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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 13, 2012

Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo


Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo

Ronald

O procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, solicitou nesta sexta-feira (13) exoneração do cargo. A justificativa para o pedido de licença seria a realização de um curso no exterior. O governador Marconi Perillo atendeu à solicitação e designará como procurador-geral interino o atual procurador-geral adjunto, Alexandre Tocantins.
Citado em conversas
O procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, também aparece nas investigações da Polícia Federal como uma das autoridades do governo estadual que teriam ligação com o empresário Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal no dia 29 de fevereiro sob acusação de comandar uma quadrilha que explorava jogos ilegais e que teria se infiltrado no aparato estatal para assegurar os negócios.
Bicca é citado por Cachoeira e por alguns membros da suposta organização criminosa em diálogos transcritos pela PF. À reportagem, o procurador admitiu conhecer Cachoeira, mas alegou que a relação se dava apenas em encontros casuais em eventos sociais e que nunca conversou com o empresário no que diz respeito ao seu cargo no governo.
Nos diálogos por telefone captados pela PF, no dia 22 de fevereiro de 2011, Gleyb Ferreira, um dos mais próximos auxiliares de Cachoeira, e Geovani Pereira da Silva, contador do grupo, discutem o aluguel de um imóvel para um procurador chamado Ronald. Gleib diz que está em Brasília com Cachoeira e pede para o colega resolver um problema referente à negociação.
“Cadê o Deca (André Teixeira Jorge, apontado como laranja do esquema de Cachoeira), Geovani? Qual é que é o número que eu consigo falar com ele? Tá sem rádio. Tem um procurador que (ininteligível) não tem nada cadastrado. Tô aqui em Brasília com o Carlinho”, diz Gleyb. Geovani não entende o assunto e pergunta do que se trata.
“Num prédio lá. Não tem nada. Eu não sei se é prédio, se é condomínio, o que é”, responde Gleib, que, após Geovani reafirmar que não está ciente do assunto, reforça: “Não, sabe o do Ronald, lá do...a da casa que tá alugando pra ele? Não tem...eles não tão (sic)...não deixaram ele entrar pela portaria. Na administração não tem nada dele em lugar nenhum.”
No dia 20 de julho do ano passado, Cachoeira conversa com Gleyb sobre precatórios do “sindicato dos policiais” (a PF não especifica no inquérito qual sindicato). Cachoeira responde que se encontrará com Bicca no mesmo dia para tratar do assunto. Dois dias depois, Gleyb volta a perguntar a Cachoeira sobre os precatórios e o chefe diz que brigou com Bicca, mas ressalta em seguida que está prestes a fazer as pazes.
O procurador diz desconhecer os diálogos e afirmou à reportagem que nunca conversou com Cachoeira sobre precatórios ou qualquer outro assunto referente ao governo. “O Cachoeira é uma pessoa conhecida na sociedade goiana, sempre circulou muito e conversava com todo mundo, inclusive comigo. Nunca vi ele ser recusado em nenhuma mesa. Mas não o recebi na PGE e ele nunca me pediu nada”, afirma o procurador. “Mas, na minha função, eu contemplo e contrario interesses diariamente. Muitas pessoas citam meu nome em conversas”, alega.
Bicca admite também ter relação próxima com o senador Demóstenes Torres (sem partido), apontado pela PF como um dos mais próximos aliados de Cachoeira. “Mas minha relação com Demóstenes sempre foi muito boa, ele é um dos senadores mais destacados do País e nossos diálogos sempre aconteceram de forma republicana”. (Bruno Rocha Lima)
*Mariadapenhaneles

Lalo Leal: O desmanche da TV Cultura

 

