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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 20, 2013

"Não dava para viver de outra maneira", diz Daniela Mercury


Sobre as inquietudes e desconfortos de existir *Para quem se sente de outro mundo


A proibição é a pior de todas as drogas!

A proibição é a pior de todas as drogas!

Por que isto é importante

Carta de Brasília em Defesa da Razão e da Vida
Se você é político, acadêmico, ativista, uma personalidade pública ou representa uma entidade civil e deseja incluir nesta carta sua assinatura e afiliação ou de sua instituição, por favor preencha o formulário disponível em http://bit.ly/proibicaonao
O Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade foi realizado entre 3-5 de maio de 2013 no Museu da República em Brasília para fomentar o diálogo sobre o tema das drogas. Nós, participantes do Congresso e signatários desta carta, constatamos que a política proibicionista causa danos sociais gravíssimos que não podem persistir. Não há evidência médica, científica, jurídica, econômica ou policial para a proibição. Entretanto identificamos alarmados um risco de retrocesso iminente, em virtude do projeto de lei 7663/10, de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB/RS), atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, relatado pelo deputado Givaldo Carimbão (PSB/AL). Entre vários equívocos, o projeto prioriza internação forçada de dependentes químicos. Vemos com indignação que autoridades do Governo Federal se pronunciam a favor dessa prática. Conforme apontado pelo relator especial sobre tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes junto ao conselho de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, a internação forçada de dependentes químicos constitui tortura. Tendo em vista a trajetória política, compromisso com os direitos humanos e experiência pessoal em relação à tortura da Presidenta Dilma Rousseff, é inadmissível que o Governo Federal venha a apoiar a internação forçada. Entendemos que a aplicação dessa medida no Brasil atual representa a volta da política de higienização e segregação de classe e etnia.
Mesmo em suas versões mais brandas, o proibicionismo infringe garantias fundamentais previstas na Constituição da República, corrompe todas as esferas da sociedade, impede a pesquisa, interdita o debate e intoxica o pensamento coletivo. A tentativa de voltar a criminalizar usuários e aumentar penas relacionadas ao tráfico de drogas é um desastre na contramão do que ocorre em diversos países da América e Europa, contribuindo para aumentar ainda mais o super-encarceramento e a criminalização da pobreza. A exemplo das Supremas Cortes da Argentina e da Colômbia, é preciso que o Supremo Tribunal Federal declare com urgência a inconstitucionalidade das regras criminalizadoras da posse de drogas ilícitas para uso pessoal. Em última instância, legalizar, regulamentar e taxar todas as drogas, priorizando a redução de riscos e danos, anistiando infratores de crimes não-violentos e investindo em emprego, educação, saúde, moradia, cultura e esporte são as únicas medidas capazes de acabar efetivamente com o tráfico, com a violência e com as mortes de nossos jovens. É um imperativo ético e científico de nosso tempo, em defesa da razão e da vida humana.
*Avaaz

