Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 10, 2013

A arte de ensinar sem autoridade

Por Guilherme Wagner (1)
 Os problemas mais comuns em uma sala de aula na escola moderna podem ser resumidos em muita autoridade ou pouca autoridade. Existe dentro da classe do magistério a concepção de que o professor bom é aquele que tem o que se chama de “domínio de turma”. Como se estudantes fossem seres selvagens que precisariam ser domados, moralmente confeccionados e socialmente inclusos em um grupo, não obstante se criam os grupos escolares de inteligentes, espertos, bagunceiros, vagabundos... Tais grupos são exportados para a sociedade em que vivem e fomentadas expectativas sob tais jovens. Uma escola que produz diferenciações é uma escola que exclui, seja por vontade própria ou não. Não vou me ater as questões escolares gerais nesse artigo, irei me atrelar mais ao convívio de classe de aula.
Na escola moderna existe uma relação de poder conservadora mantida e propagada há séculos: o professor é a autoridade máxima de uma sala de aula. O que é o professor para ser uma autoridade? Quais as causas dessa necessidade? E se ela não existisse?
O professor enquanto pessoa é um ser que construiu sua consciência materialmente como qualquer ser humano, concebeu sua cultura influenciado diretamente por sua realidade política e econômica, realidade essa mantida e propagada materialmente. Isto é, o professor é um resultado material da realidade passada e presente, e fomentador de uma realidade futura, essas relações são questões sociais, indiferentes a vontade do mesmo. Então o professor não é nada e ao mesmo tempo é tudo para ser uma autoridade, ou seja, não há nada no professor em questão que faça com que ele seja ou não uma autoridade, pois a autoridade é um resultado social e não individual.
A autoridade socialmente falando é resultado direto da luta de classes, em que os explorados conflituam em batalhas sociais com seus exploradores em um local instituído chamado Estado. O Estado é o conjunto de instituições existentes que determinam e mantém a dominação de uma classe sobre outra, assim a Escola como uma instituição do Estado (particular e pública!) reflete essa dominação mantida sob formas de autoridade, de controle e persuasão moral. Logo a existência de uma autoridade em sala de aula é diretamente ligada a existência de privilegiados e explorados na sociedade, no entanto, engana-se quem crê somente nisso (a escola também produz explorados e exploradores...). Assim, a causa dessa necessidade autoritária, muitas vezes justificada pela urgência em ter silêncio, respeito, ensino-aprendizagem em uma sala, é na verdade resultado direto da sociedade conflitante.
Mas o eixo fundamental: é possível ensinar sem autoridade? Com toda a certeza! Por isso vou colocar algumas práticas interessantes para professores irem educando sem autoridade, seguir elas não fará de você um grande professor ou coisa do tipo, se buscas reconhecimento moral na sua profissão, o professor na sociedade capitalista é uma escolha errada.
Logo na primeira aula coloque sua didática em dúvida, questione-se e tenha a questionada, só há uma forma dela ser questionada, abrindo-se para tal. De primeiro assunto, “como vamos organizar a nossa sala de aula durante nos nossos estudos?” Coloque sugestões suas, e vá pedindo opiniões de outras, dar esse poder ao estudante de decidir uma questão tão tradicional promove confiança, e confiança é a palavra-chave para respeito, educação e construção. Trabalhando questões assim estás construindo o seu ambiente de estudos com os estudantes, as primeiras aulas são a construção desse ambiente, e delas dependem todo o processo educativo, as próximas são a aplicações dessa construção.
Experiências próprias:
- Estudantes preferem classes organizadas em circunferências, o contato visual de todos com todos é um semblante de igualdade.
- Na área de matemática evite ficar muito no quadro, isso promove uma relação de dependência sua com ele e dos estudantes com esse sistema, procure diversificar e pedir opiniões sobre aplicação do assunto. (A questão não é você preparar a aula, são todos da sala construir a aula).
- Faça dinâmicas e debates, sempre participe delas honestamente: professor não é ser sagrado que precisa ser idolatrado e resguardado.
- Procure aplicações do assunto na realidade social do estudante, isso requer um convívio e entrosamento com o estudante, e o primordial confiança. (Estudante é gente e não número!)
Mas então surgem questões como: “Tenho 60 horas/aula dadas, como vou trabalhar com isso?” Refaço a pergunta, participas das greves? Mas não se resume a isso, infelizmente a carreira do professor vem sendo muito desgastada e por isso muitos métodos que seriam excelentes tornam-se improdutivos. Ensinar sem autoridade faz com que você construa as aulas e não as prepare, a obrigação de ensinar não é somente sua, mas de todos. Existirá uma corrente de responsabilidades, aplicações e habilidades desenvolvidas por todos. Cheque-se de poder confiar nos estudantes e de promover a confiança entre eles.
Recomendo o filme que fala sobre a Escola da Ponte, ela reflete em alguns momentos essa “construção da aula”. Lembrando que esse é um método alternativo para uma escola moderna inserida em uma contexto conflitante de classes.
(1)Estuda Licenciatura em Matemática pela UFSC, colaborador do Memorial dos Direitos Humanos/UFSC (GE Mário Pedrosa e Ditadura Civil-Militar), pesquisa na área de Educação, História e Política
Posted by
*Centrodosocialismo 

