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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 29, 2012


Chávez: Venezuela no Mercosul é uma derrota do imperialismo

Hugo Chávez lamentou ausência do Paraguai no Mercosul, mas exaltou inclusão da Venezuela. Foto: AFP
Hugo Chávez lamentou ausência do Paraguai no Mercosul, mas exaltou inclusão da VenezuelaFoto: AFP


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou nesta sexta-feira a incorporação de seu país como membro pleno do Mercosul a partir de julho, destacou seu "impacto geopolítico" e o considerou uma "derrota" do imperialismo e das burguesias.
"É um dia histórico que deve ser comemorado. Terá ressonância geopolítica em primeiro lugar", declarou Chávez em entrevista por telefone ao canal multiestatal Telesur, sediado em Caracas.
Os presidentes do Brasil, Argentina e Uruguai decidiram na cúpula semestral do Mercosul realizada na cidade argentina de Mendoza, sem a presença de representantes do Paraguai, incluir a Venezuela como membro pleno após um processo iniciado em 2006, mas que estava estagnado pela negativa do Congresso paraguaio.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou que a incorporação da Venezuela será concretizada em reunião especial no dia 31 de julho, no Rio de Janeiro.
Chávez considerou esta data como um "dia para a história da integração" e "uma lição de ética", "de política verdadeira para esses enclaves autoritários que ainda restam em várias partes da América Latina e do Caribe".
"Isso é uma derrota para o imperialismo, é uma derrota para essas burguesias lacaias, incluindo a burguesia venezuelana também conectada com aquela burguesia paraguaia que fez todo o possível para impedir o ingresso da Venezuela ao Mercosul", acrescentou. Ele acusou o Congresso paraguaio de ter uma atitude irracional contra a Venezuela e de causar "grande danos" à unidade da América, ao Mercosul e ao próprio Paraguai.
Chávez ressaltou que o impacto da decisão "ser geopolítico, político, econômico, social" e afirmou que a entrada da Venezuela ao bloco sul-americano consolida a maior reserva de petróleo do mundo, assim como a de gás natural e de água. A incorporação venezuelana será possível pela suspensão temporária do Paraguai até a realização de novas eleições, previstas para o próximo ano no país, após o julgamento político que destituiu Fernando Lugo na semana passada.
Chávez destacou a decisão do Mercosul de não lhe aplicar sanções econômicas ao Paraguai. "Considero um gesto muito próprio dos modelos de integração da América do Sul, neste caso do Mercosul", declarou o líder, que defendeu a decisão de que não se faça "nada que vá afetar o povo nobre e heroico do Paraguai".

Alerta Democracia


TEDxSudeste - Viviane Mosé - O valor da mudança

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*Nina

São Paulo, a cidade proibida


[Para ler ao som de Negro Drama, dos Racionais, com o grupo Vesper Vocal: Ouça]

A onda proibitiva em São Paulo começa com José Serra, continua com Geraldo Alckmin e ganha sua personificação mais bizarra com Kassab, que fez do não a marca de seu governo. Algumas poucas proibições poderiam ser justificáveis se não escondessem intenções higienistas nas entrelinhas. Outras são completamente estapafúrdias, como veremos a seguir.

Em São Paulo foi criada a Lei Antifumo, que se alastrou pelo Brasil como um câncer. O argumento de que a fumaça do cigarro alheio em ambientes fechados causaria malefícios à saúde do “fumante passivo” esbarra no direito individual quando regulamenta valores por meio da lei. Por que alguém não tem o direito, por exemplo, de abrir um bar exclusivo para fumantes ou de manter uma área reservada para eles? Em São Paulo é proibido fumar até na calçada, se houver um toldo ou cobertura sobre vossa cabeça.

Anúncios de outdoors foram vetados. A Lei Cidade Limpa é positiva quando objetiva reduzir a poluição visual na capital. O problema é o modelo de implantação desta lei, pois hoje qualquer cidadão está proibido de estender à frente de sua casa uma placa ou faixa com qualquer mensagem, inclusive (e a meu ver principalmente) de protesto contra o descaso do governo. Se alguém quiser protestar contra buracos na rua do bairro terá que pedir autorização da prefeitura. O que será negado, por óbvio, constituindo assim um veto indireto à liberdade de expressão.

