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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 19, 2012

CPI pega fogo na porta do delegado


Coluna Esplanada – Extra

Por Leandro Mazzini – de Brasília


A CPI mista do Cachoeira nem começou mas já pega fogo nos bastidores – em especial, nos corredores da Câmara.


Indignados com um cartaz pró-CPI na porta do gabinete do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), ex-delegado da PF e entusiasta da instalação, dois deputados tucanos o arrancaram da porta e jogaram no chão, irados.


Tratam-se de ninguém menos que o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).


Protógenes só soube quando pediu o vídeo do circuito interno de TV do corredor. Mas não prestou queixa à Mesa Diretora.

*PHA

Fernando Ferro, Protógenes, Rogério Correia, Francisco Escórcio

Deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB/SP): "Não podemos confundir jornalistas com bandidos":
 
 
Deputado federal Fernando Ferro (PT/PE): "O crime organizado fazendo jornalismo":
 
 
Deputado estadual Rogério Correia:
"Revista Veja: associação ao crime ou jornalismo criminoso?"
 
 
Deputado federal Francisco Escorcio (PMDB/MA). A revista Veja fez uma matéria, ao que tudo indica forjada, o acusando de ir a Goiânia espionar Demóstenes Torres (ex-DEM) e Marconi Perillo (PSDB), quando estes queriam cassar o mandato de Renan Calheiros (PMDB/AL):
 
 
*osamigosdopresidentelula

A Veja logo será O Cruzeiro

revista O CRUZEIRO casamento de Caetano Veloso

 

Houve um tempo em que O Cruzeiro era a flor do império de Assis Chateaubriand.
Terminou, como se sabe, reduzida a uma circulação pífia, vendido o título a um ex-colaborador do regime militar, Alexandre Von Baumgarten, e usada para obter vantagens do Governo.
Baumgarten, o coveiro da revista, terminaria ele próprio assassinado em circunstâncias obscuras, no que parece ter sido uma queima de arquivo dos anos finais da ditadura.
A Veja parece querer seguir o mesmo caminho, que começa muito antes da decadência das vendas e do faturamento.
Inicia-se da demolição do patrimônio maior de qualquer publicação: na demolição de sua credibilidade.
Ainda imperará, por bom tempo, dividindo com a Caras as salas de espera dos consultórios médicos e dentários.
Mas sua capacidade de pautar a mídia se foi.
A isnstalação da CPI do Cachoeira, sabe-se hoje um misto de fonte e editor de pauta da revista, exporá inevistavelmente as vísceras de uma ligação espúria.
Não haverá corporativismo midiático que possa omitir a revelação das cumplicidades entre ela e o esquema mafioso montado pelo bicheiro pelas TVs da Câmara e do Senado.
Puderam “segurar” a nota do presidente da Câmara, Marco Maia,  denunciando os métodos totalitários da revista. Não publicarão nada sobre o fato de o tópico #Vejabandida ter sido o mais presente no Twitter durante o dia de ontem no Brasil e, aliás, em toda a rede mundial de computadores, como você vê  na imagem.
Esse corporativismo não é mais capaz , nos tempos de internet de massa, de baixar uma cortina de silêncio sobre os fatos.
Não vão poder segurar o que surgirá na CPI, associando dezenas de matérias – inclusive a que iniciou a temporada de ministros no Governo Dilma – revelando que o esquema de arapongagem de Cachoeira vivia em simbiose com a pauta da revista, que se prestava à demolição dos esquemas que obstavam os apetites de Cachoeira e seus aliados.
É certo que a revista ainda fará muito barulho.

Quem é da roça sabe que certos bichos berram desesperadamente quando sentem que vão morrer.

*Tijolaço

Software permite usuário "viajar" pelo universo em um PC




Software foi criado pelo canadense Christopher Albeluhn com propósitos educacionais. Foto: ReproduçãoSoftware foi criado pelo canadense Christopher Albeluhn com propósitos educacionais
Foto: Reprodução
O "Sistema Solar" é um software de simulação criado para mostrar ao usuário "o seu quintal no universo". Criado por Christopher Albeluhn, o software - que é um projeto - quer crescer e se tornar uma referência educacional quando o assunto é inserir a tecnologia no aprendizado.
O programa nasceu a partir de uma brincadeira. "Eu estou na indústria de videogames há 7 anos com pessoas incríveis, mas a vida prega peças e eu fiquei desempregado. Eu precisava aumentar o meu portfólio. Eu comecei a criar a Terra em um videogame", contou Albeluhn. Rapidamente, ele tinha 8 planetas e 88 constelações.
"Conforma a tecnolgia avança, o modo como nós aprendemos também precisa avançar. Computadores não são mais grandes máquinas escondidas no porão. Eles podem caber na palma da sua mão", afirmou.Para o criador, o que torna o "Sistema Solar" diferente da maior parte de outras aplicações de exploração do universo é que o usuário nunca teve tanta liberdade e beleza à sua disposição. "Não é suficiente ler sobre o mundo ao nosso redor. Você precisa viver a experiência", finalizou o criador.
O software "Sistema Solar" pode ser acessado no site oficial. Atualmente, Albeluhn quer o apoio dos usuários para tornar o programa viável para PCs.



