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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, maio 04, 2013
José Ibrahim, grande líder da greve insurrecional de Osasco de 1968, revolucionário brasileiro
José Ibrahim, grande líder revolucionário brasileiro
Faleceu ontem José Ibrahim, o
grande líder da greve insurrecional de Osasco de 16 de julho de
1968. Ibrahim foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
Osasco e Região aos 21 anos de idade. Aqueles que com ele conviveram,
o apresentam como um líder e um articulador nato, um sujeito
extremamente inteligente e com muita disposição de luta. A greve de
Osasco de 1968 possuiu caráter insurrecional, nesta se cidade foi
possível se articular a tão esperada união operário estudantil,
aos moldes do que se observou no maio francês.
Os bons contatos de
Ibrahim garantiram apoio a greve em toda grande São Paulo e Baixada
Santista, uma vez a greve estabelecida em SP, o passo seguinte seria
espraiá-la ao Rio de Janeiro e Minas Gerais, com apoio da UNE e
UEE´s. Contudo, o serviços de informações da ditadura cedo se
deram conta do potencial do movimento, e em poucas horas dissolveram
a greve.
O centro do movimento foi a empresa Cobrasma, maior da
cidade, com mais de 2 mil operários, nesta empresa se constitui uma
comissão de fábrica, construída por militantes operários
católicos e comunistas, estes tendo Ibrahim como maior organizador.
A comissão de fábrica de Osasco foi a mais bem sucedida experiência
desse gênero desenvolvida no Brasil.
Ibrahim agia em conjunto com um
grupo de jovens militantes (todos na faixa dos vinte anos) que ficou
conhecido como Grupo de Osasco. Este grupo, até a greve de julho e o AI-5,
controlava o sindicato dos metalúrgicos local, o CEO (Círculo
Estudantil de Osasco), todos os grêmios de colégios, uma série de
associações de bairro, o grupo também contava com três vereadores
aliados e diálogo junto a prefeitura local.
O Grupo de Osasco
organizou cursos de marxismo que eram ministrados a estudantes,
operários e donas de casa, nas fábricas, escolas e vilas. Pouco
antes do AI-5, a influência dos militantes osasquenses já abrangia
toda região oeste, e contatos com outras regiões industriais da
Grande São Paulo se encontravam adiantados. Segundo Antonio Roberto
Espinosa, o próprio presidente Lula teria dito que “O ABC começou
de onde Osasco parou”.
Após a greve de julho e o AI-5 em dezembro,
toda a liderança do Grupo de Osasco teve que partir para a
clandestinidade, alguns foram detidos após a invasão da Cobrasma ,
como Zequinha Barreto, ficando preso por três meses. Osasco foi
ocupada pelo exército e se tornou a cidade mais vigiada do Brasil, o
sindicato dos metalúrgicos local ficou sob intervenção por vários
anos, e os grêmios estudantis e associações de bairro foram
fechados.
O caminho seguido pelo grupo foi a luta armada e o
engajamento na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Ibrahim foi
alçado a liderança do setor operário da organização, mas segundo
suas próprias palavras, a luta armada não era a sua, seu talento
era de organizador da classe trabalhadora, homem de chão de fábrica.
Talvez por isso tenha sido detido pela repressão logo em princípios
de 1969. Em setembro do mesmo ano foi solto após o sequestro do embaixador dos EUA,
partindo para Cuba. Retornou no período da anistia, e voltou a atuar
no movimento operário, sempre em defesa da organização pela base,
por meio das comissões de fábrica.
Ibrahim foi um dos principais
líderes de uma das mais originais e radicais experiências da
esquerda brasileira, desafiou o sistema ultra repressor da ditadura
civil-militar, junto a seus companheiros de colégio e de
fábrica, foi capaz de eleger a primeira chapa de oposição dentro
do meio sindical nacional amordaçado pelo regime autoritário e organizar
uma greve desafiadora num dos períodos mais turbulentos da História do
Brasil.
