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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, dezembro 10, 2012
A.p.C./D.p.C.: ser politicamente correto ou troglodita, eis a questão
Virou modinha entre os reaças criticar o politicamente correto, como se fosse tolhedor da liberdade de expressão, censura disfarçada ou simplesmente coisa de gente chata. Associado ao pensamento de esquerda desde seus primórdios, o conceito de “correção política” foi defendido na década de 1970 pelo movimento negro nos EUA, mas só ganharia força no mundo a partir dos anos 1980. Até então, não havia limites para a falta de educação e o desrespeito com o próximo: tudo era permitido.
Depois que o politicamente correto surgiu, passamos a ser menos cruéis, ficamos mais sensíveis às dores de nossos semelhantes e mais cuidadosos para não feri-los com palavras. Correção política não é sinônimo de censura, mas de polidez, de boa educação, de respeito. Muitos dos que chamam o politicamente correto de chato, no entanto, aparentemente se esquecem (ou preferem esquecer) de como era antes. Eu relembro:
ApC: pessoas com deficiência eram chamadas de aleijados, pernetas, manetas, cotós e outras expressões alusivas ao problema.
DpC: pessoas com deficiência são chamadas de pessoas com deficiência ou de cadeirantes.
ApC: pessoas com síndrome de Down eram chamadas de mongóis ou mongolóides.
DpC: pessoas com síndrome de Down são chamadas de pessoas com síndrome de Down.
ApC: pessoas com deficiência mental eram chamadas de retardadas, abobalhadas, abestalhadas, debilóides.
DpC: pessoas com deficiência mental são chamadas de pessoas com deficiência intelectual.
ApC: piadas racistas eram consideradas inofensivas e eram amplamente toleradas até mesmo na televisão e no cinema, e inclusive diante dos próprios negros. Piadas com deficientes, idem.
DpC: piadas racistas são consideradas ofensivas e causam constrangimento às pessoas em geral, particularmente entre os negros –em alguns casos, podem ser razão de processo. Igualmente entre os deficientes.
ApC: em brigas no trânsito, era comum xingar o opositor com ofensas alusivas à sua orientação sexual ou à raça.
DpC: cenas assim já não são tão comuns (ou não deveriam ser), primeiro porque racismo é crime desde 1985 e a homofobia vai pelo mesmo caminho.
ApC: brincadeiras, piadas e apelidos vinculados à orientação sexual alheia eram tolerados e estimulados nas relações sociais e mesmo no ambiente de trabalho.
DpC: brincadeiras, piadas e apelidos inspirados pela orientação sexual alheia são considerados ofensivos em qualquer ambiente.
ApC: ser machista era considerado uma qualidade masculina, praticamente uma condição inerente ao homem heterossexual.
DpC: ser machista é considerado um defeito do homem, algo anacrônico e cafona.
ApC: era considerado superengraçado tirar sarro da aparência das pessoas: gorda, magra, alta, baixa, tudo era razão para apontar o dedo e rir.
DpC: tirar sarro da aparência das pessoas não tem a menor graça e tem até nome: bullying.
ApC: era normal chamar nordestinos de “baianos” (em SP) e “paraíbas” (no Rio), assim como associar comportamentos tolos ou de mau gosto a nordestinos: “coisa de baiano”; “coisa de paraíba”. Algo semelhante ocorria no exterior: os espanhóis, por exemplo, chamavam pejorativamente os sul-americanos de “sudacas”; nos EUA, os latinos eram “cucarachas”.
DpC: não é mais normal ser preconceituoso com nordestinos ou latino-americanos.
ApC: éramos trogloditas.
DpC: evoluímos – muito embora alguns ainda prefiram continuar a ser trogloditas.
