produção
Fernando Porfírio _247 – A Rede Globo de Televisão foi
condenada pela justiça do Acre a indenizar, por danos materiais, a
família do sindicalista Chico Mendes. Os herdeiros do seringueiro,
assassinado em 1988 após ser perseguido por sua luta em favor da
preservação da Amazônia, serão indenizados em 1% dos lucros que a
emissora teve com a minissérie “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes”. A
decisão é do último dia 4.
A Globo foi condenada por usar, sem autorização, a imagem do ativista
ambiental na minissérie Amazônia – de Galvez a Chico Mendes. Pelo mesmo
motivo, a empresa de comunicação já havia sido punida a indenizar à
família do sindicalista Wilson Pinheiro, também pelo uso indevido de
imagem na mesma minissérie.
O pagamento de 1% dos lucros auferidos com a minissérie foi determinado
pela juíza Ivete Tabalipa, da 4ª vara Cível da comarca de Rio Branco e
deverá ser apurado em liquidação, devidamente corrigido pelo INPC e
acrescido de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da citação.
As ações foram ajuizadas pela viúva do seringueiro, Ilzamar Gadelha
Bezerra Mendes, e pelos filhos Elenira Gadelha Bezerra Mendes, Sandino
Gadelha Bezerra Mendes e Angela Maria Feitosa Mendes.
A Rede Globo contestou os autores da ação, alegando que "retratou a
participação da viúva e filhos por ser imprescindível para a narrativa
da estória do protagonista, líder dos seringueiros" e informou que "se
limitou apenas a reproduzir fatos nacionalmente conhecidos e amplamente
divulgados".
No entanto, a magistrada decidiu que o dano material se configura pois,
embora Chico Mendes fosse pessoa conhecida nacionalmente e os fatos
retratados na produção televisiva de natureza pública, em razão de terem
sido publicados em diversas revistas, a exploração de sua imagem
dependia do consentimento de seus sucessores, o que não foi comprovado
pela Globo.
A juíza também ressalta que a minissérie Amazônia não era um
documentário, uma matéria jornalística ou produção do gênero. Por isso, a
exibição da imagem da viúva e seus familiares não teve finalidade
beneficente ou científica, mas sim obtenção de vantagem comercial e
lucro.
Ao contrário da Islândia, como no post anterior se pode ver, os governos
da Península Ibérica fizeram-se aliados do capitalismo neoliberal em
benefício próprio, atirando os povos para a fogueira do genocídio
ortodoxo. Resolvi divulgar este artigo da Carta Maior
no Brasil, apenas com umas pequenas alterações, para melhor se
adaptarem ao que se passa por cá. Uma visão do outro lado do Mundo,
verdadeira e aterradora:
Espanha: a "agenda positiva" dos demos
Em Portugal e na Espanha onde versões ibéricas dos demos chegaram onde queriam chegar, no poder.
Nesta 3ª feira, por exemplo, as tesouradas fiscais do governo Rajoy
(PP) fizeram estremecer as bolsas da Europa e do mundo: distintas
latitudes financeiras temem o efeito dominó de uma quebra da Espanha,
hipótese cada vez mais presente no radar dos analistas. Em poucos mais
de 100 dias sob governo do PP, 74% dos espanhóis acham que a vida vai
piorar. Rajoy teima que não. Uma esfinge algo catatônica o demo
espanhol resolveu escalpelar a nação para reduzir o déficit público
(dos atuais 8,5% para 5,3% até dezembro) e reconquistar a confiança dos
mercados.
A lógica da 'purga redentora' não se mostrou eficaz: a Bolsa espanhola
teve a segunda pior queda do ano nesta terça-feira; os mercados
respondem às tesouradas cada vez mais ariscos: para aplicar em títulos
do cambaleante Estado espanhol exigem taxas de juros entre quatro a
cinco pontos acima do rendimento alemão. Hoje a Espanha já gasta mais
com juros do que com funcionários públicos. O desemprego atinge mais da
metade da juventude. Rajoy não recua: 24 horas depois da greve geral
de 29 de março, que levou 800 mil pessoas em protesto às ruas de
Madrid, Barcelona, Valencia, o presidente conservador anunciou reforma
trabalhista que encoraja, barateia e acelera demissões.
