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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 03, 2012

Charge do Dia


Lula: - Haddad é o candidato que SP precisa... Serra está desgastado


O presidente Lula juntou-se a Fernando Haddad, no sábado (2) para o encontro de delegados para discussão de diretrizes do Plano de Governo do PT para São Paulo. No evento foi apresentado o mote de campanha para a população: "O homem novo para um tempo novo".

Lula discursou, Haddad também, mas hoje escolhemos um vídeo de outro discurso bem legal, o da Janaína. Olha só que história bonita de superação de dificuldades, e que consciência política e garra a moça tem:





É por gente como a Janaína que temos a certeza de que brasileiro excluído só era problema para governo que não inclui.  É só estender a mão, dar uma chance para encontrar seu caminho, que vira solução, dá tudo certo e vai longe.

Com auditório lotado de militantes, na hora de Lula falar, ele lembrou das realizações de Haddad no Ministério da Educação e disse:

“Você não é o meu candidato, você é o candidato que São Paulo precisa nesse momento histórico”, afirmou Lula.
(...) 
Nosso desafio é encontrar o discurso para falar com os 35% que já votam no PT e aqueles que não votam no PT (...) Essas pessoas (que não votam no partido) não são pessoas de esquerda ou de direita, mas são pessoas que ainda estão desinformadas sobre o que o partido pode fazer por São Paulo”.

Sobrou também o pré-candidato tucano José Serra, apesar de Lula não citar nomes, disse: "um dos adversários está desgastado (...) Alguém que já foi eleito e não exerceu [o mandato]”.

Na hora de Fernando Haddad falar, disse:

“... a casa não termina na soleira da porta” – e falou que São Paulo não acompanha os avanços que o país teve nos últimos anos governo Lula e Dilma: “A nossa cidade é a moradia ampliada, e a porta da rua é apenas uma fronteira. A vida melhorou dentro de casa e piorou da porta da rua para fora”

Em seguida criticou o mau aproveitamento das parcerias entre Prefeitura e Governo Federal, às vezes por ranço: “Não sendo capaz de promover uma agenda de desenvolvimento sustentável, a administração se negou a fazer parcerias para não dividir o sucesso”.

E sem citar nomes, fez críticas ao adversário tucano José Serra, que já abandonou a prefeitura uma vez, e sonha em candidatar-se a presidente em 2014: “São Paulo cansou de prefeitos de meio-expediente e de meio-mandato (...) Eu não sou alpinista político, nem profissional de eleições. Jamais usarei a prefeitura como trampolim ou degrau de interesses pessoais”. (Com informações do PT paulistano)
*osamigosdopresidentelula

Mino Carta em entrevista à Record News : mídia brasileira é golpista 30/05/2012


Mino Carta dirigiu as equipes de criação de publicações que fizeram história na imprensa brasileira, como Quatro Rodas, o Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ e Carta Capital, da qual ainda é diretor de redação.

Janio de Freitas: A força agitadora para a preparação do golpe de 64 foi a imprensa

 

  do Maria Frô

“A relação siamesa entre imprensa e democracia não se ajusta, no entanto, aos 21 anos brasileiros entre 1964 e 1985, por exemplo.
Não só ao decorrer do período, mas também àquilo mesmo que lhe deu origem.
Durante os 21 anos sem nem sequer os seus mínimos componentes da democracia, a imprensa brasileira (vamos englobar assim jornais, TV, revistas e rádio) teve lucros e outros enriquecimentos maiores, muito maiores, do que em qualquer fase anterior na sua história.
A par desse benefício generalizado, quanto mais próximo e a serviço do regime antidemocrático, maior a compensação.” Janio de Freitas