Chegou a ser proibida a circulação de motos com mais de uma pessoa. O argumento para vetar o “carona” na garupa é de que este poderia ser um assaltante. Como os assaltos praticados por duplas sobre motos são comuns, decidiu-se proibir duas pessoas de dividirem a mesma moto ao mesmo tempo. A iniciativa lembra aquela piada do marido que pegou a mulher com outro no sofá e, para se livrar do problema, vendeu o sofá. Felizmente a lei foi derrubada: feria o direito de ir e vir assegurado pela Constituição Federal.

Outra envolvendo motos: veículos de duas rodas foram proibidos de circular na Avenida 23 de Maio, sem justificativa plausível. A decisão foi revogada pouco tempo depois porque não tinha consistência.

Também foi proibida a circulação de caminhões nas marginais. Agora, esses veículos precisam usar o Rodoanel da CCR (empresa de amigos de José Serra) e pagar o pedágio, se quiserem trabalhar. Recentemente, caminhões proibidos de circular pela Marginal Pinheiros pararam temporariamente de fornecer combustível para os postos de gasolina de São Paulo, como forma de protesto.

A paranóia com os assaltos fez com que o uso de celular fosse vetado dentro de agências bancárias.

A paranóia com a saúde proibiu médicos de usarem jaleco fora do hospital.

Mas a melhor foi a proibição do ovo mole nos botecos da cidade. Para evitar que o cliente contraia uma intoxicação causada pela salmonela.

Cúmulo da falta do que fazer, o molho à vinagrete foi proibido nas pastelarias. Para não contaminar o pastel com bactérias malvadas.

A paranóia com o silêncio levou à proibição do tradicional pregão nas feiras livres. Os comerciantes não podem mais divulgar suas ofertas em voz alta, como é costume no Brasil desde 1500.

Da mesma forma, cobradores de lotação não podem mais informar o destino do veículo gritando para fora da janela, atitude que facilitava a vida de deficientes visuais e de analfabetos.  

Por incrível que pareça, não são mais permitidas bancas de jornal no centro de São Paulo, pois, segundo a prefeitura, as banquinhas poderiam ser usadas como "fortalezas e esconderijos de assaltantes em fuga".

Proibiu-se o uso de câmeras fotográficas nos terminais de ônibus.

As câmeras estão proibidas também no metrô.

Também proibiram a venda de quentão e vinho quente nas festas juninas das escolas.

Para salvaguardar a saúde de nossos jovens, refrigerantes e frituras foram vetados nas cantinas dos colégios.

Pobres estudantes: matar aula está proibido em São Paulo. Com ordem da prefeitura, PM sai à caça de alunos gazeteiros, que acabam dentro do camburão, como marginais.

Não se pode mais beber cerveja nos estádios de futebol e nem levar bandeiras para torcer pelo seu time.

Recentemente, a paranóia com o meio ambiente proibiu o uso de sacolas plásticas nos supermercados. A lei foi derrubada porque contrariava os direitos do consumidor.

Mais: está proibida a doação de material reciclável para catadores. Isso mesmo: doação!

Os artistas de rua estão proibidos de se manifestar na Avenida Paulista e em outras regiões nobres da cidade. Os que ousam mostrar sua arte em público, dos malabaristas às "estátuas vivas", são violentamente reprimidos pela PM.

A última da onda repressiva é a lei, já aprovada pela assembléia legislativa, que proíbe o consumo de bebida alcoólica em áreas públicas, como bares, calçadas, praças e praias. Se for sancionada pelo governador – e tudo indica que será – ninguém poderá beber sua cervejinha despreocupadamente na rua.

Isso sem falar nas vergonhosas rampas antimendigo instaladas sob os viadutos e pontos estratégicos para impedir que moradores de rua durmam naqueles locais.


Também foi proibida, pelo então governador José Serra, a venda de bananas por dúzia, como sempre foi feito nas feiras. Agora, em todo o Estado, a banana só pode ser vendida por peso. Quem insistir, poderá ter seu comércio multado.


A prefeitura de São Paulo se meteu ainda em uma cruzada contra as bancas de jornais. Isso mesmo: para forçar o fechamento das bancas na Praça da Sé e outros pontos da cidade, Gilberto Kassab está proibindo os donos de vender produtos como guarda-chuvas, chocolates e publicações "atentatórias à moral". Não acreditam? Leiam aqui.  