José
Ibrahim figura entre os grandes líderes revolucionários da História
deste país.
Segue abaixo trechos da
entrevista que José Ibrahim concedeu ao historiador Sérgio Luiz
Santos de Oliveira
Sobre as origens das comissões
de fábrica em Osasco
Antes mesmo do golpe, um grupo
de militantes operários, dissidentes do PCB (...), tomou a
iniciativa de organizar um comitê de fábrica na Braseixos
(indústria metalúrgica de Osasco) com o objetivo de romper com a
excessiva centralização da cúpula, trazendo a luta sindical para o
interior da fábrica. Mantinha discussões organizadas com os
trabalhadores da fábrica e articulava-se com militantes de outras
fábricas na tentativa de expandir a ideia de organizar comitês. No
plano interno da Braseixos, fazia propaganda através de panfletos e
“mosquitinhos” e, no externo, chegou a editar um pequeno jornal.
Essa experiência foi abortada pouco antes do Golpe, pois foi
condenada pela direção sindical e pela cúpula dirigente do PCB
local que a taxou de divisionista e a acusou de fazer o jogo
patronal, a medida que os patrões poderiam reconhecer o comitê como
interlocutor e não mais o sindicato; foi também liquidada pelos
patrões, e seus membros foram todos postos na rua, pois esses
ativistas faziam um trabalho na fabrica bastante aberto e os patrões
já estavam empenhados em “limpar” suas fábricas dos “agitadores
comunistas”.
Sobre a categoria do estudante operário.
Isso aí foi todo um processo
que houve lá... Que funcionou sempre assim, era o sindicato e era o
movimento secundarista. Tinha companheiros, tipo o Espinosa, (Antonio Roberto Espinosa) o Roque (Roque Aparecido da Silva),
que atuavam mais no movimento secundarista, mas eles também eram
operários, o Espinosa trabalhava na Cobrasma, o Roque também. Mas a
prioridade deles em termos de atividade política era mais no
movimento estudantil. E esse grupo foi se formando assim, eu tinha
uma participação no movimento secundarista devido a minha relação
com esses companheiros, com o Gabriel, o Dudu, todos empregados da
Cobrasma, da Brow Boveri, da Braseixos. Quando precisava eles iam no
sindicato, quando era necessário iam a uma assembleia, para uma
votação ou coisa assim, mas a prioridade deles era no movimento
estudantil. O grupo foi se formando naturalmente, nós tínhamos
nosso ponto de encontro, depois que saíamos do colégio à noite pra
tomar um chope, tinha a própria sede da UEO. Eu chamo de Grupo de
Esquerda de Osasco não porque existia uma direita forte em Osasco, a
direita lá era o Rossi (Francisco Rossi) e outros grupos mais conservadores. Chamei de
Grupo de Esquerda muito mais para polarizar com a FNT, porque a
Frente em Osasco era forte, eles tinham representação em várias
fábricas, estavam na Braseixos, na Cobrasma. Eles tinham uma visão
de comissão de fábrica que se dedicava a negociação direta, a
negociação por empresa, afim de polarizar com o sindicato, porque
na visão deles, o sindicato era controlado por comunistas. Então
tinha um ranço anticomunista por trás, e eles buscavam compensar
desse jeito. Era diferente da visão que nós tínhamos de comissão
de fábrica, que era para organizar, para mobilizar e fortalecer o
sindicato. Mas o sindicato que a gente queria não era o da pelegada,
nem o do Partidão, era outro tipo de sindicato, que nós viemos a
fazer depois que nós ganhamos a eleição.
Sobre a formação do Grupo de
Osasco.