Imprensa e democracia
Janio de Freitas
03/06/2012
Assim como a imprensa pode tirar a Constituição do papel, tira também o papel da Constituição
Já que o ministro Carlos Ayres Britto é do Supremo Tribunal Federal, mas não se sente sob perseguições, e muito menos imagina que queiram “destruí-lo”, acredito não haver risco em negar a ideia que faz da imprensa. E nela, sobretudo, da relação entre imprensa e democracia.
O ministro falou no 5º Congresso Brasileiro da Indústria de Comunicação, no qual também esteve o bispo Desmond Tutu. Foi o presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação criada na África do Sul, em 1995, por Nelson Mandela.
Espera da nossa Comissão da Verdade que busque “curar as feridas de uma nação traumatizada”. A idade não lhe diminuiu a percepção nem a determinação de dizer as palavras adequadas.
Em seu tema, o ministro Ayres Britto não se limitou à esperança. Tem a convicção de que “a metáfora de que a imprensa e a democracia são irmãs siamesas não é exagerada. É, de fato, um vínculo umbilical, a ponto de que, se for cortado esse cordão, é a morte das duas -da imprensa e da democracia”.
A relação siamesa entre imprensa e democracia não se ajusta, no entanto, aos 21 anos brasileiros entre 1964 e 1985, por exemplo.
Não só ao decorrer do período, mas também àquilo mesmo que lhe deu origem.
Durante os 21 anos sem nem sequer os seus mínimos componentes da democracia, a imprensa brasileira (vamos englobar assim jornais, TV, revistas e rádio) teve lucros e outros enriquecimentos maiores, muito maiores, do que em qualquer fase anterior na sua história.
A par desse benefício generalizado, quanto mais próximo e a serviço do regime antidemocrático, maior a compensação.
Tanto a proporcionada diretamente ou indiretamente por ligação ao poder, como pela preferência publicitária por meios de comunicação identificados com o regime. Do qual a publicidade foi instrumento fundamental, talvez decisivo.
Mais importante jornal em todos aqueles anos, o “Jornal do Brasil”, como principal órgão criador de opinião pró iniciativas do regime (“milagre brasileiro”, “Brasil grande”, a designação de “terroristas” para os oposicionistas, nem todos armados, e muito mais) proporcionou o exemplo definitivo da ligação ideológica-econômica dos meios de comunicação com a antidemocracia.
Habituara-se tanto aos ganhos estupendos e fáceis com sua posição, que, vinda a democracia, foi rápido para o colapso. Não o único a seguir tal percurso.
“A censura à imprensa teve duração pequena” -é uma afirmação muito repetida sob variadas formas. E inverdadeira.
Todo o período ditatorial foi atravessado por uma modalidade de censura sem evidência pública: o afastamento, impositivo sobre as direções ou proprietários, de jornalistas profissionais.
A base da convicção “siamesa” de Ayres Britto está na ideia de que, “por ser a instância que oferta à população uma alternativa, uma explicação diferente da que o governo dá aos fatos, a imprensa tira a Constituição do papel, vitaliza a Constituição”.
Está na história: assim como a imprensa pode tirar a Constituição do papel, tira também o papel da Constituição, na sociedade e no país. A força agitadora para a preparação do golpe de 64 foi a imprensa. Com agitação diuturna.
Todos os demais agentes foram insignificantes em comparação com a imprensa, e dependentes dela. Quando ganharam significação, já a imprensa e o golpismo estavam muito à sua frente, vindo apenas a aproveitar, para a consumação do seu propósito, os múltiplos e estimulantes erros da chamada “esquerda”.
A Constituição vigente até 64 foi rasgada, muito antes, pela imprensa. A pregação de Carlos Lacerda, de brilho incomum, afrontava a democracia e, pelas leis de então, como seria pelas atuais, era crime indiscutível contra a Constituição já desde os primeiros anos 50.
E seus seguidores, só por sê-lo, puderam multiplicar a ação agitadora em jornais, TV, rádio e Forças Armadas tão sem incômodo quanto seu líder.
Se há siameses na relação de imprensa e democracia, então são trigêmeas. A imprensa tem, de um lado, a democracia e, de outro, o regime de prepotência. O que vier estará bom. E exceção na imprensa, se houver, não passa de exceção.
*GilsonSampaio