Kassab também não gosta que pobres socializem em espaços culturais criados por eles. Por isso tem proibido os saraus nas periferias. Um dos mais antigos e tradicionais, o Sarau do Binho, na região do Campo Limpo, foi fechado recentemente, à exemplo de espaços culturais semelhantes no Bixiga e na Brasilândia. Todos tinham uma característica em comum: eram espaços de resistência do movimento hip-hop. 


O trabalhador informal também é tratado como criminoso em São Paulo. Kassab cancelou as permissões de trabalho de todos os camelôs da cidade.


Proibição das mais cruéis é a que pretende proibir a distribuição de comida para moradores de rua. As entidades assistenciais que entregam todas as noites o "sopão" para pessoas que não têm nada na vida, são os alvos preferenciais. Kassab espera, com isso, forçar os mendigos a saírem das ruas e se internarem nos  albergues da prefeitura, que são péssimos e oferecem comida de baixa qualidade. 

O jornalista Rodrigo Martins, da Carta Capital, foi muito feliz quando definiu, em seu artigo Cervejaço contra a caretice: "São Paulo é uma cidade de loucos exatamente pelo fato de negar a seus habitantes o direito à cidade".
*AliceBC
by 
*Brasilescrito
Obrigada, Franco: Venezuela será incorporada ao Mercosul, diz Cristina Kirchner




CARACAS - A Venezuela será incorporada ao Mercosul no dia 31 de julho, anunciou a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante a conferência do bloco, informou o enviado especial do estadão.com.br a Mendoza, Ariel Palacios. A cerimônia será no Rio de Janeiro. Kirchner também disse que o Paraguai fica suspenso temporariamente até que o país tenha eleições "livres e democráticas".
Nicolás Maduro recebe documentos em reunião - Leo la Valle/Efe
Leo la Valle/Efe
Nicolás Maduro recebe documentos em reunião
O líder da Venezuela, Hugo Chávez, ausente das cúpulas do Mercosul e da Unasul, lamentou em sua conta do Twitter a ausência do Paraguai nos encontros desses blocos. A publicação diz "começa a Cúpula do Mercosul! Lamentamos a ausência do Paraguai por não ter um governo legítimo!".
Participação
Chávez, convalescente de um câncer que lhe foi diagnosticado há pouco mais de um ano, assinalou na terça-feira que estava avaliando participar das cúpulas do Mercosul e da Unasul por seu "peso estratégico", embora tenha dito que não podia confirmar sua presença ao lembrar que no domingo começa a campanha presidencial na Venezuela.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, foi o encarregado de representar o país como membro associado na reunião semestral do Mercosul.
Chávez anunciou recentemente a retirada de seu embaixador do Paraguai, assim como a cessação a partir desse momento da provisão de petróleo para esse país em rejeição à destituição de Lugo, após um "julgamento político" que Caracas qualificou de golpe de Estado.
Com Efe
*Mariadapenhaneles 

Lamentável, Gilmar Mendes: Roger Abdelmassih, médico estuprador, lidera lista dos mais procurados em SP



O ex-médico Roger Abdelmassih lidera a lista dos mais procurados da Polícia Civil de São Paulo. Ele foi condenado a 278 anos de prisão por estupro e atentado violento ao pudor de 37 pacientes.
+Mariadapenhaneles

 

A redemocratização


Mahmoud Ahmadineyad felicitó al presidente Chávez. Venezuela e Irán afianzan relación bilateral

Pornografia infantil: Pedófilos caem na rede 


A partir de usuário brasileiro, Operação Dirty Net, da PF, desarticula grupo com conexões em 35 países e faz recorde de prisões em ações do gênero. Em Minas, seis foram detidos 


Guilherme Paranaiba e Paula Sarapu 

Uma das maiores operações já realizadas no país contra a divulgação de pornografia infantil via internet foi deflagrada ontem pela Polícia Federal, que cumpriu 65 mandados, entre ordens de prisão e busca e apreensão, em 25 cidades de 11 estados e no Distrito Federal. O alvo da mobilização – que envolveu também a Interpol e ações no Reino Unido e na Bósnia – foi uma rede mundial, com pelo menos 160 usuários e conexões em 34 países. Em Minas, agentes federais foram atrás de 10 suspeitos de armazenar e compartilhar vídeos e fotos com cenas de pornografia envolvendo adolescentes, crianças e até bebês, em nove cidades. Seis pessoas foram presas e uma está foragida. Em todo o país, o último balanço disponível dava conta de mais 27 prisões, número recorde em ações do gênero: nove em São Paulo, cinco no Rio de Janeiro, cinco no Rio Grande do Sul, três no Paraná, duas no Maranhão, uma no Espírito Santo, uma na Bahia e uma no Ceará, onde foi detido conhecido humorista de rádio, famoso por seu programa de pegadinhas . 

