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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 17, 2012

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana


paulina-chiziane-AgenciaBrasilBrasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.
"Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.
"De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.
A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.
Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.
"Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.
"Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina.
"Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina.
Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agencia Brasil

Deputado Protógenes Queiroz responde às acusações da revista Veja

Caros Editores,

A respeito da matéria “Eles querem apagar o mensalão”, da edição 2265, de 14/04/ 2012, página 78, gostaria de esclarecer que meu contato com o Sargento Idalberto Matias Araújo, o Dadá, apontado como integrante do esquema de contravenção conhecido como caso “Cachoeira”, deu-se exclusivamente à época da Operação Satiagraha, quando o mencionado oficial era o ponto de ligação entre o Serviço de Inteligência da Aeronáutica e a Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, onde eu era lotado.

Portanto, minha foto publicada num infográfico do contraventor “Carlinhos Cachoeira” (página 80 da citada matéria), encontra-se totalmente fora de contexto, insinuando de forma tendenciosa e faltosa com a verdade que integro um suposto esquema do referido empresário goiano.

Aproveito para esclarecer que o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o possível envolvimento de parlamentares no chamado “Caso Cachoeira” é de minha autoria, fato em nenhum momento noticiado na reportagem.

Atenciosamente,

Protógenes Pinheiro de Queiroz
Deputado Federal pelo PC do B/SP
*Tudoemcima

Deleite - O baterista Dylan Elise


*nassif

OBAMA, A BOLHA E O BOLHA.

Sanguessugado do Mauro Santayana
 

O presidente Obama disse, em Cartagena, que a imprensa latino-americana está ainda na “bolha dos anos nos anos 50, quando pede a saída dos ianques de seus países – o que, sabemos, não é verdade no que se refere aos grandes veículos. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e seus aliados fiéis do Canadá vetam a presença de Cuba no encontro hemisférico. Quem se encontra ainda nos anos 50 é o governo de Washington, que não sai do círculo de giz em que o meteu Kennedy. Nos anos 50 no Brasil, quando se queria identificar alguém como chato e de pensamento curto, usava-se a expressão “bolha”.
Obama continua um bolha dos anos 50.
*Gilsonsampaio

Massacre de Eldorado dos Carajás completa 16 anos de impunidade

Os anos 90 marcaram de sangue a história do Brasil. A chamada década perdida, mergulhada no neoliberalismo que castigou toda a classe trabalhadora, registrou episódios que chocaram o mundo inteiro, como o massacre do Carandiru, a chacina da Candelária e o massacre de Eldorado dos Carajás.
Nesta terça-feira (17) completam-se 16 anos do massacre que tirou a vida de 21 trabalhadores rurais que lutavam pelo direito à terra, assassinados durante uma ação militar na BR 115, no Pará, mais precisamente na chamada “curva do S’, consolidando a chacina que  ficou conhecida como massacre de Eldorado dos Carajás.

O maior conflito agrário registrado no país, que expôs a violência que existe no campo e que atinge os trabalhadores rurais em luta pela posse da terra, que  infringiu todas as bases dos direitos humanos continua impune.
Nenhum dos policiais envolvidos no crime foram presos e os dois comandantes da polícia militar que coordenaram a ação, mesmo condenados a 220 anos de prisão,  continuam em liberdade.

Em memória aos camponeses mortos e exigindo justiça  todos os anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária justamente no mês de abril, sendo o abril vermelho do MST.

A importância da data não se resume apenas ao MST e ao o massacre de Eldorado dos Carajás. À época, o episódio teve impacto em todos os movimentos sociais e sindicais. “A data é simbólica, pois representa a história de luta em prol da reforma agrária e a Secretária de Políticas Sociais da CTB se solidariza e expressa total apoio ao MST nessa jornada de lutas e em todas as manifestações e ações do movimento em defesa da terra”, afirmou Carlos Rogério Nunes, secretário de Políticas Sociais da CTB.

Dia de Luta

Por conta da triste efeméride, o 17 de abril se tornou, em todo o Brasil, o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. De Norte a Sul do país, trabalhadores rurais sem-terra estão mobilizados para exigir uma política mais ousada do governo federal.
Em texto divulgado à imprensa nesta terça-feira, o MST reafirma suas críticas ao governo de Dilma Rousseff e cobra medidas que atendam às demandas por terra no país. “Só é possível acabar com a pobreza com a realização da reforma agrária e por meio de políticas para o desenvolvimento dos assentamentos. A reforma agrária, casada com um programa de agroindustrialização da produção, é a resposta para enfrentar a pobreza, porque gera renda, cria empregos e aumenta a produção de alimentos”, diz o texto.

Paula Farias, com informações do MST
*turquinho

Cúpula das Américas: já vai tarde!

Editorial do sítio Vermelho:
A 6ª Cúpula das Américas, encerrada ontem (15) em Cartagena, Colômbia, é mais um sinal do persistente declínio da influência norte-americana na América Latina. A divergência entre os países da continente, de um lado, e os EUA e Canadá, de outro, impediu que houvesse sequer uma declaração conjunta ao final do encontro que reuniu chefes de estado de 35 nações do Continente.
Foi um final anunciado. Já se sabia da resistência dos países do continente contra a intransigência dos EUA e do Canadá em relação à Cuba e a presidente Dilma Rousseff, na semana anterior, havia alertado diretamente ao presidente Barack Obama de que esta seria a última Cúpula das Américas sem a presença de Cuba.
Outra questão que une os países do continente contra os EUA é o reconhecimento da soberania argentina sobre as ilhas Malvinas, que não é partilhado pelo governo de Washington.