Não se trata de um fato isolado. Faz parte de uma ação adotada em todo o Brasil pelos governos do PSDB, calcada na política do “Estado mínimo”, em que rádio e televisão pública não têm vez.
Lalo Leal
A televisão no Brasil é tratada como empreendimento comercial desde as suas origens, quando herdou do rádio artistas e patrocinadores. Durante muito tempo os anúncios estavam no próprio nome dos programas: Repórter Esso, Gincana Kibon, Circo Bombril. Até hoje muita gente acredita que as emissoras de TV são propriedades particulares das famílias Marinho e Saad ou de empresários como Silvio Santos ou Edir Macedo. Poucos sabem que eles são apenas concessionários de canais públicos, cujo controle deveria estar nas mãos da sociedade.
Para piorar as coisas, não tivemos aqui o contraponto da TV pública, como ocorre na Europa. As emissoras não comerciais só começaram a surgir no Brasil ao final dos anos 1960, quando o predomínio das comerciais já era total, impedindo a construção de uma alternativa capaz de se confrontar, em igualdade de condições, com o modelo dominante.
O presidente Getúlio Vargas até que tentou em seu segundo governo criar a TV Nacional, outorgando um canal para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. O suicídio interrompeu o plano, retomado mais tarde por Juscelino Kubitschek – impossibilitado, no entanto, de levá-lo à frente diante das ameaças de derrubá-lo feitas por Assis Chateaubriand, dono dos Diários e Emissoras Associados. O canal 4 do Rio, que era para ser da Nacional, acabou ficando com a Globo. Terminou também aí o sonho de uma televisão pública nacional, capaz de cobrir todo o país, como já fazia com competência a Rádio Nacional.
Profissionais capazes de diferenciar sua missão, voltada para a cidadania, são desprezados pelos gestores. E a sociedade é privada de uma qualidade rara construída com seus recursos
Em seu lugar surgiram as TVs educativas, voltadas para suprir deficiências do ensino formal, a maioria dotada de poucos recursos e instrumentadas pelos governos. Programações mal definidas, tecnicamente pobres e na maioria das vezes enfadonhas caracterizavam quase todas as TVs públicas, contrastando com a luminosidade cada vez mais grandiosa das comerciais.
Quando, por alguma circunstância especial, uma TV pública conseguia romper essas amarras os resultados eram surpreendentes. Foi o caso da TV Cultura de São Paulo, no início dos anos 1990. Sua grade de programação infantil era de tão alta qualidade que incomodou as concorrentes. Mas durou pouco. A instabilidade administrativa, determinada por ingerências políticas, interrompeu aquele bom momento.
Mais uma vez o telespectador ficou sem alternativa. Não foi a primeira nem a última crise. Vivemos agora a mais recente, com a privatização de parte de sua programação ocupada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo e as demissões em massa. Se os espaços para um modelo de TV não comercial já eram estreitos desde seu surgimento, agora diminuíram. A TV Cultura, ao invés de ampliar os olhares jornalísticos com programas próprios, apresentando ao telespectador perspectivas independentes do mercado, reduz o número de visões oferecidas ao público.
Não se trata de um fato isolado. Faz parte de uma ação adotada em todo o Brasil pelos governos do PSDB, calcada na política do “Estado mínimo”, em que rádio e televisão pública não têm vez. Um processo que, além de privar o telespectador de programas novos e criativos, é acompanhado da demissão de centenas de trabalhadores competentes, formados na emissora e voltados para a radiodifusão pública, algo pouco ensinado nas escolas.
São profissionais capazes de perceber a diferença entre seu trabalho, baseado na cidadania, e aquele restrito ao mercado. Na medida que estão livres de imposições comerciais, tendem a ser mais ousados e criativos. Para formá-los são necessários anos, talvez décadas. Nada disso é levado em consideração pelos atuais gestores da TV Cultura e cada demissão, além da tragédia pessoal de quem a sofre, transforma-se numa tragédia social, uma vez que os recursos usados na formação de cada um são jogados fora e o público fica privado do trabalho inovador que poderiam oferecer. 
*Gilsonsampaio

Acertos EUA-Israel impedem qualquer avanço...  

do redecastorphoto

 