Em seguida, decretou cortes de 22% no orçamento da educação, 7% no da
saúde, 25% em pesquisa e tecnologia, 15% na Cultura e 21% no fomento ao
emprego. Diante das desconfianças dos mercados não se conteve: ontem
fez aprovar mais 10 bilhões de euros em cortes na saúde pública e na
educação.
A demencial conduta da direita ortodoxa na zona do euro já causa
apreensão até no sindicato mundial dos bancos, o IFF (Instituto
Internacional de Finanças). Carta assinada pelo seu diretor-geral,
Charles Dallara, divulgada esta semana, figura como uma ilha de
sensatez em meio ao austericídio em marcha na zona do euro. Dallara
adverte que:
a) a austeridade torna-se contraproducente quando é aplicada de forma
desordenada e simultânea - se todas as economias cortam gastos,
empregos e salários ao mesmo tempo, a contração da demanda esmaga as
importações comprometendo a meta , também de todos, de ressuscitar o
crescimento pela via do comércio exterior, leia-se vendendo ao vizinho;
b)'a questão chave', admite o sóbrio Dallara, 'é se a atual fórmula de
liquidez (para os bancos) e austeridade (para o setor produtivo e para
os cidadãos) funciona'.
Em Portugal Só queremos ser bons alunos no que nos convém. Jornal i
O mais assustador é que se considere o incêndio
europeu um refresco perto da fogueira que assa a direita nativa. Eis aí
um dado revelador da crise que vive o neoliberalismo.
Na Islândia o Povo é Soberano
Um
programa de rádio italiano falando sobre a revolução em andamento na
Islândia é um exemplo impressionante do pouco que os meios de
comunicação nos dizem sobre o resto do mundo.
No início da crise financeira de 2008, a
Islândia declarou-se literalmente em falência. As razões são citadas
apenas superficialmente, e desde então, esse membro pouco conhecido da
União Europeia voltou a cair no esquecimento. Como os países europeus
vão caindo um após o outro, colocando o euro em perigo, com
repercussões para todo o mundo, a última coisa que os poderes desejam é
que o caso da Islândia se transforme num exemplo a seguir, eis porquê.
Cinco anos de um regime puramente
neoliberal fizeram da Islândia (população de 320 mil pessoas, sem
exército), um dos países mais ricos do mundo.
No
ano de 2003, todos os bancos do país foram privatizados e num esforço
para atrair investidores estrangeiros, ofereceram empréstimos em linha,
cujos custos mínimos lhes permitiram oferecer taxas relativamente
altas de rendimentos. As contas, chamadas de "icesave" atraíram muitos
pequenos investidores ingleses e holandeses; mas, à medida que os
investimentos cresceram, isso também aconteceu com a dívida dos bancos
estrangeiros. Em 2003, a dívida da Islândia era igual a 200 vezes o seu
PIB, mas em 2007 ela chegou a 900 vezes. A crise financeira mundial de
2008 foi o golpe de graça. Os três principais bancos islandeses,
Landbanki, Kapthing e Glitnir, faliram e foram nacionalizados, enquanto
que a coroa islandesa perdeu 85% do seu valor em relação ao euro. No
final do ano, a Islândia declarou-se falida.
Contrariamente ao que se poderia
esperar, a crise deu lugar à recuperação dos direitos soberanos dos
islandeses, através de um processo de democracia directa participativa,
que finalmente conduziu a uma nova Constituição, mas depois de muita
dor.
Geir
Haarde, o Primeiro-Ministro de um governo de coligação social
democrata, negociou 2,1 biliões de dólares em empréstimos, aos quais os
países nórdicos acrescentaram outros 2,5 biliões. Contudo, a
comunidade financeira estrangeira pressionava a Islândia para impor
medidas drásticas. O FMI e a União Europeia queriam assumir o controlo
da sua dívida, alegando que era o único caminho para que o país pagasse
seus débitos com a Holanda e a Inglaterra, que tinham prometido
reembolsar os seus cidadãos.
