Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 06, 2012

Novo governo paraguaio declarou o embaixador da Venezuela 'persona non grata' no país




Novo presidente do Paraguai, Frederico Franco (Fonte: Reprodução/AFP)

CRISE DIPLOMÁTICA

Paraguai expulsa embaixador de Hugo Chávez



Novo governo paraguaio declarou o embaixador da Venezuela 'persona non grata' no país

O governo do Paraguai, que assumiu o poder após a deposição do ex-presidente Fernando Lugo, decidiu nesta quarta-feira, 4, expulsar o embaixador da Venezuela em Assunção devido a “graves evidências de intervenção” na política paraguaia por parte do governo de Hugo Chávez.
O Paraguai, citando a convenção de Viena sobre relações diplomáticas, declarou o embaixador da Venezuela “persona non grata” no país e chamou de volta o chefe da delegação diplomática paraguaia em Caracas.

Vídeo mostra ingerência

A expulsão do embaixador da Venezuela em Assunção acontece apenas um dia depois de a ministra da Defesa do Paraguai, María Liz Garcia, ter divulgado um vídeo mostrando o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, encontrando-se com altos oficiais militares paraguaios pouco antes da destituição de Lugo, o que foi interpretado como tentativa estrangeira de evitar a queda do ex-presidente.
A Venezuela nega que tenha incorrido em ingerência. Antes da divulgação do vídeo, Maduro chegou a negar que tivesse participado de qualquer reunião com militares paraguaios.
Fontes: G1 - Paraguai declara embaixador da Venezuela como 'persona non grata'
*Nina

Charge do Dia




A Água, esta Misteriosa, Mágica e Incrível Substância!


A Água, esta Misteriosa, Mágica e Incrível Substância! from João Carlos Baldan on Vimeo.



Haddad lança campanha e alfineta Serra: 'não temos medo do povo'
06 de julho de 2012  18h48  atualizado às 19h06

Haddad subiu em um caminhão de som e criticou Serra por ter optado por começar a campanha eleitoral dele no diretório do PSDB. Foto: Léo Pinheiro/Terra
Haddad subiu em um caminhão de som e criticou Serra por ter optado por começar a campanha eleitoral dele no diretório do PSDBFoto: Léo Pinheiro/Terra


RENAN TRUFFI
Direto de São Paulo
O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, cutucou nesta sexta-feira seu adversário José Serra (PSDB) no lançamento de sua campanha para as eleições municipais. Após caminhar da Praça do Patriarca até a Praça da Sé, no Centro de São Paulo, ele subiu em um caminhão de som, posicionado em frente à catedral, e criticou o fato do tucano ter optado por começar a campanha eleitoral dele no diretório municipal do partido.
"Não vamos deixar a rua até a vitória. Não vamos sair da praça até a vitória. Nosso principal adversário lançou sua campanha num recinto fechado. Nós não vamos para recinto fechado. Nós vamos para a rua falar com o povo para ganhar essa eleição. Nós não temos medo do povo. Nós queremos o povo conosco", afirmou.
Depois de falar com a militância, Haddad desceu do caminhão e conversou com os jornalistas. O candidato comentou o balanço de metas da prefeitura de São Paulo, que divulgou a quantidade de promessas cumpridas pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP). De acordo com ele, Kassab merece nota 3,6.
"Na minha opinião, ele já se atribui nota 3,6 porque, no balanço de cumprimento de metas, ele disse que cumpriu 36% das promessas que fez. A cidade já fez um balanço dessa administração agora é olhar pra frente. Penso que quatro em cinco paulistanos querem uma mudança de rumo", disse.
*Terra

PSDB vai recorrer contra suspensão do Paraguai do Mercosul


 
 

PSDB vai recorrer contra suspensão do Paraguai do Mercosul



O PSDB entrará na Justiça brasileira com uma ação contra a decisão do Mercosul de suspender o Paraguai e aceitar a entrada da Venezuela, anunciou nesta sexta-feira o senador Alvaro Dias, ex-governador do Paraná.
"Foi uma decisão ilegal", criticou Dias, após se reunir com autoridades paraguaias em Assunção. O senador teve um encontro com o presidente Federico Franco e os líderes das diferentes bancadas de senadores no Congresso, a quem levou o reconhecimento de seu partido e assinalou que o impeachment de Lugo "ajustou-se estritamente à Constituição".
"O próprio presidente destituído aceitou entregar o poder, e a Suprema Corte de Justiça do Paraguai validou o processo de julgamento, que foi transparente. Por isso, consideramos a represália no Mercosul uma afronta à soberania paraguaia", criticou Dias. "Cada nação deve decidir sobre seu destino, e o Congresso é a sua representação mais popular."
*Terra