MCCARTHY NA CASA BRANCA






        
(HD)-Todos nós sabíamos da possibilidade técnica de que isso viesse a ocorrer, mas agora é o próprio governo norte-americano que admite a intromissão de seus agentes em qualquer terminal de computador do mundo - não só para conhecer  seus arquivos, mas para alterá-los, controlá-los, intervir em seus comandos, apagá-los e substituí-los. É a paranóia americana elevada a dimensões apocalípticas.
        Há dias, o New York Times publicou artigo de Julian Assange, o fundador do WikeLeaks, comentando a estreita aliança entre o Google e o Departamento de Estado, a tal ponto em que o CEO do maior portal de buscas prevê o império mundial dos Estados Unidos, mediante o sistema da internet. Agora se sabe que não é só o Google que se encontra associado ao projeto de domínio da Web pelos serviços de segurança, mas todos os outros sistemas de busca sediados nos Estados Unidos, além do Facebook e outras redes de relacionamento, ainda que tentem desmentir essa relação.
       A ordem presidencial foi emitida por Obama em outubro do ano passado, conforme The Guardian, que fez a denúncia, com exclusividade, em sua edição de sexta-feira. Os grandes jornais do mundo imediatamente trataram também do tema.
         O Big Brother de Orwell tiranizava um país em particular; nosso grande irmão Obama pretende dominar, de forma definitiva e absoluta, o mundo inteiro. De acordo com as 18 páginas das instruções, distribuídas a todos os órgãos encarregados da segurança nacional americana, não há alvo protegido, embora, em alguns casos, a ordem de invasão dos dados tenha que partir do próprio presidente.
         Obama, que, segundo algumas fontes, pretendia falar grosso com o presidente chinês, a propósito da alegada invasão dos arquivos do Pentágono por hackers de Pequim, no encontro que mantiveram, na Califórnia, e na mesma sexta-feira, perdeu o discurso. Horas antes, e constrangido, ele fora obrigado a admitir a insolência.

         O sistema das comunicações eletrônicas, descoberto há pouco mais de um século com Marconi e outros pesquisadores, chegou às dimensões fantásticas de nosso tempo, como expressão da liberdade. Essa liberdade, acompanhada do conhecimento, oferece ao homem a possibilidade de sair da pre´-história, conforme alguns pensadores que não convém mencionar. Não há outro instrumento, a não ser a internet, capaz de mobilizar instantaneamente os cidadãos . Mas, esse meio, sob o controle de algum país em particular, pode significar uma ditadura mundial insuportável, já que não será contrastada por   nenhum outro poder.
Não esquecer: dia 23 tem um espetáculo no céu !!!
A super lua de 2013 deve ocorrer no próximo dia 23, de acordo com dados da NASA. Durante o período, o satélite natural do nosso planeta se encontrará a “apenas” 356.991 quilômetros de distância. Como resultado, um observador da Terra verá a Lua 14% maior e 30% mais brilhante do que o normal.

Também conhecido como “perigeu lunar”, o fenômeno ocorre no ponto em que o satélite se encontra mais perto da Terra — cerca de 50 mil quilômetros. De acordo com os astrônomos, isso deve ocorrer exatamente às 7h42 do referido dia.

Fonte : Nasa

Luz das Estrelas Bom Astral

*CarmenE.