As investigações começaram há mais de seis meses, no Rio Grande do Sul, quando um dos suspeitos, um recepcionista de hotel em Porto Alegre, admitiu a um agente federal infiltrado que havia abusado de um sobrinho e encaminhou ao policial imagens de pornografia infantil. A quebra do sigilo de dados permitiu localizar o computador de origem das imagens e o endereço do usuário. O homem foi preso na Operação Caverna do Dragão e confessou fazer parte da rede internacional. A partir de então, a PF começou a investigar os demais participantes, o que levou à Operação Dirty Net (rede suja, em inglês), deflagrada ontem.

A rede funcionava com um programa de compartilhamento de informações baixado na internet. Apenas no Brasil foram identificadas 63 pessoas, em investigações que ainda levantaram 97 envolvidos em outros  países. Segundo a delegada Diana Calazans, da PF do Rio Grande do Sul, só os integrantes da rede tinham acesso à pornografia . “O material encontrado é repugnante. Como a rede é criptografada, os integrantes tinham sensação de segurança e por isso certamente não tinham receio de compartilhar material pesado”, disse a chefe do inquérito. 

Ainda segundo a delegada, pelo monitoramento da rede feito pelo agente inflitrado a PF descobriu relatos de canibalismo associado a fantasias sexuais e levantou possibilidade de que pais tenham abusados dos filhos e divulgado imagens para o grupo. Com base na identificação dos alvos nacionais, o inquérito principal foi desmembrado. Dos 10 suspeitos identificados em Minas, três já têm prisão preventiva decretada. 

 Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Jader Lucas, os agentes federais filmaram roupas, pertences, móveis e ambientes das moradias dos acusados para tentar confrontar com os cenários que aparecem nas imagens de abusos. “Vamos descobrir se os acusados produziam o material, se só tinham posse das imagens de crianças praticando sexo ou se transmitiam atos pela internet, o que configura outro crime”, explicou o delegado. 

Cenários Duas prisões preventivas ocorreram em Uberaba, no Triângulo. Segundo o delegado chefe da PF na cidade, Carlos Henrique Cotta Dângelo, os agentes encontraram vídeos e fotos na casa de T.P., de 26 anos, em um computador, um notebook e um pen drive. Em outro endereço, onde mora um casal, além de material pornográfico havia doces, brinquedos e DVDs de desenhos infantis, apesar de não haver crianças na família. G.Z.A., de 32, assumiu ser dono do material e foi preso. Segundo o policial, há possibilidade de que tenha havido crimes como estupro de vulnerável. “Se constatarmos que esses brinquedos aparecem nas gravações ou fotos, teremos como tirar mais conclusões.”

Em Turmalina (Norte de Minas) foi preso I.M., de 22, que trabalha em um provedor de internet da cidade. Os demais detidos no estado moram em Uberlândia (Triângulo) e Abaeté (Central), onde os agentes encontraram imagens de crianças sendo abusadas sexualmente, inclusive bebês. Em Ouro Fino, no Sul de Minas, um servidor público municipal de 50 anos que morava com a mãe foi preso em flagrante.

Um suspeito de Bambuí, na Região Central do estado, conseguiu fugir. Na casa dele, os policiais também encontraram elementos de pornografia infantil. Em Pedro Leopoldo, Itabira e Itajubá foram cumpridos mandados de busca e apreensão, mas, como não foi encontrado material pornográfico, ninguém foi preso. (Colaboraram Luiz Ribeiro e Simone Lima)



Falta estrutura para fiscalizar
Apenas nos primeiros três meses deste ano, a ONG Safernet recebeu 5.268 denúncias de pornografia infantil na internet. Um aumento de 54,9% em relação ao ano passado, quando no mesmo período ocorreram 3.399 episódios. Entre 1999 e 2009, as denúncias repassadas à Polícia Federal geraram 949 inquéritos no país, mas só 138 internautas foram indiciados. Em Minas, nesses 10 anos, foram 64 inquéritos e sete indiciados por crimes relacionados a pornografia infantil.