NOVAS BASES MILITARES NORTE AMERICANAS NO CONTINENTE SUL AMERICANO



Novas bases (militares), velhos interesses

Instalação de bases militares no Chile e no Peru revelam a tentativa estadunidense de aumentar sua influencia na região.
As expectativas de novas relações entre Estados Unidos e América Latina continuam cada vez mais distantes. Movimentações recentes, com vistas à instalação de novas bases militares, revelam a tentativa estadunidense de aumentar sua influencia na região.
 
Em 5 de abril, foram concluídas no Chile as obras do Centro de Treinamento de Pessoal para Operações de Paz em Zonas Urbanas. Localizada em Forte Aguayo, em Concón, na região de Valparaíso, a base foi construída em 60 dias, tempo considerado recorde para um projeto do tipo.
A estrutura é composta por oito edifícios, que simulam uma pequena cidade. O custo da base, financiado pelo Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, foi de quase 500 mil dólares. O centro será destinado ao treinamento das chamadas Forças de Paz das nações latino- americanas que integram missões das Nações Unidas.
 
Já no Peru, o Governo Regional do departamento de Piura (norte do país) entregou a representantes do Comando Sul dos Estados Unidos um terreno de dois hectares para que seja construído o novo Centro de Operações de Emergência (Coer) para Piura, capital do departamento.

Segundo informações da imprensa local, representantes do Comando Sul já realizam estudos e estimam que, até julho, o projeto para o centro estará pronto. A obra deverá ter um custo de 500 mil dólares.

Com as duas novas unidades, chega-se à marca de 49 bases militares estrangeiras na América Latina, segundo levantamento do Centro de Estudos e Documentação sobre Militarização.
Outra base estadunidense estava prevista para a Argentina, mas o plano não foi em frente. O objetivo dos Estados Unidos era instalar um “centro de emergência” em um edifício no perímetro do aeroporto da cidade de Resistencia, capital da província de Chaco, no nordeste do país.

A permissão para a instalação do centro já havia sido outorgada pelas autoridades locais da província do Chaco. Entretanto, o plano foi rechaçado pelo governo nacional, que, depois de vários protestos de organizações sociais, mandou suspender as negociações.
Política continuada
A instalação das novas bases é vista com preocupação pelo professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC e membro do Instituto de Estudos Latino Americanos (Iela), Nildo Ouriques. Para ele, o fato mostra que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mantém uma política “imperialista” para a região.

“Ninguém amplia bases militares para fortalecer relações de solidariedade e amizade”, alerta.
A opinião é compartilhada por Pablo Ruiz, que integra, no Chile, a Equipe Latinoamericana do Observatório da Escola das Américas (Soaw).
“No começo tivemos esperança em Obama, quando disse, especialmente, que queria ter uma relação de respeito com nosso continente. Mas as esperanças terminaram faz muito tempo“, diz.
Militarização

A construção de bases militares estadunidenses na América Latina não é um fenômeno novo, como lembra o professor de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero Igor Fuser. Durante as décadas de 1970 e 1980, porém, não havia necessidade de uma presença militar mais efetiva, pois os próprios governos nacionais, alçados ao poder por meio de golpes de Estado, levavam adiante os interesses dos Estados Unidos na região. Sua força continuou nos anos 1990, com a eleição de governos neoliberais simpáticos ao país.

A comodidade estadunidense começou a ruir com a ascensão de governos progressistas como o de Hugo Chávez, em 1998, fenômeno que se estendeu a outros países a partir da década de 2000. Junto veio o fracasso do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Nesse momento, segundo o professor da Cásper Líbero, as bases apresentaram-se como solução.
“Os Estados Unidos perceberam a falta de um instrumento mais eficaz para garantir seus interesses políticos e econômicos na região. A saída que eles encontram foi intensificar a presença militar direta na América Latina”, afirma Fuser.
U.S. secrets agentes in south American

Fato emblemático do aumento da militarização, para ele, foi a reativação da Quarta Frota da marinha estadunidense, em 2008. Criada em 1943, durante a II Guerra Mundial, para conter os avanços nazistas, a unidade havia sido desativada em 1950.
O Brasil e seus recursos

Dentre os vários interesses estadunidenses na região, o controle dos recursos naturais aparece como um dos mais importantes. Nesse sentido, para o jornalista uruguaio Raúl Zibechi, o Brasil torna-se um grande alvo dessa nova ofensiva.
Detentor das riquezas da Amazônia, o Brasil tornou-se um país ainda mais atrativo devido à descoberta da camada pré-sal. Com isso, segundo ele, a tendência é de que o “traçado” das bases, daqui para frente, vise a “cercar” o Brasil.

