Nunca
esteve tão clara a situação da eleição em São Paulo: mesmo que Serra,
ajudado por todos os barões da mídia – que, aliás, são os únicos
entusiastas de sua campanha – conseguisse o milagre de passar ao segundo
turno, perderia a eleição. Russomanno começaria a finalíssima com a
vantagem da inacreditável taxa de 46% de rejeição que Serra carrega nas
costas. Situação ideal para um apresentador de TV premiado com a
inesperada primeira colocação na preferência do eleitorado paulistano,
não é mesmo? Russomanno se safaria de ter que enfrentar um ex-ministro
do tamanho de Haddad. Não teria que apresentar o inconsistente, senão o
inexistente, Programa de Governo que nunca imaginou vir a precisar
realmente em sua aventura eleitoral.
Com Russomanno e Serra, a eleição se resumiria em escolher entre o
incapaz e o inútil. Seriam o anti-Serra versus o anti-Russomanno. E
ninguém a favor de São Paulo. Eleito, o anti-Serra abriria todas as
portas para o ingresso dos evangélicos na antesala do poder em São
Paulo. E isso seria só o começo para eles. Porque os pastores não perdem
tempo com “picuinhas partidárias entre tucanos e petistas”. Vão direto
ao bolso do fiel que paga para sentir a fé.
Precisa desenhar? Na reorganização das forças, no segundo turno, só
Haddad teria chances de vencer Russomanno. Até a Soninha, amiguinha do
peito de Serra, se antecipou e declarou ao vivo, no último debate, na TV
Gazeta, que vota em Haddad no segundo turno.
Diante de Russomanno, Haddad se agiganta a tal ponto que o tempo na TV –
que passa a ser igual para os finalistas – pode se tornar um incomodo
para seu adversário. Explico: é muito espaço de tempo para alguém tão
pequeno como Russomanno. Além de não ter muito a dizer, morre de medo de
morder a língua.
Serra está num processo de falência múltipla acelerada. Como político e
como candidato. Fora o Datafolha que inverte o resultado na margem de
erro para manter seu candidato artificialmente vivo, as pesquisas do
Ibope e do Vox Populi já mostraram que Serra não consegue reverter seu
declínio. Seria menos humilhante para seu final de carreira se deixasse a
eleição já no primeiro turno, à francesa, e fosse aguardar a instalação
da CPI da Privataria Tucana – o verdadeiro último capítulo de sua sua
biografia – já na horizontal…
Com Serra fora, o PiG e a direita perdem, é verdade. Mas se Russomanno
for eleito, São Paulo e TODOS seus habitantes perdem mais ainda.
Curioso… Até hoje o PiG nunca deixou de ter candidato próprio nos
segundos-turnos mais importantes. Sempre que ficava apertado, arranjavam
alguma fraude jornalística para prejudicar seus adversários nos últimos
dias, quando a campanha já estava encerrada e não havia como se
defender de seus ataques. Será que desta vez vão pro brejo mais cedo? E
sendo assim, vão preferir apoiar Russomanno e sacrificar Sampa por mais
quatro anos só para não entregar a cidade ao “inimigo” petista? A ver.
Por outro lado, mais do que medir as preferências do paulistano, o
último Datafolha trouxe informações importantes escondidas em seus
números: o julgamento do chamado mensalão do PT ainda não frutificou
como planejaram os golpistas e o STF. Além de ser inconstitucional, o
linchamento público que promovem não está colando na população. Deve ser
porque tem cheiro de mofo. Coisa que ficou para trás, num outro Brasil.
Um Brasil que não deixou saudades.
Quanto a Serra, só terá um novo mandato para qualquer cargo público se for nomeado. Seja por um civil, seja por um militar…