Diretor-presidente da Safernet, Thiago Tavares, professor de direito da informática e integrante da CPI da Pedofilia entre 2008 e 2010, diz que a internet fez da pornografia infantil um crime de massa. Ele considera a legislação brasileira avançada no combate ao uso da rede para a prática de crimes sexuais contra crianças, mas acredita que a estrutura para investigação ainda é insuficiente. Os provedores, segundo ele, muitas vezes não ajudam no acesso à informação, o que atrapalha as apurações.

“Os inquéritos já começam com dificuldade, porque faltam dados e estrutura policial de dedicação contínua ao combate desse crime. As investigações precisam ser rápidas, porque os vestígios eletrônicos não são preservados pelos provedores e se perdem facilmente na internet”, afirma Thiago. “A estrutura de investigação é insuficiente no Brasil, onde apenas sete estados têm delegacias voltadas para crimes cibernéticos. No restante, os delegados precisam se dividir.”

De acordo com a Safernet, cerca de 700 sites comercializam vídeos e fotografias de crianças em situação de abuso sexual no mundo todo. Os usuários se associam e chegam a pagar entre US$ 49 e US$ 150 por mês para ter acesso ao conteúdo. Nenhum desses sites está hospedado no Brasil. 

“Mas isso não significa dizer que as imagens não sejam produzidas aqui e que não existam organizações criminosas interessadas em lucrar com isso. A lei no Brasil é bastante avançada e atualizou o Estatuto da Criança e do Adolescente, criminalizando condutas como o aliciamento on-line de menores e a posse e divulgação de imagens desse tipo”, explicou o advogado.

No Brasil, de acordo com Thiago, as denúncias vêm de usuários. “Isso sempre existiu. No passado, essas pessoas se inseriam em clubes para troca de imagens por carta. A internet tornou isso muito mais fácil. Com meia dúzia de cliques, é possível encontrar sites com álbuns enormes. Cada foto dessa, no entanto, mostra uma criança que sofreu. Contamos com o usuário comum que navega e se depara com essa barbaridade para denunciar.”



Cerco à exploração
onde denunciar

» www.denuncia.pf.gov.br

» www.denuncie.org.br

» www.disque100.gov.br

É crime

 Posse e armazenamento de conteúdo pornográfico infantil: 1 a 3 anos de prisão

 Produzir imagens e material de pornografia infantil: 4 a 8 anos de reclusão

 Trocar, divulgar e postar fotos e vídeos: 3 a 6 anos de prisão

 Estupro de vulnerável: 8 a 15 anos de prisão

 As penas são cumulativas



Os alvos da Dirty Net

 A operação Dirty Net (rede suja) aconteceu simultaneamente no Brasil e no exterior, com apoio da Interpol. No Brasil, foram expedidos 65 mandados de busca e apreensão e de prisão 

 No Brasil a operação buscou alvos em 11 estados e no Distrito Federal.

 Em Minas havia 10 suspeitos e seis foram presos. Um está foragido. Na casa dos outros três não havia material de pornografia infantil e eles responderão ao inquérito em liberdade. 

 Desde 2006, 20 mil crimes de pornografia infantil foram consumados no Orkut, 
só no Brasil. 

 Denúncias de internautas provocaram a 
retirada de mais de 300 mil imagens de sites 
do mundo todo. 

 Há cerca de 700 sites ativos que comercializam vídeos e fotos de abuso sexual de crianças no mundo, nenhum deles hospedado no Brasil. 

O ranking do abuso

 Entre 1999 e 2009, a Polícia Federal instaurou 949 inquéritos no país, mas só 138 internautas foram indiciados. Confira os estados onde há maior número de investigações

São Paulo – 350 inquéritos/ 33 indiciados 

Rio de Janeiro – 88 inquéritos/8 indiciados 

Rio Grande do Sul – 76 inquéritos/ 23 indiciados

Minas Gerais – 64 inquéritos/ 7 indiciados 

Paraná – 63 inquéritos/ 14 indiciados 

Fontes: Polícia Federal/ONG Safernet
*Mariadapenhaneles