A gente partia do princípio
de que em cada fábrica a gente teria que ter um pessoal organizado,
normalmente seriam grupos clandestinos, ou seja, não poderiam
aparecer pois tinham que fazer um trabalho interno. E era assim, que
tipo de trabalho? Sindicalizar, pra gente acumular força no
sindicato, fazer o trabalho político pra politizar o pessoal. Na
medida em que as pessoas fossem aparecendo como pessoas mais
politizadas, interessadas em participar da luta, nós trazíamos para
o grupo, era um trabalho natural. Nas assembleias do sindicato a
gente já identificava as pessoas, o cara pedia a palavra na
assembleia, nas falações, já chamava a atenção da gente. Uma
coisa é você ir com a plateia, outra coisa é você se manifestar,
dar sua opinião, essas coisas todas. Então a gente ia conhecendo as
pessoas, ao mesmo tempo tinha o pessoal que fazia o trabalho de
fábrica, então a gente foi ampliando, a Cobrasma era o grupo
principal, mas tinha a Braseixos, tinha a Brow Boveri, a Lonaflex
(…).
Sobre a construção da greve de
julho.
Olha, nós definimos uma
estratégia, e aí era papel meu, pois eu era o presidente do
sindicato, a pessoa que conhecia a maioria ali dentro, como liderança
no movimento. Nós decidimos que iríamos nos articular com outros
setores fora de Osasco e fora do estado de São Paulo, nós definimos
que essa articulação seria com Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em
São Paulo nós nos articulamos com a capital, que tinha uma oposição
metalúrgica, e uma oposição bancária; com o ABC, onde a AP era
bastante forte, com São Bernardo e Santo André, e com a Baixada
Santista. E eu cumpri esse papel, primeiro eu fui para Minas,
conversar com os companheiros que tinham feito a greve de Contagem,
em abril, eu fui lá em maio de 68, depois do Primeiro de Maio. Fui
pro Rio de Janeiro, num encontro intersindical que teve lá, fui pra
baixada, conversar com os petroleiros, com os metalúrgicos, com o
pessoal da Cosipa. E era isso, nós estávamos nos organizando pro
confronto, pra greve que nos íamos desencadear a partir de Osasco, e
que, primeiro, eles tinham que ter essa informação, trabalhar com
ela; e segundo, que capacidade eles teriam de se solidarizar com o
nosso movimento, de participar.
Invasão da Cobrasma.
Entre onze horas e meia
noite começou a invasão. Os tatus e brucutus romperam as
barricadas. Os companheiros desligaram todas as luzes. A tropa de
choque entrou na fábrica às escuras, dando rajadas de metralhadoras
para o alto e atirando bombas de gás lacrimogênio e de efeito
moral.
Houve muito combate corpo
a corpo, os operários estavam dispostos a brigar. Era preciso vários
soldados para agarrar um operário. Os companheiros vagavam pelas
seções mergulhadas na escuridão. Eles conheciam bem a fábrica,
mas os soldados não. Tropeçavam, caiam em buraco de resfriador de
peça, enquanto do alto da ponte rolante um grupo operário atirava
pedaços de pau, ferro e peças sobre os soldados. Foi uma verdadeira
batalha campal na “cidade Cobrasma”, pois a fábrica, enorme,
ocupava vários quarteirões. Houve companheiros que foram presos
desacordados, guardas com a cabeça rachada, braço quebrado. Até de
manhãzinha continuavam a prender gente dentro da Cobrasma. Eu
cheguei a conversar com um companheiro que passou dois dias dentro de
um forno antes de poder sair.
Operários detidos após a invasão da Cobrasma
Articulação junto a VPR.