O discurso do deputado do Partido Comunista da Grécia

Uma prática parlamentar revolucionária em ação. O discurso do deputado do Partido Comunista da Grécia, Thanasis Pafilis. Notem que ele usa a tribuna do parlamento burguês para desmascarar a farsa da "democracia" dos ricos e o papel dos deputados dos partidos que servem aos capitalistas. Faz uso da tribuna para aumentar o nível de consciência dos trabalhadores. Põe o mandato a serviço das lutas sociais. Não me lembro de ver um parlamentar brasileiro, no passado recente, fazer um papel semelhante!
Obrigado aos camaradas do Partido Comunista Português da cidade de Lagos por postarem o vídeo no Facebook. Fiz a tradução das legendas em inglês para o português brasileiro.
O Sr. Dendias acusa o KKE (Partido Comunista da Grécia) de influenciar a vida política deste país desde 1974.
Nós assumimos esta acusação!
Cada conquista da classe trabalhadora deste país não se compara à riqueza que ela produz e lhes é roubada pelos parasitas do Capital.
Sim! Nós influenciamos muito durante todos estes anos. Mas são vocês que têm governado. É o Estado de vocês. Do [partido] Nova Democracia (partido da Direita grega) e do PASOK (partido da “esquerda” oportunista grega). Isto é, o Estado dos empresários e do grande Capital.
Vocês nacionalizaram grandes empresas para ajudar os capitalistas. Vocês entregaram ao povo empresas “queimadas”, que eles espoliaram. O povo pagou para salvá-las e vocês as devolveram de graça.
Sempre foi um Estado de classe.
Nós tivemos uma superioridade moral? Claro que tivemos! E nós a teremos de novo. E nós já a temos.
Nós a reconquistamos e vocês estão apavorados. Porque nós representamos um sistema social humano, sem exploração. E vocês servem à barbaridade capitalista. Aquela que joga à morte os que produzem a riqueza social.
E vocês só enganam a si mesmos, se pensam que isto passará sem luta. Porque vocês, o governo, os partidos que o apoiam, a mídia, todos esses jornalistas bem alimentados, que ganham 10.000, 20.000 euros por mês do suor do povo grego, todos estes “economistas” a soldo, eles estão por aí, criando uma sombra de medo sobre o povo grego, descrevendo o que ocorreria em caso de quebra, se este monstruoso mnemonioum (projeto de lei), que vocês apresentaram, não é aprovado. Tão grosseiros, tão cínicos! Vocês falam ao povo e lhe dizem: ou vocês trabalham e vivem com 400 euros. E com 300 euros de aposentadoria. Ou nós vamos reduzi-los a 100 ou a 50 euros. E eu pergunto, pessoalmente, a vocês: se todos os benefícios sociais do Estado são cortados e vocês tivessem somente 400 euros, vocês sobreviveriam? Sim ou não? Vocês, pessoalmente, ministros, primeiro-ministro e todos os outros? Se lhes dessem 450 euros por mês, vocês sobreviveriam? Não, vocês não podem! Vocês estão assegurados e servem aqueles que roubam o povo. Para “salvar a Grécia”! É serio! Qual “Grécia”? O que é a Grécia? Estas 500 grandes empresas? Um punhado de capitalistas que enriqueceu durante todos estes anos? Essa é a Grécia que vocês estão tentando salvar. Mandando para o túmulo todos os demais.
