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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 11, 2012

Senadores chilenos apresentam projeto de lei para legalizar maconha

 

Texto faz crítica a modelo “proibicionista” de combate às drogas e apresenta vantagens da descriminalização
O Chile entrou na discussão internacional sobre a política pública para entorpecentes com um projeto de lei que critica o modelo de combate às drogas em vigor na grande maioria dos países. O texto foi apresentado nesta quinta-feira (09/08) pelos senadores Fulvio Rossi, do PS (Partido Socialista) e Ricardo Lagos Weber, do PPD (Partido pela Democracia) responsáveis por sua autoria, e inova mais pela argumentação do que pela proposta.
“Queremos começar a abrir um debate na sociedade chilena, que está ocorrendo na América Latina, em relação ao que foi feito para regulamentar a droga e se este foi o caminho correto”, explicou o senador Lagos Weber segundo nota em seu site oficial.
O projeto sugere a inclusão de uma cláusula na lei nacional de Tráfico Ilícito de Narcóticos que permite o cultivo domiciliar da maconha para fins de uso, autoriza seu consumo, incluindo para fins terapêuticos, e o porte em pequenas porções. A quantidade exata tolerada deve ser estabelecida depois de discussões no Parlamento, informou Rossi.
A partir de pesquisas, estudiosos e casos, o projeto de lei sustenta que a proibição do uso de drogas e não sua descriminalização que fortalece o crime organizado e aumenta o número de consumidores, provocando aquilo que pretende combater. “O que tem que ser entendido é que quando você permite o cultivo para fins de consumo pessoal, está atacando a compra ilegal, o narcotráfico, porque reduz o mercado do narcotraficante, porque você pode plantar”, acrescenta Rossi.
“A estratégia para enfrentar o narcotráfico tem sido extremamente contraproducentes ao se basear em modelos que replicam o proibicionismo e a criminalização dos consumidores”, diz o texto. Estabelecido no México e em diversos outros países latino-americanos, este modelo de política foi responsável pelo encarceramento e morte de milhares de pessoas, informa o projeto.

Exemplos de sucesso

Em países onde o consumo de drogas foi legalizado e regularizado, os danos sociais foram reduzidos, argumentam os senadores. Em Portugal, o uso de drogas entre estudantes, as mortes relacionadas com o consumo de drogas, o número de pessoas contaminadas pela AIDS e o número de presos por questões vinculadas à droga diminuíram e a quantidade de drogas apreendida pelo estado aumentou após a descriminalização do consumo da maconha.
Com a regularização do uso da maconha, o governo chileno vai separar o tratamento do usuário de droga e do grande vendedor, o narcotraficante. Por esta razão, os senadores também propõem, no documento, que a política de drogas do governo chileno deixe de estar sob o controle do Ministério do Interior e da Segurança Pública e passe a ser administrada pelo Ministério da Saúde.
“Estamos frente a uma política que requer uma mudança estrutural, para garantir um papel mais eficiente do Estado separando sua ação em duas grandes áreas: a da saúde e do combate ao crime organizado”, explica o texto.
O Uruguai também está caminhando na direção de uma transformação na política de drogas, ainda mais radical por propor a legalização da produção, venda e consumo da maconha. No entanto, no caso uruguaio, o poder executivo que impulsiona a medida sob a liderança do presidente, José Mujica.
*Opera Mundi
 

As provas definitivas da parceria entre revista vej e cachoeira

Velha mídia: o Triste fim de Policarpo

- por Leandro Fortes, na CartaCapital

Na CartaCapital dessa semana há uma história dentro de uma história. A história da capa é o desfecho de uma tragédia jornalística anunciada desde que a Editora Abril decidiu, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, que a revista Veja seria transformada num panfleto ideológico da extrema-direita brasileira. Abandonado o jornalismo, sobreveio a dedicação quase que exclusiva ao banditismo e ao exercício semanal de desonestidade intelectual. O resultado é o que se lê, agora, em CartaCapital: Veja era um dos pilares do esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira. O outro era o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Sem a semanal da Abril, não haveria Cachoeira. Sem Cachoeira, não haveria essa formidável máquina de assassinar reputações recheada de publicidade, inclusive oficial.