ASSISTA EM TELA CHEIA/SIMULAÇÃO


http://www.explorethesolarsystem.com/Explore_The_Solar_System.html

*Nina

Serra aciona Amaury e quer lucro do Privataria

 

 do Viomundo
Luiz Carlos Azenha
O candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, ex-governador e duas vezes candidato ao Planalto, José Serra, está acionando na Justiça o autor do livro Privataria Tucana, Amaury Ribeiro Jr. e a Geração Editorial, editora do livro.
Amaury recebeu hoje a notificação. A MPTAP, de Arnaldo Malheiros e sócios, representa o candidato. É uma ação ordinária de indenização por dano moral, em que Serra pede que o cálculo do valor a ser pago, em caso de condenação, tenha relação com a vendagem do livro, considerando o preço de R$ 34,90.
“Esse componente da indenização deverá ser fixado sobre parte do valor de capa, não inferior ao percentual praticado para a remuneração do autor e não inferior à margem de lucro da própria editora, de modo que os réus não prossigam auferindo lucros que resultem de uma conduta ilícita”, diz a ação.
Serra alega ter sido acusado, no livro:
a) ter recebido propina de empresas envolvidas nas licitações realizadas nos processos de privatização de empresas públicas nacionais, valendo-se da sua condição de Ministro do Planejamento e coordenador do programa de desestatização no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso;
b) ter criado rede de espionagem para investigar Aécio Neves, Governador do Estado de Minas Gerais — a quem teria chantageado — valendo-se, para tanto, da sua condição de Governador do Estado de São Paulo e do uso de recursos do Tesouro paulista.
Segundo Amaury, Serra nunca foi acusado diretamente no livro de receber propinas. O jornalista diz que dispõe de provas sobre a segunda acusação.
“Como não consegue contestar o conteúdo do livro, a ação indenizatõria se baseia em fatos deturpados por Serra ou distorcidos pela imprensa durante a campanha eleitoral de 2010″, diz Amaury. Na ação, Serra diz que Amaury, ao depor na Polícia Federal, teria confessado a quebra de sigilo de parentes do tucano, “o que não aconteceu”, afirma o jornalista.
“A ação é fraca, uma piada, uma aberração jurídica, que com certeza me dará subsídios para escrever a Privataria Tucana II”, disse.
“Foi feita na prorrogação do segundo tempo, só depois que o Serra se declarou candidato a prefeito, para que ele se justifique se o tema vier à tona durante a campanha eleitoral”, continua.
“Eu nunca perdi uma ação na minha vida e não vou dar ao Serra o prazer de ficar com o dinheiro de meu trabalho”, conclui.
*Gilsonsampaio

Roberto Civita tem que ir à CPI explicar se Policarpo é um aloprado ou se a Veja quer mesmo 'derrubar a Dilma'

 

do Mello

No final do ano passado, o ator José de Abreu publicou em sua conta no Twitter a nota acima.
Agora, vazamento da Operação Monte Carlo da Polícia Federal escancara a rede de esgoto que ligava políticos, contraventores, empreiteiros, empresários, arapongas e jornalistas. Entre esses, o diretor de redação da Veja, Policarpo Junior, que teria sido flagrado em cerca de 200 conversas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Diz o Cachoeira, num grampo:
- [Nós estamos] Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos (furos de reportagem) já foram, rapaz? E tudo via Policarpo.
A Veja, especialista em vazamentos, a principal rede de esgoto por onde escorriam os grampos do grupo de Cachoeira, não reproduziu um único diálogo da dupla Policarpo e Cachoeira.
Mas a CPI vem aí e deve convocar o capo da Abril, Roberto Civita, para que ele esclareça de uma vez por todas se Policarpo Junior era apenas um aloprado querendo derrubar o governo para bajular o patrão ou se a ordem foi mesmo dele, o capo Civita, com o intuito de derrubar um governo popular para colocar em seu lugar o serrismo de resultados e encher o país de pedágios, sanguessugas, vampiros, privatizar Caixa, Petrobras e Banco do Brasil, para que enfim voltemos a ser o que já fomos, simples satélite dos Estados Unidos.
*GilsonSampaio