(…)
nós tínhamos um histórico com o os ex-sargentos, ex-militares que
foram cassados em 64, que eram da região, tínhamos uma relação
antiga com eles. Ao mesmo tempo a gente tinha uma relação com o
pessoal que havia rompido com o PC, e se juntado com o Marighella,
ainda não havia a ALN, mas era o grupo do Marighella, que tava
rompendo com o Partidão. Na verdade foi uma coisa muito simplória o
fato da gente decidir pela VPR, por que eu tive um encontro com o
Marighella, eu era o negociador do grupo, a proposta do Marighella
era de que a maioria do GO fosse treinar em Cuba, inclusive eu, e ele
disse claramente pra mim “olha, você é uma pessoa muito visada,
já, já os caras te pegam, é melhor você recuar, então você
passa um tempo em Cuba com o seu pessoal, depois vão voltando e
ingressando na luta guerrilheira”. Eu disse claramente ao
Marighella, “ olha, eu vou levar essa proposta pro pessoal mas não
ta na nossa ideia sair, nós queremos continuar organizando, não
sair do país, mas eu vou levar”. Com a VPR a gente já tinha até
mais intimidade, eles colocaram “nós sabemos que a coisa vai se
resolver com a luta armada e tal, guerrilha, mas é necessário um
movimento operário organizado, é necessário a população
organizada; então nós queremos fortalecer o trabalho de vocês,
vocês podem deixar que assalto a banco, roubo de arma, grupo de
fogo; é com a gente, vocês não fazem isso”. E era mais ou menos
isso que nós tavamos querendo.
Sobre
a fuga do capitão Carlos Lamarca do quartel de Quitaúna.
Quando
teve a discussão sobre a ação grande, lá de Quitaúna, (...) eu
fiz todo um trabalho de consulta no meu setor, colocando minha
posição, eu era contra. Era contra esse tipo de ação naquele
momento, a minha tese era de que a gente não ia suportar a
repressão, nós íamos montar uma força que a gente não tinha, e
ia ser desencadeada uma repressão forte em São Paulo, a gente não
tinha tanta estrutura assim pra segurar, e portanto, taticamente, não
era viável. Era melhor acumular mais forças, era melhor continuar
com as pequenas ações, e não dar esse susto tão grande na
ditadura, por que a reação viria. A minha posição foi perdida,
por exemplo, o Espinosa, o próprio Roque, e o Barreto (Zequinha) , fecharam com
a posição militarista.
Sobre
sua prisão
“(…)
passou batido o fato do Roque não ter aparecido, e a noite eu volto
pra casa, o Roque segurou de manhã, segurou o ponto na hora do
almoço, mas a noite ele abriu a casa”.
Chegando em casa o “Roque lá fudido, todo inchado, algemado, todo
arrebentado”. Início imediato das torturas “eles traziam a UTI
completa (risos)”.
*CappaceteNem farda nem toga
Mauricio Dias, CartaCapital
“A Constituição não deixa dúvidas
de que, em casos de choque, a prevalência é do poder político
De uma só canetada o ministro Gilmar Mendes bloqueou o projeto que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou em velocidade comparativamente semelhante: um minuto. Medida pela contagem de tempo foi assim que teria se formado a explosão do conflito entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) que levou submissos o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Henrique Alves, à sala do ministro do STF, em busca da conciliação.
Não se explica assim, no entanto, a formação da nova crise entre os dois Poderes. O Legislativo e o Judiciário estão em rota de colisão há muito tempo. Mas o poder é político. Não é da farda ou da toga. Nas democracias o predomínio é dos deputados e dos senadores e não dos generais ou dos magistrados.
De uma só canetada o ministro Gilmar Mendes bloqueou o projeto que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou em velocidade comparativamente semelhante: um minuto. Medida pela contagem de tempo foi assim que teria se formado a explosão do conflito entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) que levou submissos o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Henrique Alves, à sala do ministro do STF, em busca da conciliação.
Não se explica assim, no entanto, a formação da nova crise entre os dois Poderes. O Legislativo e o Judiciário estão em rota de colisão há muito tempo. Mas o poder é político. Não é da farda ou da toga. Nas democracias o predomínio é dos deputados e dos senadores e não dos generais ou dos magistrados.