A outra história é a de um jornalista, Policarpo Jr., que abandonou uma carreira de bom repórter para se subordinar ao que talvez tenha imaginado ser uma carreira brilhante na empresa onde foi praticamente criado. Ao se subordinar a Carlinhos Cachoeira, muitas vezes de forma incompreensível para um profissional de larga experiência, Policarpo criou na sucursal da Veja, em Brasília, um núcleo experimental do que pior se pode fazer no jornalismo. Em certo momento, instigou um jovem repórter, um garoto de apenas 23 anos, a invadir o quarto do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Nahoum, na capital federal. Esse ato de irresponsabilidade e vandalismo, ainda obscuro no campo das intenções, foi a primeira exalação de mau cheiro desse esgoto transformado em rotina, perceptível até mesmo para quem, em nome das próprias convicções políticas, mantém-se fiel à Veja, como quem se agarra a um tronco podre na esperança de não naufragar.

A compilação e análise dos dados produzidos pela Polícia Federal em duas operações – Vegas, em 2009, e Monte Carlos, em 2012 – demonstram, agora, a seriedade dessa autodesconstrução midiática centrada na Veja, mas seguida em muitos níveis pelo resto da chamada “grande” imprensa brasileira, notadamente as Organizações Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e alguns substratos regionais de menor monta. Ao se colocar, veladamente, como grupo de ação partidária de oposição, esse setor da mídia contaminou a própria estrutura de produção de notícias, gerou uma miríade de colunistas-papagaios, a repetir as frases que lhes são sopradas dos aquários das redações, e talvez tenha provocado um dano geracional de longo prazo, a consequência mais triste: o péssimo exemplo aos novos repórteres de que jornalismo é um vale tudo, a arte da bajulação calculada, um ofício servil e de remuneração vinculada aos interesses do patrão.

A Operação Vegas, vale lembrar, foi escondida pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel, este mesmo que por ora acusa mensaleiros no STF com base em uma denúncia basicamente moldada sobre os clichês da mídia, em especial, desta Veja sobre a qual sabemos, agora, que tipo de fontes frequentava. Na Vegas, a PF havia detecdado não somente a participação de Demóstenes Torres na quadrilha, mas também de Policarpo Jr. e da Veja. Essa informação abre uma nova perspectiva a ser explorada pela CPI do Cachoeira, resta saber se vai haver coragem para tal.

Há três meses, representantes das Organizações Globo e da Editora Abril fecharam um sórdido armistício com Michel Temer, vice-presidente da República e cacique-mor do PMDB. Pelo acordo, o noticiário daria um descanso para Dilma Rousseff em troca de jamais, em hipótese alguma, a CPI do Cachoeira convocar Policarpo Jr., ou gente maior, como Roberto Civita, dono da Abril. A fachada para essa negociata foi, como de costume, as bandeiras das liberdades de imprensa e de expressão, dois conceitos deliberadamente manipulados pela mídia para que não se compreenda nem um nem outro.

No dia 14 de agosto, terça-feira que vem, o deputado Dr. Rosinha irá ao plenário da CPI apresentar um requerimento de convocação do jornalista Policarpo Jr.. É possível, no mundo irrreal criado pela mídia e onde vivem nossos piores parlamentares, que o requerimento caia, justamente por conta do bloqueio do PMDB e dos votos dessa oposição undenista sem qualquer compromisso com a moral nem o interesse público.

Será uma chance de ouro de todos nós percebermos, enfim, quem é quem naquela comissão.



Leia também: Veja e Cachoeira: As provas definitivas da parceria
*Tudoemcima

sexta-feira, agosto 10, 2012

Documentário "Eu existo"


Memórias de minhas Putas tristes - 2011



SINOPSE
O velho El Sabio é jornalista num pequeno povoado do México. Solteiro convicto, nunca conseguiu se relacionar a fundo com uma mulher desde a morte de sua mãe. As mulheres de sua vida foram sempre prostitutas. Agora, às vésperas do seu aniversário de 90 anos, ele resolve se dar um presente: uma noite de amor com uma adolescente virgem. Ele faz o pedido à dona do bordel que frequenta desde a juventude, que lhe apresenta uma jovem de 14 anos. Já no fim de sua vida, El Sabio vai finalmente descobrir o que é estar apaixonado. Baseado no romance de Gabriel García Márquez. 