quarta-feira, abril 18, 2012

Revista 'Veja': Como trabalha; a quem serve

O dispositivo midiático demotucano tem martelado em tom de condenação sumária que a construtora Delta - suspeita de ser uma espécie de caixa de compensação bancária do esquema Cachoeira/Demóstenes - é a empresa com o maior volume de contratos junto ao PAC.
Esse traço evidenciaria, sugere o tom do noticiário, um comprometimento automático do governo e do PT com a quadrilha manejada por Cachoeira.
Mais de 80% das licitações vencidas pela Delta são de obras sob a responsabilidade do Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
Dos R$ 862,4 milhões pagos à construtora em 2011, 90% vieram do órgão. Nesta 3ª feira, uma pequena nota escondida num canto de página da Folha, baseada em escutas da PF mostra que:
a) o Dnit estava insatisfeito com a qualidade e irregularidades das obras tocadas pela Delta;
b) desde 2010 o Dnit iniciou uma série de processos que poderiam levar a perdas de contratos pela construtora, ademais de submetê-la a investigações da PF e do Tribunal de Contas;
c) o agravamento dos atritos levou a Delta a acionar Cachoeira e seu grupo, que passaram a trabalhar pela queda do então diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, uma indicação do PR, o Partido Republicano;
d) em gravações feitas pela PF no primeiro semestre de 2011, Cachoeira diz a Claudio Abreu, diretor da Delta, que já estava fornecendo informações sobre irregularidades no Dnit para a revista "Veja";
e) a presidente Dilma Rousseff pediu o afastamento de Pagot no dia 2 de junho, depois que 'denúncias' contra o Dnit foram publicadas pela 'Veja', envolvendo suposto esquema de propinas que beneficiariam o PR;
f) Pagot alegou inocência e resistiu até o dia 26 de julho, quando entregou a carta de demissão, em meio a uma crise que já havia derrubado toda a cúpula do ministério dos Transportes ligada ao PR (incluindo o ministro);
g) o ex-presidente Lula tentou evitar a queda de Pagot. Não por acreditar em querubins.
Preocupava-o a rendição recorrente ao denuncismo gerado por disputas entre quadrilhas associadas a órgãos de imprensa. Lula estava certo.
No Carta Maior
*comtextolivre

Crédito bomba no BB e bancos privados cedem

A notícia, hoje, que Bradesco e Itaú seguiram os passos do HSBC e decretaram um rebaixamento geral dos juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas mostra o quanto foi bem sucedida a decisão do governo de obrigar a queda dos juros usando os bancos públicos como ferramenta.
Depois de tentar fazer chantagem com o Governo e obter isenção dos já pouquíssimos impostos que pagam, os bancos privados saíram de orelhas murchas.
Passaram uma semana vendo seus potenciais clientes e clientes migrarem para o Banco do Brasil e para a Caixa, que baixaram os juros.
Agora, esqueceram todos os sofisticados cálculos com que justificavam a política extorsionista que praticavam e seguiram a mais básica lei de mercado: a de sobreviver à concorrência.
Porque estavam perdendo negócios e clientes a rodo.
O BB aumentou em 45% o volume de recursos emprestados, na média dos últimos seis dias, no crédito pessoal. Algumas linhas tiveram aumento, na média, superior a 100%.Na média, porque comparando o dia de ontem com o dia antes da baixa de juros, em algumas linhas o valor dos desembolsos quintuplicou, segundo revelou hoje a comentarista  Mara Luquet, da CBN.
A Caixa também registrou aumento expressivo nos primeiros dias, não só para pessoas físicas, mas para capital de giro para pequenas e médias empresas: a média diária de contratações saiu de R$ 5,3 milhões na primeira semana de abril para R$ 39,2 milhões e já foram contratados R$ 196 milhões na linha de crédito Giro Caixa Fácil para as Micro e Pequenas Empresas, uma evolução de 891% em relação ao mesmo período de março.
O número de abertura de novas contas no BB, segundo ela, dobrou . O que dá para imaginar o que isso doeu na banca.
Aliás, no comentário, é comovente o esforço do apresentador Carlos Alberto Sardemberg em defender os bancos privados.
“Vai cair a rentabilidade”, diz ele. E Mara Luquet responde: “é, mas vai subir o volume”.
E, no final, o que realmente dói na turma do “Brasil da Roda Presa”: “a economia vai ter um aquecimento”.
Que pena, não é?
*Tijolaço

19/04/1980, Lula é Preso pelo DOPS


A GREVE DE 41 DIAS

Em 1980, Lula liderou a histórica greve de 41 dias. A campanha salarial dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema reivindicava sobretudo garantia de emprego, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, controle das chefias pelos trabalhadores e direito de os dirigentes sindicais ingressarem nas empresas a qualquer hora. Como os patrões se mostraram irredutíveis às negociações, a greve teve início a lº de abril, quando 140 mil metalúrgicos cruzaram os braços.