O estopim atual é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 33) de autoria do petista piauiense Nazareno Fonteles, relatada pelo tucano goiano João Campos. A PEC é um desastre político. Tenta, por exemplo, reinventar o que já existe. Dois exemplos inscritos na Constituição Brasileira, em vigor desde 1988: o artigo 49, inciso XI, na seção II que estabelece as Atribuições do Congresso Nacional, explicita que é da “competência exclusiva” do Congresso “zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa de outros poderes”. Por sua vez, o artigo 52, inciso X, dá poderes ao Senado para “suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”.
A PEC 33 propõe um retrocesso: se o Congresso não apreciar a decisão do STF em até 90 dias, ela ganha validade permanente. Por fim, mas não menos importante, Nazareno, apoiado por Campos, deu à PEC um caráter partidário no que deve ser suprapartidário para possibilitar a aprovação. Não sendo assim, permitiu à oposição, estimulada pelo fantasma eleitoral, denunciar suposto interesse do Palácio do Planalto na proposta.
Nazareno foi auxiliado pela reação de Gilmar Mendes. O ministro do STF espalhou a brasa ao interferir no projeto que tramitava na Câmara. Assim, por meio de uma corriqueira liminar, soterrou a soberania popular que fundamenta a democracia. Por essa razão, sustentam os compêndios constitucionalistas, a Constituição sustenta a prevalência dos poderes políticos (Executivo e Legislativo) sobre o Judiciário.
Este é um fato acachapante. Por isso, as nomeações para o STF e demais tribunais superiores são privativas dos poderes políticos. Essa supremacia também fica evidente no processo de impedimento de ministros por decisão do Congresso.
Nesse sentido há juristas, insuspeitos politicamente, que apontam para um “grande erro” do governo Lula por patrocinar a Emenda Constitucional 45, que introduziu no Brasil a Súmula Vinculante. Com ela, o Supremo passou a submeter toda a administração, direta e indireta, sem o crivo do Congresso, a exemplo do que acontece com as Medidas Provisórias. Por trás da decisão há o dedo do advogado Márcio Thomaz Bastos, quando ministro da Justiça.”
*Saraiva
Joaquim Barbosa admite que mídia brasileira é de ‘direita’ e ‘racista’
Joaquim Barbosa
fala na Costa Rica
o que nunca disse
no Brasil (Foto: ABr)
|
“Joaquim Barbosa admite que mídia
brasileira é de direita e racista. Avaliando a ausência de diversidade
político-ideológica, Barbosa lembrou que há apenas três jornais de circulação
nacional, “todos eles com tendência ao pensamento de direita”
Pragmatismo Político
Em discurso há pouco no evento de
comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, realizado pela Unesco, na
Costa Rica, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, afirmou
que a mídia brasileira é afetada pela ausência de pluralismo.
A apresentação do presidente do STF se deu
em quatro partes voltadas a apresentar uma perspectiva multifacetada sobre
liberdade de imprensa. Na abertura, reafirmou o compromisso da corte e do país
com a liberdade de expressão e de imprensa, e ressaltou que uma imprensa livre,
aberta e economicamente sólida é o melhor antídoto contra arbitrariedades.
Barbosa lembrou a ausência de censura pública no Brasil desde a
redemocratização em 1985.”
Matéria Completa, ::AQUI::
*Saraiva
Gilmar Mendes assume o comando da “nova oposição”
Ricardo Kotsco
Já que as pesquisas e as urnas não têm sido generosas com as velhas siglas para apear o PT do poder, começa-se a armar uma "nova oposição" extrapartidária.
É verdade que o esquema pouco tem de novo, já que há tempos vem atuando de forma organizada este aparato jurídico-midiático-financeiro armado pelos antigos donos do poder,
mas agora já nem se procura disfarçar mais o que antes se tramava no
aconchego dos gabinetes fechados e nas colunas dos seus porta-vozes.
Nova é apenas a ousadia dos seus mentores e o surrealismo da situação.
E quem surge como comandante em chefe deste movimento que agora faz questão de mostrar a sua cara e a sua força?