*Socialistamorena
Dilma: entrega de 1 milhão
de casas é histórica
“Sem o Minha Casa Minha Vida, eu tenho
certeza, muitas dessas famílias ainda estariam morando de aluguel,
morando em lugares muito precários ou até morando de favor na casa de
parentes”
Entrega de 1 milhão de casas é momento histórico para o país, afirma Dilma
No programa Café com a Presidenta desta segunda-feira (10), Dilma Rousseff falou da entrega de 1 milhão de casas pelo Minha Casa Minha Vida, classificada por ela como um “momento histórico para o país e uma mudança na vida das pessoas, brasileiros e brasileiras, que recebem sua moradia própria”. Dilma ainda lembrou que mais da metade dessas unidades habitacionais foram entregues para famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil.
“Sem o Minha Casa Minha Vida, eu tenho certeza, muitas dessas famílias ainda estariam morando de aluguel, morando em lugares muito precários ou até morando de favor na casa de parentes. Esse programa, está transformando a vida das pessoas, porque é na nossa casa que nós criamos os filhos, nós recebemos os amigos, nós desenvolvemos os laços afetivos, nós nos sentimos seguros e protegidos. Enfim, construímos aquilo que se chama lar”, afirmou.
A presidenta também destacou a meta de contratar, até 2014, 3,4 milhões de casas, faltando, agora, 1,4 milhão de casas. Segundo explicou Dilma, o Minha Casa Minha Vida atende as famílias que ganham até R$ 5 mil por mês, com regras diferentes para cada faixa de renda. Para quem ganha até R$ 1,6 mil, por exemplo, o governo paga 90% do valor da casa e a prestação não ultrapassa 5% da renda da família, ou R$ 25, no mínimo.
“Você se lembra que muita gente duvidava do programa quando lançamos lá em 2009, ainda no governo do presidente Lula, o Minha Casa Minha Vida. Pois é. Mas nós conseguimos contratar, construir e entregar as casas. Além de realizar o sonho da casa própria para milhões de famílias, os investimentos que fazemos na construção das moradias movimentam a economia e geram emprego e renda para milhões de brasileiros”, completou.
*PHA
Golpistas do Supremo atraem partidos reacionários sem voto
Gilmar Mendes foi convidado a se filiar ao DEM
-
O senador Júlio Campos (MT) convidou o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Gilmar Mendes a se filiar ao DEM e concorrer ao governo do
Mato Grosso em 2014, informa a coluna Panorama Político, de Ilimar
Franco, publicada neste domingo no Globo.
Campos relatou à Executiva do partido que tinha feito o convite e que ele fora bem recebido pelo ministro:
- Ele me respondeu: ‘Já fiz de tudo nesta vida. Já fui presidente do STF. Quem sabe?’.
Gilmar
Mendes nasceu em Diamantino, no Mato Grosso. No final de novembro, o
colunista Ancelmo Gois publicou que, com o STF em alta, havia partidos
políticos sonhando com o passe de ministros da Corte. No PV e no PSB, o
alvo seria Carlos Ayres de Britto; no PSOL, Joaquim Barbosa, atual
presidente do Supremo.
No Esquerdopata
Argentina ou Clarintina
Via Rebelion
Aram Aharonian
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
No
embate pela democratização das comunicações argentinas, ao qual se
acrescentou a corporação judicial abertamente a favor dos grandes grupos
econômico-midiáticos, o oligopólio Grupo Clarín conseguiu uma
prorrogação da medida cautelar graças à qual continuará isento de
adequar-se às disposições e limites da Lei de Serviços de Comunicação
Audiovisual sancionada há três anos. Essa nova legislação prevê que uma
pessoa ou empresa pode possuir 24 sistemas de comunicação por cabo, 10
licenças de radiodifusão, - sejam de radio FM, AM ou televisão aberta -,
e um sinal de conteúdos (canal a cabo). O Grupo Clarín detém 250
licenças.