O Millenium e a conta de luz do Aécio





Todo mundo já está acostumado com os protestos organizados pelo Instituto Millenium, esconderijo da direita mais reacionária, contra os impostos na gasolina.

Os alvos são, sempre, o Governo Federal e a Petrobras.

A Petrobras recebe R$ 1,36 por litro na refinaria e o Governo Federal, como a gente já mostrou aqui, reduziu para 10% do preço de venda a incidência de imposto sobre a gasolina. O resto dos impostos são estaduais.

Mas é curioso que, enquanto se reclama dos encargos setoriais incidentes na conta de luz, não aparece uma alma para criticar as alíquotas dos impostos estaduais que se aplicam ao consumo de energia elétrica.

Estes encargos, agora, representam 3,9% do valor cobrado.

Enquanto o ICMS chega a 30% do valor pago pelo consumidor.



E adivinhe você quem é o estado campeão na cobrança de imposto sobre a conta de energia?

Sim, exatamente Minas Gerais, que tem uma alíquota de 30% incidindo sobre todos os que consomem mais de 90Kwh mensais. Isto é, quase todo mundo que tenha uma geladeira, uma televisão e um chuveiro elétrico, assim mesmo usado com extrema moderação. E mais nada, nem uma lampadazinha.

É só conferir a tabela aí de cima. Quem tiver dúvida, acesse a tabela completa das alíquotas de ICMS, aqui. Está na pagina 18 do documento.

Bem, o Sindicato dos Fiscais mineiro, depois de fazer protestos em praça pública distribuindo lâmpadas econômicas, começou a veicular uma campanha explicando e condenando as altas alíquotas cobradas delo governo do Estado nos preços, além da energia (30%), na gasolina (27%) e nas contas de telefone (25%).

O que fez o Governo do Estado?

Está tentando proibir, através do Judiciário, a veiculação dos anúncios.

Ah, e não houve aumento das alíquotas depois que Aécio saiu do Governo, não. Passou oito anos lá cobrando 30% dos consumidores.

É assim que ele quer combater a inflação?
Por: Fernando Brito

Estelionato editorial, caso para o PROCON: a biografia de José Dirceu escrita por um repórter da Veja é tão crível quanto a biografia de um judeu escrita por um nazista

:

BIOGRAFIA DE DIRCEU É CASO PARA O PROCON

Jornalista Breno Altman disseca livro de repórter da revista Veja; aponta erros factuais, contradições e pressa; falta de checagem entre afirmações e fontes leva texto a envolver ex-ministro José Dirceu em situações das quais não há registro nenhum de sua participação; presença de Thaís Oyama, chefe do autor Otavio Cabral na revista, tanto na copidescagem do livro como no texto da capa de Veja que o anuncia mostra que "promiscuidade é irrelevante" para os padrões éticos da publicação semanal; "É um desrespeito ao leitor e ao código de defesa do consumidor", diz resenhador; artigo exclusivo


10 DE JUNHO DE 2013 ÀS 11:40

do Brasil 247


Livro não passa de uma fraude, da primeira à última linha
por Breno Altman*

O título é um petardo que coraria escritores mais tarimbados e talentosos. O jornalista Otávio Cabral, da equipe de "Veja", não deixou por menos: "Dirceu, a biografia". Um recorde incrível foi batido pelo autor, que deixaria humilhados biógrafos de maior fama: levou apenas seis meses para pesquisar e escrever "a" obra definitiva sobre personagem crucial da história política brasileira, cuja vida pública percorre quase cinquenta anos.

Patrocinado pela revista que paga seu salário, publicação notória pela isenção quando o assunto é José Dirceu, Cabral mereceu capa em edição desta semana, na lambuja de artigo assinado por Thaís Oyama, sua chefe imediata. A empreitada foi carimbada como "completa e surpreendente".

A resenhadora, aliás, recebe derretidos agradecimentos, no próprio livro, por ter ajudado a "melhorar o texto" e tirar o escriba de "algumas enrascadas". Mas essa aparente promiscuidade é um detalhe irrelevante para os elevados padrões éticos que vicejam na editora situada às margens do rio Pinheiros.

