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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, setembro 20, 2012
Para o digníssimo deputado Marco Maia: Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática
Para o digníssimo deputado Marco Maia: Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática
Marco Maia diz que não é a mídia que massacra Lula
Vi no Facebook
❝O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.
6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…
7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…
9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.❞
*mariadapenhaneles
O governo financia a direita
Berna (Suiça) - Daqui de longe, vendo o tumulto
provocado com o processo Mensalão e a grande imprensa assanhada, me parece
assistir a um show de hospício, no qual os réus e suspeitos financiam seus
acusadores. O Brasil padece de sadomasoquismo, mas quem bate sempre é a direita
e quem chora e geme é a esquerda.
Não vou sequer falar do Mensalão, em si mesmo, porque aqui
na Suíça, país considerado dos mais honestos politicamente, ninguém entende o
que se passa no Brasil. Pela simples razão de que os suíços têm seu Mensalão,
perfeitamente legal e integrado na estrutura política do país.
Cada deputado ou senador eleito é imediatamente contatado
por bancos, laboratórios farmacêuticos, seguradoras, investidores e outros
grupos para fazer parte do conselho de administração, mediante um régio
pagamento mensal. Um antigo presidente da Câmara dos deputados, Peter Hess, era
vice-presidente de 42 conselhos de administração de empresas suíças e faturava
cerca de meio-milhão de dólares mensais.
Com tal generosidade, na verdade uma versão helvética do
Mensalão, os grupos econômicos que governam a Suíça têm assegurada a vitória
dos seus projetos de lei e a derrota das propostas indesejáveis. E nunca houve
uma grita geral da imprensa suíça contra esse tipo de controle e colonização do
parlamento suíço.
Por que me parece masoca a esquerda brasileira e nisso
incluo a presidente Dilma Rousseff e o PT ? Porque parecem gozar com as
chicotadas desmoralizantes desferidas pelos rebotalhos da grande imprensa. Pelo
menos é essa minha impressão ao ler a prodigalidade com que o governo Dilma
premia os grupos econômicos seus detratores.
Batam, batam que eu gosto, parece dizer o governo ao
distribuir 70% da verba federal para a publicidade aos dez maiores veículos de
informação (jornais, rádios e tevês), justamente os mais conservadores e
direitistas do país, contrários ao PT, ao ex-presidente Lula e à atual
presidenta Dilma.
Quando soube dessa postura masoquista do governo, fui logo
querer saber quem é o responsável por essa distribuição absurda que exclui e
marginaliza a sempre moribunda mídia da esquerda e ignora os blogueiros,
responsáveis pela correta informação em circulação no país.
Trata-se de uma colega de O Globo, Helena Chagas, para quem
a partilha é justa – recebe mais quem tem mais audiência! diz ela.
Mas isso é um raciocínio minimalista! Então, o povo elege um
governo de centro-esquerda e quando esse governo tem o poder decide alimentar
seus inimigos em lugar de aproveitar o momento para desenvolver a imprensa
nanica de esquerda ?
O Brasil de Fato, a revista Caros Amigos,
o Correio do Brasil fazem das tripas coração para sobreviver,
seus articulistas trabalham por nada ou quase nada, assim como centenas de
blogueiros, defendendo a política social do governo e a senhora Helena Chagas
com o aval da Dilma Rousseff nem dá bola, entrega tudo para a Veja, Globo,
Folha, SBT, Record, Estadão e outros do mesmo time ?
Assim, realmente, não dá para se entender a política de
comunicação do governo. Será que todos nós jornalistas de esquerda que votamos
na Dilma somos paspalhos ?
Aqui na Europa, onde acabei ficando depois da ditadura
militar, existe um equilíbrio na mídia. A França tem Le Figaro, mas
existe também o Libération e o Nouvel Observateur. Em todos os
países existem opções de direita e de esquerda na mídia. E os jornais de
esquerda têm também publicidade pública e privada que lhes permitem manter uma
boa qualidade e pagar bons salários aos jornalistas.
Comunicação é uma peça chave num governo, por que a
presidenta Dilma não premiou um de seus antigos colegas e colocou na sucessão
de Franklin Martins um competente jornalista de esquerda, capaz de permitir o
surgimento no país de uma mídia de esquerda financeiramente forte ?
