Mais uma lição do Presidente do Equador
O Presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou no dia 30 de Julho a
suspensão
de toda a publicidade oficial nos Mass Média monopolistas do país. "Não
vamos usar o dinheiro do povo equatoriano para beneficiar negócios
privados", explicou o mandatário durante a solenidade. Em Junho
passado, Rafael Correa já havia solicitado aos proprietários das
emissoras de televisão, rádio e dos jornais que acatassem,
voluntariamente, os anúncios
do governo. Como não recebeu qualquer resposta, Correa decidiu agora
tomar uma medida neste sentido.
Meia dúzia de barões dos Media
Os media locais, a exemplo da brasileira, vive criticando os supostos
ataques à liberdade de expressão no país, mas abocanha fartos recursos
em publicidade do governo. Agora, ela engolirá do seu próprio veneno.
Sem dinheiro público, ironizou Correa, terão ainda mais "liberdade"
para atacar o governo e promover acções golpistas. A decisão do governo
abalou os barões dos Media da nação vizinha. Diego Cornejo, presidente da
Associação Equatoriana de Editores de jornais, disse que a medida
"vai contra a lógica dos negócios".
Para Rafael Correa, os Media privados poderão agora comprovar se faz jornalismo por razões éticas ou por interesses económicos e/ou políticos mesquinhos: "Para que vamos continuar a encher os bolsos de meia dúzia de famílias, quando claramente nos dizem que antepõem os seus negócios ao direito do público de estar bem informado?". O secretário nacional de Comunicação, Fernando Alvarado, já foi orientado pelo Presidente equatoriano a não enviar mais publicidade oficial para as seis famílias que monopolizam os Media no país.
Se a moda pega no Brasil...
A
decisão do governo equatoriano deverá gerar uma gritaria infernal dos
barões dos Media no mundo inteiro - inclusive no Brasil. Mas os ataques
apenas revelarão a incoerência destes impérios. Os Media privados, actuam
como partido de oposição aos governos progressistas e pregam abertamente a
redução do papel do Estado. No entanto, vivem mamando nos cofres
públicos, via isenções, subsídios e publicidade. Usam o dinheiro dos
contribuintes para reforçar o seu monopólio, contrapondo-se à verdadeira
liberdade de expressão.
Agora, sem anúncios
oficiais, terão mais dificuldades para exercer a sua ditadura
mediática. Se a moda pega na América Latina, muitos "veículos"
monopolistas sofrerão um bocado no falso "livre mercado". No Brasil, por
exemplo, alguns veículos e colunistas amestrados serão obrigados a
mudar de ramo.
Segundo cálculos parciais, somente o governo federal e as
estatais desembolsam cerca de R$ 1,5 biliões ao ano, em anúncios
publicitários. Já os governos estaduais investem outros R$ 2 biliões
anuais.
Como ficariam a TV Globo, a Veja e outros veículos partidários do estado mínimo neoliberal sem estes R$ 3,5 biliões anuais?