Os protestos e os distúrbios
continuaram e, finalmente, obrigaram o governo a renunciar. A eleições
foram antecipadas para Abril de 2009, resultando na vitória de uma
coaligação de esquerda que condenava o sistema económico neoliberal,
mas que de imediato cedeu às demandas de que a Islândia deveria pagar de
3,5 bilhões de euros. Isso requereria de cidadão islandês 100 euros
por mês (perto de 130 dólares) durante 15 anos com 5.5% de juros, para
pagar uma dívida contraída pelo sector privado. Foi a gota de água.
O que aconteceu depois foi
extraordinário. A crença de que os cidadãos tinham que pagar pelos
erros de um monopólio financeiro e que a toda uma nação deveria ser
responsável pelo pagamento de dividas privadas desmanchou-se,
transformormando-se a relação entre os cidadãos e suas instituições
políticas e que finalmente conduziu os líderes da Islândia para o lado
dos seus eleitores. O chefe de estado, Olafur Ragnar Grimsson, negou-se
a ratificar a lei que fazia os cidadãos islandeses responsáveis pela
sua dívida bancária, e aceitou um referendo.
Obviamente, a comunidade internacional
só aumentou a pressão sobre a Islândia. A Grã-Bretanha e a Holanda
ameaçaram com represálias terríveis e isolamento do país.
Como
os islandeses foram votar, os banqueiros estrangeiros ameaçaram
bloquear qualquer ajuda do FMI. O governo britânico ameaçou congelar as
poupanças e as contas correntes islandesas.
Como
disse Grimsson, "disseram-nos que se nos negássemos a aceitar as
condições da comunidade internacional, nos transformariam na Cuba do
Norte. Mas se tivéssemos aceitado, teriam-nos convertido no Haiti".
Quantas
vezes tenho escrito que, quando os cubanos vem o estado lamentável do
seu vizinho Haiti, podem considerar-se afortunados?
No referendo de Março de 2010, 93%
votou contra a devolução da dívida. O FMI imediatamente congelou seus
empréstimos, mas a revolução (ainda que não tenha tido tempo de antena
nos EUA) não se deixou intimidar. Com o apoio de uma cidadania furiosa,
o governo iniciou investigações cíveis e criminais em relação aos
responsáveis pela crise financeira. A Interpol emitiu uma ordem
internacional de detenção para o ex-presidente de Kaupthing, Sigurdur
Einarsson, assim como também para outros banqueiros implicados que
fugiram do país.
Mas
os islandeses não pararam aí: Decidiu-se redigir uma nova constituição
que liberte o país do poder exagerado das finanças internacionais e do
dinheiro virtual.
Para escrever a nova constituição, o
povo da Islândia elegeu vinte e cinco cidadãos entre 522 adultos que
não pertenciam a nenhum partido político, mas recomendados por pelo
menos trinta cidadãos. Esse documento não foi obra de um punhado de
políticos, mas foi escrito na Internet.
As
reuniões dos constituintes foram transmitidas online, e os cidadãos
podiam enviar seus comentários e sugestões vendo o documento, que ia
tomando forma. A Constituição que eventualmente surgirá desse processo
democrático participativo será apresentada ao Parlamento para sua
aprovação depois das próximas eleições.
Hoje
em dia, o país está a recuperar-se de seu colapso financeiro de formas
em tudo contrárias às que eram consideradas inevitáveis, como
confirmou a directora do FMI, Chistine Lagarde, a Fared Zakrie.
Ao povo da Grécia disseram que a
privatização de seu sector público é a única solução. Os povos da
Itália, Espanha e Portugal enfrentam a mesma ameaça.
Deveria
olhar-se para a Islândia. Ao negar submeter-se aos interesses
estrangeiros, esse país indicou claramente que o povo é soberano.
É por isso que ele não aparece nos noticiários.