Enquanto passageiros se 'espremem' nos trens, Alckmin faz propaganda da CPTM

fora dos trilhos

 
Os champanhes devem ter estourado nas redações dos barões da mídia quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) tirou R$ 30 milhões do Orçamento estadual deste ano para ampliação dos trens metropolitanos da CPTM e resolveu gastar esse dinheiro com propaganda dos trens.
Resta saber se na propaganda vai aparecer vídeos como este gravados por usuários, onde um funcionário da empresa, espreme os passageiros, inclusive uma criança, para conseguir fechar as portas de um trem superlotado.
Eis a  nota publicada no jornal virtual IG: Alckmin tira verba de expansão da CPTM e coloca em publicidade
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), retirou R$ 29,5 milhões do orçamento da ampliação da Linha 9-Esmeralda até Varginha e da implantação do Trem Expresso Jundiaí para arcar gastos com publicidade da CPTM.
A medida foi tomada por meio de decreto publicado no início desta semana no Diário Oficial.
Segundo a CPTM, as obras não serão afetadas com a redução da verba pois estão em fase de pré-qualificação das empresas interessadas em executar os projetos. “As propostas já foram recebidas e agora estão em fase de análise técnica. Portanto, o recurso disponível para este ano é suficiente para cobrir as despesas dessa etapa dos dois projetos”, informou a companhia.
A companhia também informou que a dotação para a publicidade será usada em contratos já em vigor para prestação de informações para os usuários sobre as intervenções no sistema ferroviário, “decorrentes das obras de modernização em andamento, além da comunicação das operações especiais, implementadas pela CPTM, em função de grandes eventos do calendário da cidade, como Virada Cultura, Fórmula I, Réveillon, entre outros”.
A expansão da Linha 9 está orçada em R$ 71.5304,04, o decreto tira R$ 5.550,73 – 8% do total. Já para o trem de Jundiaí orçado em R$ 60.010, foi reduzido R$ 10.949,26 – 18%.
Assista o vídeo que mostra parte do que passam os passageiros dos trens urbanos de São Paulo

*redebrasilatual

Azenha rejeita culpar PIG e vê identidade entre Dilma e mídia

 