É um
ministro do Supremo Tribunal Federal, o ex-advogado-geral da União
Gilmar Mendes, nomeado para o cargo pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, que se notabilizou por dar dois "habeas-corpus" a Daniel Dantas e a permitir a fuga do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por ter estuprado 58 mulheres.
Depois de passar alguns meses longe dos holofotes e das manchetes, ofuscado pelo protagonismo do relator Joaquim Barbosa e do procurador-geral Roberto Gurgel no julgamento do mensalão, eis que Mendes volta solenemente à ribalta como o novo manda-chuva da República, mesmo sem ter conquistado nenhum voto.
Nenhuma
imagem dos últimos dias agitados em Brasília envolvendo membros dos
três poderes foi mais emblemática do que aquela em que Gilmar Mendes aparece sorrindo à cabeceira da mesa para receber o aplauso de dez senadores em apoio à sua liminar de suspender no Congresso a tramitação do projeto que restringe a criação de novos partidos.
Entre eles, estavam
os senadores Rodrigo Rollemberg, de Brasília, o autor do pedido de
liminar que organizou a visita, e Antonio Carlos Valadares, de Sergipe,
ambos do PSB, partido de Eduardo Campos, que teoricamente ainda faz
parte da base aliada do governo.
A palavra de ordem que une a todos é uma só:
permitir a criação do maior número possível de partidos para evitar que
a eleição seja decidida já no primeiro turno, como apontam as
pesquisas.
Na véspera, o novo líder honorário da oposição, que chefiava no governo do PSDB a bancada pró-FHC no STF,
já havia recebido em sua casa os presidentes da Câmara, Henrique Alves,
e do Senado, Renan Calheiros, que foram discutir com ele iniciativas do
Congresso Nacional sobre a limitação de poderes do Ministério Público e
do Judiciário, que desagradaram a alguns membros do STF, além da
questão dos novos partidos.
Uma das poucas vozes destoantes na grande imprensa, Janio de Freitas, colunista da "Folha",
registra que, após o beija-mão, Henrique Alves "expôs a atitude
contrária à Constituição, ao Estado de Direito e à democracia do grupo
de senadores que foi aplaudir, em pessoa, a interferência com que Gilmar
Mendes, em nome do Supremo Tribunal Federal, sustou a tramitação do
projeto a meio do caminho".
Enquanto a liminar de Mendes não tem prazo para ser julgada pelo plenário do STF, estão em formação no país, que já tem 30 siglas, outros 27 partidos, além da Rede, de Marina Silva, e do Solidariedade, do deputado Paulinho da Força (PDT-SP), o líder surfista político- sindical, que está sempre em busca de uma boa onda.
O colega Ilimar Franco revela em sua coluna de "O Globo" que "há partidos para todos os gostos"
e cita alguns deles: PSPB (Partido dos Servidores Públicos e dos
Trabalhadores da Iniciativa Privada), dois PMBs, um para as Mulheres do
Brasil e outro para os Militares do Brasil e o singelo PN, "cuja sigla
quer dizer, simplesmente, Partido Novo".
Só está faltando um agora para velhos, barrigudos e carecas...
Nesta verdadeira festa do caqui em
que se transformou o sistema partidário brasileiro, o senador Aécio
Neves, principal líder da oposição oficial, aproveitou o 1º de Maio para
subir no palanque do aliado Paulinho da Força, que também ainda faz
parte da base aliada, para atacar o governo da presidente Dilma
Rousseff.
Em clima de campanha, Aécio
finalmente encontrou um discurso: "Não podemos permitir que o fantasma
da inflação volte a rondar a mesa do trabalhador".
Contra a inflação, Paulinho da Força
chegou a propor a volta do gatilho salarial a cada três meses, um
instrumento letal para a economia usado nos tempos da hiperinflação do
governo Sarney, mas nem Aécio quis embarcar nessa canoa furada "Várias
propostas vão surgir, inclusive essa da Força, que não é a minha".
Qual é a dele, Aécio não disse, mas o
ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, que representou a
presidente Dilma Rousseff no evento, respondeu a Aécio e Paulinho.
