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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, setembro 11, 2012
Oscar Niemeyer, Lula, Frei Betto, o poeta Thiago de Mello e os atores Danny Glover e Sean Penn assinam manifesto em apoio à reeleição de Hugo Chávez, assine também
Intelectuais, artistas e ativistas sociais do mundo com Chávez
do blog Resistência
O site http://www.convenezuelabolivariana.org/ publicou
o manifesto de intelectuais, artistas e ativistas sociais da Rede en
defesa da Humanidade, em apoio ao presidente venezuelano Hugo Chávez. O
Blog Resistência adere
inteiramente a esta campanha, por considerar a luta pela reeleição do
presidente Hugo Ch[avez a principal batalha política das forças
revolucionárias e progressistas da América Latina no atual momento.
Diz o Manifesto:
"Em 7 de outubro próximo terão lugar as eleições presidenciais na
Venezuela. Nesse dia se decidirá o destino de uma revolução que
conseguiu que as maiorias desse país saiam da marginalidade e do
desamparo e deu contribuições decisivas à integração latino-americana e
caribenha e ao processo de transformações nesta região.
Ao longo de todos estes anos, e em
particular durante a atual campanha eleitoral, os Estados Unidos puseram
em prática na Venezuela as mais diversas formas de ingerência, de
maneira aberta ou valendo-se de entidades supostamente autônomas.
Ao mesmo tempo, a grande máquina
midiática a serviço da reação interna e dos interesses imperiais, tem
trabalhado sem trégua para danificar a imagem da revolução bolivariana e
em particular de seu líder, o presidente Hugo Chávez Frias. Acusaram-no
de antidemocrático, sem reconhecer que ele se submeteu à consulta
popular e eleitoral em 13 ocasiões, e inclusive têm recorrido a infâmias
associadas a seu estado de saúde. Agora pretendem subtrair legitimidade
ao Conselho Nacional Eleitoral, criar um clima de desconfiança em torno
do desenvolvimento das eleições e seus resultados e assentar as bases
para possíveis ações futuras de desestabilização.
Conscientes da transcendência deste momento histórico para a Venezuela, a
América Latina, o Caribe e o mundo, manifestamos nossa solidariedade
com a revolução bolivariana e seu presidente, exigimos respeito à
soberania do povo venezuelano e convocamos intelectuais, artistas e
lutadores sociais a respaldar esta iniciativa".
Assinam
Adolfo Pérez Esquivel, Argentina; Nadine Gordimer, África do Sul; Oscar
Niemeyer, Brasil; Alicia Alonso, Cuba; Luiz Inácio Lula Da Silva,
Brasil; Samir Amir, Egito; Roberto Fernández Retamar, Cuba; Pablo
González Casanova, México; Miguel Barnet, Cuba; Alfonso Sastre, Espanha;
Leo Brouwer, Cuba; Padre Miguel d'Escoto, Nicarágua; Danny Glover, EUA;
Frei Betto, Brasil; Graziella Pogolotti, Cuba; Ignacio Ramonet, Espanha
e França, Ramsey Clak, EUA; Luis Britto García, Venezuela; Fernando
Martínez Heredia, Cuba; Rafael Cancel Miranda, Porto Rico; Thiago de
Mello, Brasil; Atílio Borón, Argentina; Reverendo Raúl Suárez, Cuba;
Daniel Viglietti, Uruguai; Andy Montañez, Porto Rico; Andrés Sorel,
Espanha; Eduardo Torres Cuevas, Cuba; Cindy Sheehan, EUA; François
Houtart, Bélgica; Pablo Armando Fernández, Cuba; Pablo Guayasamín,
Equador; Manuel Cabieses, Chile; Osvaldo Martínez, Cuba; William Blum,
EUA; Stella Calloni, Argentina; Luciano Vasapollo, Italia; Danny Rivera,
Porto Rico; Víctor Heredia, Argentina; Santiago Alba Rico, Espanha;
Luis Carbonell, Cuba; Carmen Bohórquez, Venezuela; Michael Parenti, EUA;
Camille Chalmer, Haiti; Ramón Chao, Espanha e França; Héctor
Díaz-Polanco, México; Ramiro Guerra, Cuba; Franz Hinkelammert, Alemanha e
Costa Rica; Alicia Hermida, Espanha; Bernard Cassen, França; Martín
Almada, Paraguai; Jorge Ibarra, Cuba; Willie Toledo, Espanha; Oscar
Zanetti, Cuba; Carlos Fernández Liria, Espanha; Red Ronnie, Itália;
Carlos Molina, El Salvador; Ricardo Flecha, Paraguai; Jorge Perugorría,
Cuba; Luis Alegre Zahonero, Espanha; Flora Fong, Cuba; Digna Guerra,
Cuba; Boris Kagarlitsky, Rússia; Saúl Landau, EUA; Adalberto Álvarez,
Cuba; Fernando Buen Abad, México; Jaime Losada, Espanha; Gilberto López e
Rivas, México; Hugo Moldiz, Bolívia; Marília Guimaraes, Brasil; Ana
Esther Ceceña, México; Hildebrando Pérez Granda, Peru; Carlo Frabetti,
Itália e Espanha, Roberto Méndez, Cuba, Pascual Serrano, Espanha; Salim
Lamrani, França; Irene Amador, Colômbia e Espanha; Corina Mestre, Cuba;
Fernando Rendón, Colômbia; Arturo Corcuera, Peru; Raúl Pérez Torres,
Equador; Gennaro Carotenuto, Itália; Hernando Calvo Ospina, Colômbia e
França; Lesbia Vent Dumois, Cuba; Javier Couso, Espanha; Victor Victor,
República Dominicana; Cecilia Todd, Venezuela; Rigoberto López, Cuba;
Eva Golinger, EUA e Venezuela; Francisco Villa, Chile; Jane Franklin,
EUA; Adamos Katsantonis, Chipre; José Reinaldo Carvalho, Brasil; Socorro
Gomes, Brasil.