DADOS DO ARQUIVO
Diretor: Henning Carlsen
Áudio: Espanhol
Legendas: Português
Duração: 90 min.
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 637 MB
Servidor: Torrent

LINKS
Parte única

Postado por Bukowski

Tolerantia - Curta-Metragem animado por Ivan Ramadan - Uma lição de vida


De qual filho a mãe gosta mais?

- Mulher, de qual filho seu a senhora gosta mais?
- Gosto mais, do que está ausente até que retorne ao lar. Gosto mais, do que está doente até ele se recuperar. Gosto mais, do que está errado até que se corrija e não volte a errar.
*Briguilino

Não leia no tablóide corrupto Folha de São Paulo porque lá só há interesse pelo Mensalão

OPERAÇÃO MONTE CARLO
Delta enviou R$ 85 mi a paraíso fiscal do Caribe Dados em poder da CPI revelam que construtora fez repasses milionários. Cachoeira, ex-mulher do bicheiro e Demóstenes também realizaram transferências

JOÃO VALADARES
GABRIEL MASCARENHAS



CPI investiga peculiaridade: Cachoeira tinha 49% de empresa da Coreia do Norte que explorava loteria gaúcha (Bruno Peres/CB/D.A Press - 1/8/12)
CPI investiga peculiaridade: Cachoeira tinha 49% de empresa da Coreia do Norte que explorava loteria gaúcha

Andréa, ex-mulher do bicheiro, prestou depoimento na quarta (Monique Renne/CB/D.A Press - 8/8/12)
Andréa, ex-mulher do bicheiro, prestou depoimento na quarta
Documentos sigilosos, já em poder da CPI do Cachoeira, apontam que a construtora Delta, pivô do escândalo, transferiu, apenas no ano passado, R$ 85,34 milhões para contas nas Ilhas Cayman, famoso paraíso fiscal no Caribe, ao sul de Cuba. Os dados apontam três grandes remessas. O primeiro repasse ocorreu em 28 de março do ano passado. A empreiteira enviou R$ 40 milhões para uma conta do Banco Safra. Em 23 de dezembro de 2011, foram realizadas duas operações. A primeira, no valor de R$ 44,73 milhões e a segunda, de R$ 609 mil. No relatório, as somas estão contabilizadas em dólar e foram convertidas em real segundo a cotação de ontem divulgada pelo Banco Central.

Os dados revelam ainda vultosas quantias de dinheiro remetidas pela quadrilha comandada por pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a instituições bancárias no exterior. Só o contraventor enviou mais de R$ 1,5 milhão para diferentes contas bancárias. Nesses casos, o relatório não informa, porém, em qual país cada uma delas está localizada nem para quê o montante foi usado.

Preso durante a Operação Monte Carlo, assim como o contraventor, o ex-superintendente da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu mandou cerca de R$ R$ 130 mil para fora do país. Das contas da ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprigio de Souza, que depôs na CPI esta semana, saíram R$ 840 mil. No mesmo documento, constam também as transações internacionais do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), cujas remessas para fora do Brasil somaram mais de R$ 250 mil, de acordo com o Banco Central.

Além das transferências milionárias realizadas pela Delta, o Banco Central detectou outras movimentações de menor porte. Em 30 de agosto de 2010, houve movimentação financeira para os EUA no valor de R$ 208 mil. Existem repasses na casa dos R$ 100 mil para Espanha, Alemanha, Malásia e Cingapura. O trabalho dos integrantes da CPI, agora, é cruzar as informações com as datas em que as remessas foram feitas. No relatório, há também a movimentação financeira de várias empresas de fachada do esquema Cachoeira. Todas que aparecem na lista receberam remessas da Delta. Os valores chegam a R$ 291 milhões.