Exemplo não falta. Getúlio Vargas, quando eleito, sabia ser
necessário um órgão de apoio popular para um governo que afrontava interesses
internacionais ao criar a Petrobras e a siderurgia nacional. E incumbiu Samuel
Wainer dessa missão com a Última Hora. O jornal conseguiu encontrar a boa
receita e logo se transformou num sucesso.
O governo tem a faca e o queijo nas mãos – vai continuar
dando o filet mignon aos inimigos ou se decide a dar
condições de desenvolvimento para uma imprensa de esquerda no Brasil ?
Rui Martins – Berna
Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a
ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual
Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos
Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça.
Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de
Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
Falluja: Uma geração perdida?
GilsonSampaio
O
texto que se segue foi publicado em 15/07/2010 e decidi repúblicá-lo
provocado pelo comentário do leitor Carlos que indicou o vídeo.
Sanguessugado da redecastorphoto
Faluja: Anatomia de uma atrocidade
Os jornalistas que se proclamam "de referência" não falam disto
por David Rothscum [*]
Hoje,
6 de julho de 2010, Chris Busby, Malak Hamdan e Entesar Ariabi
publicaram seu estudo epidemiológico sobre os problemas de saúde
sofridos pelo povo de Faluja. O estudo completo pode ser descarregado aqui
, gratuitamente. Vocês podem ainda não ter ouvido falar desses homens,
mas estou certo que seus nomes serão citados nos livros de história. A
razão para isso é que coletaram evidências cientificas do genocídio que a
população de Faluja está sofrendo nas mãos dos imperialistas que
invadiram o Iraque. Infelizmente, ainda não despertaram muita atenção
pelas suas descobertas, e por isso sinto-me pessoalmente obrigado a
ajudar com isso.
Poucos dias atrás, em 2 de julho, aqueles cientistas emitiram um comunicado de imprensa no Uruknet apresentando
algumas das suas descobertas. Foi intitulado "Danos genético e de saúde
em Faluja, Iraque, piores do que em Hiroshima". Em abril, anunciaram
descobertas preliminares no Global Research
, um site com o qual creio que a maioria de vocês está familiarizado.
Por favor, entendam que quando alguém descobre horrendas atrocidades,
nas quais a mídia principal se recusa a tocar, eles vêem a vocês, o
movimento da Verdade, e vocês são responsáveis por divulgar essa
informação junto ao público. Antes de 2003, antes da invasão e da guerra
do Iraque, da carnificina de Faluja e muitas mais, vocês estavam
tentando despertar consciências para a Síndrome da Guerra do Golfo, a
epidemia de câncer e defeitos congênitos no sul do Iraque devido ao
urânio empobrecido (Depleted Uranium) , e geralmente deparavam-se com o ridiculo e a descrença.
Agora
que os horrores sobre os quais vocês avisaram estão sendo lentamente
revelados ao mundo, todos vocês têm razões para se orgulhar de seu árduo
trabalho. Não apenas os ativistas principais (Leuren Moret, Doug Rokke,
e muitos outros) mas todos vocês que contribuíram de sua própria
maneira reproduzindo suas histórias em blogues, fóruns, escrevendo a
políticos, e tudo o mais que fizeram para alertar sobre esta atrocidade.
Se o povo os ouvisse, muito disso poderia ter sido evitado. Acho
importante que compreendam que devem sentir orgulho de si mesmos pelo
esforço que fizeram, enquanto a maior parte das pessoas em torno de
vocês nada fizeram.
Tenho também muito respeito
pela equipe de 11 pessoas que foram de casa em casa em Faluja para
coletar informações. As pessoas em Faluja desconfiam das autoridades
(têm todas as razões para isso), e suspeitaram que era parte de uma
operação do serviço secreto. Em um caso foram infelizmente recebidos com
violência física. A equipe mesmo assim completou a pesquisa, apesar do
risco que enfrentaram tanto da ameaça de violência física quanto
naturalmente por simplesmente estar num ambiente insalubre.