Tampouco tem importância a opinião do pretenso biógrafo, ainda que o grau de intoxicação vá bem além do admissível. Fernando Morais, renomado escritor de esquerda, fez da vida de Assis Chateaubriand, homem de direita, obra prima da biografia. Otávio Cabral, repórter a serviço da mídia fascistóide, porém, não escreveu sobre seu personagem, mas contra ele. Isso era de se esperar. A marca registrada dos jornalistas de "Veja", afinal, com raríssimas exceções, é ostentar os mais aclamados prêmios no vale-tudo que tantaliza boa parte da imprensa tradicional.

Fundamental mesmo é que o livro não passa de uma fraude, da primeira à última linha. Uma enganação. Um desrespeito ao leitor e ao código de defesa do consumidor. O que a revista anuncia e o escritor promete não passam de propaganda enganosa e abusiva. Ambos sonegam informações relevantes, conduzem ao erro e prejudicam o conhecimento da verdade.

Para começo de conversa, Cabral simplesmente omite a lista dos entrevistados para a biografia. Ninguém sabe quem testemunhou ou declarou a maior parte dos fatos. O autor fala em 63 pessoas com quem teria encontrado na fase de pesquisas. Pouquíssimas são citadas nas notas de rodapé. Qualquer biografia que se preza registra as fontes de investigação.

A jornalista Mônica Bergamo, em post no Facebook, já desmentiu relato no qual se viu citada. Certamente não será a única. Fernando Morais, que não foi ouvido pelo autor, também repele como falsos os momentos nos quais é referido. Eu mesmo fui tratado, em determinada passagem, como "porta-voz de Dirceu para momentos delicados, como o sequestro de Abílio Diniz". Não apenas é uma deslavada mentira, como Cabral, por quem aceitei ser entrevistado, jamais me perguntou a esse respeito.

A maior parte das passagens é mera republicação, às vezes literal, de reportagens da própria "Veja" ou de outros veículos, difundidas nas últimas décadas. O autor não se dá ao trabalho de cotejar informações e testemunhos, verificar fatos, refazer caminhos. Seu desempenho não vai além de um colegial que pesquisa algum tema no Google e copia acriticamente o que vê pela frente. Se o livro fosse um TCC – o Trabalho de Conclusão de Curso que as faculdades de jornalismo exigem de seus alunos, Cabral teria levado bomba.

Não vacila em agir com este despudor sequer ao recorrer a arquivos da ditadura militar. Documento assinado pelo delegado Alcides Cintra Bueno Filho, torturador de carteira registrada no DOPS paulista, relata que Dirceu teria sequestrado, em 1968, estudantes ligados ao Comando de Caça aos Comunistas (CCC). No texto sofrível de Cabral, é o que basta para ser apresentado como fato líquido e certo. E esse é apenas um exemplo.

Outro mais? Lá pelas tantas, o autor conta que Dirceu teria participado de uma ação, em 1972, que resultaria no assassinato de um sargento da Polícia Militar. A fonte? Relatórios do II Exército, que se referem a uma testemunha identificando o líder petista em um cartaz de procurados. A ditadura não abriu inquérito, a partir de prova tão frágil, mesmo José Dirceu sendo um homem marcado para morrer, mas o escrevinhador mandou bala. Não foi capaz, ao menos, de entrevistar um suposto sobrevivente daquela operação, José Carlos Giannini, apesar de citá-lo.

Um biógrafo de verdade, como Mário Magalhães, ao escrever sobre Carlos Marighella, comparou três fontes sobre cada episódio, no mínimo, antes de cravá-lo como verdadeiro. Não é à toa que levou dez anos para concluir sua obra sobre o comandante guerrilheiro. Esse método definitivamente não é o do jornalista de "Veja". Além do recorta-e-cola de matérias antigas e textos policiais, apostou muitas de suas fichas em boatos sem origem indicada e em depoimentos de conhecidos desafetos do biografado. A ideia do contraditório e da acareação lhe é totalmente estranha.

Inúmeras das notas que chancelam determinadas informações apontam para "um assessor", "um jornalista" ou "uma testemunha". Sem nome ou sobrenome. Seria trágico se não fosse cômico. Um dos depoentes que dá a cara é o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau. Amigo de Dirceu no movimento estudantil, depois dos anos 90 virou inimigo figadal. Mas seus relatos são tratados pelo autor como verdades cristalinas, sem qualquer contraponto. O resultado seria o mesmo se uma biografia de Fidel Castro fosse escrita principalmente a partir de entrevistas com cubanos da Florida ou se a história de Trotsky fosse contada pela direção soviética dos anos 30 e 40.

