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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, outubro 03, 2012
Convocação para ato contra Russomanno se espalha pelas redes sociais
Uma
manifestação anti-Celso Russomanno (PRB) está sendo organizada por meio
de redes sociais para acontecer na próxima sexta-feira na Praça
Roosevelt, região Central da cidade.
Ontem, Poder Online observou
que um militante petista presente ao ato de intelectuais por Fernando
Haddad (PT) carregava o cartaz de convocação colado em sua camiseta
(foto).
Entretanto,
nas redes sociais, não há nenhuma referência que indique que a
convocação tenha ligação com qualquer partido político.
Até a
madrugada desta quarta-feira, mais de 1.500 pessoas haviam confirmado
presença somente no facebook, plataforma em que foram distribuídos mais
de 35 mil convites. A imagem do convite foi compartilhada por mais de 2
mil perfis.
Também há convocações no instagram e twitter.
*Mariaapenhaneles
terça-feira, outubro 02, 2012
A ditadura militar acabou, mas ainda é uma ferida aberta para Milton Nascimento.
Via fôia ditabranda
Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira
ELEONORA DE LUCENA
"Fui
proibido de ver o meu filho. Se eu me encontrasse com ele, falavam que
iam matá-lo. Fiquei quase 20 anos [sem vê-lo]", conta. "Ninguém
entendia. Mas eu não podia falar com ninguém. Eles queriam me maltratar.
Se eu falasse com alguém --não sei como ficavam sabendo--, ameaçavam
aquela pessoa. Fiquei calado muito tempo. Comecei a beber".
Milton faz o desabafo à Serafina
em sua casa incrustada num morro na Barra da Tijuca, no Rio. Seu filho,
Pablo, nascido há 40 anos, é fruto do relacionamento com a socialite
paulistana Káritas. O músico conta que foi ameaçado por Erasmo Dias
(1924-2010), então secretário de Segurança de São Paulo.
Mas
não quer aprofundar o assunto. Acha perigoso, teme represálias. "A
situação melhorou. Mas o pessoal [que o ameaçou] ainda está aí, vivo.
Prefiro deixar a coisa passar mais um pouco para poder falar sobre
tudo", afirma.
Milton fala que parou de beber
num dia que viu pessoas bonitas e alegres na praia. "Falei: essa coisa
não merece que eu me mate. Parei de beber e fiquei três dias na cama.
Até que sentei, vi que não estava tremendo nem tonto. No dia seguinte,
fui dirigindo para Três Pontas", recorda.
A
história de Milton durante a ditadura também teve censura e racismo. O
seu "Milagre dos Peixes" (de 1973, que contém a música "Pablo") virou um
disco quase instrumental depois da tesoura imposta. "Era muito
perseguido. Fui chamado várias vezes", diz.
Murillo Meirelles
Às vésperas de completar 70 anos, Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira
Numa
delas, agentes do Dops queriam que ele desmentisse uma declaração sobre
racismo. Milton tinha visto a filha do músico Paulo Moura ser barrada,
por ser negra, em um clube em Copacabana. Protestou e denunciou à
imprensa.
"Diziam que no Brasil não tinha
racismo. Não desmenti porque estava do lado da menina, vi tudo". Ele
próprio foi barrado. "Em muitos lugares não me deixavam entrar por ser
negro", afirma.
Filho de uma empregada
doméstica, Milton nasceu no Rio em 26 de outubro de 1942. Sua mãe
biológica morreu de tuberculose quando ele tinha menos de dois anos. O
pai ele nunca conheceu.
Órfão, foi adotado pela
filha recém-casada da família da casa onde sua mãe trabalhara. Mudou-se
com os novos pais para Três Pontas, Minas.
"Minha mãe [adotiva] sofreu muito. Ela casou com um cara e dois meses depois apareceu com um filho negro".
Aos quatro anos, recebeu de sua madrinha seu primeiro instrumento: uma sanfona, relíquia que guarda até hoje.
Milton
estudou contabilidade no segundo grau e desistiu do vestibular para
economia. Queria ser músico e astrônomo. "Não tinha faculdade de
astronomia em Belo Horizonte. Então continuei só com a música". Mas
mantém, até hoje, um telescópio no Rio e outro em Três Pontas.
O
caminho da música não foi fácil. O final dos anos 1960, em São Paulo,
ele lembra como uma época triste. "Não era chamado para nada".
É TUDO VERDADE
Foi
quando teve uma experiência num centro espírita. Relata ter visto uma
"entidade" em 1967. "Ela falou que eu não podia ser triste porque muita
gente ia precisar de mim. Disse que em tantos dias iria acontecer uma
coisa que eu nem iria acreditar. E em tantos dias eu estava no
Maracanazinho defendendo 'Travessia'", afirma.
Hoje,
acredita "em tudo". Além do espiritismo, já teve contato com o
candomblé. "Fui criado na religião católica. Era coroinha, um dia
briguei com o padre e resolvi não seguir mais o catolicismo", explica.
O
rompimento precoce não impediu que, mais tarde, ele realizasse a "Missa
dos Quilombos" (1982), com dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra,
tratando de escravidão e preconceito. As temáticas la tino-americanas,
dos povos indígenas e da ecologia passaram a ser objeto de sua criação.
Milton
está comemorando 50 anos de carreira e 40 do Clube da Esquina, o
movimento mineiro que embalou gerações. Voz da campanha das Diretas
("Menestrel das Alagoas", 1983), fez campanha por Tancredo Neves. Hoje
quer distância da política.