 do Cinema & Outras Artes
“Se a disseminação do acesso à internet trouxe em seu bojo uma saudável desconfiança para com a mídia corporativa, por outro lado - como o demonstra uma série de pesquisas -, tem aguçado a tendência para uma certa modalidade de sectarismo ideológico e para a formação de "igrejinhas" em que os membros se congraçam por preferências, afinidades e posicionamentos em comum.”
Mauricio Caleiro
As atuais relações entre o governo Dilma e a mídia foram desmistificadas e examinadas com raro rigor pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, em um comentário postado este final de semana no Facebook, que me foi indicado pela blogueira Rosangela Basso, do Maria da Penha Neles.
O texto, que pode ser lido na íntegra aqui ou ao final deste post, rejeita o disseminado mito segundo o qual "o governo Dilma é refém da mídia ou sofre de síndrome de Estocolmo" e detalha, com argumentação e exemplos contundentes, a atual confluência de interesses entre um e outro ente a partir da aposta de Dilma em "despertar o 'espírito animal' do capital privado, nacional e internacional", como forma de alcançar o neste momento, segundo Azenha, imprescindível crescimento econômico.
Eu teria considerações a fazer quanto à primazia exclusiva que a análise de Azenha atribui ao crescimento econômico, à necessidade de analisar mais detidamente o modelo desenvolvimentista arcaico e autoritário escolhido pelo governo Dilma para propiciar tal desenvolvimento, bem como o fato de ele destoar do que foi prometido na campanha eleitoral – notadamente através do amplo recuso a privatizações, execradas pela então candidata - e, por fim mas não por último, à necessidade de contrastar, na análise, tais metas econômicas e tais meios para obtê-las a um crescimento que até agora tem se revelado pífio.
Mas deixemos tais reflexões para outra ocasião, pois o centro do meu interesse neste post é sublinhar causas e efeitos da negligência de parte da blogosfera e das redes sociais para a mudança nas relações entre governo e mídia, tais como apontadas por Azenha.
Se a disseminação do acesso à internet trouxe em seu bojo uma saudável desconfiança para com a mídia corporativa, por outro lado - como o demonstra uma série de pesquisas -, tem aguçado a tendência para uma certa modalidade de sectarismo ideológico e para a formação de "igrejinhas" em que os membros se congraçam por preferências, afinidades e posicionamentos em comum.
Tal dinâmica, entre diversos outros efeitos, tem feito com que um número considerável de blogueiros e ativistas de rede social continue, dia após dia, a insistir numa narrativa maniqueísta em que o centro de todos os males é o tal de PIG – a mídia corporativa -, enquanto a sacrossanta administração petista seria uma vítima inocente das deturpações alheias. Isso se dá a despeito do cada vez mais indisfarçável conservadorismo do governo Dilma e de uma relação deste com a mídia que, pelas razões que Azenha alude, há muito deixou de ser de aversão mútua e de hostilidade deliberada (como fora, em ampla medida, no tempo de Lula),
Um exemplo cabal das distorções desse processo vem da forma como o jornalismo econômico tem sido tratado, acusado de de fazer "terrorismo" com o governo Dilma como parte de seu antipetismo arraigado. Ora, a questão aqui não é se o presidente é do PT, do PSDB ou do PMDB; se ele se chama Dilma, Lula, Itamar Franco ou Figueiredo: o jornalismo econômico brasileiro é um braço do mercado financeiro global, ele ataca todo e qualquer governante e toda e qualquer medida que não se amolde ao paradigma neoliberal o qual cultua.
Se há uma maior identificação midiática com os tucanos, é, como ironiza Azenha, porque "eles prestam melhores serviços". Mas, ainda segundo ele, é evidente a identificação da mídia com o "novo PT" de Dilma e de Paulo Bernardo nos "objetivos macro".
Talvez a adoção de um critério de análises que, ao invés de adotar o antipetismo da mídia como uma premissa recorrente e onipresente, seja, atualmente, mas criterioso e preciso levar em conta fatores como o alinhamento ou não das medidas tomadas pelo governo Dilma em relação a uma agenda neoliberal e à postura que historicamente a mídia brasileira tem tomado no que concerne a questões sociais e desenvolvimentismo econômico.