Dito
isso, passo ao estudo propriamente dito. Por mais chocantes que tenham
sido as informações anunciadas à imprensa e as descobertas preliminares,
os resultados completos do que eles mostraram no seu estudo é pior. O
comunicado à imprensa menciona: "descobriu-se que a mortalidade infantil
era de 80 por 1000 nascimentos, que se compara a 19 no Egito, 17 na
Jordânia e 9,7 no Kuwait". O que o comunicado de imprensa não mencionou é
que este é o período de total de 2006 a 2010. Infelizmente, entre 2006 e
2010 a mortalidade infantil manteve-se a subir (136 no período
2009-2010).
Como o estudo completo menciona, ao
olharmos apenas para 2009 e os primeiros dois meses de 2010,
descobrimos que a taxa de mortalidade infantil hoje não está no nível de
80 crianças entre mil, que morrem em um ano, mas numa taxa horrorosa de
136 a cada 1000 nascimentos. Quando olhamos a tabela no estudo,
descobrimos que em 2008 morreram 6 crianças (de 0 a 1 anos), comparadas a
0 em 2005 e somente 1 em 2004. Em 2009, 10 crianças morreram.
Entretanto, nos primeiros dois meses de 2010 que os cientistas
estudaram, descobriram que 6 crianças haviam morrido. Portanto, só nos primeiros dois meses de 2010 morreram tantas crianças quanto em todo o ano de 2008. Se
a taxa para 2010 se mantiver (e isso não é garantido, poderia ser mais
baixa, mas devido à tendência de elevação é mais provável que aumente
ainda mais), em 2010 36 crianças morrerão, em comparação com apenas um
em 2004.
Ainda que já devesse saber, esperava
que a situação melhorasse em Faluja, ou pelo menos não piorasse, porque
não vi muitas notícias recentemente, mas ao invés disso a situação só
piora à medida em que falamos. Uma descoberta posterior feita pelos
cientistas foi que na categoria de crianças entre 0 e 4 anos há somente
860 meninos para cada 1000 meninas. A proporção normal é de 1050 meninos
para cada 1000 meninas. Isto é evidência de mutações genéticas.
A
razão para isso é que meninas têm dois cromossomas X, enquanto os
meninos têm apenas um. Assim, se um dos cromossomos X de uma menina
sofre mutação genética, ela ainda tem outra cópia funcional. Entretanto,
se o cromossoma X de um menino sofre mutação genética, ele não tem
cópia funcional do mesmo gene, e isso pode causar a morte do menino.
Todavia, a taxa de nascimentos distorcida por também ser (parcialmente )
causada por outro efeito que os cientistas não mencionaram em seu
estudo: o efeito de paralisação endócrina do urânio.
Aos níveis baixos dos padrões do EPA (Environmental Protection Agency, Agência de Proteção Ambiental), o urânio é um potente interruptor endócrino
. Interruptores endócrinos são agentes químicos que têm efeito hormonal
em seres humanos, e o urânio funciona como um estrogênio (hormônio
feminino) no corpo humano. Isso faz com que nasça um número menor de bebês do sexo masculino
. Assim, a taxa de nascimentos distorcida poderia ser também resultante
do efeito hormonal do urânio empobrecido, além de ter sido causada por
um aumento das mutações genéticas.
Ainda outro
fato descoberto pelos pesquisadores deve ser mencionado. Seu estudo
descobriu que houve um declínio abrupto nas taxas de nascimento. Como
eles mencionam: "É claro que a população de 0 a 4 anos, nascida no
período 2004 a 2008, após a guerra, é significativamente 30% menor que
nas populações nas faixas de 5-9, 10-14 e 15-19 anos". Isso é o que eu
chamo de despovoamento em ação.
Infelizmente
também há uma epidemia de câncer em Faluja. Isso era esperado, mas não
recebeu até agora atenção suficiente. Há 4,2 mais vezes casos de câncer
do que se esperaria para a região. Para o câncer infantil, há um risco
relativo de 12,6 vezes. Câncer cerebral, câncer mamário e linfoma são
todos particularmente mais altos do que se esperaria, mas o pior de tudo
é a epidemia de leucemia, num risco relativo de 22,2 vezes, e de 38,5
na categoria etária entre 0 e 25 anos. Esses são exatamente os tipos de
câncer que esperaríamos como causa de exposição à radiação. Veteranos expostos ao urânio empobrecido
também sofrem de epidemias de leucemia, por exemplo. Crianças são mais
sensíveis aos efeitos da radiação devido a suas células estarem em
rápida divisão.