…nas conversações nucleares com o Irã
Gareth Porter, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Gareth Porter é historiador, analista político e jornalista investigativo sobre a política externa e militar americana.
WASHINGTON – O governo Barack Obama encampou a exigência, nas conversações nucleares com o Irã que começam sábado em Istambul, de que a usina Fordow de enriquecimento de urânio seja fechada e eventualmente desmontada; essa exigência é parte de uma negociação paralela entre EUA e Israel e é meio caminho andado para levar ao fracasso qualquer conversação com o Irã.
Ainda não se sabe, contudo, se o governo Obama introduzirá essa exigência seja qual for a posição inicial do Irã, ou se a exigência será “guardada” para ser apresentada adiante, nas conversações. Supõe-se que Washington tenha interesse em obter, no mínimo, algum acordo que mantenha as conversações abertas e em andamento durante a campanha eleitoral e, se possível, depois dela.
O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, por sua vez, anda extremamente ansioso quanto à possibilidade de algum acordo que admita a continuação do programa iraniano de enriquecimento de urânio. Os israelenses contam, portanto, com a “pílula de veneno”: a exigência de que Fordow seja fechada e desmontada, que tem potencial para interromper qualquer conversação com o Irã.
Em entrevista à agência Inter Press Service (IPS), Reza Marashi, que trabalhou no setor do Departamento de Estado para Assuntos Iranianos entre 2006 e 2010, disse que “Se a exigência de que os iranianos fechem Fordow for apresentada como inegociável, o mais provável é que fracasse qualquer conversação com o Irã”.
O Irã já disse que não aceita essa exigência. Em resposta à exigência já noticiada de que suspenda o enriquecimento de urânio a 20% e feche a usina Fordow, Fereydoun Abbasi-Davani, presidente da Organização Iraniana de Energia Atômica [orig. Iran’s Atomic Energy Organization] disse: “Os iranianos não vemos qualquer justificativa para essa exigência do Grupo P5+1”. P5+1, conhecido também como os “Irã-6”, é o grupo em que se reúnem os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, mais a Alemanha – que está envolvido nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Ahmadinejad na Usina de Fordow
Pelo que já se pode ver, o governo Obama fez o que Israel exigiu e incluiu o fechamento da usina Fordow na lista de exigências do grupo EUA-europeus, em troca de Israel aceitar que, no primeiro estágio das conversações, só se discuta a questão do enriquecimento do urânio iraniano até 20%.
Há crença generalizada de que é possível que os iranianos aceitem pôr fim ao enriquecimento de urânio até 20% e entreguem seus estoques de urânio enriquecido, que seriam trocados por bastonetes de combustível nuclear fabricados em outros países, mantendo em funcionamento, assim, o Reator de Pesquisas de Teerã. Isso, se houver alguma troca, e se os iranianos entenderem que obterão algum benefício significativo em troca do que venham a conceder.
Dia 4/4/2012, o ministro da Defesa de Israel Ehud Barak revelou que mantivera conversações com autoridades dos EUA e de países europeus no final de março, nas quais trabalhara para convencer todos a aceitar as exigências israelenses, de que Fordow seja fechada; de que todos os processos de enriquecimento de urânio a 20% sejam cancelados; e que todo o enriquecimento de urânio, mesmo abaixo de 20%, seja deslocado para outros países.
Barak não disse a que resultados levaram esses seus contatos, mas três dias depois o New York Times noticiou que funcionários dos EUA e de países europeus exigiriam, nas negociações com o Irã, “o imediato fechamento e desmonte definitivo” da usina Fordow como “urgente prioridade”, além da transferência para fora do Irã do estoque de urânio enriquecido a 20% que há no país. [1]
A agência Reuters noticiou, dia 8/4, que “altos funcionários dos EUA” disseram que a suspensão do enriquecimento de urânio a 20% e o fechamento da usina Fordow são “prioridades de curto prazo” para os EUA e aliados. [2]
A Reuters também noticiou, no mesmo dia, que Israel concordara, em março, com uma “abordagem por etapas” nas conversações nucleares; e que, na primeira etapa, as conversações seriam focadas só no fim do enriquecimento do urânio a 20%.
Localização das plantas de enriquecimento de urânio do Irã
(Clique na imagem para visualizar melhor)
Nem Israel nem os estados ocidentais disseram qualquer coisa, até agora, sobre a transferência para fora do Irã, do urânio iraniano enriquecido, o que sugere que a questão ainda não esteja acertada entre eles.
Os encontros de alto nível e a conexão evidente entre as posições que EUA, europeus e israelenses vazaram simultaneamente para a imprensa não deixam qualquer dúvida sobre o fato de que, sim, já há uma posição conjunta; e que os EUA levarão a posição de Israel às conversações com o Irã.
Respondendo à agência IPS, Erin Pelton, secretária-assistente de imprensa do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse que não tinha qualquer informação sobre acertos explícitos entre EUA e Israel sobre a posição dos EUA nas conversações nucleares. E explicou: “Houve consultas entre EUA e Israel sobre a política para o Irã. Não é preciso que haja qualquer tipo de acordo explícito”.