Porém, ao insistirem nessa visão tão maniqueísta como caricata das relações entre mídia e governo, o que esses setores da blogosfera e das redes sociais fazem é, paradoxalmente, avalizarem o retrocesso conservador patrocinado pela gestão Dilma dotando-o de um viés anticorporativo e antimidiático que simplesmente não existe na atual administração federal – muito pelo contrário.
Abaixo, o texto de Azenha:
"Uma querida amiga disse num debate que o governo Dilma é refém da mídia ou sofre de síndrome de Estocolmo, a escolher. Discordei.
Acho que existe uma diferença de fundo entre os governos Lula e Dilma. Lula, sindicalista, estava aberto a atender aqui ou ali aos movimentos sociais, que o apoiaram com firmeza num momento em que os projetos sociais como o Bolsa Família enfrentaram forte oposição da direita.
Dilma sabe que seu futuro e o dos aliados depende de crescimento econômico. E claramente optou por despertar o "espírito animal" do capital privado, nacional e internacional.
Depois da ascensão social do precariado, através do fortalecimento do mercado interno, temos agora a ocupação de vazios geográficos do Brasil, especialmente no Nordeste, mas também na Amazônia.
Vi com meus próprios olhos, no caminho para Imperatriz, Maranhão, a expansão do agronegócio, nos mesmos moldes que se deu em outras regiões do Brasil: concentração de terras, transformação do pequeno agricultor em empregado e êxodo para as cidades; forte presença de empresas como a Monsanto e a Bunge, ou seja, do capital internacional que penetra no campo em associação com interesses locais. Nenhum sinal de reforma agrária.
Isso tem relação com um fenômeno que escapa ao nosso controle: o capital financeiro hj especula intensamente com o valor das commodities, da soja ao minério de ferro, do petróleo ao milho.
De tal forma que a tentativa de Hugo Chávez de interferir no preço internacional do petróleo rendeu a ele o papel de inimigo público número um da mídia internacional.
Até intangíveis "créditos de carbono" foram inventados para especular.
A especulação chega à posse da terra: é só olhar a compra ou o arrendamento de grandes extensões para a produção de alimentos na África, para atender ao imenso mercado asiático.
A ideia de que o neoliberalismo sofreu um golpe fatal com a crise de 2008 é uma farsa: a concentração de riqueza se aprofunda, com a formação de um punhado de oligopólios controlando cada setor da economia em escala global. Nunca na História deste planeta tão poucos foram tão influentes na política através da compra de mandatos populares via financiamento de campanha. Tanto faz se de partido de direita ou esquerda, republicano ou democrata, petista ou tucano.
Em vez destes mandatos moldarem o campo de jogo das grandes corporações, são elas que cada vez mais definem os limites aceitáveis da atuação política, especialmente em países nos quais o estado é historicamente frágil.
No Brasil, além da agregação de grandes áreas do Nordeste ao agronegócio, temos a continuidade do projeto dos militares para a Amazônia, que o Lúcio Flávio Pinto define como colonialismo interno: a produção de energia para uso pelas mineradoras se sobrepõe a qualquer outro objetivo estratégico do governo Dilma na região
Olhem os nomes das empresas que compõem os consórcios de construção e quais serão os grandes consumidores e vocês vão entender o jogo.
O desmonte do Ibama e do Incra, pois, não é por acaso. O distanciamento e a má vontade com os movimentos sociais não reflete autismo ou incapacidade política de Dilma: é uma escolha.
Em resumo, o PT no Executivo federal adota um rumo que não ofende, pelo contrário, que agrada tanto ao Jorge Gerdau, conselheiro da presidenta, quanto aos sócios internacionais da Vale.
Considerando que estes estão entre os grandes anunciantes da nossa mídia, faz todo o sentido que a Dilma injete dinheiro na Globo, na Veja e na Folha.
Para além das reportagens raivosas ou pisadas no tomate, que refletem a preferência dessa mídia pelos tucanos -- que, inegavelmente, prestam melhores serviços -- há uma identidade nos objetivos macro. O governo Dilma não é refém da mídia, mas parceiro, e ninguém reflete melhor isso que o ministro Paulo Bernardo, que consegue agradar ao mesmo tempo ao capital nacional (Globo) e ao internacional (teles).
Acreditem: Bernardo é Dilma e Dilma é Bernardo. Ambos representam, gostem ou não, a "nova face" do PT."
*GilsonSampaio