“Com o pré-sal as coisas se complicam, e a Marinha começa a ter um papel mais importante do que antes”, diz.
Nesse sentido, aponta Fuser, o Brasil deve adotar uma posição firme de repúdio às bases, não só para proteger seus recursos naturais, mas também de solidariedade em relação a seus vizinhos.

“A perspectiva de uma América do Sul integrada, como o Brasil defende, inclui como ponto essencial a afirmação plena da soberania. Um país não pode ser plenamente soberano se ele tem uma base militar estrangeira instalada no seu território”, diz.
Consequências
Os países para onde estão previstas as novas bases já temem as consequências da militarização. No Chile, a instalação da base tem gerado protestos de diversas organizações. Em carta dirigida ao ministro de Defesa, Andrés Allamand, comissões de direitos humanos, grupos de familiares de executados políticos, intelectuais e movimentos sociais afirmam que os Estados Unidos não têm “qualidade moral para ensinar operações de paz”.

O principal receio é de que a base sirva para conter manifestações sociais que vêm acontecendo nos últimos anos em território chileno, organizadas por estudantes e defensores de direitos humanos.
Já no Peru o principal desdobramento da instalação da nova unidade militar deverá ser a intensificação da chamada “guerra às drogas”. A base de Piura, segundo o analista político peruano Guillermo Burneo, terá objetivo semelhante à base área de Manta, no Equador. Desativada em 2008 por determinação do presidente Rafael Correa, a estrutura tinha por objetivo oficial combater o narcotráfico na região.

Com o aumento da repressão ao narcotráfico, argumenta Burneo, os Estados Unidos podem impulsionar seu mercado de equipamentos bélicos – algo que se torna especialmente importante agora, diante da crise econômica pela qual passam os estadunidenses.
“Dar treinamento a nossos exércitos é uma maneira de nos submeter à sua logística e o que isso implica, que é a compra de armamentos”, afirma Burneo.
 
Fonte: Brasil de Fato


De todas as manifestações sobre o ingresso da Venezuela no MERCOSUL, a mais lúcida e transparente me pareceu a do presidente uruguaio José Mujica, que a classificou como resposta ao Congresso paraguaio, que destituiu o presidente Fernando Lugo, e ao surgimento de novos elementos políticos.



Dilma Rousseff  e José Mujica
Publicado em 05/07/2012 por Mair Pena Neto*
De todas as manifestações sobre o ingresso da Venezuela no MERCOSUL, a mais lúcida e transparente me pareceu a do presidente uruguaio José Mujica, que a classificou como resposta ao Congresso paraguaio, que destituiu o presidente Fernando Lugo, e ao surgimento de novos elementos políticos.
Política é a palavra chave. O MERCOSUL e a UNASUL não são apenas blocos de interesses comerciais. O mundo não se guia apenas pelo comércio ou pela economia. As tentativas neste sentido estão aí, palpáveis, com a crise de gigantescas proporções que assombra o mundo. Parafraseando o assessor de campanha de Clinton, James Carville, que cunhou a famosa expressão “É a economia, estúpido!”, para destacar o impacto da saúde econômica nos resultados eleitorais, diria que “É a política, estúpido!” quem precisa orientar decisões de governos que desejam se manter  soberanos.
O que Mujica buscou dizer é que o MERCOSUL corria risco com a ascensão do governo ilegítimo do Paraguai, que ameaçava contaminar o bloco ao ignorar suas gestões em prol da legitimidade democrática naquele país. A decisão do ingresso da Venezuela no MERCOSUL foi tomada em 2006, mas o Senado paraguaio, cujo caráter o mundo todo conheceu no processo sumário de deposição de Lugo, vinha impedindo sua consolidação.
Pelo aspecto puramente comercial, não havia como rejeitar o ingresso venezuelano, já que o tamanho de sua economia e sua riqueza petrolífera só contribuiriam para fortalecer o bloco e seus projetos de integração. A barreira imposta pelo Senado paraguaio era política. A mesma que se viu por aqui entre forças minoritárias no Congresso nacional. No avanço de setores progressistas na América do Sul, o Congresso paraguaio ficou como bastião conservador, uma espécie de UDN ou DEM ao sul do continente.
O golpe “constitucional” contra Lugo, que ficou isolado em meio às forças retrógradas do país, foi também um golpe contra o MERCOSUL e a UNASUL, que precisavam reagir politicamente à ameaça. E o fizeram de forma clara, dentro dos princípios de respeito à democracia que regem os grupos. O Paraguai foi suspenso - no âmbito do MERCOSUL sua expulsão jamais foi cogitada - e a Venezuela admitida, como desejavam Brasil, Argentina e Uruguai, que foram unânimes em aprovar seu ingresso.
Mujica conta que na reunião entre os presidentes dos três países surgiram os “novos elementos políticos”, que evidenciaram que “o político superava largamente o jurídico”. O presidente uruguaio se referia a marcos iniciais do MERCOSUL, que remetem à hegemonia neoliberal dos anos 90 e que ficaram para trás. O MERCOSUL e a UNASUL precisam refletir os novos tempos no continente. E eles vão muito além das relações comerciais, preocupando-se também com infraestrutura, industrialização, defesa, finanças e saúde, entre outros.
Essa nova concepção se fundamenta na visão de governos progressistas, que se tornaram majoritários no continente, e precisam estar unidos e atentos para evitar retrocessos, como o que se viu em Honduras, como o que acaba de acontecer no Paraguai e que foi tentado, sem sucesso, na Bolívia e no Equador.
Mair Pena Neto*é  jornalista, carioca e trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia.
Enviado por Direto da Redação