E, principalmente, vocês estão tentando fazer o povo se sentir culpado. Vocês não têm vergonha, porque este é o sistema de vocês. Vocês acusam aqueles que produzem toda a riqueza, aqueles que morrem nas construções, aqueles que sofrem queimaduras nos porões dos navios. Vocês acusam os produtores da riqueza social. Aqueles que trabalham nas propriedades rurais e se sentem desesperados. Os pequenos-burgueses que pensaram que se tornariam parte do grande Capital. Vocês dizem que a culpa é deles. Pela dívida e pela vergonha do país. Não há limite para esta hipocrisia. É culpa deles? Eles pegaram o dinheiro? Foram eles que encheram os bolsos? Foram eles que mandaram 600 bilhões de euros para a Suíça? São eles que têm 500 bilhões de euros em paraísos fiscais? São eles que gastam em uma noite o que um trabalhador levaria uma vida para juntar? Claro que não! Não são eles! Mas as mentiras acabaram para vocês todos, defensores do sistema! As mentiras acabaram. Eles pegaram vocês!
Em maio, vocês disseram as mesmas coisas. “Ou vocês aprovam o mnemonioum, ou vamos para o abismo.” Seriamente, quem vocês estão chantageando e com que moral? O 1,5 milhão de desempregados? Aqueles que estão desempregados há um ano e mal sobrevivem? A juventude que está desempregada? Os milhares que não são pagos há meses e mal conseguem 100 euros? O que vocês dizem a eles e com que moral?
“Vocês vão quebrar?” Quem? Os que já estão quebrados? São esses e o resto deles a quem vocês pedem que vivam como há 200 anos. Porque é para essa situação que vocês os conduzem. Porque vocês estão destruindo até mesmo o mais fundamental que eles conquistaram: poder lutar coletivamente por seus salários. Vocês estão demolindo com o que já se chamaram “leis trabalhistas”.
Para estes, o Partido Comunista diz: “mantenham suas cabeças erguidas!” Vocês não têm nada a perder a não ser seus grilhões. E vocês devem tomar o que produzem em suas próprias mãos. Vocês devem, todos, colaborar! Vocês são poderosos! E, quanto ao terrorismo do governo, hoje, vocês receberam sua resposta! Uma das maiores manifestações jamais vistas em Atenas. Com todos os corvos da mídia a ameaçar com a quebra do país.
E escutem isso: “Não teremos nem óleo!” Então, para todos vocês, que defendem o sistema, Respondam a esta simples questão. E o povo também deveria. Ciência, tecnologia, produtividade do trabalho, tudo elevado a níveis jamais vistos. E vocês os pedem para viver na Idade Média. Cavalheiros, vocês estão acabados! O capitalismo, simplesmente, não pode mais fazer isto! Está tão podre até a medula, que conduz a Humanidade à Idade Média. E, daqui há pouco, todas estas pessoas a quem vocês tentam infundir medo, se darão conta: “Ou vocês, capitalistas, ou nós. Nós não queremos vocês. Nós não precisamos de vocês, porque vocês são parasitas. Somos nós que produzimos a riqueza.”
E eu desafio qualquer um a vir, aqui, e dizer se não são eles que produzem toda a riqueza.
Morales
No Advivo