Cartas de Geisel a Videla mostram elos da Operação Condor



Carta Maior


Jorge Videla cumpriu o papel que dele se esperava na Operação Condor, o pacto terrorista que há 27 anos ocupou um capítulo importante na agenda argentina com o Brasil. O ditador Ernesto Geisel recebeu de bom grado a “nova” política externa do processo de reorganização nacional (e internacional), tal como se lê nos documentos, em sua maioria secretos, até hoje, obtidos pela Carta Maior.


“Foi com a maior satisfação que recebi, das mãos do excelentíssimo senhor contra-almirante César Augusto Guzzetti, ministro de Relações Exteriores, a carta em que Sua Excelência teve a gentileza de fazer oportunas considerações a respeito das relações entre nossos países...que devem seguir o caminho da mais ampla colaboração”.

A correspondência de Ernesto Beckman Geisel dirigida a Videla exibe uma camaradagem carregada de adjetivos que não era característico desse general, criado numa família de pastores luteranos alemães.
“O Brasil, fiel a sua História e ao seu destino irrenunciavelmente americanista, está seguro de que nossas relações devem basear-se numa afetuosa compreensão...e no permanente entendimento fraterno”, extravasa Geisel, o mesmo que havia reduzido a quase zero as relações com os presidentes Juan Perón e Isabel Martinez, quando seus embaixadores na Argentina pareciam menos interessados em visitar o Palácio San Martin do que frequentar cassinos militares, trocando ideias sobre como somar esforços na “guerra contra a subversão”.
A carta de Geisel a Videla, de 15 de dezembro de 1976, chegou a Buenos Aires dentro de uma “mala diplomática”, não por telefone, como era habitual. No documento consta “secreto e urgentíssimo”, ao lado dessa nota.
Em 6 de dezembro de 1976, nove dias antes da correspondência de Geisel, o presidente João Goulart havia morrido, em seu exílio de Corrientes, o qual, de acordo com provas incontestáveis, foi um dos alvos prioritários da Operação Condor no Brasil, que o espionou durante anos na Argentina, no Uruguai e na França, onde ele realizava consultas médicas por causa de seu problema cardíaco.
Mais ainda: está demonstrado que, em 7 de dezembro de 1976, a ditadura brasileira proibiu a realização de necropsia nos restos do líder nacionalista e potencial ameaça, para que não respingassem em Geisel a parada cardíaca de origem incerta.
Não há elementos conclusivos, mas suspeitas plausíveis, de que Goulart foi envenenado com pastilhas misturadas entre seus medicamentos, numa ação coordenada pelos regimes de Brasília, Buenos Aires e Montevidéu, e assim o entendeu a Comissão da Verdade, da presidenta Dilma Rousseff, ao ordenar a exumação do corpo enterrado na cidade sulista de São Borja, sem custódia militar, porque o Exército se negou a dar-lhe há 10 dias, depois de receber um pedido das autoridades civis.
Voltemos à correspondência de Geisel de 15 de dezembro de 1976.
O brasileiro escreveu em resposta a outra carta, de Videla (de 3 de dezembro de 1976), na qual ele se dizia persuadido de que a “Pátria...vive uma instância dinâmica no plano das relações internacionais, particularmente em sua ativa e fecunda comunicação com as nações irmãs”.
“A perdurável comunidade de destino americano nos assinala hoje, mais do que nunca, o caminho das realizações compartilhadas e a busca das grandes soluções”, propunha Videla, enterrado ontem junto aos crimes secretos transnacionais sobre os quais não quis falar perante o Tribunal Federal N1, onde transita o mega processo da Operação Condor.
Os que estudaram essa trama terrorista sul-americana sustentam que ela se valeu dos serviços da diplomacia, especialmente no caso brasileiro, onde os chanceleres teriam sido funcionais aos imperativos da guerra suja.
Portanto, esse intercâmbio epistolar enquadrado na diplomacia presidencial de Geisel e Videla, pode ser lido como um contraponto de mensagens cifradas sobre os avanços do terrorismo binacional no combate à resistência brasileira ou argentina. Tudo em nome do “interesse recíproco de nossos países”, escreveu Videla.
Em dezembro de 1976, 9 meses após a derrubada do governo civil, a tirania argentina demonstrava que, além de algumas divergências geopolíticas sonoras com o sócio maior, havia de fato uma complementariedade das ações secretas “contra a subversão”.
Assim, pouco após a derrubada de Isabel Martínez, o então chanceler brasileiro e antes embaixador em Buenos Aires, Francisco Azeredo da Silveira, recomendou o fechamento das fronteiras para colaborar com Videla, para impedir a fuga de guerrilheiros e militantes argentinos.
Por sua parte, Videla, assumindo-se como comandante do Condor celeste e branco, autorizava o encarceramento de opositores brasileiros, possivelmente contando com algum nível de coordenação junto aos adidos militares (os mortíferos “agremiles”) destacados no Palácio Pereda, a mansão de linhas afrancesadas onde tem sede a missão diplomática na qual, segundo versões, havia um número exagerado de armas de fogo.
Entre março, mês do golpe, e dezembro de 1976, foram sequestrados e desaparecidos na Argentina os brasileiros Francisco Tenório Cerqueira Júnior, Maria Regina Marcondes Pinto, Jorge Alberto Basso, Sergio Fernando Tula Silberberg e Walter Kenneth Nelson Fleury, disse o informe elaborado pelo Grupo de Trabalho Operação Condor, da Comissão da Verdade. 
O organismo foi apresentado por Dilma Rousseff perante rostos contidamente iracundos dos comandantes das Forças Armadas, os únicos, entre as centenas de convidados para a cerimônia, que evitaram aplaudi-la.
Ao finalizar o ato realizado em novembro de 2011, o então secretário de Direitos Humanos argentino Eduardo Luis Duhalde, declarava a este site que um dos segredos melhor guardados da Operação Condor era a participação do Brasil e a sua conexão com a Argentina, e que essa associação delituosa só será revelada quando Washington liberar os documentos brasileiros com a mesma profusão com que liberou os documentos sobre a Argentina e o Chile.
Averiguar até onde chegou a cumplicidade de Buenos Aires e Brasília será mais difícil depois do falecimento de Videla, mas não há que se subestimar as pistas diplomáticas.
Em 6 de agosto de 1976, um telefonema “confidencial” degravado na embaixada brasileira informa aos seus superiores que o ministro de Relações Exteriores Guzzetti falou sobre a “nova” política externa vigente desde que “as forças armadas assumiram o poder” e a da vocação de aproximar-se mais do Brasil, após anos de distanciamento.
Ao longo de 1976, os chanceleres Azeredo da Silveira e Guzzetti mantiveram reuniões entre si e com o principal fiador da Condor, Henry Kissinger que, segundo os documentos que vieram a público há anos a pedido do “Arquivo Nacional de Segurança” dos EUA, recomendou a ambos ser eficazes na simulação no trabalho de extermínio dos inimigos.
“Nós desejamos o melhor para o novo governo (Videla)...desejamos seu êxito...Se há coisas a fazer, vocês devem fazê-las rápido...”, recomendou o Prêmio Nobel da Paz estadunidense, ao contra-almirante e chanceler 