Todas as evidências mostram que
o desastre é causado pelo urânio empobrecido. Não se pode detê-lo, e
ele apenas piora, e continuará a piorar. Estamos agora em 2010, e o
combate mais intenso ocorreu em 2004. Em Bassorá, o combate intenso
ocorreu em 1991. Em 1998, o aumento nos defeitos congênitos tornou-se
seriamente notável, e em 2001, dez anos depois, tinha-se tornado
alarmante. Em 2005, a taxa de câncer estava ainda em elevação em Bassorá . Desta forma há pouca razão para acreditar que a situação melhorará num futuro próximo, infelizmente.
Eu
não desejaria isso ao meu pior inimigo. Então certamente não o desejo
para o grande povo do Iraque, que conseguiu construir um país do
primeiro mundo no deserto, onde pessoas de crenças diferentes se casavam
entre si, e muçulmanos e cristãos geriam juntos o governo secular.
Mulheres frequentavam as universidades e não precisavam esconder sua
beleza. Hoje elas cobrem seus corpos para esconder as feridas do câncer e
de defeitos congênitos que ainda serão a praga do Iraque nas próximas
décadas. Durante os próximos 50 anos, aqueles que tiverem câncer ainda
se perguntarão se o urânio empobrecido teria sido o responsável. Eles
sofrem da mesma forma que eu e você se isso nos tivesse acontecido.
Portanto, não vejo os sobreviventes deste genocídio nos perdoando tão
cedo.
Não acho que perdoaríamos e quereríamos a
amizade de povos que mandaram seus soldados invadir nossos países,
destruíram nosso DNA com suas armas radioativas, e não mostraram um
grama de arrependimento ou culpa. Quando víssemos o que fizeram às
nossas crianças, que nasceram deformadas e tiveram câncer, lutaríamos
com os invasores até que estivessem todos mortos, ou tivessem todos
deixado o nosso país. Não interpretem isso como um chamado à violência,
estou apenas afirmando o óbvio: se você fere os filhos de alguém, eles
lutarão contra si até a morte, sem um momento sequer de dúvida. Quando
você chora os 4.400 veteranos americanos mortos, ou as centenas de
outros países, pense nisso. Eles não podem apontar para seus
comandantes, eles têm sua própria responsabilidade em não causar dano a
outros, e eles falharam em viver de acordo com isso. A qualquer momento,
diga a algum militar que você conhece para desertar quando ele tiver
oportunidade. Nunca é tarde demais para abandonar o mal.
E
esse mal infelizmente está solto por aí. Quando Israel bombardeou Gaza,
chamaram a isso "Operação Chumbo Derretido", uma descrição poética do
urânio empobrecido (o urânio é geralmente descrito como mais denso que o
chumbo, e é supostamente por isso que é usado). Quando os americanos
tomaram Faluja, denominaram a sua carnificina de Operação Fúria
Fantasma. Eu novamente chamaria isso de descrição poética do que fizeram
ao povo de Faluja. Os militares americanos estavam furiosos com a morte
de quatro dos seus guerreiros de elite, os contratados da Blackwater
cujos corpos foram pendurados numa ponte. Assim, desencadearam sua
"fúria fantasma". A radiação invisível que os sentidos humanos não podem
detectar, que destrói toda vida em que toca. Se o envenenamento de uma
cidade inteira com radiação não é uma forma de "Fúria Fantasma", então
eu não sei o que é.
Qualquer possibilidade de
reconciliação não é favorecida pela reação que eu vejo das pessoas na
Internet a essas histórias. "Uau, tudo isso por terem pendurado os
corpos queimados de contratados americanos nas pontes e os terem
profanado. Não sinto muito por eles". Foi o que uma pessoa respondeu.
Quando foram reveladas as notícias sobre uma epidemia de câncer no
sangue na Faixa de Gaza durante a Operação Chumbo Derretido, alguém
respondeu com: "Com um pouco de sorte eles param de se reproduzir na
faixa". O Dr. Daud Miraki postou algumas imagens de crianças nascidas no
Afeganistão e escreveu em um email para Jeff Rense sobre a resposta que
conseguiu: "Nos últimos dias, vivi no inferno recebendo emails podres e
cheios de ódio de algumas pessoas doentes e estúpidas na América. Elas
caçoam das crianças... e amaldiçoam o Islão, a mim e à minha família."