O pastiche se supera quando especula que havia suspeita sobre Dirceu ter sido o delator que teria levado às quedas e ao extermínio do Molipo, organização armada à qual pertencia. O próprio Cabral, no entanto, cita que os contemporâneos do biografado, alguns também sobreviventes do massacre, negam essa versão e prestam-lhe seguidas homenagens e manifestações de solidariedade. O autor se baseia em depoimento de um ex-coronel das Forças Armadas, envolvido em atividades repressivas, que não é corroborado por mais ninguém ou por qualquer documento. Pura patifaria.

Não consegue, a propósito, sequer dar ares de seriedade a suas invencionices. Profundamente ignorante sobre a história do país e da esquerda, confunde incontáveis dados, datas e personagens, além de se atrapalhar e cair em seguidas contradições. Paulo Vanucchi, citemos um caso, é apresentado como militante da ALN em um canto e do MEP n'outro, algo estapafúrdio, misturando organizações sem qualquer identidade entre si.

Identifica o Departamento América, organismo do Partido Comunista Cubano, como parte do serviço secreto. Destaca que Dirceu teria ficado na Casa do Protocolo, supostamente localizada em área periférica de Havana, quando há inúmeras casas de protocolo, como os cubanos chamam as residências para convidados estrangeiros, todas com endereço em um dos bairros mais nobres da cidade. E por aí vai. Cabral, diga-se, conseguiu escrever páginas e páginas sobre a estadia de seu personagem em Cuba sem ter pisado na ilha para ouvir testemunhas e pesquisar fontes primárias. Um assombro de arrivismo.

Para apimentar o enredo, deu espaço a todo tipo de fofoca sobre a vida pessoal do ex-ministro. Fez uma lambança sem tamanho, atribuindo situações e sentimentos, ainda que jamais tenha ouvido qualquer de suas ex-companheiras. Erra até datas de casamento e cria relações como um romancista de folhetim barato. No bom estilo inventa-e-foge, planta maliciosamente que o mulherengo infernal teria algum vínculo homossexual com o intelectual cubano Alfredo Guevara, para logo dizer que não era bem assim.

Sobre o chamado "mensalão", então, Cabral faz um prato caprichado. Uma colada básica no relatório de Joaquim Barbosa, e está liquidada a fatura. Nem mesmo aproveita a loquacidade do advogado José Luiz de Oliveira e Lima, costumeiramente disponível a contar sobre bastidores de seu cliente, para investigar contraprovas da defesa ou analisar mais a fundo tanto os acontecimentos entre 2003-2005 quanto o julgamento de 2012. Preguiçosa e interesseiramente, adota sem pestanejar o ponto de vista de quem lhe assina o cheque de cada mês.

Os únicos leitores com os quais Cabral parece ter compromisso, a bem da verdade, são seus chefes na Veja. A estes entregou a mercadoria prometida: mais um libelo contra José Dirceu. Feito nas coxas, seguindo o manual para linchamento de reputações que faz sucesso entre seus pares, mandando às favas qualquer critério jornalístico ou rigor de pesquisa. Coisa de charlatão.

Ao distinto público, no entanto, está sendo oferecido gato por lebre. O livrinho é um estelionato editorial que lança mais luz sobre o autor e seus patrocinadores que sobre o biografado. Um bom caso para o Procon.

*Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel
Fontehttp://www.brasil247.com/+51q2e

PM bate em mulher, agride a Marcha da Maconha SP e tenta estragar a festa. Não conseguiram!