A repressão ao movimento incluiu até helicópteros do Exército que, armados de metralhadora, sobrevoaram as assembléias da Vila Euclides. Lula conseguiu que os trabalhadores não se deixassem intimidar. Enquanto cantavam o hino nacional, todos erguiam bandeirinhas do Brasil distribuídas pelo sindicato.

A 17 de abril, o ministro do Trabalho, Murilo Macedo, decretou a segunda intervenção no sindicato presidido por Lula, cassando seus diretores da vida sindical, mas sem conseguir que se afastassem do comando do movimento. No dia 19, às 6 da manhã, Lula foi preso em sua casa pelo DOPS, numa operação coordenada pelo governo Paulo Maluf, e que envolveu a prisão de inúmeros dirigentes sindicais em todo o ABC, inclusive sindicalistas e juristas de S. Paulo.

No lº de maio, Lula teve a alegria de saber, na prisão, que 120 mil pessoas haviam se reunido numa manifestação em São Bernardo do Campo. A tristeza, poucos dias depois, foi obter permissão especial para, escoltado, comparecer à missa de corpo presente de sua mãe. Como forma de pressão para que os patrões retomassem as negociações, Lula e seus companheiros de cárcere fizeram seis dias de greve de fome.

Em 20 de maio de 1980, Lula teve sua prisão preventiva revogada. Libertado, sua primeira atitude ao chegar em casa foi soltar os passarinhos da gaiola... Julgado pela Justiça Militar em novembro de 1981, recebeu a pena de 3 anos e 6 meses de prisão. Posteriormente, o Superior Tribunal Militar anulou o processo.

A greve terminou a 11 de maio, com o saldo de um grande avanço político na organização e na consciência de classe dos metalúrgicos do ABC.

O PARTIDO DOS TRABALHADORES

A proposta de se criar o PT surgiu no mesmo dia em que nasceu Sandro, filho de Lula: 15 de julho de 1978. No hotel Bahia, em Salvador, onde participava de um congresso dos petroleiros, Lula declarou à imprensa que chegara a hora de a classe trabalhadora criar o seu próprio partido político.

Lula descobrira que a questão sindical é também uma questão política. No cenário político nacional, todos os partidos pretendiam ser a voz do povo, enquanto o próprio povo não tinha como expressar sua voz. Em janeiro de 1980, mais de 80 deputados reuniram-se no Pampas Palace Hotel, em São Bernardo do Campo, para debater a proposta do PT. Nenhum deles suportou assumir por mais de uma eleição um partido classista, com grande disciplina e democracia internas, e com um programa nitidamente socialista.

Lula percorreu o Brasil para convencer a classe trabalhadora de que era inútil esperar que um Congresso Nacional repleto de empresários fizesse leis favoráveis aos assalariados. A primeira reunião histórica do PT realizou-se em janeiro de 1980, paradoxalmente num antigo reduto da burguesia paulista, o colégio Sion. Intelectuais como Antonio Candido, Mário Pedrosa e Sérgio Buarque de Hollanda logo aderiram à nova proposta partidária.

Em 1982 o PT, que já congregava 400 mil militantes em todo o Brasil, lançou Lula candidato a governador de São Paulo. Apesar da falta de recursos da campanha e dos preconceitos de classe do eleitorado, Lula obteve 1 milhão e 200 mil votos. Em 1986, elegeu-se à Assembléia Nacional Constituinte com 652 mil votos, o maior índice obtido por um deputado federal naquela eleição. Dos 572 municípios de São Paulo, ele recebeu votos em 568, sobretudo nas regiões industriais. Na Constituinte, sua atuação em favor dos interesses dos trabalhadores foi considerada exemplar pela imprensa especializada.

Presidente do Partido, reeleito desde sua fundação em 1980, Lula deixou o cargo em 1987, reforçando o princípio do rodízio na direção partidária. Desde então, tornou-se presidente de honra do PT. E ajudou a fundar a CUT, a CMP (Central de Movimentos Populares) e o Instituto Cidadania, do quel é presidente.

Agora, se prepara para presidir o Brasil, com posse marcada para 1º de janeiro de 2003.

Frei Betto é escritor, autor de "Alfabetto — autobiografia escolar" (Ática), entre outros livros.
*Goretti