Não
sei que tipo de indivíduo doente diria coisas assim. Parecem ser
predominantemente aqueles no meio do espectro político, as pessoas que
acreditam que os Democratas e Republicanos lhes dão uma escolha, e que
acreditam no que vêem na TV.
Comunistas,
anarquistas, nacionalistas brancos, nacionalistas negros, islamitas,
todos estão chocados com o uso de urânio empobrecido e se opõem a isso.
Essas são as pessoas a quem a imprensa chama de extremistas, porque não
se enquadram na oposição controlada, e de quem somos ensinados a ter
medo. Ao contrário, as pessoas que encontro que ignoram ou, pior ainda,
encorajam esse genocídio são aquelas da corrente política majoritária.
Se existe alguém que eu tema, são aqueles na corrente política
majoritária, composta de pessoas assustadas demais para pensar por si
mesmas e que acham que nada lhes acontecerá se aplaudirem os que estão
no poder. São tais pessoas que tornam possível este genocídio.
Ver também:
Guerra do Iraque: Urânio empobrecido contamina a Europa, Leuren Moret
Urânio empobrecido, arma de extermínio da humanidade, Leuren Moret
Afeganistão: O pesadelo nuclear principia, Davey Garland
Uma questão de integridade, Doug Rokke, Ph.D.
Os bárbaros e os civilizados, Chandra Muzaffar
Forças israelenses utilizam armas mortais novas e desconhecidas, Prof. Paola Manduca
Gaza, campo de extermínio lento, Thabet El Masri
DU, o horror que o imperialismo espalha por todo o planeta, David Randall
O urânio e a guerra, John Williams
Queixa-crime contra o general Franks, Jan Fermon e Nuri Albala
A ciência ao serviço da guerra?, Rui Namorado Rosa
"Sangue nas suas mãos", John Pilger
O original encontra-se em: Fallujah: Anatomy Of An Atrocity
Tradução de RMP.
Este artigo, traduzido para o português, encontra-se em; Faluja: Anatomia de uma atrocidade
*GilsonSampaio
quarta-feira, setembro 19, 2012
Dilma e a tempestade no horizonte
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Se os republicanos voltarem ao poder nos EUA, a América Latina será varrida por uma onda de tentativas de golpes (“constitucionais” ou não) de Estado que buscará eliminar a independência política e econômica que, ao fim do século XX, fechou aos norte-americanos a porta do “quintal” onde colhiam boa parte dos lucros astronômicos que aprofundaram a desigualdade entre aquela nação e o resto do mundo.
Se os republicanos voltarem ao poder nos EUA, a América Latina será varrida por uma onda de tentativas de golpes (“constitucionais” ou não) de Estado que buscará eliminar a independência política e econômica que, ao fim do século XX, fechou aos norte-americanos a porta do “quintal” onde colhiam boa parte dos lucros astronômicos que aprofundaram a desigualdade entre aquela nação e o resto do mundo.
Com Obama no poder, há hoje certo recato dos EUA em promover derrubada de governos em democracias mais estáveis como a brasileira, a venezuelana ou a argentina, ainda que democracias em estágio menos adiantado, como a paraguaia ou a hondurenha, já tenham tombado por ação ou omissão dos setores ultraconservadores que os democratas norte-americanos mantém na inteligência e nas forças armadas, entre outros setores.
Ao golpismo brasileiro ainda falta o apoio decidido e garantido do grande irmão nortista. Agora, porém, imagine, leitor, se os setores que estão tentando criminalizar centenas de milhares de adversários políticos com o julgamento do mensalão pudessem contar com o incentivo e o apoio propagandístico e diplomático dos Estados Unidos…
O último fim de semana marcou uma nova etapa do processo desencadeado a partir da subida do julgamento do mensalão à agenda política do país. A acusação da revista Veja a Lula através de uma matéria obscura, cheia de furos e desmentidos – e, ainda assim, comprada acriticamente, até aqui, pelos maiores jornais do país e pela oposição demo-tucana – mostra que uma tempestade político-institucional se avizinha.