sábado, junho 02, 2012

Educação hermética

A educação é um procedimento, uma maturação, uma paciência, um estado de latência que precisa da calma para que alguma erupção seja possível. Aprendi com Warat que a sensibilidade foi prostituída pelo Direito. Já cheguei a tirar a maiúscula do Direito. Chamava o Direito de direito, com todo o desprezo inútil que a repulsa me trazia. A possibilidade de cura, de resgate, de renovação e de transcendência, me moveu para as montanhas e para os infernos escuros. Peguei carona com a sabedoria hermética, esticando uma corda invisível entre a arrogância e a mais suave humildade. E caminhando como um equilibrista num abismo de sentido, fui. Warat sempre acenou, sem porém mostrar. Todo mostrar é uma castração. É como uma nudez escancarada que nos broxa a alma. Sidarta de Herman Hesse me ensinou que o caminho final, não pode ser ensinado. Que não há doutrina ou narração prévia para o caminho de ouro que aguarda e que guarda a resposta que é própria de cada um que a ele se aventura e se dispõe com a gana de um guerreiro, com o desapego de um peregrino e com a interrogação posta nas vistas. 
O Manifesto do Surrealismo Jurídico de Warat foi um texto importante. Aprendi o valor pulsante do respeito ao inconsciente. Aprendi que a sensibilidade ensina tanto quanto o pensamento. Aprendi que sem dor não há criação, e que sem criação não há possibilidade que valha a pena se os destinos forem altos, onde o ar é rarefeito e calmo. Percebendo, com o vagar da meditação de um vinho e de uma visita de Vinicius de Moraes, noto que o aprender é um desaprender, como alguém já disse. É trocar a certeza que não é nossa, por uma certeza que, por infinda construção, nunca é uma certeza merecedora de um "c" maiúsculo. A possibilidade de permitir o intertexto e o plágio sensível sem o cancro da culpa, foi um presente mágico. 
Quem pretende educar precisa, sobretudo, se desvincular da culpa. Quem educa deve se des-culpar. Esquecer a obrigação, por um querer bem propositado, que é sempre um propósito que vem do coração...de onde mais poderia vir? A acadêmia de Direito tem formado máquinas, andróides moribundos. O animal racional, deixou de ser animal, para se tornar um mecânico racional. Um operador que só conhece a solução com o scanner da inteligência artificial, como esses mecânicos artificiais das concessionários de hoje. Se a tecnologia nos facilitou a vida, no mesmo grau e fundura também nos assassinou o pedaço bicho. Um I-pad e um bom coração farão milagres no futuro, eu sei. O ser-bicho do ser-humano foi condenado em praça pública. Levado à forca pela história da indústria, pela overdose que é uma tão própria reação humana para com todos os seus entusiasmos juvenis. A tecnologia foi um entusiasmo. E hoje há o arrependimento de um traidor que só é traidor porque agiu sem amor. As possibilidades da técnica e do uso da razão técnica, como um viagra que levanta um pau morto, maquia a natureza, a aceitação do estado. 
O Direito como gnose autorizada da razão moderna, pegou carona com o processo educacional que se iniciou com a proposta de evangelização universal da primeira Igreja Cristã no medievo. A onipotência do Deus católico se estendeu às Uni-versidades. As Uni-versidades inventaram um padre secular e a ele deram o nome de professor. E o professor, de lá pra cá, teme a perda do emprego e a sua potência educacional, como os padres temiam o sopro de fogo do Diabo e a perda da possibilidade do paraíso. O paraíso do professorado é manter a quantidade de horas-aula e assegurar que nada escape do auto-polígrafo criado por eles próprios... que é velho como a bengala velha de alguém que já morreu e ainda não sabe.
Mas é que o estudante de hoje, que é o presente da história que se propõe a perder a novela, a convivência com a família e a vagabundagem, já é um produto-transcendente em relação ao modelo de educação do qual muitos ainda se valem como esconderijo. O autêntico estudante de hoje - falemos dos autênticos para poder construir projetos - sabe mais que qualquer professor, porque sabe que só saber é apenas metade do caminho. Sabe que precisa achar o seu caminho, se pretende integridade de corpo e alma, de seu masculino e de seu feminino, para ser anjo. Sabe que precisa de pistas para encontrar a comida que mais agrade seu paladar exigente, e não de regurgitações teóricas e outros vômitos. O estudante de hoje quer fruta fresca, sabe que o futuro lhe cobrará criatividade, inclusive de seu próprio paladar. Sabe que terá que ser referência - não a de alguém, mas de si mesmo. 
A carne, o choro, a meditação, o abraço - eis o que se inconscientizou no Direito. A tábua de esmeralda, imaginura que compõe o quadro de trânsito de Hermes Trismegistus - deus da mitologia grega -, demonstra que o caos raso é o primeiro passo depois do nada. Para ser mais que nada, é preciso sobretudo admitir a desordem como condição, perceber que é preciso cagar nas próprias fraldas e cheirar a própria merda para depois aprender o caminho do vaso. A pureza de um bebê permite o cheiro da própria merda. Depois do caos, a tábua de esmeralda indica que a  maturidade da consciência é o lugar privilegiado do maniqueísmo. O maniqueísmo, que se aurora como uma pepita bruta de ouro, deve brilhar pelo polimento do tempo. O tempo e a paciência com o próprio engatinhar do espírito, dão o lustro para que o ouro brilhe. As duas pontas da oposição flertam, se aproximam, quase se beijam. Tocam lábios sem a cena da língua, sem o trejeito do movimento de cabeças e a invasão do outro com a língua. Na tábua de esmeralda as serpentes se entrelaçam sem contato de cabeças. O beijo que o espírito dá com a sua integração e com a sua potência é um beijo sem língua. O distante maniqueísmo de antes é agora uma grande zona gris, é a grande porção da curvatura de Gauss. É mais sim e não do que certeza. Onde está luz, se esconde a sombra - percebe o jovem asceta, que está pronto para a transformação, para a ascendência, para a nova consciência, que não é nem boa, nem má, mas outra. A possibilidade de ser outro, é o que de melhor podemos desejar a alguém e ao mundo. A lei de Hermes é supraconstitucional, e não pode ser conquistada nem com o pensamento, nem com a técnica. Nem com a velocidade deste tempo doente, nem com amores que tem mais medo que vontade. Nem com nenhum professor que não saiba largar a mão de quem se propõe a educar, seja por usá-la como apoio contra sua insegurança, seja pela cegueira do seu falso poder.  