"Não é verdade que a
inflação vai subir. Ela teve, sim, um pico nos últimos meses. Agora,
começou a cair. A presidente Dilma zela como uma leoa em defesa dos
trabalhadores para que a inflação não coma os nossos salários".
À noite, em pronunciamento no rádio e na
televisão, a presidente Dilma exaltou as conquistas trabalhistas dos
governos do PT, lembrando os 19,3 milhões de empregos formais que foram
criados nos últimos dez anos.
Sobre o combate à inflação, Dilma garantiu:
"Esta é uma luta
constante, imutável, permanente. Não abandonaremos jamais os pilares da
nossa política econômica, que tem por base o crescimento sustentado e a
estabilidade.
Gilmar Mendes não se manifestou sobre o 1º de Maio.
*cutucandodeleve
Antigamente, as otoridades gostavam de se impor através do cargo que ocupavam.
Até hoje é assim, embora menos comum. É a famosa “carteirada”.
Hoje, na democracia ao estilo brasileiro, é o Supremo Tribunal Federal quem usa seu poder autoritário para dizer:
SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?
Na semana que passou, dois Ministros do STF abusaram de nossa democracia ao intrometer seus narizes no Legislativo – até outro dia, um poder independente da República.
Transformaram o Congresso Nacional numa peça decorativa suscetível às vontades de uma só pessoa – de duas, no caso dos Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Gilmar Mendes, num ato puramente voltado a seus desejos pessoais, ou melhor, a sua posição política alinhada ao conservadorismo, decidiu impedir, através de liminar, o Senado Federal de deliberar sobre um Projeto de Lei que ele, Mendes, não concorda.
Travou o debate sobre as novas legendas, os novos partidos políticos, seus tempos de TV e verbas oficiais.
Já Toffoli, em decisão inédita da Corte, exigiu da Câmara Federal de Deputados explicações sobre o quê se estava discutindo na Comissão de Constituição e Justiça.
Como se os Deputados Federais devessem prestar contas ao STF antes de decidir!
Como diz o jurista Virgilio Afonso da Silva, “não cabe ao STF dar o ritmo do processo legislativo”. Tampouco cabe aos 11 membros supremos o destino das leis do Brasil.
Nenhum deles foi colocado no cargo para dar opiniões pessoais, não são eleitos, não são donos das leis.
A Casa Legislativa, como diz o próprio nome, está encarregada de produzir leis.
O Judiciário, de defendê-las. Não de concordar ou discordar. Apenas fazer cumpri-las.
Como um cão que guarda um patrimônio, o STF deve apenas guardar a Constituição!
A seguir neste tom, nossa frágil democracia corre riscos.
Amparados pela mídia, juízes que gostam de holofotes fragilizam o processo de desenvolvimento das liberdades individuais; falam mais do que devem e se vestem de poderosos diante de uma plateia que não os escolheu.
No tempo da ditadura, pelo menos os Generais eram mais assumidos.
Por JÚLIO PEGNA do Blog Sandálias do Pirata
A SUPREMA CARTEIRADA - Amparados pela mídia, juízes que gostam de holofotes
Até hoje é assim, embora menos comum. É a famosa “carteirada”.
Hoje, na democracia ao estilo brasileiro, é o Supremo Tribunal Federal quem usa seu poder autoritário para dizer:
SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?
Na semana que passou, dois Ministros do STF abusaram de nossa democracia ao intrometer seus narizes no Legislativo – até outro dia, um poder independente da República.
Transformaram o Congresso Nacional numa peça decorativa suscetível às vontades de uma só pessoa – de duas, no caso dos Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Gilmar Mendes, num ato puramente voltado a seus desejos pessoais, ou melhor, a sua posição política alinhada ao conservadorismo, decidiu impedir, através de liminar, o Senado Federal de deliberar sobre um Projeto de Lei que ele, Mendes, não concorda.