Israel continua a usar, para pressionar as políticas de EUA e europeus, a ameaça sempre repetida de atacar o Irã. Um dia antes de Barak falar sobre suas conversas com funcionários norte-americanos e europeus sobre a estratégia da negociação com o Irã, o jornal Jerusalem Post noticiou que “altos funcionários da Defesa” disseram que o possível ataque ao Irã “pode ser adiado até 2013”, porque o “establishment da Defesa” esperará o resultado das conversações nucleares. [3]
Já há muito tempo Barak fala da capacidade que o Irã tem para transferir suas centrífugas para Fordow – construída num túnel de grande profundidade na encosta de uma montanha, o que neutralizaria a capacidade de destruição dos aviões israelenses. Esse, aliás, é o único argumento que Israel tem repetido nos últimos meses, como única justificativa para a ameaça de ataque militar contra o Irã.
Em postado no blog The National Interest, Paul Pillar, ex-agente de inteligência e especialista em Oriente Próximo e Sul da Ásia, escreveu que “a mensagem ocidental a Teerã” parece ser que “nós [o “ocidente”, quer dizer, EUA e Israel] podemos até aceitar que o Irã mantenha algum tipo de programa nuclear, mas só no caso de o programa ser instalado em local acessível a bombas, para o caso de EUA ou Israel, a qualquer momento, decidirem bombardear tudo”. [4]
Greg Thielmann, alto membro da Associação para o Controle de Armas [orig. Arms Control Association], disse em entrevista a IPS: “Alguns americanos acreditam que é importante manter sob ameaça todas as instalações nucleares do Irã, para o caso de Teerã decidir construir armas atômicas”.
Mas para Thielmann, ex-diretor do setor de Assuntos Militares, Estratégicos e de Proliferação do Gabinete de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado dos EUA, disse também que o fechamento e desmonte das instalações de Fordow “interessa mais aos israelenses que aos EUA”.
Reza Marashi, ex-especialista em Irã do Departamento de Estado, atualmente diretor de pesquisas do Conselho Nacional Irã-EUA, disse que funcionários dos EUA têm algumas preocupações com Fordow, mas foram os israelenses que converteram em questão central a evidência de que Israel não tem capacidade para destruir Fordow”.
Thielmann disse que espera que o governo Obama esteja “fazendo isso para acalmar os israelenses; e que não insistirá nessa exigência, depois de os iranianos a terem rejeitado”.
Embora a exigência de fechar e destruir Fordow pareça ser resposta dos EUA para acalmar Israel, mesmo assim faz pleno sentido no conjunto de esforços do governo Obama para intimidar o Irã, fazendo crer que só restaria uma “janela” de tempo aos iranianos, para encontrar solução diplomática. O governo Obama deixou bem claro, nas últimas semanas, que Israel atacaria as instalações nucleares iranianas, caso não haja qualquer avanço na direção de um acordo que assegure que o Irã não terá armas atômicas.
Esse tom de ameaças sempre repetidas corresponde ao que dizem os ‘linha-dura’ desde o início do governo Obama. Dennis Ross, ex-conselheiro de Obama, que se acredita que ainda tenha acesso pessoal direto ao presidente, foi citado no New York Times dia 29/3. Ross disse que “para que a diplomacia funcione, é preciso haver alguma capacidade de coação. Se os iranianos pensarem que estejamos blefando, nada conseguiremos deles”. [5]
Em artigo recente publicado em Times of Israel, Ross deixou claro que o que chama de “diplomacia coercitiva” de modo algum envolveria a promessa de suspender as sanções, porque os EUA continuam a exigir “mudança de atitude do Irã em relação ao terrorismo, aos seus vizinhos e aos seus próprios cidadãos”. [6]
Essa “diplomacia coercitiva”, se esse for, mesmo, o conceito que subjaz à estratégia de negociação do governo Obama, explicaria o absoluto silêncio de qualquer vazamento para a imprensa sobre o que os EUA planejam oferecer aos iranianos, em troca das concessões que exigirão. Reza Marashi observou que o governo “esconde bem as próprias cartas, bem fechadas sobre a mesa”, sobre o que será oferecido ao Irã, nas negociações nucleares.
A ausência de qualquer incentivo significativo leva Marashi a concluir que o governo Obama está confiando mais em ameaças do que em incentivos para levar o Irã a render-se às suas demandas.
O governo Obama parece estar apostando tudo no único incentivo que está disposto a oferecer nas conversações: o reconhecimento do direito do Irã a enriquecer urânio em instalações em solo iraniano (mas EUA e europeus, certamente, continuarão a impor limites estritos ao número de centrífugas e ao nível máximo de enriquecimento admitido).
Se os EUA e Israel esperam que o Irã aceite essas limitações, terão de considerar a introdução de mudanças significativas nas políticas norte-americanas para o Irã: fim das sanções e reconhecimento de que o Irã tem papel político-diplomático plenamente legítimo a desempenhar na região.
Notas dos tradutores
[1 ] 9/4/2012, New York Times em: “Iran's Nuclear Program (Nuclear Talks, 2012)
[2] 8/4/2012, Reuters em: “West to target Iran's nuclear fuel work
[3] 4/4/2012, Jerusalem Post em: “Confrontation with Iran may be delayed to 2013
[4 12/4/2012, The National Interest – Paul Pilar em: “Self-Fulfilling Prophecy on Iran
[5] 29/3/2012, New York Times em: “Hard Line on Iran Places White House in a Bind
[6] 6/4/2012, The Times of Israel em: “What could diplomacy with Iran produce?
*Gilsonsampaio

