Mais fácil achar ouro que médico, diz chefe de hospital do câncer
"Está mais fácil achar ouro do que encontrar [médico] especialista". A
afirmação é de Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos
- referência no tratamento público da doença - que apoia "110%" a
proposta do governo federal de facilitar a vinda de médicos estrangeiros
para atuar no Brasil.
Defensor da ideia de trazer profissionais de outros países mesmo antes
do plano do governo, Prata disse que o próprio hospital administrado por
ele tem hoje um déficit de 70 médicos. Não consegue ocupar as vagas,
segundo o diretor, por falta de gente no mercado.
"Não tem médico. Concordo 110% com essa visão do governo. Falta
profissional no interior, e só assim [com a 'importação'] será possível
resolver o problema. Nós não achamos [médicos], principalmente
especialistas."
Henrique Prata, do Hospital de Câncer de Barretos, que defende importação de médicos estrangeiros Foto: Joel Silva |
A medida é polêmica e já recebeu críticas de entidade como o CFM
(Conselho Federal de Medicina), que diz que um dos principais problemas
da falta de médicos no país são os baixos salários.
Prata defende, porém, a qualidade dos médicos estrangeiros. Por isso,
afirma o diretor, ele cita os casos de profissionais da saúde da Espanha
e de Portugal.
"Eu conheço a maioria das faculdades [de medicina] de Portugal. Estão no
nível de USP. Na Espanha também. São países sérios. E o nível de
formação deles é muito bom."
Em Barretos, Prata tem hoje pesquisadores estrangeiros no hospital. Em
2011, quando o hospital de câncer tinha déficit de 38 oncologistas, ele
disse que pensava em resolver o problema trazendo médicos estrangeiros.
Isso só não foi feito ainda, segundo Prata, por "questões burocráticas".
Na prática
A situação, declara, é pior em regiões onde há menor concentração de
profissionais. O Hospital de Câncer de Barretos tem um programa que faz
atendimento de saúde no Norte e Nordeste do país, com carretas que
percorrem essas regiões.
"Lá, é uma tristeza", afirma ele referindo-se à falta de profissionais
nos locais por onde passam as unidades móveis de atendimento.
"Esse problema você não supera do dia para a noite. A medida do governo é
correta. Foi preciso muita coragem para mexer nesse vespeiro. Tem que
ter firmeza", avalia Prata, para quem os opositores à ideia de trazer
estrangeiros são corporativistas.
João Alberto Pedrini
No fAlha*comtextolivre