Travou o debate sobre as novas legendas, os novos partidos políticos, seus tempos de TV e verbas oficiais.
Já Toffoli, em decisão inédita da Corte, exigiu da Câmara Federal de Deputados explicações sobre o quê se estava discutindo na Comissão de Constituição e Justiça.
Como se os Deputados Federais devessem prestar contas ao STF antes de decidir!
Como diz o jurista Virgilio Afonso da Silva, “não cabe ao STF dar o ritmo do processo legislativo”. Tampouco cabe aos 11 membros supremos o destino das leis do Brasil.
Nenhum deles foi colocado no cargo para dar opiniões pessoais, não são eleitos, não são donos das leis.
A Casa Legislativa, como diz o próprio nome, está encarregada de produzir leis.
O Judiciário, de defendê-las. Não de concordar ou discordar. Apenas fazer cumpri-las.
Como um cão que guarda um patrimônio, o STF deve apenas guardar a Constituição!
A seguir neste tom, nossa frágil democracia corre riscos.
Amparados pela mídia, juízes que gostam de holofotes fragilizam o processo de desenvolvimento das liberdades individuais; falam mais do que devem e se vestem de poderosos diante de uma plateia que não os escolheu.
No tempo da ditadura, pelo menos os Generais eram mais assumidos.
Por JÚLIO PEGNA do Blog Sandálias do Pirata
TUCANO ACUSADO DE MATAR 4 PESSOAS, MOTORISTA E TRÊS FISCAIS DO ESTADO NA CHACINA DE UNAÍ, CONTINUA LIVRE E É HOMENAGEADO
3 Comentários
Publicado por glaucocortez em 3 maio, 2013
Da série: tucanos querem reduzir a idade penal, mas para quê?
Tucano acusado de mandar matar 4 na chacina de Unaí se diz vítima
Vi o MundoA Chacina de Unaí vai completar quase uma década sem julgamento.
No dia 28 de janeiro de 2004, uma denúncia anônima de trabalho
degradante no campo (forjada) levou três auditores fiscais do Ministério
do Traballho e o motorista deles para uma emboscada. Todos foram
executados com tiros na cabeça, a menos de 160 quiilômetros de Brasília.
Os assassinatos repercutiram dentro e fora do país.
Por pressão direta da Presidência da República, uma investigação
relâmpago descobriu os envolvidos nas execuções. Uma trama que envolve
hierarquia e poder.
Segundo o Ministério Público Federal, os irmãos Antério e Norberto
Mânica, os maiores produtores de feijão do país, seriam os mandantes.
Hugo Pimenta e José Aberto de Castro, o Zezinho, empresários de sucesso na produção de grãos, os intermediários.
Francisco Helder Pinheiro, conhecido como Chico Pinheiro, o homem que contratou os pistoleiros.
Erinaldo Silva e Rogério Alan Rocha, os matadores.
Willian de Miranda, motorista dos bandidos.
E Humberto dos Santos, o responsável por tentar apagar os rastros da quadrilha.
Antério Mânica, segundo o Ministério Público Federal um dos
mandantes da chacina, se elegeu duas vezes prefeito de Unaí concorrendo
pelo PSDB.
Sua declaração de bens na Justiça Eleitoral, em 2008, chegou perto dos 19 milhões de reais.
A primeira eleição aconteceu no ano do crime, mesmo sendo ele um dos suspeitos de mandar matar os servidores públicos.
Antério passou dois curtos períodos na cadeia.
*Educaçãopolitica
As propriedades dele, com cerca de cinco mil hectares, produzem mais de 200 mil sacas de 60 quilos de feijão por safra.
Os Mânicas são descendentes de italianos. Chegaram ao Brasil no final de década de 40.
Hoje, Antério diz que praticamente não conversa com o irmão, Norberto, que mudou-se para o interior de Mato Grosso. (Texto completo)*Educaçãopolitica
sexta-feira, maio 03, 2013
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