Livro fumável

FHC - um grande leitor
Livro com páginas de seda será lançado pelo rapper Snoop Dogg
O rapper norte-americano Snoop Dogg lançou um livro para ser, literalmente, fumado. As páginas da obra, que traz letras do cantor, são de papel seda para enrolar o fumo, além da capa de fibra de cânhamo (que também pertence ao gênero cannabis, mas tem um teor de THC menor que a maconha) e com acendedor de fósforo na lateral. Além disso, pra facilitar o fechamento do “cigarrinho artesanal” na extremidade do livro há um adesivo colante. O livro se chama ‘Rolling Words – A Smokable Songbook’ (Palavras Enroladas – Um Livro de Canções Fumável) e tem até vídeo de divulgação, onde Snoop Dogg diz que agora todos podem fumar com o especialista. O lançamento oficial da publicação será durante o festival Coachella, que acontece de hoje (13) até o dia 22 de abril nos Estados Unidos.
*comtextolivre

A presidenta Dilma, durante visita a Confederação Nacional da Indústria, para incentivar investimentos em institutos e laboratórios de ciência, tecnologia e inovação, disse em seu discurso:






“Essesentraves [ao crescimento sustentável do país] podem ser assim resumidos, muito simplificadamente, na necessidade de nós colocarmos os nossos juros e spreads incluídos nos padrões internacionais de custo de capital”, disse a presidenta.
Não foi um recado aos banqueiros, foi aos brasileiros: ou mudam de banco, ou os bancos não mudam.
A presidente já mobilizou os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNB, BASA) para fazerem um corte radical nos juros.
Os bancos privados resistem apostando no comodismo do cliente e, mesmo com lucros exorbitantes, tem a cara-de-pau de irem pedir "compensações" como menos impostos para eles, para baixar os juros. O ministro Guido Mantega da Fazenda deu um NÃO aos banqueiros.
Como transferir dívidas para o BB ou CEF pagando juros menores:
A Caixa explica aqui (Ou no tel: 0800 726 0222).
O Banco do Brasil explica aqui (Ou nos tels: SAC: 0800 729 0722 Ouvidoria: 0800 729 5678):
Portabilidade Bacen
O Banco Central do Brasil, por meio da Resolução 3.401, de 06/09/2006, regulamentou a transferência de dívidas entre instituições do Sistema Financeiro Nacional.
Com  a Portabilidade BACEN você precisa solicitar o preenchimento de um  formulário específico no banco de origem da dívida e entregá-lo no mesmo dia em qualquer agência do BB. Nessa opção, a transferência será feita no valor exato da dívida e estará isenta do pagamento de IOF.Caso você seja correntista, deverá ser entregue na agência onde você mantém conta.
Além do formulário preenchido, leve também os seguintes documentos:

  • Identidade e CPF;
  • Comprovante de renda;
  • Comprovante de residência.
Essa transferência será realizada exclusivamente por meio de TED - Transferência Eletrônica Disponível.
*sujeito a análise de crédito

Como transferir o salário para o BB ou CEF:
Para o Banco do Brasil consulte o atendimento aqui.
A Caixa explica aqui (Ou no tel: 0800 726 0222).
*Osamigosdopresidentelula

Espanha: cultivo de maconha atrai cidades afetadas por crise

Solução da droga encontrada por Raquera começa a ser sondada por outras cidades assoladas pela crise da Espanha. Foto: Getty Images
Solução da droga encontrada por Raquera começa a ser sondada por outras cidades assoladas pela crise da Espanha
Foto: Getty Images
ÉRICA CHAVES