Deleite - Vangelis


¿Por qué no te callas? chega amanhã ao Brasil 

 

Cuidado! Protejam seus animais... ele está chegando.
Brasília - O rei da Espanha, Juan Carlos I, chega amanhã ao Brasil e no dia seguinte, segunda-feira (4), tem um encontro marcado com a presidenta Dilma Rousseff. Embora as questões econômicas e de interesse de empresas espanholas no Brasil estejam na pauta das conversas, a visita ocorre em um momento de constrangimento recíproco entre os dois países por causa do problema migratório.
A polêmica sobre o tratamento dado aos brasileiros que viajam à Espanha guarda mais relação com decisões a serem tomadas no âmbito governamental, no entanto, de acordo com assessores que preparam a visita, o rei deverá usar sua imagem de chefe de Estado para amenizar a situação na conversa com a presidenta.
Além disso, o rei visita o Brasil exatamente quando ocorre, em Madri, uma reunião bilateral sobre questões migratórias, com a participação da ministra Maria Luiza Lopes da Silva, diretora da Divisão de Políticas Consulares e de Brasileiros no Exterior do Ministério de Relações Exteriores (MRE). O desconforto entre os dois países é causado principalmente pelo tratamento considerado “inadequado” conferido pelas autoridades espanholas aos brasileiros que chegam ao país ibérico.
A visita de Juan Carlos também ocorre dois meses depois que o Brasil adotou medidas recíprocas referentes às exigências para que turistas espanhóis entrem no país. Só após a adoção dessas medidas, o governo da Espanha concordou em negociar mudanças nas exigências para a entrada de brasileiros.
Desde 2007, cerca de 11 mil brasileiros foram barrados ao tentar entrar na Espanha, um número que, apesar de ser considerado alto pelas autoridades brasileiras, vem caindo ao longo dos anos, devido a esforços diplomáticos do governo brasileiro para que a Espanha defina bem os critérios exigidos para a entrada no país.
Em 2007, 3.013 brasileiros não foram admitidos. Em 2008, de acordo com dados do Itamaraty esse número foi 2.196. Já em 2009, o numero de brasileiros inadmitidos no país europeu caiu para 1.714 e em 2012 foram 1.695 os barrados. No ano passado, 1.402 brasileiros tiveram que retornar ao Brasil ao serem impedidos de entrar na Espanha e até 31 de abril deste ano o número é 299, de acordo com dados levantados pelo governo brasileiro.
O número que não diminui, no entanto, de acordo com o MRE, é o de queixas dos brasileiros em relação ao tratamento recebido das autoridades espanholas. A inadequação relatada nas queixas reflete problemas no trato, nas acomodações e no tempo em que os brasileiros precisam esperar para que se proceda a volta ao país. Na Espanha, houve casos de cidadãos brasileiros ficarem até três dias detidos no aeroporto.
Entre as exigências hoje em vigor estão passagem de volta marcada, que a pessoa tenha no mínimo o equivalente a R$ 170 diários para bancar a permanência, passaporte com pelo menos seis meses de validade, reservas confirmadas em hotéis ou, no caso de quem se hospeda em casa de amigos ou parentes, uma carta-convite registrada em cartório.
Luciana Lima
No Agência Brasil
*comtextolivre

Monogamia não é natural dos humanos, dizem pesquisadores

Para o pesquisador Ryan, novos modelos de família são constatação de que a família nuclear não é o único modelo …
A monogamia é uma das bases sobre as quais se assenta a cultura ocidental, embora haja cada vez mais vozes que a questionem. Os pesquisadores Christopher Ryan e Cacilda Jethá desmontam qualquer convenção sobre a sexualidade e destacam que as restrições são contrárias a nossa natureza.

Os humanos são promíscuos e polígamos. Esta afirmação é de Christopher Ryan e Cacilda Jethá em sua obra sobre a antropologia sexual "No Princípio Era o Sexo".