Mas confia muito em
Dilma. Há pouco tempo, localizou numa foto antiga a moça que viria a se
tornar presidente. "Ela era muito ligada. A gente se reunia, ia aos
bares".
E gosta de namorar. Mas está sozinho no
momento. "Agora, estou viajando. Mas não posso viver sem namorar. Não
posso, nem quero", fala.
E encara com naturalidade rumores sobre sua homossexualidade. "Não ligo para isso. Acho que ninguém tem nada a ver com nada".
Em
1989, Milton compôs a música "River Phoenix (Carta a um Jovem Ator)" em
homenagem ao jovem loiro e bonito que descobriu quando via filmes na TV
em um hotel em Nova York em 1988. Tornaram-se amigos e trabalharam
juntos no álbum "Txai" (1990). River veio ao Brasil em 1992, um ano
antes de sua morte.
Neste ano, Milton já
escreveu sete letras (uma delas em homenagem a Portinari). Em 2013, sai
um novo CD. E ainda esse ano, um DVD. Continua com o pé na estrada. É
fazendo shows que ganha dinheiro. "Gosto de viajar." Os namoros ficam
para depois.
Ver também
Verdade para todos
*Gilsonsampaio
Confirmado o PSDB é o partido mais sujo do Brasil
Análise dos 317 políticos brasileiros que foram impedidos de se candidatar pela lei Ficha Limpa traz uma descoberta interessante:
o PSDB é o partido político mais sujo do Brasil. E os canalhas ainda falam mal do PT.
Veja o ranking
Os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) barraram até agora a candidatura a prefeito de 317 políticos com base na Lei da Ficha Limpa, de acordo com levantamento feito nos 26 Estados do país.
O número deve aumentar, já que em 16 tribunais ainda há casos a serem julgados. Entre esses fichas-sujas, 53 estão no Estado de SP.
Na divisão por partido, o PSDB é o que possui a maior “bancada” de barrados, com 56 candidatos –o equivalente a 3,5% dos tucanos que disputam uma prefeitura.
O PMDB vem logo atrás (49). O PT aparece na oitava posição, com 18 –1% do total de seus postulantes a prefeito. Todos os candidatos barrados pelos tribunais regionais podem recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A presidente do tribunal, Cármen Lúcia, já disse que não será possível julgar todos os casos antes das eleições, mas sim até o final do ano, antes da diplomação dos eleitos.
Os nomes barrados pelos TREs irão aparecer nas urnas eletrônicas, mas todos os seus votos serão considerados sub judice até uma eventual decisão no TSE. Exemplo: se o ficha-suja tiver mais votos, mas seu recurso for rejeitado, assume o segundo colocado na eleição.
Entre os barrados, destacam-se o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti (PP-PE) e a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR-RJ). Severino tenta se reeleger prefeito de João Alfredo (PE) e foi enquadrado na lei por ter renunciado ao mandato de deputado federal, em 2005, sob a acusação de ter recebido propina de um concessionário da Câmara.
Já Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos (RJ), teve o registro negado sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação durante as eleições de 2008.
A maioria dos barrados foi enquadrada no item da Lei da Ficha Limpa que torna inelegível aqueles que tiveram contas públicas rejeitadas por tribunais de contas.
De iniciativa popular, a lei foi sancionada em 2010, mas só passa a valer na eleição deste ano. A lei ampliou o número de casos em que um candidato fica inelegível –cassados, condenados criminalmente por colegiado ou que renunciaram ao cargo para evitar a cassação.
“A lei anterior era permissiva demais”, disse Márlon Reis, juiz eleitoral e um dos autores da minuta da Ficha Limpa. Para André de Carvalho Ramos, procurador regional eleitoral de São Paulo, os próprios partidos vão evitar lançar fichas-sujas.
#NOFRONT
*cutucandodeleve
Rapper Emicida protesta contra personagem do "Zorra Total"
O ator Rodrigo Sant'anna no papel de Adelaide, do "Zorra Total
"O rapper paulistano Emicida estava voltando do
jantar, no último sábado (29), quando deu de cara com Adelaide,
personagem do "Zorra Total", na televisão da van.
Indignado, publicou uma carta no Facebook sobre a "desvalorização da mulher preta" e a "ditadura eurocêntrica de beleza".
"Estamos em um momento delicadíssimo na história do
Brasil. Discute-se sobre o racismo na obra de Monteiro Lobato, cria-se
um plano de prevenção a violência contra a juventude negra, porém um
ataque contra a etnia que mais trabalhou por este país passa
despercebido desta forma, como uma piada, o mesmo tipo de piada que foi
hospedeira durante todos estes séculos da doença que é o racismo",
disse.
Adelaide, interpretada pelo ator Rodrigo Sant'Anna, é
uma mulher negra e pobre, que circula pelo corredor do metrô com seu
"tablet", pedindo "50 centarru, 25 centarru, dez centarru" aos
passageiros. Para viver a personagem, cujo bordão é "a cara da riqueza",
o humorista escurece a pele com maquiagem. Ele também usa um nariz
falso e uma prótese na boca sem os dentes da frente.
Recentemente, entrou em cena também Brit Sprite, a filha de Adelaide, vivida pela atriz Isabelle Marques.
"Deixo aqui meu desprezo a este 'humorista' que
aproveita-se da triste situação em que esta sociedade doente colocou
nossas mães/irmãs/esposas/amigas. E maior ainda é minha tristeza com
nossos irmãos pretos/brancos/índios que não conseguem identificar
tamanha violência racial adentrando suas casas", finaliza o rapper. A
íntegra da declaração está no final do texto.”
Foto: Matheus Cabral/TV Globo
do blog Brasil!Brasil!
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