Direto de Madri
A polêmica aprovação do aluguel de terrenos para o cultivo de maconha na cidade de Rasquera como antídoto à crise financeira gera repercussões e difunde a ideia pelo país. De acordo com representantes da Associação Barcelonesa Canábica de Autoconsumo (ABCDA), grupo que desfrutará do privilégio no município, a fama do caso já fez com que outros se interessassem por convênios semelhantes.
"Com a crise, estão todos endividados. Depois da notícia de Rasquera, outras cidades nos procuraram para que plantássemos maconha em parceria", explica Thais Santos, brasileira, sócia e colaboradora da ABCDA. O futuro cultivo aumentou a demanda pelo número de sócios, e cresce também a procura de pessoas que usam a erva com fins terapêuticos. "Foi incrível como cresceu o número de doentes que entraram em contato depois que a notícia sobre a possível plantação se espalhou", diz Vojislav Djordjevic, presidente da ABCDA.
O pequeno povoado da Catalunha tem cerca de 960 habitantes e uma dívida de 1,3 milhões de euros. A cidade já arrecadou 30 mil euros pelo contrato e receberá mais 50 mil ao mês para despesas com administração e segurança. Além disso, serão criados entre 40 e 50 novos postos de trabalho. "Muitos jovens saem daqui em busca de emprego e agora haverá mais oportunidades para que nossos filhos fiquem aqui com a família. Por isso, também os mais velhos estão contentes com a decisão", conta José María Insausti, colaborador da prefeitura.
"Vai ser aberta uma outra sede maior, porque esta já não comporta os membros agora. Depois de toda essa polêmica o telefone não para de tocar. Todo mundo quer ficar sócio também", fala um dos sócios que prefere não ser identificado.
Quem compõe e o que é a ABCDA
A ABCDA foi fundada há dois anos. Pagando uma taxa de 20 e 40 euros ao mês, os sócios têm direito a 27 gramas de cannabis por semana. Ela facilita o autoconsumo da droga, o que é considerado atividade legal na Espanha sempre que não haja lucro. O clube tem cerca de cinco mil membros. A maioria consome ludicamente, e 30% fumam a erva com fins terapêuticos. "São pessoas com doenças terminais como o câncer que mesmo não podendo fumar, bebem o chá da maconha", explica Thais Santos.
Para se tornar sócio, é preciso passar por uma entrevista e preencher um grande relatório antes que os membros organizadores aprovem a solicitação. "Aqui é tudo muito sério. No ano passado, declaramos quase meio milhão de euros e pagamos os impostos", afirma Djordjevic.
Percalços e dúvidas
Não foi fácil o caminho até o fim definitivo. Em 1º de março, depois de semanas de discussões entre políticos e conselheiros, a prefeitura de Rasquera aprovou a ideia como parte do plano para acabar com as dívidas da cidade. A ABCDA já havia repassado parte do dinheiro para o povoado, cujos habitantes, no entanto, exigiram um plebiscito, empurrando o início do cultivo ficou para o mês de julho.
Já no final de março, a pressão para que o clube desistisse do projeto veio de outro lado. A polícia apreendeu toda a maconha e o dinheiro arrecadado com o objetivo de demonstrar que os membros não consumiam a erva, mas a comercializavam. O caso continua sendo investigado, mas o dinheiro já foi devolvido. O cultivo no povoado começa em julho e o produto poderá ser consumido a partir de novembro deste ano até 2014, quando finalizam os dois anos de contrato.
*Terra