“Querem controlar mas são todos uns descontrolados”
COLETIVO DAR
Sob o lema A PROIBIÇÃO MATA: LEGALIZE A VIDA, a edição 2013 da Marcha da Maconha SP reuniu milhares e milhares de pessoas nas ruas neste sábado. O sucesso foi absoluto, mesmo com um elemento que infelizmente quem mora nessa cidade está bastante acostumado: a violência policial. Se o comando da operação aparentava boa vontade e disposição para o diálogo, o mesmo não pode ser dito de sua tropa, que não só deteve um garoto colocando em risco a segurança de milhares de pessoas como, na sequência, agrediu diversos manifestantes, inclusive mulheres. Covardia que não surpreende, mas indigna.
Justamente num ano em que a Marcha esteve pintada de roxo, dado o grande destaque que o ótimo trabalho do bloco feminista obteve discutindo as questões específicas das mulheres no que diz respeito à proibição das drogas, a PM mostrou sua cara mais vergonhosa ao agredir mulheres pacíficas e desarmadas no momento da detenção do garoto, que supostamente fumava maconha, ali pelo meio da Rua Augusta.
Como demonstra o vídeo abaixo, o clima da Marcha era aquele já característico do movimento antiproibicionista ao redor do Brasil: de absoluta paz. Mesmo às portas do inverno, o dia foi ensolarado, as aulas públicas contaram com grande atenção do público, e a manifestação estava mais cheia, diversificada e colorida do que nunca em nossa cidade.


Povo nas ruas exigindo seus direitos de forma pacífica e influenciando os rumos de suas próprias vidas e da sociedade? Isso é inaceitável para a gloriosa PM, instituição que existe pra que mesmo? Como bem declarou Gabriela Moncau, da organização da Marcha, ao Estado de SP, é evidente que havia consumo de maconha no evento, por mais que os organizadores busquem não estimulá-lo e avisar os participantes do risco dessa conduta. “Embora nós não estimulemos que as pessoas tragam drogas, creio que isso mostra que as pessoas estão cansadas da hipocrisia, de achar que ninguém fuma maconha.”
A PM sabe muito bem que as pessoas fumam na Marcha, afinal ela sabe muito bem que as pessoas fumam em toda parte. Nos shows garantidos pela PM, nos jogos de futebol garantidos pela PM, nos parques, etc. A posse de drogas ilícitas pra consumo pessoal já é, inclusive, um crime de pouca gravidade no Código Penal brasileiro, não sendo sequer passível de pena de prisão. Ou seja, é uma infração menor. Para impedir esse tipo de infração, cabe à PM cometer outros crimes? É aceitável que a PM ataque com cassetetes a mulheres e jornalistas por conta disso? É sensato que ela estimule a ira de milhares de pessoas contra si mesma num espaço estreito como da Rua Augusta? Quem ganha com isso?
Foi uma ação sem a menor lógica, e certamente o comando da operação sabe disso. Deter uma entre as centenas de pessoas que consumiam maconha só serviria para gerar tensão, e fica claro que determinados policiais sempre querem exatamente isso: estragar com a nossa festa. Não conseguiram em 2011, com a proteção da Justiça, ACHAM MESMO QUE CONSEGUIRÃO AGORA? A Marcha demonstrou maturidade. Aos gritos de “solte o usuário”, se recusou a seguir, buscando resgatar o garoto, mas diante do impasse que colocou o evento em risco – bombas ali machucariam e dispersariam grande parte dos manifestantes, certamente – ela seguiu, deixando que os advogados apoiadores voluntários do movimento cuidassem do caso. “Ei, maconha, polícia é uma vergonha”, ecoou o grito mesmo entre aqueles que por alguma incrível razão não tivessem ainda nenhum motivo para ter raiva da polícia.
Se a Marcha foi madura, a PM demonstrou toda sua falta de preparo. E de dignidade. Uma jovem manifestante foi empurrada por duas vezes por um gorila com o dobro de seu tamanho. Na segunda, caiu no chão, quase sendo pisoteada. Terezinha Vicente, feminista que inclusive falou na primeira das aulas públicas, recebeu cotoveladas e empurrões de outro dos fardados. Reagiu enfiando o dedo na cara dele, colocando-o em seu lugar. Advogada, Carolina Freitas tentou CONVERSAR com os PM’s para tentar alguma mediação sobre o jovem detido, e foi imobilizada e agredida com dois golpes de cassetete no joelho, que a deixaram revoltada e machucada até o fim do evento. Ela relatou o momento em seu Facebook:
Ontem eu apanhei covardemente de um policial militar que acompanhava a marcha da maconha. Eu me aproximei de um menino que estava sendo detido pelos policiais por portar um baseado, como advogada, cheguei perto para poder ajudar no que fosse necessário. Em vez de pedir pra que eu me afastasse, o policial me deu duas porradas com o cassetete na perna, pra eu cair e não me aproximar mais. Nessa semana cheia de marchas, em que se pesou tanto midiaticamente o direito à liberdade política e de expressão, importante dizer: a truculência policial em manifestações de rua é uma amostra discreta da violência a que estão submetidas cotidianamente as quebradas de São Paulo. Ontem estávamos na rua por esse motivo: a guerra às drogas impulsionada pelo Estado é uma guerra contra as periferias das grandes cidades, contra a pobreza. Persistiremos nas ruas enquanto o genocídio, a violência e a repressão sistemática continuarem persistindo contra os pobres e contra os pretos.
E essa foi só a parte da violência de gênero. Talvez atendendo aos gritos que exigiam a tão necessária igualdade entre homens e mulheres, os PM’s agrediram quem vinha pela frente, como os vídeos abaixo demonstram. Eles sabem que a mídia adora isso, e prefere sempre destacar o tumulto, deixando para o senso comum a sensação de que manifestação política e violência são sinônimos. Estão quase sendo sim em SP, mas por responsabilidade exclusiva da PM. Que tal fazermos um teste: na próxima Marcha nós mesmos faremos nossa “segurança”. No máximo, enviem a CET para controlar o trânsito. Vamos ver se haverá algum problema.