Lavanderia
A empresa Bet Capital Ltda. — antiga responsável pela exploração da loteria estadual do Rio Grande do Sul —, apontada pela Polícia Federal como sendo de propriedade de Cachoeira, totalizou aproximadamente R$ 5,3 milhões em remessas para o exterior. A BET é alvo da CPI. Análise dos 41 volumes de documentos relativos à declaração de Imposto de Renda dos últimos 10 anos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, encaminhados pela Receita Federal à comissão, indica ainda que o contraventor tinha uma espécie de “lavanderia” internacional do dinheiro sujo obtido no Brasil.

Nas declarações de IR dos exercícios referentes a 2008, 2009 e 2010, o bicheiro informa que recebeu da empresa BET Capital R$ 11,4 milhões a título de empréstimos. A suspeita é de que os recursos da organização criminosa eram encaminhados para a empresa BET Company, estranhamente com sede na comunista Coreia do Norte, na Ásia, e acionária majoritária da BET Capital.

Carlinhos Cachoeira teria 49% das ações e a BET Company, outros 51%. O esquema aponta que o dinheiro saía do Brasil e voltava para a BET Capital, que emprestava milhões ao contraventor. Cachoeira declarou ter recebido da empresa R$ 2,8 milhões em 2008; R$ 4,3 milhões em 2009; e mais R$ 4,3 milhões no ano seguinte.

R$ 1,5 milhão
Valor enviado ao exterior por Carlinhos Cachoeira

Michael Moore e a violência nos EUA

Por Michael Moore,

Desde que Caim enlouqueceu e matou Abel sempre houve humanos que, por uma razão ou outra, perdem a cabeça temporária ou definitivamente e cometem atos de violência. Durante o primeiro século de nossa era, o imperador romano Tibério gozava, jogando suas vítimas na ilha de Capri, no Mediterrâneo. Gilles de Rais, cavalheiro francês aliado de Joana D’Arc, na Idade Média, um dia, enlouqueceu e acabou assassinando centenas de crianças. Apenas umas décadas depois, Vlad, o Empalador, na Transilvânia, tinha inúmeros modos horripilantes de acabar com suas vítimas; o personagem de Drácula foi inspirado nele.


Em tempos modernos, em quase toda as nações há um psicopata ou dois que cometem homicídios em massa, por mais estritas que sejam suas leis em matéria de armas: o demente supremacista branco, cujos atentados na Noruega cumpriram um ano nesse domingo; o carniceiro do pátio escolar em Dunblane, Escócia; o assassino da Escola Politécnica de Montreal; o aniquilador em massa de Erfurt, Alemanha...; a lista parece interminável. E agora o atirador de Aurora, na sexta-feira passada. Sempre houve pessoas com pouco juízo e prudência e sempre haverá.

Porém, aqui reside a diferença entre o resto do mundo e nós: aqui acontecem DUAS Auroras a cada dia de cada ano! Pelo menos 24 estadunidenses morrem a cada dia (de 8 a 9 mil por ano) em mãos de gente armada, e essa cifra inclui os que perdem a vida em acidentes com armas de fogo ou os que cometem suicídio com uma. Se contássemos todos, a cifra se multiplicaria a uns 25 mil.

Isso significa que os Estados Unidos são responsáveis por mais de 80% de todas as mortes por armas de fogo nos 23 países mais ricos do mundo combinados. Considerando que as pessoas desses países, como seres humanos, não são melhores ou piores do que qualquer um de nós, então, por que nós?

Tanto conservadores quanto liberais nos Estados Unidos operam com crenças firmes a respeito do "porquê” desse problema. E a razão pela qual nem uns e nem outros podem encontrar uma solução é porque, de fato, cada um tem a metade da razão.

A direita crê que os fundadores dessa nação, por alguma sorte de decreto divino, lhes garantiram o direito absoluto a possuir tantas armas de fogo quanto desejem. E nos recordam sem cessar que uma arma não dispara sozinha; que "não são as armas, mas quem mata são as pessoas”.

Claro que sabem que estão cometendo uma desonestidade intelectual (se é que posso usar essa palavra) ao sustentar tal coisa acerca da Segunda Emenda porque sabem que as pessoas que escreveram a Constituição unicamente queriam assegurar-se de que se pudesse convocar com rapidez uma milícia entre granjeiros e comerciantes em caso de que os britânicos decidissem regressar e semear um pouco de caos.