Deena Stryker
Islândia iniciou o julgamento ontem, 10 de Abril, do neoliberalismo.
Na Islândia o Povo é Soberano e no resto dos Países da UE? *Guerrasilenciosa
A primeira referência séria de um líder norte-americano sobre o Brasil
foi de Thomas Jefferson. Em maio de 1787 – quando era embaixador em
Paris, dois anos antes da reunião dos Estados Gerais e da descoberta da
conspiração de Vila Rica – Jefferson se encontrou, em Nimes, no sul da
França, com José Joaquim da Maia, que lhe falou sobre a possível
independência do Brasil e das relações que poderiam estabelecer-se entre
as duas nações, que ocupavam posição predominante no sul e no norte do
hemisfério ocidental.
“O que ocorreu na Venezuela não foi um simples golpe de Estado que
tirou do poder o coronel Hugo Chávez Frias. Foi – assim como ocorreu no
Brasil em 1964 – uma reação cívica a um governo que, eleito em pleito
livre, se esmerou, uma vez no poder, em eliminar progressivamente todo e
qualquer vestígio daquilo que se poderia chamar de institucionalidade
democrática”. Editorial do jornal O Estado de S.Paulo de 13 de abril de 2002.
A mídia latino-americana sempre foi golpista. Representante das
oligarquias do continente, dirigida por um punhado de famílias (todo
país tem seus Frias, Mesquitas, Marinhos, Civitas), sempre esteve
envolvida nos golpes militares contra a democracia no continente, do
lado dos EUA.
Se a OEA foi chamada por Fidel de Ministério das Colônias dos EUA, a SIP
(Sociedade Interamericana de Imprensa) é seu Ministério de Comunicação
para as Colônias. Sempre coordenou a ação da mídia nos golpes militares e
nas campanhas contra os governos democráticos do continente.
Antes mesmo da campanha que levou Getúlio ao suicídio, em 1954, e
derrubou Perón em 1955, a mídia já tinha sido participante fundamental
no sangrento golpe na Guatemala, em 1954, que levou esse país a se
tornar, nas décadas seguintes, naquele que sofreu os maiores massacres
em um continente cheio de massacres.
Há exatamente 10 anos atrás a mídia venezuelana mobilizou e convocou um
golpe militar contra Hugo Chávez. O movimento chegou a ter sucesso
imediato, uma TV escandinava pode produzir "A revolução não será
televisionada”, documentário já tornado um clássico do cinema de
documentário sobre a América Latina. O presidente da Fiesp de lá foi
nomeado presidente da ditadura que pretendia se instalar e era saudado,
no Palácio Presidencial, pelos chefes da Igreja católica, pelos donos
das empresas de comunicação, pelos dirigentes dos partidos de direita,
enquanto Hugo Chavez era levado por militares para uma ilha e
pressionado para assinar sua renúncia.
Assim que soube do golpe, o povo desceu maciçamente às ruas, dirigiu-se
ao Palácio, derrubou as grades e entrou no prédio. Assiste-se nesse
momento, no documentário, os chefes do golpe fugirem rapidamente pelas
portas laterais do Palácio, enquanto o povo penetra nele.
As TVs e rádios golpistas simplesmente deixaram de dar notícias e
passaram a projetar desenhos animados. O fugaz presidente golpista
tentou enganar a CNN dando entrevista como se estivesse ainda no Palácio
Presidencial, mas o próprio entrevistador lhe disse que sabia que ele
já estava num quartel, fugindo. A nem veja, nem leia, eufórica, deu mais
um “furo”: sua edição da semana saiu, no sábado cedo, com a notícia do
golpe que teria derrubado Hugo Chavez como a grande matéria de capa.
(Nenhum meio tradicional de comunicação brasileiro, todos com DNA de
golpistas, recordou os 10 anos do golpe fracassado na Venezuela.)