O que não nos mata, nos fortalece. Se eles não aprenderam a lição de 2011, nós aprendemos a seguir em frente, queiram ou não. A Marcha seguiu pela consolação e terminou na República, onde foi recebida por um show fenomenal, com DJ’s e grupos de reggae e rap celebrando a luta pela legalização e a cultura dos de baixo até mais de 22h. Querem controlar mas são todos uns descontrolados, e nossa vitória não será por acidente, o recado volta a ser dado àqueles que acham que podem vencer nossas ideias na base da porrada. E para a PM especificamente, fica também a mensagem desse repórter-ativista:
PM violenta
Mulheres fundam clube de leitura que faz topless em lugares públicos de NY


Imagine estar caminhando no parque do Ibirapuera, em São Paulo, ou no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e se deparar com um grupo de jovens mulheres reunidas com os seios à mostra. É isso o que tem acontecido em lugares públicos da cidade de Nova York, onde amigas têm usado o respaldo da lei do Estado, que lhes permite ficar com o tronco nu em qualquer local em que homens podem.

As reuniões ocorrem regularmente em praças públicas, coberturas de hotéis, trilhas perto de rios e mesmo pontos bastante turísticos da Grande Maçã, como o mundialmente conhecido Central Park. Em sua maioria, elas já chegam aos locais das reuniões, onde leem e discutem clássicos da literatura, usando biquínis, para, assim, facilitar a prática de topless durante na cidade, cujas temperaturas sobem a cada dia com a proximidade do verão - há previsão de máximas de até 32ºC para os próximos dias.

"Para cada mulher que fica nos olhando feio quando passamos e murmura que há crianças por perto, há uma dúzia que se aproxima e nos agradece pelo que estamos fazendo", diz ao tabloide britânico The Sun a fundadora do grupo, batizado de Coed Topless Pulp Fiction, que pediu para não ser identificada. "Se você está em Nova York e o tempo está bom, por que não se juntar a nós algum dia propõe o blog das leitoras, "um grupo de amigas, amigas de amigas, amigas de amigas de amigas e de completas estranhas que adoram livros e dias ensolarados e gostam de aproveitar os dois juntos de acordo com o que a lei permite".

"A polícia já nos abordou algumas vezes, mas os policiais sempre confirmam que o que estamos fazendo é completamente legal e sempre foram muito educados em relação a isso", continua ela, incentivando mais e mais mulheres a se igualarem aos homens e exibirem seus seios em público. "Acho que recebemos menos assobios e assédio quando estamos de topless em um grupo do que quando qualquer uma de nós caminha pelas ruas completamente vestida."

Entre os livros que o grupo lê atualmente estão Blood on the Mink, de Robert Silverberg, False Negative, de Joseph Koening, e Choke Hold, de Christa Faust. "Quanto mais mostramos às pessoas que ver os mamilos de uma mulher não levarão o céu a cair, mais liberdade e igualdade as mulheres terão", resume ela.

Terra