Porém, têm a metade da razão quando afirmam que "as armas não matam: os estadunidenses matam!”. Porque somos os únicos no primeiro mundo que cometemos crimes em massa. E escutamos estadunidenses de toda condição aduzir toda classe de razões para não ter que lidar com o que está por trás de todas essas matanças e atos de violência.

Uns culpam os filmes e os jogos de videogame violentos. Na última vez em que revisei, os videojogos do Japão são mais violentos do que os nossos e, no entanto, menos de 20 pessoas ao ano morrem por armas de fogo naquele país; e em 2006 o total foi de duas pessoas! Outros dirão que o número de lares destroçados é o que causa tantas mortes. Detesto dar-lhes essa notícia; porém, na Grã-Bretanha há quase tantos lares desfeitos, com um só dos pais assumindo o cuidado dos filhos quanto nos EUA; e, no entanto, em geral, os crimes cometidos lá com armas de fogo são menos de 40 ao ano.

Pessoas como eu dirão que tudo isso é resultado de ter uma história e uma cultura de homens armados, "índios e vaqueiros”, "dispara agora e pergunta depois”. E se bem é certo que o genocídio de indígenas americanos assentou um modelo bastante feio de fundar uma nação, me parece mais seguro dizer que não somos os únicos com um passado violento ou uma marca genocida.

Olá, Alemanha! Falo de ti e de tua história, desde os hunos até os nazistas, todos os que amavam uma boa carnificina (tal qual os japoneses e os britânicos, que dominaram o mundo por centenas de anos, coisa que não conseguiram plantando margaridas). E, no entanto, na Alemanha, nação de 80 milhões de habitantes, são cometidos apenas 200 assassinatos com armas de fogo ao ano.

Assim que esses países (e muitos outros) são iguais a nós, exceto que aqui mais pessoas acreditam em Deus e vão à Igreja mais do que em qualquer outra nação ocidental.

Meus compatriotas liberais dirão que se tivéssemos menos armas de fogo haveria menos mortes por essa causa. E, em termos matemáticos, seria certo. Se temos menos arsênico na reserva de água, matará menos gente. Menos de qualquer coisa má –calorias, tabaco, reality shows- significará menos mortes. E se tivéssemos leis estritas em matéria de armas, que proibissem as armas automáticas e semiautomáticas e prescrevessem a venda de grandes magazines capazes de portar milhões de balas, atiradores como o de Aurora não poderiam matar a tantas pessoas em pouquíssimos minutos.

Porém, também nisso há um problema. Há um montão de armas no Canadá (a maioria rifles de caça) e, no entanto, a conta de homicídios é de uns 200 ao ano. De fato, por sua proximidade, a cultura canadense é muito similar à nossa: as crianças têm os mesmos videojogos, veem os mesmos filmes e programas de TV; mas, no entanto, não crescem com o desejo de matar uns aos outros. A Suíça ocupa o terceiro lugar mundial em posse de armas por pessoa; porém, sua taxa de criminalidade é baixa. Então, por que nós? Formulei essa pergunta há uma década em meu filme ‘Tiros em Columbine’, e esta semana tive pouco que dizer porque me parecia ter dito há dez anos o que tinha que dizer; e acho que não fez muito efeito; exceto ser uma espécie de bola de cristal em forma de filme.

Naquela época eu disse algo, que repetirei agora:

1. Os estadunidenses somos incrivelmente bons para matar. Acreditamos em matar como forma de conseguir nossos objetivos. Três quartos de nossos Estados executam criminosos, apesar de que os Estados que têm as taxas mais baixas de homicídios são, em geral, os que não aplicam a pena de morte.