Nos EUA é proibido! TV Globo, O Globo, Extra, rádio Globo, CBN, Globonews, tudo num mesmo estado. Aqui pode.

 


"A Suprema Corte dos EUA rejeitou a apelação de alguns grupos de mídia americanos contra a última regulamentação da FCC sobre propriedade cruzada de jornais e emissoras de TV em uma mesma localidade, segundo noticiários daquele país" - assim começa matéria da Teletime, que mostra que no país que nossa mídia colonizada defende como o mais democrático do mundo, eles não confundem liberdade de expressão com liberdade de imprensa, muito menos com liberdade de empresa. 


O que as Organizações Globo fazem no Rio, por exemplo, e em vários outros estados do país (São Paulo inclusive) é proibido nos Estados Unidos. 


Acumular na mesma praça o quase monopólio de comunicação em TV (aberta e fechada), rádio, jornal, revista e internet é simplesmente um absurdo, por isso O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil . 


É de se notar que a grita dos grupos de mídia que fizeram a apelação nos EUA se refere à nova legislação, de 2008, que já flexibilizou o que antes era bem mais rigoroso. 


Simplesmente era proibido ser dono de um jornal e uma emissora de TV numa mesma cidade. A nova lei acabou com a proibição, mas apenas nas 20 maiores cidades dos EUA. 


Se, como eles defendem, o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, que tal importar esta lei e aplicá-la aqui, acabando com a propriedade cruzada de meios, heim, irmãos Marinho, Ali Kamel, Merval - o Imortal - Pereira, Magnoli, Instituto Millenium?


do blog do Mello
*cutucandodeleve

Impunidade da tortura no Brasil impede avanços no cone sul

Charge de Latuff p/FISENGE: O Estado Brasileiro e os torturadores da ditadura militar

Do Carta Maior
por Najla Passos
A resistência do Brasil em adotar medidas que permitam a punição dos agentes da ditadura responsáveis por crimes de lesa humanidade, como torturas, desaparecimentos forçados e assassinatos, prejudica a luta pelos direitos humanos em toda a América Latina. Este foi o principal recado deixado pelos cerca de 350 parlamentares, operadores do direito e militantes dos direitos humanos que participaram, nestas quarta (4) e quinta (5), do Seminário Internacional sobre a Operação Condor, em Brasília, promovido pela Comissão Parlamentar de Memória, Verdade e Justiça da Câmara.

A Operação Condor foi um pacto firmado entre as ditaduras de Brasil, Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, fundado na Doutrina de Segurança Nacional, ministrada pela Escola das Américas, que, por meio de terrorismo de Estado, impôs sofrimento a milhões de pessoas, em centros clandestinos de tortura, cadeias e quartéis da América do Sul. A compreensão dos participantes do seminário é a que justiça só será feita com a participação efetiva de todos os estados envolvidos.