A mídia está de gringo no samba

- Sabe por que americano samba com um dedinho levantado em cada mão?
- Não, por que?
- Pra que ninguém lhe olhe os pés, desajeitados…
A brincadeira carioca tem tudo a ver com o comportamento da mídia diante da CPI sobre Carlinhos Cachoeira.
Agora,dizem os jornais, é o Governo e a própria presidenta Dilma quem estariam temerosos de uma investigação. Só falta dizer que o Lula também.
Pura cortina de fumaça.
Pode haver até algum governista preocupado, por razões próprias ou por ser adepto da política de tratar a política como – a expressão é do Brizola – “um clube ameno”,  onde o importante é o Vossa Excelência para cá e para lá e empurrando os dias de poder, algum poder, todos os dias, enquanto durar.
Se a Presidenta, acaso, deu uma “freada de arrumação” na participação de ministros seus na articulação da CPI, fez muito bem. A CPI não é do Executivo, não é “chapa-branca”. E ela é a comandante política do Governo, não os ministros.
Dispensa, portanto, a prudência “muy amiga” que lhe sugere a mídia.
Da mesma forma, é assim a “preocupação” dos jornalões com a possibilidade de que a CPI do Cachoeira “mele” o julgamento do dito “mensalão”.
Porque melaria, se uma coisa, como sustenta Merval Pereira isso não passa de uma  “tentativa desesperada de criar um fato político que possa influenciar a decisão do Supremo sobre o mensalão”?
Se não há ligação entre uma coisa e outra, porque isso se misturaria?
Mas há, ou pelo menos há fortes indícios de que há.
É uma gravação ordenada por Carlos Cachoeira que deflagrou aquele processo.
E essa gravação, segundo um ex-integrante do grupo do bicheiro, foi feita e divulgada com o obejtivo de “vingar” o veto de José Dirceu à nomeação de um homem do esquema Cachoeira – o senador Demóstenes – para o controle de um setor importante para o bicheiro, nada menos que a Secretaria Nacional de Justiça.
Além disso, existem provas materiais da ligação próxima, íntima, entre Cachoeira e Policarpo Júnior, editor do centro daquela e de quase todas as denúncias que se fizeram contra o Governo Lula: a máquina de demolir reputações chamada Veja.
De novo, sirvo-me de uma das expressões do velho Brizola: um dos chefes do “Comando Marrom”.
Que, aliás, só é indulgente quando os escândalos atingem a direita, como no caso Demóstenes e no da “Privataria Tucana”.
Por isso, a nossa mídia está como o gringo no samba: “olhem o meu dedinho apontado para cima, não vejam os meus pés desengonçados”.
Vai apelar para tudo o que puder desviar o olhar de suas vergonhas e distribuir “conselhos prudentes” para que  não se mexa demasiado no assunto, até a pretexto de preservar o Governo.
Anotem aí: falta pouco, muito pouco, quase nada, nada mesmo para que se atribua a Lula e a José Dirceu o escândalo Cachoeira.
Esta que o porta-voz da direita midiática, Merval Pereira,  chama de “tática escancarada pelos blogueiros governistas” e que, segundo ele, “parece ter se tornado um verdadeiro tiro no pé” é, sim, de fato, um tiro no pé.
No pé enlameado de uma mídia que, proclamando-se moralizadora, chafurdou nas imundícies de um bandido para “cumprir” seu objetivo de desaestabilizar governos progressistas.
Uma missão cívica, que o indigitado Cachoeira resumiu  soberbamente:
- Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos (furos de reportagem) já foram, rapaz? E tudo via Policarpo.”
*Tijolaço