Para assinar http://www.convenezuelabolivariana.org/
Nada queima por acaso nas favelas paulistanas
Estudo estatístico mostra notável coincidência entre os incêndios e… as áreas de interesses do mercado imobiliário
Por João Finazzi, no PET RI-PUC
[Título original:"Não acredite em combustão espontânea"]
Segundo a física, propelente ou propulsante é um material que pode ser
usado para mover um objeto aplicando uma força, podendo ou não envolver
uma reação química, como a combustão.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,
até o dia 3 de setembro de 2012, houve 32 incêndios em favelas do
estado – cinco somente nas últimas semanas. O último, no dia 3, na
Favela do Piolho (ou Sônia Ribeiro) resultou na destruição das casas de
285 famílias, somando um total de 1.140 pessoas desabrigadas por conta
dos incêndios em favelas.
O evento não é novo: em quatro anos foram registradas 540 ocorrências.
Entretanto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada em abril
deste ano para investigar os incêndios segue parada, desrespeitando todos os trabalhadores brasileiros que tiveram suas moradias engolidas pelo fogo.
Juntamente com o alto número de incêndios, segue-se a suspeita: foram coincidências?
O Município de São Paulo apresenta 1565 favelas ao
longo de seu território, distribuídas, majoritariamente na região Sul,
Leste e Norte. Os distritos que possuem o maior número de favelas são:
Capão Redondo (5,94% ou 93), Jardim Angela (5,43% ou 85), Campo Limpo
(5,05% ou 79), Grajaú (4,66% ou 73). O que significa que 21,08% de todas
as favelas de São Paulo estão nessas áreas.
Somando as últimas 9 ocorrências de incêndios em favelas (São Miguel,
Alba, Buraco Quente, Piolho, Paraisópolis, Vila Prudente, Humaitá, Areão
e Presidente Wilson), chega-se ao fato de que elas aconteceram em
regiões que concentram apenas 7,28% das favelas da cidade.
Em uma área em que se encontram 114 favelas de São Paulo, houve 9
incêndios em menos de um ano, enquanto que em uma área em que se
encontram 330 favelas não houve nenhum. Algo muito peculiar deve
acontecer com a minoria das favelas, pois apresentam mais incêndios que a
vasta maioria. Ao menos que o clima seja mais seco nessas regiões e que
os habitantes dessas comunidades tenham um espírito mais incendiário
que os das outras, a coincidência simplesmente não é aceitável.
Àqueles que ainda se apegam às inconsistências do destino, vamos a mais alguns fatos.
A Favela São Miguel, que leva o nome do bairro, divide sua região com
apenas outras 5 favelas, representando todas apenas 0,38% das favelas de
São Paulo. Desse modo, a possível existência de um incêndio por ali, em
comparação com todas as outras favelas da cidade é extremamente baixa.
Porém, ao pensar somente de modo abstrato, estatístico, nos esquecemos
do fator principal: a realidade. O bairro de São Miguel é vizinho do
bairro Ermelino Matarazzo, o qual, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe),
teve a maior valorização imobiliária na cidade de São Paulo entre 2009 e
novembro de 2011, 213,9%. Lá, o preço do metro quadrado triplicou – mas
não aumentou tanto quanto a possibilidade real de um incêndio em
favelas por ali.
As favelas Alba e Buraco Negro também estão na rota do mercado
imobiliário. Dividindo o bairro do Jabaquara com o restante dos imóveis,
a favela inviabiliza um maior investimento do mercado na região, que se
valorizou em 128,40%. Mas nada como um incêndio para melhorar as
oportunidades dos investidores.
Todas as 9 favelas citadas estão em regiões de valorização imobiliária:
Piolho (Campo Belo, 113%), Comunidade Vila Prudente (ao lado do Sacomã,
149%) e Presidente Wilson (a única favela do Cambuci, 117%). Sem contar
com Humaitá e Areião (situadas na Marginal Pinheiros) e a já conhecida
Paraisópolis.
Soma-se a tudo isso, o fato de que as favelas em que não houve incêndios
(que são a vasta maioria), estão situadas em regiões de desvalorização, como o Grajaú (-25,7%) e Cidade Dutra (-9%). Cai, juntamente com o preço dos terrenos, a chance de um incêndio “acidental”.
