A INQUESTIONÁVEL LIDERANÇA DE JOSÉ DIRCEU
CHICO VIGILANTE
Doa a quem doer, Dirceu continua exercendo o papel de líder das esquerdas no país, lotando auditórios e arrancando aplausos num discurso objetivo e certeiro
Quando a oposição, mancomunada com setores da grande imprensa e do
Judiciário, montaram o palco e as luzes que justificariam a condenação
do ex-ministro José Dirceu, mesmo sem provas concretas, eles sabiam,
exatamente, o que estavam fazendo.
Estavam tirando de campo a maior liderança política deste país dentro do
PT e tentando ferir de morte a imagem do ex-presidente Lula e de seu
partido. Estavam mirando não apenas as eleições de 2014 mas o futuro do
comando do Brasil nas próximas décadas.
A intenção da oposição é clara: querem destruir o legado Lula, voltar a
ter no poder uma elite que governa para as elites e não mais uma gestão
voltada para a defesa da classe trabalhadora, sua organização,
conscientização e desenvolvimento. E, obviamente, pretendem destruir
tudo o que a conscientização e a organização da sociedade
espontaneamente geram em benefícios para o país.
O discurso de Zé Dirceu, na terça feira, dia 5, para uma calorosa
platéia de mais de 700 pessoas na Câmara Legislativa, era calmo e
reflexivo. Sua voz tinha o tom daqueles que não precisam gritar ou usar
frases de efeito para convencer. Em nenhum momento se lastimou. Suas
palavras eram certeiras: analisava o passado e o presente, e previa o
futuro.
“O PT deve se preparar para travar uma luta séria. Teremos duros anos
pela frente. A direita começa a radicalizar a luta política neste país. O
julgamento da ação 470 às vésperas do 2º turno das eleições não tinha a
intenção, de forma alguma, de fazer justiça mas sim de inviabilizar a
liderança do PT, colocar na balança a liderança do nosso partido. Isso
ficou muito claro para mim“, disse Dirceu.
Faço minhas as palavras do companheiro Dirceu: discutir em todo o
Brasil, divulgar e propagar o legado de Lula é uma de nossas tarefas
prioritárias hoje. Realizar seminários para discutir o papel do partido e
seu programa para a Nação, juntamente a uma ampla campanha de filiação e
qualificação de seus dirigentes. Suas sedes devem ser espaços culturais
onde se discute os rumos do partido que representa hoje 25% dos
brasileiros.
Todos nos lembramos do que significava ser petista na década de 1980.
Lutamos contra a ditadura, rompemos barreiras de todas as espécies. A
construção do PT foi democrática. O partido alargou a democracia,
fortaleceu os sindicatos, a participação popular, o controle social, a
participação da sociedade nos órgãos estatais.
Realizamos conferências em todo o país para discutir políticas públicas
sobre saúde, educação, pelo direito à terra, por um desenvolvimento
social igualitário e justo. Quando chegamos ao poder já tínhamos 20 anos
de contatos com os sindicatos, as universidades, os movimentos sociais,
a sociedade.
Foi nestes contatos que o PT construiu seu programa. Plagiando meu
companheiro Zé Dirceu, reafirmo: “não inventamos um programa para
governar o Brasil. Ele foi forjado com experiência, suor e lágrimas.
Fizemos isso para que pessoas vindas da classe trabalhadora pudessem ser
deputados, senadores, governadores, presidentes da república. Para
provar que podiam governar melhor que as elites dominantes até então“.
Ao assumir o governo em janeiro de 2003, Lula disse que tínhamos que
colocar o povo dentro do Brasil e o Brasil dentro do mundo. E isso
aconteceu. Hoje, mais do que nunca, o povo brasileiro tem orgulho de ser
brasileiro. Demos um grande passo no sentido de crescer ao mesmo tempo
em que lutamos contra a desigualdade social e a miséria. Crescemos e
dividimos o bolo. Esta foi uma mudança política e acima de tudo uma
mudança cultural.
Passamos a governar democraticamente. O Estado passou a servir ao povo, a
poupança pública direcionada para o desenvolvimento do país, passou a
financiar infraestrutura, reforma agrária, agricultura familiar,
habitação para aqueles que nem ousavam sonhar com uma moradia própria.
São conseqüências dessa mudança cultural e política, todos os resultados
visíveis ao compararmos índices do governo FHC e Lula. A taxa de
desemprego caiu de 10,5% para 4%; o salário mínimo passou de U$ 56 para
U$306; o número de empregos formais subiu de 5 milhões para 17 milhões;
nossas reservas internacionais passaram de 16 para 372 bilhões. O Brasil
de hoje é claramente um outro Brasil.
Qual será o nosso grande desafio para os próximos anos? Dirceu responde:
dialogar, convencer, mostrar à juventude e à sociedade que nós
governamos a favor da maioria deste país. Construir uma consciência
cidadã que sustente estas transformações. Nossos inimigos estão tentando
desconstruir o que fizemos. Esse é o principal entrave.
O que a direita quer é convencer a sociedade, por meio de aparelhos
culturais que não mostram a realidade, principalmente a grande imprensa,
que somos uma continuidade do governo FHC. Nunca fomos tão diferentes.
Em resumo, o recado do companheiro Zé Dirceu, dito com a tranquilidade
dos sábios e líderes, é que todas as ações da oposição destinam-se a
impedir a continuidade do projeto petista de mudanças apoiado pelo povo
brasileiro. Mas a direita não perde por esperar. Estamos preparados,
militantes do PT, movimentos sociais, e outras forças progressistas
para defender com unhas e dentes o rumo que o Brasil conquistou.