Embora houvesse já ma doutrina e um acordo dos governos do continente de
se oporem aos golpes militares, sentiu-se o silêcio ou a cumplicidade, e
salvo Cuba, nã houve protestos contra a derrubada de um presidente
legalmente eleito no continente. O povo venezuelano fez justiça com suas
próprias mãos e recolocou Hugo Chávez na presidêcia do pais, para a
qual tinha sido eleito por seu voto.
O golpe de 11 de abril de 2002 foi, para a mídia golpista
latino-americana, o que a também fracassada invasão de Praia Giron foi
para o imperialismo norteamericano: sua primeira grande derrota, que
demonstrou que o povo do continente não a aceitar mais que ela pusesse e
tirasse governantes no continente. Que agora é o povo quem decide seu
destino na América Latina.
*Miro
Banqueiros não querem abrir mão da agiotagem
A
presidenta Dilma acertou na mosca ao criticar os juros extorsivos
cobrados pelo sistema bancário nacional, que são os mais altos do mundo.
Apesar da redução da taxa básica (Selic) promovida pelo Banco Central, o
chamado spread bancário, que significa a diferença entre o que as
instituições pagam para captar dinheiro e a taxa de juros que cobram nos
empréstimos a empresas e consumidores, permanece nas alturas.
Os
juros médios incidentes sobre cheque especial e nas linhas de crédito
pessoal subiram no mês passado em comparação com fevereiro, segundo
pesquisa divulgada nesta quarta-feira (11) pela Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Na
média, a taxa cobrada às pessoas físicas ficou em 6,33% ao mês ou
108,87% ao ano, quase 11 vezes superior à Selic, que foi reduzida a
9,75% pelo Comitê de Política Monetária do BC no dia 7 de março. Tecnicamente,
como denunciou a presidente, não há justificativa para esta conduta dos
bancos, que traduz uma espécie de agiotagem institucionalizada. O
governo não ficou nas palavras. Determinou aos bancos públicos (Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal) a redução das taxas para quebrar o
oligopólio constituído no ramo em torno das taxas exorbitantes e forçar a
concorrência. A oligarquia da agiotagem não gostou. Chorando de
barriga cheia, os bancos privados alegam que não têm condições de
reduzir o spread sem uma contrapartida do governo e apresentaram ao
Ministério da Fazenda uma lista de 20 reivindicações, entre elas a
desoneração tributária da intermediação financeira (IOF e Confins) e a
redução gradativa dos depósitos compulsórios. Ora, quem precisa de
contrapartida nas medidas adotadas pelo governo em benefício dos
empresários é a classe trabalhadora, sobre quem os capitalistas
descarregam praticamente todo o ônus da crise, com demissões, redução de
direitos e de salários e alongamento das jornadas. O mínimo que se deve
fazer para minorar o sofrimento das famílias trabalhadoras, em tais
ocasiões, é garantir o emprego, compromisso que o empresariado não quer
assumir. A verdade é que os banqueiros, embriagados pela ganância,
não querem abrir mão sequer de um centavo dos lucros colossais que
auferem e mal disfarçam o desejo de abocanhar um pouco mais forçando
novas renúncias fiscais da União. Conforme levantamento da consultoria
Economática, divulgado nesta quarta (11), o lucro do setor bancário
brasileiro, que reúne 25 instituições financeiras, bateu novo recorde em
2011: foi de R$ 49,4 bilhões, com alta de 14% na comparação com 2010. Conforme
a Economática, tal desempenho, num ano em que a indústria de
transformação praticamente estagnou (com crescimento pífio de 0,3%),
corresponde ao maior lucro acumulado entre as empresas de capital aberto
do país. No conjunto, as empresas analisadas registraram uma queda de
2,64% no lucro. Ou seja, graças aos juros extorsivos, os bancos
engordaram os ganhos num ano crítico para a economia. É muito mais
rentável investir no sistema financeiro que na produção. A iniciativa
dos bancos públicos, que já anunciaram a redução das taxas para várias
modalidades de crédito, mostra que o chororô dos bancos privados não
procede. O pronunciamento da presidenta contra a ganância excessiva da
nossa oligarquia financeira merece todo apoio da nossa classe
trabalhadora. A CTB continuará lutando, ao lado das outras centrais e
amplas parcelas da nossa sociedade, para a redução da taxa básica dos
juros, dos spreads abusivos e dos lucros auferidos pelo sistema
financeiro em detrimento do consumo e da produção.