Para o juiz federal argentino, Daniel Rafecas, que teve pedidos de extradição de torturadores argentinos rejeitados pela corte brasileira, a interpretação equivocada que o Superior Tribunal Federal (STF) faz da Lei da Anistia, imposta pela ditadura brasileira em 1979, impede os avanços dos direitos humanos não só no Brasil, mas também nos demais países do cone sul. “Esta é a questão central para avançarmos na consolidação das nossas democracias. Crimes de lesa-humanidade, como torturas, assassinatos e prisões ilegais, são imprescritíveis sob o ponto de vista de toda a legislação internacional. O Brasil precisa compreender isso”, criticou.

Segundo ele, na Argentina, desde 2005, a suprema corte declarou a lei local de anistia inconstitucional. Com isso, foi possível abrir processos contra cerca de mil agentes da ditadura, sendo que 250 já foram condenados por crimes graves.

O deputado argentino Remo Gerardo Carlotto acrescentou que os julgamentos dos crimes praticados no âmbito da Operação Condor devem ser considerados políticas de estado pelos governos envolvidos. “O Estado democrático deve prestar contas daquilo que foi feito pelo estado terrorista anteriormente”, defendeu.

A jornalista, escritora e professora chilena Mônica Gonzalez, também cobrou uma postura mais incisiva das autoridades brasileiras, para permitir o resgate da memória dos regimes militares, comum a todos. Em especial, no caso do povo chileno, a verdade sobre um dos períodos mais emblemáticos da sua história: o golpe que retirou do país, em 1973, o presidente socialista Salvador Allende. “Nós sabemos foram os empresários brasileiros que financiaram a junta militar responsável pelo golpe. E que as primeiras armas que chegaram ao Chile para apoiar Pinochet saíram do Exército brasileiro. Queremos que essa história seja esclarecida e os culpados, punidos”, reivindicou.

O jornalista e ativista dos direitos humanos brasileiro Luiz Cláudio Cunha reconheceu que o país é um péssimo exemplo em resgate da memória. “O Brasil é o país mais atrasado nesta questão. Suas elites políticas e judiciais são extremamente covardes e hipócritas. Eles acham que não punição é uma coisa importante. E a gente vê que os povos da argentina, do Uruguai, do Chile estão resgatando sua autoestima a partir da vivência dos julgamentos de pessoas que cometeram crimes que não são perdoáveis, crimes imprescritíveis. O crime de tortura, por exemplo, é um crime que deve ser sempre perseguido no mundo inteiro. Tanto é que ainda hoje se ouve notícias de nazistas de 80, 90 anos sendo presos. E não por causa de um revanchismo idiota, ou de um sentimento de vingança qualquer, mas porque a justiça do mundo exige que a tortura seja sempre punida. No Brasil, inventaram que isso não tem importância. E para vergonha nossa, isso foi chancelado pelo STF”, criticou.

O médico, professor, escritor e ativista paraguaio Alfredo Boccia Paz propôs uma articulação entre os movimentos dos direitos humanos dos países envolvidos para cobrar justiça e, assim, curar as feridas abertas pelas ditaduras. “Sempre nos chamou muita a atenção porque no Brasil tardava tanto a começar a discutir essas questões de resgate da memória e justiça, que há muito tempo que já vínhamos discutindo nos demais países. A Condor foi transnacional. O reencontro com a memória também precisa ser sem fronteiras”, cobrou.

A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), coordenadora da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça a Câmara, também defendeu a articulação de um pacto para lutar contra a impunidade. “Temos que construir uma articulação que seja o reverso da Operação Condor, e possa resgatar a dignidade dos nossos povos por meio da verdade e da justiça. Crimes como o de tortura não podem ser resolvidos com perdão, mas com punição. Isso não se trata de uma vontade pessoal, mas de uma demanda da sociedade”, justificou.

No documento final do evento, denominado Carta de Brasília, ficou expresso o recado ao judiciário brasileiro. “É exigida uma nova interpretação dos instrumentos legais que cada ditadura impôs nos ordenamentos jurídicos nacionais, como autoanistia e prescrição, a garantir a impunidade aos crimes por elas praticados contra os povos da região, cabendo-nos confrontar toda lei, decreto ou norma que possa reduzir, anular ou restringir a proteção aos direitos humanos, e propugnar que os Estados, em nossas constituições, permitam a investigação e a punição dos crimes contra a humanidade, conforme já estabelece a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, para que os agentes de Estado, assim como os seus cúmplices civis que violaram os direitos humanos, sejam processados e punidos com penas proporcionais aos seus crimes”, diz a Carta.