Pensar em coincidência em uma situação dessa é querer fechar os olhos
para o mundo. Resta aos moradores das comunidades resistirem contra as
forças do mercado imobiliário, pois quem brinca com fogo acaba por se
queimar. Enquanto isso, como disse Leonardo Sakamoto, “…favelas que viram cinzas são um incenso queimando em nome do progresso e do futuro.”
Leia também:
- A limpeza pelo fogo nas favelas de São Paulo
- *GrupoBeatrice
"Marta compreende o papel da cultura digital", diz Célio Turino
Por Bruno de Pierro, do Brasilianas.orgA presidente Dilma Rousseff anunciou, nesta terça-feira (11), a nomeação da nova ministra da Cultura, a senadora Marta Suplicy (PT-SP). Ela substituirá Ana de Hollanda, que desde o início do mandato, em janeiro de 2011, tem protagonizado episódios polêmicos de sua gestão, especialmente em torno dos direitos autorais. Marta tomará posse na próxima quinta (13), após entrar de vez na campanha do ex-ministro Fernando Haddad á prefeitura de São Paulo. O suplente de Marta, o vereador paulistano Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) irá substituí-la no Senado.
Assim que assumiu o MinC, Ana de Hollanda, que é irmã do cantor e compositor Chico Buarque, expôs opiniões contrárias às gestões anteriores de Juca Ferreira e Gilberto Gil, evidentemente mais abertas ao copy left e à cultura colaborativa digital. Com a mudança, a perspectiva é de que o desgaste que a pasta sofreu na última gestão seja interrompido e que a polarização entre “defensores do Ecad” e defensores da “distribuição do copy left” se dissolva.
Para entender como a nova gestão pode ser conduzida daqui para frente, Brasilianas.org conversou com o historiador Célio Turino, um dos idealizadores do programa Cultura Viva do MinC e que, entre 2001 e 2004, trabalhou ao lado de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo.
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*Nassif
Nota Paulista atropela LRF sem alcançar objetivos
Principal
bandeira do governo José Serra, a Nota Fiscal Paulista foi responsável
por desvios bilionários dos repasses a municípios, Fundeb (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação), universidades estaduais e escolas técnicas.
A legislação do ICMS obriga o depósito do imposto a uma conta do Tesouro
paulista no Banco do Brasil. Sobre a arrecadação bruta, 25% são
automaticamente transferidos para municípios, outros 20% para o Fundeb e
9,57% para as universidades estaduais e escolas técnicas.
Nos últimos 4 anos, a Nota Fiscal distribuiu R$ 7 bilhões em prêmios e
créditos distribuídos pela Fazenda. Na hora de contabilizar o valor, no
entanto, a Secretaria da Fazenda valeu-se de uma esperteza: passou a
considerar esse pagamento como “devolução de imposto”. Fazendo isso,
evitava efetuar os repasses sobre os valores distribuídos. Seria o
mesmo que tratar os prêmios da Loteria, pela Caixa Econômica Federal,
como devolução de imposto.
Fazendo isso, atropelou vários procedimentos definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
* * *
Graças a essa manobra, nos últimos quatro anos foram desviados R$ 1,75
bi dos municípios, R$ 1,4 bi do Fundeb e R$ 683 milhões das
universidades e escolas técnicas. Na verdade, dos R$ 7 bi distribuídos, o
Estado de São Paulo bancou R$ 3,1 bi. O restante foi subtraído desses
setores. Ou seja, fazia caridade com o chapéu alheio.
* * *
Até hoje não foi divulgado nenhum estudo demonstrando eventuais ganhos
de arrecadação com a implantação da Nota Fiscal paulista. Na época do
seu lançamento, funcionários graduados da Secretaria da Fazenda
indicavam o contrassenso de utilizar a NF em grandes estabelecimentos –
que, por serem alvos preferenciais da fiscalização, tem baixa propensão a
sonegar. Pagavam-se prêmios sem a contrapartida da redução da sonegação
– já em níveis baixos.
* * *
A fim de evitar qualquer viés político no estudo, o Conselho dos
Representantes do Sinafresp recomendou a contratação de um especialista
sobre as conclusões levantadas. Foi contratado parecer técnico do
professor Heraldo da Costa Reis, Coordenador do Centro Interdisciplinar
em Finanças da Escola Nacional de Serviços Urbanos do IBAM (Instituto
Brasileiro de Administração Municipal).
* * *
Além das irregularidades contábeis, o estudo constatou que praticamente
não houve aumento na arrecadação, proporcionado pela NF. Ela incidia
apenas sobre o setor varejista. Ocorre que o incremento, no período, foi
no mesmo ritmo dos demais setores de atividades do Estado.
Pelos cálculos, estima-se que o resultado direto da NF Paulista foi de
cerca de R$ 2,2 bi, em valores de agosto de 2012. Sendo assim, o custo
final da Nota Paulista pode ter sido de R$ 4,4 bilhões.
* * *
O estudo foi encaminhado ao TCE, MPF, universidades estaduais e
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Além das críticas, o
trabalho traz recomendações para sanar as imperfeições da Nota Paulista.
segunda-feira, setembro 10, 2012
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