*Cappacete

Em quatro anos, presidente e ministros do STF gastaram R$ 2,2 milhões em recursos públicos para realizar voos internacionais com suas mulheres




Em quatro anos, presidente e ministros do STF gastaram R$ 2,2 milhões em recursos públicos para realizar voos internacionais com suas mulheres, em viagens durante o período de férias no Judiciário e de retorno para seus Estados de origem; em períodos nos quais estava licenciado do tribunal em razão de problemas de saúde, Barbosa fez 19 viagens; eles também têm direito a diárias de cerca de R$ 1 mil para gastos suplementares

20 DE MAIO DE 2013 

247 – A sumidade máxima do Judiciário brasileiro tem gozado de verdadeiras regalias com o uso de recursos públicos. Tudo sob respaldo da lei, mas com práticas bem questionáveis em outros poderes. Segundo um levantamento feito pelo Estadão, com base em dados oficiais publicados no site da Corte, Joaquim Barbosa e outros ministros do Supremo Tribunal Federal usaram recursos, no período entre 2009 e 2012, para realizar voos internacionais com suas mulheres, em viagens durante o período de férias no Judiciário, chamado de recesso forense, e em de retorno para seus Estados de origem.

Em quatro anos, as mordomias custaram R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. De 2009 a 2012, o Supremo destinou R$ 608 mil para a compra de bilhetes aéreos para as esposas de cinco ministros, em 39 viagens: Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski - ainda integrantes da Corte -, além de Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Eros Grau, hoje aposentados.

Além das passagens, os ministros recebem verba para custear gastos com hospedagem, locomoção e alimentação no período fora de Brasília, calculada em cerca de R$ 1 mil.

O gasto é permitido por uma resolução de 2010. O ato diz que as passagens devem ser de primeira classe e que esse tipo de despesa deve ser arcado pela Corte quando a presença do parente for "indispensável" para o evento do qual o ministro participará.

O atual vice-presidente do Supremo foi o mais "esbanjador". Ricardo Lewandowski usou R$ 43 mil nesses anos.

No caso do presidente do STF, Joaquim Barbosa não fica longe disso. Utilizou passagens aéreas pagas pela Corte em períodos nos quais estava licenciado do tribunal em razão de problemas de saúde. Ele sofre de dores crônicas na coluna e se submete a diversos tratamentos. Barbosa fez 19 viagens para quatro cidades nos anos de 2009 e 2010 em datas nas quais estava afastado de seus trabalhos na Corte.