Saiu no
R 7: o deputado Fernando Ferro (PT/PE) vai pedir que Roberto Civita (dono da
Abril) seja convocado para depor na CPI do Cachoeira.
A CPI deve mesmo ser instalada. Houve acordo entre os presidentes da Câmara
e do Senado, para que seja criada Comissão Mista – com representantes das duas casas.
Importante: a CPI tem força legal para pedir ao Supremo todos os autos do
processo. O STF decretou sigilo do caso. Correm em Brasília boatos de que, além
do diretor da Veja, haveria outros jornalistas
da chamada grande imprensa citados nos autos. Ou seja: mais gente se banhou na cachoeira.
Estranhamente, a Globo tinha solicitado acesso aos autos. Interesse jornalístico?
Ou medo? No mesmo dia, o site Carta Maior também pediu acesso à íntegra do processo.
O que fez o Supremo? Fechou tudo.
Agora, a CPI pode lançar luz sobre tudo que está lá. A situação mais complicada,
não resta dúvida, é a da editora Abril. Há oito anos, a Veja abre espaço para todo tipo de “operação” jornalística. Colunistas
fanfarrões e irresponsáveis (um deles até fugiu do Brasil) chafurdam na lama, repórteres
são “obrigados” (!) a provar teses malucas (como a de que o PT trouxe dinheiro de
Cuba em caixas de uísque, para ajudar na campanha de Lula), e a revista abre espaço
para capas lamentáveis – como aquela em que Lula levava um chute no traseiro, ou
aquela outra (“barriga” monumental) em que a Veja comemorava a
queda de Chavez em 2002, no momento
exato em que o presidente da Venezuela debelava o golpe e voltava ao poder nos braços
do povo.
Hoje [10/4], Hildegard
Angel lembra o que Bob Jefferson disse, em sua defesa ao STF: o “mensalão” não
era bem um mensalão. Era o quê? “Força de expressão”?
E agora?
Eu diria que, dos dois Bobs, Jefferson está em melhor situação. Bob Civita
é quem corre risco de se afogar na cachoeira de lama para onde a Veja tentou arrastar o Brasil.
Confiram abaixo a notícia do R7.
Filippo Cecilio, do R7
O deputado federal Fernando Ferro (PT/PE) defendeu
nesta terça-feira (10) que o empresário Roberto Civita, proprietário da Editora
Abril, seja convocado para depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito)
que será instalada no Congresso para investigar as ligações entre parlamentares,
integrantes do judiciário e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela
operação Monte Carlo da Polícia Federal.
– A revista [Veja] teria de ser ouvida para prestar esclarecimentos sobre essa ligação
estreita entre ela e esse elemento. Pretendo ser um dos membros dessa CPMI, e essa
é a minha manifestação. É natural que se coloque para falar alguém representando
uma revista que teve 200 ligações com esse elemento para que se explique.
Nos grampos efetuados pela PF, aparecem telefonemas
de Cachoeira para o diretor da revista em Brasília, Policarpo Jr. As gravações levantam
suspeitas de que o bicheiro encomendava matérias de seu interesse para lhe favorecer
os negócios ou então prejudicar seus inimigos.
Ferro afirmou que a convocação atenderia a um
sentimento de diversos parlamentares:
– Várias pessoas de empresas, órgãos do governo
e membros do judiciário deverão ser chamadas pra esclarecer esse tipo de convivência
com esse elemento.
Nesta terça, os presidentes da Câmara, Marco Maia
(PT/SP), e do Senado, José Sarney (PMDB/AP), selaram um acordo para a instalação
da CPMI. De acordo com Marco Maia, os dois presidentes vão conversar com os líderes
das duas casas para chegar a uma redação única para o requerimento de criação da
CPMI. As assinaturas devem ser coletadas até o final desta semana.