Nossa tendência a matar não é somente histórica (o assassinato de índios, de escravos e de uns e outros na guerra "civil”): é nossa forma atual de resolver qualquer coisa que nos inspira medo. É a invasão como política exterior. Sim, lá estão Iraque e Afeganistão; porém, somos invasores desde que "conquistamos o oeste selvagem” e agora estamos tão enganchados que já não sabemos o que invadir (Bin Laden não se escondia no Afeganistão, mas no Paquistão), nem porque invadir (Saddam não tinha armas de destruição massiva, nem nada a ver com o 11-S). Enviamos nossas classes pobres para fazer matanças, e os que não temos um ser querido lá, não perdemos um só minuto de um só dia em pensar nessa carnificina. E agora, enviamos aviões sem pilotos para matar (drones), aviões controlados por homens sem rosto em um luxuoso estúdio com ar condicionado em um subúrbio de Las Vegas. É a loucura!

2. Somos um povo que se assusta com facilidade e é fácil de ser manipulado pelo medo. De que temos tanto medo, que necessitamos ter 300 milhões de armas de fogo em nossas casas? Quem vai machucar? Por que a maior parte dessas armas se encontra nas casas de brancos, nos subúrbios ou no campo? Talvez, se resolvêssemos nosso problema racial e nosso problema de pobreza (uma vez mais, somos o número um com maior número de pobres no mundo industrializado) teria menos pessoas frustradas, atemorizadas e encolerizadas estendendo a mão para pegar a arma que guardam na gaveta. Talvez, cuidaríamos mais uns dos outros (aqui vemos um bom exemplo disso).

Isso é o que penso sobre Aurora e sobre o violento país do qual sou cidadão. Como mencionei, disse tudo nesse filme e se quiserem, podem assisti-lo e partilhá-lo sem custo com os demais. E o que nos faz falta, amigos meus, é valor e determinação. Se vocês estão prontos, eu também.
*Miro

O estranho no ninho - apenas um senador brasileiro votou contra cotas para estudantes de escolas públicas

 

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Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi o único senador a votar contra o sistema de cotas para estudantes do ensino público.Add caption

O projeto que reserva 50% das vagas para estudantes de escolas públicas foi aprovado de forma simbólica pelos senadores. O único voto contrário manifestado foi do senador Aloysio Nunes

A política de cotas para ingresso nas universidades e escolas técnicas federais foi aprovada pelo Plenário do Senado na noite desta terça-feira (8). O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, que assegura metade das vagas por curso e turno dessas instituições a estudantes que tenham feito o ensino médio em escolas da rede pública, foi aprovado em votação simbólica e agora segue para sanção presidencial.
Pelo projeto, pelo menos 50% das vagas devem ser reservadas para quem tenha feito o ensino médio integralmente em escola pública. Além disso, para tornar obrigatórios e uniformizar modelos de políticas de cotas já aplicados na maioria das universidades federais, o projeto também estabelece critérios complementares de renda familiar e étnico-raciais.
Dentro da cota mínima de 50%, haverá a distribuição entre negros, pardos e indígenas, proporcional à composição da população em cada estado, tendo como base as estatísticas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Leia mais

A política de cotas tem validade de dez anos a contar de sua publicação

A medida foi defendida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que informou que, de cada dez alunos do país, apenas um estuda em escola privada. Ou seja, o projeto beneficiaria a ampla maioria dos estudantes brasileiros. A senadora Ana Rita (PT-ES) também saiu em defesa da proposta, garantindo que o projeto faz “justiça social com a maioria da população brasileira”.
Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) citou os Estados Unidos como exemplo bem-sucedido da política de cotas nas universidades. Ele disse que o país, que era extremamente racista em um passado próximo, após adotar a política de cotas raciais nas universidades, tem agora um presidente negro. Para o senador, no Brasil é preciso adotar ações afirmativas para assegurar oportunidade a todos.

Aloysio Nunes (PSDB), foi o único que votou contra cotas nas universidades federais

Aloysio Nunes votou contra as cotas para alunos do ensino público que querem ingressar nas Universidades Federais, num claro indicativo de que só quem pode ter vaga em ensino público federal são os ricos.

Discussão

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) reprovou a iniciativa sob o argumento de que “impõe camisa de força” a todas as universidades federais brasileiras, ao ferir sua autonomia de gestão. Além disso, argumentou o senador, para que o ensino superior seja de qualidade, é preciso adotar um critério de proficiência, ou seja, que os alunos que ingressem na instituição tenham notas altas.


Pragmatímo político/Agências