Em períodos de recesso, antes de assumir o comando do tribunal, foram registradas 27 viagens ao Rio, São Paulo, Fortaleza e Salvador. Ele também tem o hábito de usar passagens pagas com recursos públicos para passar finais de semana em sua residência, no Rio.

Em viagem recente a San José, na Costa Rica, Barbosa recebeu quatro diárias. O deslocamento aéreo foi feito em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Em abril, ele esteve nos Estados Unidos para dar uma palestra a estudantes da Princeton University, em New Jersey, e participar de evento da revista Times. O portal do Supremo registra o pagamento de seis diárias internacionais, num total de R$ 6.023,70.

A reportagem do Estadão promete despertar novos embates com Joaquim Barbosa. No início de março, Barbosa chamou de "palhaço" e mandou "chafurdar no lixo" o repórter do jornal Felipe Recondo. Tudo porque ele tentava fazer perguntas sobre críticas feitas a Barbosa por entidades que representam os magistrados. As associações se incomodaram com a declaração do presidente do Supremo em uma entrevista coletiva, quando ele disse que os juízes brasileiros têm cultura pró-impunidade.

Mas Barbosa se revoltou e não quis responder. Na presença de jornalistas de vários veículos, se voltou para Recondo, aos gritos: "Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre".

Eles se Atreveram — A Revolução Russa de 1917



Eles se atreveram - A Revolução Russa de 1917




Um filme realizado por Contraimagem

O filme "Eles se atreveram" narra a história da maior revolução de todos os tempos, que despertou as esperanças dos oprimidos do mundo inteiro e abriu o caminho às revoluções do século XX. Produzido pelo IPS (Instituto do Pensamento Socialista Karl Marx), o filme assume o desafio de combater as falsificações sobre a grande Revolução Russa. Enfrenta, por um lado, a história oficial da antiga burocracia soviética que eliminou o protagonismo das massas, os Sovietes e os verdadeiros dirigentes de Outubro; e, por outro lado, a produção de todo tipo de documentários de TV que tentam identificar a Revolução, o Partido Bolchevique e Lênin com a barbárie stalinista posterior. 

"Eles se atreveram" relata os feitos revolucionários tomando seu nome das célebres palavras de Rosa Luxemburgo em defesa da Revolução Russa: "Não se trata desta ou daquela questão secundária sobre táticas, mas da capacidade de ação do proletariado, sua força para atuar, da vontade de poder do socialismo como tal. Neste sentido, Lênin, Trotsky e seus companheiros foram os primeiros a dar o exemplo ao proletariado mundial. São ainda os únicos que até agora podem gritar: 'eu me atrevi!'."

O relato deste documentário foi feito a partir da adaptação de textos revolucionários de Leon Trotsky, Lênin, Rosa Luxemburgo, poesias do genial Maiakovski e outros autores. A base fundamental do roteiro foi "A História da Revolução Russa" de Leon Trotsky, um livro "cinematográfico", como já foi dito diversas vezes. De Lênin, Rosa Luxemburgo e novamente de Trotsky foram utilizadas várias declarações da época, seus balanços sobre 1905. Outros relatos também foram fundamentais, entre os mais importantes: "Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo" de John Reed e "A História do Partido Bolchevique" de Pierre Broué.