Os setores politizados da cidadania que simpatizam com o projeto político-administrativo que venceu eleições em 2002 e não parou mais – e que, hoje, conta com o apoio decidido da esmagadora maioria dos brasileiros, conforme as pesquisas de opinião – estão sendo literalmente acusados por um dos muitos casos de corrupção que envolvem a qualquer grupo político.
Este blogueiro, bem como milhares de leitores desta página, em algum momento certamente já foram acusados pelo que pesa contra algumas dezenas de réus do julgamento do mensalão. Um dos pistoleiros recrutados pelos impérios de comunicação alinhados ao projeto conservador escreve, sem parar, livros que disseminam a tese da corrupção coletiva dos seus adversários políticos.
O maior líder político brasileiro, agora mesmo, é acusado de crimes gravíssimos por grandes meios de comunicação sem que nenhuma prova seja apresentada além da palavra dos acusadores, e um julgamento complexo na Suprema Corte, até aqui maculado por decisões inéditas em termos de severidade e de critérios, é vendido como julgamento de mais de um milhão de militantes políticos.
O julgamento do mensalão está muito longe de ser apenas um processo judicial. É um processo absolutamente político que, para inquietação da democracia brasileira, conta com a conivência da mais alta magistratura nacional, pois seu uso político, inclusive no processo eleitoral, vem crescendo junto a um noticiário formatado para estender a candidatos que nada têm que ver com o julgamento a responsabilidade que pesa sobre os réus oficiais.
Só para não ficar sem exemplo: o candidato a prefeito de São Paulo José Serra está acusando formalmente seu principal adversário hoje, Fernando Haddad, pelo que pesa contra o mal-chamado “núcleo político” do processo do mensalão. Ou seja: com o apoio de grandes meios de comunicação, entre os quais concessões públicas de rádio e televisão, Haddad se torna o 39º réu daquele processo.
Haddad, pois, é apenas um exemplo de todos os outros candidatos do PT que estão sendo relacionados pela mídia e pelos partidos de direita a um escândalo com o qual não têm relação alguma.
Em uma democracia que funcionasse normalmente, a peça de Serra envolvendo o adversário político em um processo com o qual nada tem que ver seria motivo, ao menos, de suspensão e de concessão de direito de resposta do atingido no horário eleitoral do agressor. Em vez disso, a Justiça Eleitoral pune a campanha de Haddad por contar a verdade, que o tucano descumpriu promessa de não deixar o cargo de prefeito para o qual se elegeu em 2004.
Ainda que, de uns tempos para cá, militares de alta patente não tenham mais dado declarações de viés golpista – que, até há pouco, davam sem parar – ameaçando derrubar o governo, um eventual “sinal verde” da máquina de guerra norte-americana, nos moldes do sinal que foi dado em 1964, bastaria para desencadear um golpe a partir de alguma chicana jurídica como a do mensalão.
A permeabilidade da Justiça brasileira à pressão dos meios de comunicação, por sua vez, permite acreditar que qualquer iniciativa que vise derrubar o governo a partir de alguma denúncia sem provas pode prosperar naquele Poder. Não se pode esquecer que é da Procuradoria-Geral da República a atribuição de processar o presidente – ou a presidenta – da República no Supremo Tribunal Federal…
As forças políticas que se opõem a rupturas institucionais, por sua vez, estão divididas, como sói acontecer com a esquerda desde sempre. Os setores mais ideológicos, como PSOL ou PSTU, formaram um núcleo que não faz distinção entre a centro-esquerda e a direita, atuando, muitas vezes, como linha auxiliar desta. Os sindicatos, há pouco, quase chegaram às vias de fato com o governo petista.
O principal aliado do PT no Congresso, o PMDB, comporta-se, muitas vezes, como adversário. Na CPI do Cachoeira, o partido do vice-presidente Michel Temer serviu de blindagem do esquema Veja-Cachoeira, cujas evidências já chegam a gravações de propostas criminosas de jornalista daquela publicação ao chefe criminoso goiano.
O conluio que vai se formando contra o Partido dos Trabalhadores e o governo Dilma Rousseff, pois, é composto pelo que há de mais experimentado em termos de violação da democracia. Os meios de comunicação que se aliaram à direita têm longa trajetória de atentados contra a vontade popular expressa por eleições, e se mostram dispostos a usar know-how que o país bem conheceu nos idos de 1964.
*AltamiroBorges
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