Mídia ajudou a aterrorizar os gregos

Por J.R. Penteado, de Atenas, no sítio Opera Mundi:

Foram mais de 2 milhões de espectadores na Internet, transmissões em canais de TV do mundo inteiro, e uma popularidade que despertou ataques diretos de parte da mídia conservadora local. O documentário “Debtocracia” fez grande sucesso na web em 2011, ao abordar sob uma ótica crítica as origens da crise da dívida da Grécia, apontando todo o sistema do euro como fadado ao fracasso desde o início. “O melhor filme de análise econômica marxiana já produzido”, escreveu um colunista no The Guardian.

EUA assistem ao fim de uma era

Por José Dirceu, em seu blog:

O embargo a Cuba - uma verdadeira guerra silenciosa contra um povo -, um bloqueio impiedoso, que se soma à ocupação da área da base naval de Guantánamo e à exclusão de Cuba da Cúpula das Américas, estão no fim. Nenhum país da região apoiou a posição norte-americana de vetar a presença de Cuba. Alguns sequer compareceram à Cúpula em protesto. Foram os casos de Rafael Correa, presidente do Equador, e de Daniel Ortega, da Nicarágua.

YPF da Argentina e histeria privatista 

 

 

Por Altamiro Borges

A decisão da presidenta Cristina Kirchner de reestatizar a empresa petrolífera da Argentina, a YPF, fez ressurgir com força o debate sobre as privatizações das estatais na América Latina. Os ideólogos privatistas e também os “privatas” – aqueles que desviaram a grana da venda do patrimônio público para as suas contas, como revela o livro “A privataria tucana” – estão irritados, histéricos.



Arrogância imperial da Espanha

A Espanha, que tem saqueado as riquezas de várias nações para tentar se salvar do colapso econômico – seja com a remessa de lucros da Repsol na Argentina ou da Telefônica no Brasil –, já declarou guerra ao governo soberano do país vizinho. Arrogante e imperial, o primeiro-ministro Mariano Rajoy criticou a "quebra de contrato" com a multinacional espanhola e prometeu "duras" retaliações.

O direitista não tem moral para falar em "quebra de contratos" – que o digam os trabalhadores espanhóis que tiveram seus direitos aniquilados por seu recente pacote de austeridade fiscal, que rasgou todos os "contratos" trabalhistas em vigor na Espanha. Rajoy esperneia para defender a ganância da Repsol, uma multinacional que não investia no setor e apenas roubava o povo argentino.

O ganância da Repsol

A YPF foi privatizada em 1999 pelo governo neoliberal de Carlos Menem. A Repsol passou a deter 57% das ações da ex-poderosa estatal de petróleo. Com o tempo, porém, ficou visível a falsidade do discurso sobre a tal eficiência da iniciativa privada. Em 2010, a Repsol obteve um lucro de 1,4 bilhão de euros do subsolo argentino. Já a produção nacional de petróleo recuou quase 5,5%.

Em decorrência do pujante crescimento econômico da Argentina, o consumo de petróleo aumentou 38% e o de gás cresceu 25%, entre 2003 e 2010. Já oferta da multinacional caiu 12% e 2,3%, respectivamente. Com isso, o país, que já foi autossuficiente em petróleo, foi forçado elevar a importação do produto. No ano passado, o governo gastou US$ 11 bilhões com a conta petróleo.

A falta de compromisso da Repsol com o desenvolvimento do país atiçou os atritos com o governo argentino, que nesta segunda-feira (16) anunciou a reestatização da empresa. Antes, a presidenta já havia fixado um imposto sobre a exportação de petróleo e adotado outras medidas para coagir a multinacional. Mas a Repsol não recuou no saque. Desde 2009, ela não furou um único poço de petróleo no país.

A gritaria da mídia colonizada

Diante da decisão soberana do governo argentino, os privatistas e “privatas” fazem o maior escarcéu – sem analisar os méritos da medida. Para isso, como sempre, eles contam com as manipulações da mídia entreguista e colonizada. O Clarín, veículo-palanque das correntes neoliberais da Argentina, aliou-se à Espanha para condenar o governo de Cristina Kirchner.

No Brasil, a mídia também partiu para o ataque. Em seu editorial de hoje (17), a Folha condena a “expropriação” da multinacional Repsol. Para o jornal, que venera o deus-mercado, “trata-se de uma medida intempestiva, que gera insegurança jurídica e erode ainda mais a já desgastada credibilidade daquele país aos olhos do mercado internacional”.

No Jornal da Globo de ontem à noite, Willian Waack, frequentador do Instituto Millenium – o antro dos barões da mídia nativa – só faltou pregar a derrubada da presidenta Cristina Kirchner. Talvez ele até receba algum título honorifico do rei da Espanha ou algum agradecimento especial da Repsol!