O documentário foi construído com base em uma cuidadosa seleção material de arquivos, documentos e fragmentos do cinema soviético. As imagens documentais foram utilizadas respeitando seu lugar e seu momento histórico. Neste sentido, podemos ver imagens do documentário de Esther Shub, "A Queda da Dinastia Romanov" e centenas de imagens jamais recompiladas em um único filme — a vida do Czar, as jornadas de julho, a revolução de fevereiro a outubro, a guerra civil, etc. Há também cenas de "Entusiasmo" (1930) de Dziga Vertov; "A Greve" (1924), "O Encouraçado Potemkin" (1925) e "Outubro" (1927) de Sergei Eisenstein; "Arsenal" (1928), de Alexander Dovzhenko; "Mãe" (1926) e "O Fim de São Petersburgo" (1927) de Vsevolod Pudovkin, entre outros filmes. A montagem final é complementada com animações russas e soviéticas da época, algumas muito originais.

A trilha sonora inclui uma seleção de músicas elaboradas especialmente, muitas das quais de autoria do compositor soviético Dimitri Shostakovich junto com outra seleção de cantos revolucionários russos e populares. A participação especial das vozes de Eduardo "Tato" Pavlovsky e Silvia Helena Legaspi transmite no presente a paixão daqueles acontecimentos históricos que abalaram todo o mundo.

"Eles se Atreveram" não foge das perguntas sobre o fracasso da URSS, em seus minutos finais busca dar respostas para compreender o caminho da experiência de liberdade e progressividade dos dias iniciais da revolução à instauração de uma sociedade despótica, chauvinista e contrarrevolucionária sob o bonapartismo stalinista.

Esta realização de Contraimagem busca ser uma contribuição à tarefa de transmitir a vigência do socialismo e as ideias revolucionárias aos jovens e trabalhadores revolucionários de hoje. Nos 90 anos da Revolução Russa, o filme reivindica esta grande façanha que influenciou todo o século XX que pode ser resumido em uma frase do documentário: "Recuperar a memória revolucionária para preparar a vitória de amanhã, ou melhor, recuperar a memória revolucionária para amanhã saber vencer".

O filme foi estreado no cinema Gaumont de Buenos Aires e foram realizadas apresentações bem-sucedidas em várias localidades da Grande Buenos Aires, na cidade de Neuquén, La Plata, Rosário, Santa Fé, Córdoba, Mendonza, Bahía Blanca, Santa Rosa, San Salvador de Jujuy, "El Alto" e Huanuni (Bolívia), Montevidéu (Uruguai), entre outras. Em um mês reuniu mais de 3.000 espectadores, vendendo centenas de cópias em todo o país.
*centrodosocialismo

Boato sobre o fim do Bolsa Família é criminoso, diz presidenta Dilma


Dilma batiza petroleiro Zumbi dos Palmares
Dilma batiza petroleiro Zumbi dos Palmares
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff criticou hoje (20) o boato que surgiu no último fim de semana de que os benefícios do Bolsa Família seriam suspensos e assegurou o compromisso do seu governo com o programa. Ela fez um apelo aos brasileiros para que não acreditem nos pessimistas e, sobretudo, nos boatos, “porque os boatos no país às vezes ocorrem de forma surpreendente”.
“Queria deixar claro que o compromisso do meu governo com o Bolsa Família é forte, profundo e definitivo”, disse a presidenta durante cerimônia que marcou o início da operação do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, no Porto de Suape, em Pernambuco. “É algo absurdamente desumano o autor desse boato. Além de ser desumano, ele é criminoso. Por isso colocamos a Polícia Federal para descobrir a origem do boato, que tinha por objetivo levar a intranquilidade a milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza extrema”.
A informação falsa de que só seria possível sacar o benefício até o último sábado (18), se espalhou pelas redes sociais e levou muitas pessoas às agências da Caixa Econômica Federal e dos Correios. A presidência da República detectou a informação em estados como a Paraíba, o Amazonas, o Maranhão e o Rio de Janeiro.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, fez ontem (19) um apelo para que a população siga o calendário do governo para saque do benefício do Programa Bolsa Família e não procure as agências da Caixa Econômica Federal e dos Correios antes da data.
Edição: Denise Griesinger
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Caixa informa que saque do Bolsa Família está normal

*Educaçãopolitica