A decisão cautelar vencia no dia 7 de
dezembro, segundo a Corte Suprema tinha estabelecido no mês de maio
passado, quando assinalou que, até aquele momento, o Clarín não tinha
demonstrado que houvesse sido violado algum direito essencial, como a
liberdade de expressão, e que por isso o expediente aparecia como uma
questão de natureza meramente “patrimonial”. Uma questão patrimonial
pode ser resolvida mais tarde com uma reparação econômica. A violação de
um direito básico, não. Contudo, a Sala 1 da Câmara Cível e Comercial
decidiu, na 5a. feira, 6 de dezembro, que continue vigente
“até que a sentença definitiva da causa seja ditada”. Ou seja, ela cairá
quando o juiz de 1ª instância Horácio Alfonso defina a validade
constitucional dos artigos da norma que obrigam a desfazer-se das
licenças de rádio e televisão e que definem os parâmetros da
concentração de meios.
A Câmara argumentou que a
situação mudou em relação à seis meses atrás, quando a Corte se
pronunciou para advertir que não se devem prorrogar as medidas
cautelares indefinidamente por que elas terminam se transformando em
sentenças antecipadas. A Câmara assinalou que uma decisão do juiz
Alfonse sobre a questão de fundo já é eminente, por que assim o exigem
as diretivas supremas.
Para os integrantes dessa
Câmara, levantar a cautelar “quando ainda não está dirimida a
impugnação constitucional” apresentada pelo Clarín contra a “obrigação
de desinvestir(...) causaria um prejuízo irreparável” se a decisão final
fosse favorável à empresa, que se veria na obrigação de ter que ceder
parte de seu patrimônio.
O titular da Autoridade
Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual, Martin Sabbatella,
considerou “uma vergonha” a decisão da Câmara Civil e Comercial. “Isso
demonstra claramente que essa Câmara termina sendo a equipe jurídica do
grupo empresarial Clarín(...). Há uma parte da justiça argentina que não
está preparada para enfrentar as corporações, porque está colonizada e
responde a esses interesses corporativos”, advertiu.
Sabbatella
ressaltou que “é uma barbaridade que uma lei aprovada pelo Congresso
por ampla maioria fique travada por uma manobra”. A decisão da Câmara
Civil e Comercial está assinada pelos juízes Maria Susana e Francisco de
Las Carreras, sobre quem pesa uma denúncia penal e outra no Conselho da
Magistratura, por ter viajado a um congresso em Miami organizado pela
Certal, uma associação que tem entre seus membros diretores do grupo
Clarín. Segundo Sabbatella, essa situação “demonstra que os juízes que
viajam a Miami financiados pelo Clarín terminam transformados em membros
da sua equipe jurídica.
A sentença da Câmara
prorroga a cautelar até que o juiz de primeira instância Horácio Alfonso
resolva a questão de fundo, desconhecendo assim o critério de
“razoabilidade” apresentado pela Corte Suprema, que fixou o dia 7 de
dezembro para sua finalização. É mais grave ainda que a Câmara tenha
opinado que o Clarín poderia ter um ano mais para adequar-se à lei após a
sentença de fundo.
Para que todos tenham as
mesma oportunidades, a Autoridade Federal anunciou que prorrogará a
resolução 901 do organismo, que amplia os prazos de adequação para o
resto dos grupos de meios, até quando o principal ator do mercado, o
Grupo Clarín comece seu processo de adequar-se ao disposto pela lei.
Sem
dúvida, a concentração dos meios de comunicação por parte de um pequeno
número de empórios econômicos se transformou numa das principais
ferramentas do neoliberalismo para o controle ideológico das sociedades.
Antes, necessitavam das forças armadas, hoje lhes basta o controle dos
meios de comunicação de massa.,
A esse problema,
acrescenta-se a impunidade para manipular e esconder de seus acionistas
todos os seus interesses econômicos e políticos. Tudo isso é mostrado
por eles como uma defesa da liberdade de expressão, transformando esse
princípio democrático em uma cartada para seu domínio e o atropelo do
direito cidadão de informar e ser informado.
Argentina ou Clarintina?
*GilsonSampaio
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