Para que a comissão seja instaurada, são necessárias
as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. Para evitar que os trabalhos da
CPMI sejam interrompidos durante o período eleitoral, Maia já afirmou que terão
prioridade na composição da comissão os parlamentares que não sejam candidatos a
prefeito ou vereador nas eleições do segundo semestre.
A assessoria de imprensa do Grupo Abril foi procurada,
mas a reportagem não conseguiu o contato.
*Limpinhoecheiroso
Após fim de greve conturbado, professores municipais querem mudar o sindicato
Os professores de SP não se submetem ao banditismo tukkkano
O
que ocorreu ontem na Praça do Patriarca foi um GOLPE despudorado, a
direita paulistana perdeu a vergonha na cara, essa escória fará de tudo
para se manter parasitando o povo dessa cidade. Claudio Fonseca é apenas
mais um membro da quadrilha que manda na nossa cidade, e membro dos
menores, visto a demora de seus superiores em lhe enviar ajuda. O
protesto dos professores que espezinharam a vida da cúpula canalha do
SINPEEM por mais de duas horas marca a posição de uma categoria que está
disposta a lutar até o fim por seus direitos.
Os
professores da rede pública de ensino da capital paulista retornaram às
atividades hoje (11), após nove dias de paralisação. Segundo
professores ouvidos pela reportagem, o retorno expôs “a situação
vexatória” da categoria e o “lamentável desfecho” do movimento, que
chegou a atingir 90% das escolas. Nos próximos dias, lideranças
contrárias à ação do sindicato, que encerrou a greve de forma
conturbada, vão consultar os trabalhadores e debater a forma de adequar a
atuação sindical às necessidades da categoria. A pedido dos
entrevistados, os nomes foram alterados.
Segundo
a professora Patrícia, o clima nas escolas é de “indignação geral”,
mesmo entre os professores municipais que não entraram em greve. A
situação se deve ao desfecho do movimento na noite de ontem (10), quando
o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino
Municipal em São Paulo (Sinpeem), Claudio Fonseca, também vereador do
PPS, base aliada do prefeito Gilberto Kassab (PSD), encerrou a reunião
depois de avaliar que a votação da assembleia teria indicado o retorno
às aulas.
Durante
a votação, os trabalhadores ficaram divididos e Fonseca não aceitou a
indicação dos grevistas de realizar nova consulta, para que não houvesse
dúvidas. O sindicalista não acatou a sugestão da assembleia e tentou
sair do local após decretar o fim da paralisação. O caminhão de som onde
Fonseca estava, na praça do Patriarca, centro da capital, foi cercado
por trabalhadores que impediram sua saída por duas horas, enquanto
pediam nova votação. O presidente do sindicato só conseguiu deixar o
local por volta das 18 horas, escoltado pela Polícia Militar.
“Ele
potencializou o tumulto porque, depois de mais de 20 anos no sindicato,
está ciente da indignação dos professores com as condições de trabalho,
com o alto índice de adoecimento. A ação dele instigou uma massa
tensionada no seu limite”, disse Patrícia.
Para
o professor Alexandre, a reação da direção do sindicato foi de
“tirania”. “Não se termina uma greve de grandes proporções dessa forma,
com tirania e contra a opinião da assembleia”, disse. “O clima é de
repúdio nas escolas. Mesmo de quem não foi à assembleia.”
Enfrentamento
Lideranças
de diversos “agrupamentos” contrários à atuação da diretoria do Sinpeem
estão organizando fóruns de discussões nas regiões para definir os
próximos passos da categoria. No sábado (14), os grupos reúnem-se para
organizar um “comitê de enfrentamento”.
Na
segunda-feira (16), o sindicato realiza eleição para representantes do
Conselho Geral, a segunda instância deliberativa da entidade, mas as
lideranças temem que o pleito seja direcionado. “Temos desconfiança
sobre a organização das eleições. Ninguém teve acesso à comissão
eleitoral. Nem o estatuto da entidade é publicado no site”, disse a
docente.