"Quando falamos de promiscuidade, nos referimos à mistura e à troca que nossos antepassados realizavam, em nenhum caso a um comportamento arbitrário. Sem as barreiras culturais, nossas orientações sexuais derivariam em várias relações paralelas de diferente profundidade e intensidade, como nossas amizades, que variam entre elas", reflete Christopher.

Darwin se equivocou

A maioria dos humanos vive em sociedades que seguem o chamado discurso convencional da sexualidade, que defende que o humano é monógamo por natureza, embora defina o homem como um animal ansioso por "espalhar sua semente"; enquanto a mulher protege seus limitados óvulos daqueles que não lhe asseguram a sobrevivência de seus descendentes, "se vendendo" ao que mais recursos lhe oferecer.

O problema surge, para Christopher  e Cacilda, quando esta imagem se apoia em estudos realizados por Charles Darwin há 150 anos em uma sociedade vitoriana puritana, cujo estudo dos primatas, base da tese do casal de pesquisadores, estava nas fraldas. "Darwin sempre foi muito interessado nos dados que questionavam suas teorias, se vivesse agora as revisaria à luz das descobertas mais recentes", afirma Christopher.

Corpos hipersexuais
Frente à contenção que o discurso convencional apregoa, o corpo humano conta uma história diferente. Baseando-se em diversos estudos, Christopher  e Cacilda explicam como o corpo do homem é projetado para uma grande atividade sexual, que supera o necessário para a reprodução.

Isto se observa na desproporção do volume testicular em relação aos outros primatas e a ejaculação de um sêmen que não só procura a concepção, mas a destruição mediante agentes químicos de espermatozoides procedentes de outros machos que possam ser encontrados em seu caminho, o que leva a entender que a mulher também procura ter vários companheiros e potencializar a concorrência espermática na busca da melhoria da espécie.

Além disso, uma alta atividade sexual favorece tanto a saúde do homem, como sua fertilidade que decresce quando não pratica sexo. Da mesma forma, Christopher  e Cacilda desmitificam o fato de o sexo ser menos importante para a mulher, por exemplo, graças a sua possibilidade de acumular orgasmos, de tal maneira que esse prazer conduz à busca de sua repetição.

Os autores também não compartilham a ideia de que a mulher seja reservada em sua fertilidade para "prender" o macho, visto que seus seios crescem com a chegada da maturidade sexual e diminuem com a menopausa, ao que se une o fato de que durante a ovulação, os estudos demonstram que a mulher cheira melhor e são mais atrativas para o homem. Além disso, durante esses dias de maneira inconsciente se preocupam mais em se enfeitar.

Christopher  e Cacilda entendem que a ideia da poligamia se reforça com a "fraternidade" na qual se transforma o desejo de certos casais após anos de convivência, e que explicam como uma modalidade da repulsão em relação ao incesto e ao chamado a buscar novos parceiros sexuais.

Os pesquisadores apontam para outros mitos como "a maior necessidade de troca de companheiras" do homem frente à mulher, apesar de "ambos terem as mesmas necessidades sexuais".

Revisando o casamento

O livro destaca a convenção que sustenta nossa família nuclear ao contrastá-los com os casos atuais de tribos como os Kulina da Amazônia, que consideram a troca a maneira natural de acentuar os laços, e os Dagara de Burkina Faso, cujas crianças consideram que são filhos de todas as mulheres, o que não é tão diferente do grande número de adoções que se realiza em sociedades "desenvolvidas".

Exemplos que se completam com os novos modelos de família que Christopher entende como uma constatação social que algo "falha" na visão sexual do homem.

"A metade dos casamentos nos Estados Unidos termina em divórcio. Se a metade de nossos aviões caísse, as pessoas não iam querer variar seu modelo?", pergunta o pesquisador. Embora insista em que seus estudos sejam apenas uma evidência da multiplicidade de caminhos, entre os quais existe a monogamia "como escolha, que não é incorreta, só contrária a nossas tendências evolutivas. É como o vegetarianismo, alguém pode escolhê-lo, mas nem por isso o bacon deixa de cheirar bem."
*Yahoo