Fascismo católico: Papa Bento XVI perseguiu e reprimiu a Teologia da Libertação

*Opensadordaaldeia

Carta Capital também manipula

por Paulo Jonas de Lima Piva
Dentro do nosso lamentável cenário de revistonas semanais a Carta Capital diferencia-se explicitamente do ponto de vista ideológico e político dos principais panfletos da direita brasileira, mais exatamente da Veja, Época e Isto é. Entretanto, embora considerável, a diferença não é tão grande assim. A revista de Mino Carta (foto) perseguiu obsessivamente o ex-militante Césare Battisti; dedicou várias de suas edições para linchá-lo publicamente com o rótulo de "terrorista".
Mas, ao que parece, não foi só Césare Battisti o alvo das manipulações da "progressista" Carta Capital. No e-mail coletivo reproduzido abaixo, o intelectual argentino Miguel Vedda desabafa indignado que a entrevista que ele concedeu à revista recentemente também foi manipulada. Segundo ele, a revista colocou palavras na sua boca.   Leiamos:



Date: Thu, 12 Apr 2012 10:56:47 -0700
From: miguelvedda@yahoo.com.ar
Subject: "Error" grave en Carta Capital
To:

Queridos amigos:
Hace algunas semanas, la revista Carta Capital me hizo una entrevista, a propósito de mi introducción a la edición brasileña del Lenin de Lukács. Un amigo de Sao Paulo me envió una copia escaneada de la revista. Al leerla, vi que el entrevistador cometió un error gravísimoya que dice "o comunismo, nao ha dúvida, é un sistema antidemocrático, oppressivo, uno dos piores males do século XX". El entrevistador alteró la declaración, ante todo colocando "comunismo" donde debería haber dicho "stalinismo"...
¿Me imaginan diciendo una brutalidad tal? No conozco la revista ni al entrevistador, y no sé si es un "simple" error o si hubo alguna voluntad de distorsionar mis declaraciones. La editora Boitempo ya intervino gentilmente para pedir que corrijan las versiones digitales de la entrevista, y que publiquen una fe de erratas en el próximo número. Pero entretanto, estará circulando una publicación en la que me atribuyen una opinión increíblemente aberrante.
Quienes me conocen, o aquellos que hayan leído mi introducción al Lenin, no necesitan de ninguna aclaración. Pero también podrán imaginarse la indignación que me provoca una falla tan severa.
Un abrazo,
Miguel.
*Opensadordaaldeia