Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 17, 2013

Roberto Marinho comprou a TV Globo de São Paulo por 35 dólares. Com documentação falsa. E o STJ confirmou a transação


image
Sanguessugado do Mello
‘Nessa nebulosa transação conduzida pessoalmente por Roberto Marinho, não existe um só ato regular, legal, legítimo, é tudo fraude’
São palavras do jornalista Helio Fernandes, comentando a decisão do STJ que considerou válida a compra da TV Globo de SP por Roberto Marinho, por inacreditáveis 35 dólares.
Leia a seguir o texto do jornalista, publicado hoje na Tribuna da Imprensa:
Site do STJ: “é válida a compra das ações da TV Globo realizada nas décadas de 60 e 70”. O que o site do STJ não diz: a decisão pode complicar a situação da TV Globo no caso da usurpação da TV Paulista
Por unanimidade, a 4ª Turma do STJ, acompanhando voto do ministro João Otávio de Noronha, segundo o site daquele tribunal, validou o contrato de venda de 15.099 ações da Rádio Televisão Paulista S/A, (depois TV Globo de São Paulo), no valor total de Cr$ 60.396,00 (o equivalente a APENAS 35 DÓLARES), a Roberto Marinho, conforme suposto recibo de pagamento datado de 5 de dezembro de 1964 e reiterado em  23 de julho de 1975, referente a 52% por cento do capital social inicial daquela sociedade anônima.
Com esse argumento que chega a ser RIDÍCULO (acreditar que alguém comprou uma emissora de TV na maior cidade do país por 35 DÓLARES), o Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso especial interposto pelos herdeiros dos antigos acionistas da TV contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio que declarara prescrita aAÇÃO DECLARATÓRIA de Inexistência de Ato Jurídico ajuizada em 2001, que havia sido EQUIVOCADAMENTE julgada como se fosse AÇÃO ANULATÓRIA.
Na matéria que publiquei dia 19, analisando as possibilidades desse importante julgamento, registrei que, segundo o resultado, saberíamos “se ainda há juízes em Berlim”, perdão, em Brasília. E pelo visto, não há, ou é coisa rara, muito rara.
Segundo o site do STJ, a TV Globo argumentou que os atos cometidos por Roberto Marinho (procurações falsificadas, contrato nulo de compra e venda, e “montagem” de assembleias gerais extraordinárias) NÃO FERIRAM A LEI, alegando que “os mandatos outorgados a Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro (pelos acionistas parentes e falecidos Hernani Junqueira, Manoel Vicente da Costa e Manoel Bento da Costa) foram em causa própria e, por isso, não se extinguem com a morte das partes”.
Essa tese foi aceita pelo ministro-relator e demais ministros julgadores, tendo então ficado definida a validade do seguinte recibo que teria sido firmado por Oswaldo J. O. Monteiro, em 5 de dezembro de 1964, em favor do comprador da emissora:
RECIBO – Recebi do Dr. Roberto Marinho em moeda corrente que contei e achei exata, a importância de sessenta mil, trezentos e noventa e seis cruzeiros, pela cessão do total de 15.099 (quinze mil e noventa e nove) ações do capital inicial da Rádio Televisão Paulista S/A, do valor nominal de hum mil cruzeiros cada uma, relativamente aos meus substabelecimentos, na pessoa do mesmo, em 10/06/1962 de procuração de Hernani Junqueira Ortiz Monteiro cobrindo 5.000 (cinco mil) ações; nesta data, de procuração de Manoel Vicente da Costa cobrindo 2.700 (duas mil e setecentas) ações e de Manoel Bento da Costa cobrindo 2.000 (duas mil) ações, e finalmente, de procuração por mim outorgada ao mesmo nesta data, cobrindo 5.399 (cinco mil trezentos e noventa e nove) ações, para cumprimento final de acordos com Victor Costa Petraglia Geraldine ou sucessores. São Paulo, 5 de dezembro de 1964”.
Caramba. No volumoso processo, depois de ter ficado claro que as procurações tinham sido falsificadas, pois eram das décadas de 50 e 60, mas já traziam número de CIC (CPF), controle só criado na década de 70, e depois que a própria TV Globo ter admitido que não comprou de Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro a TV Paulista, mas sim de Victor Costa Petraglia Geraldine Jr, que recebeu o equivalente a 2 MILHÕES DE DÓLARES (para vender o que não lhe pertencia, pois jamais tivera uma só ação da empresa), o relatou diz que não foi assim.
O excelso ministro Noronha, portanto, foi mais realista do que o rei, perdão, do que o próprio Roberto Marinho, que estava vivo, e muito vivo, quando a ação judicial se iniciou. Nos autos deste processo, repita-se, registre-se, ressalte-se, A GLOBO CONFESSOU QUE NÃO COMPROU A EMISSORA MEDIANTE RECIBOS E PROCURAÇÕES.
Mas agora, no STJ, é Sua Exa. o relator João Otávio de Noronha (nunca foi juiz, entrou no tribunal pelo chamado quinto constitucional) que muda tudo e diz que o negócio não foi como a própria Globo diz ter acontecido, mas sim como ele prefere, mediante os recibos e procurações. Por quê?
Ora, Dr. Noronha saiu por esta “vereda da salvação” porque há no processo uma perícia irreal, leviana e despudorada, que alega serem os documentos válidos. Essa perícia, totalmente comprometida com os interesses de Marinho e da TV Globo, não levou em consideração nenhuma da fraudes insanáveis contidas nos documentos: 1 – Nenhum dos papéis exibidos à Justiça pela Globo são originais, tratava-se de cópias, e qualquer estudante de Direito sabe que não se pode declarar a validade de cópias, sem confronto com original. 2 – Muitos documentos, sequer tinham assinaturas e datas. 3 – Em várias procurações, consta nº de CIC (CPF) que ainda nem existia. 4 – O representante de Roberto Marinho era Luiz Eduardo Borgerth, e nas procurações, quando teria apenas 21 anos, ele já aparecia como “advogado, desquitado” e residente no endereço onde a Globo só iria se instalar décadas depois. 5 – Há documentos, datados das décadas de 50 e 60, daligrafados com máquinas que não existiam na época.
A perita (?) alegou que os documentos eram válidos porque HAVIA A INTENÇÃO DE SER FEITO O NEGÓCIO. E o “relator” e os outros 3 “ministros” agora seguiram o patético parecer da perita, que nos autos foi fulminado pela investigação independente do renomado Instituto Del Picchia de Documentoscopia.
O relator e seus seguidores (?) não prestou atenção em nenhum detalhe que não interessasse à TV Globo. Pelo contrário, nem reparou que, pouco antes desse “pretenso negócio” com a família Ortiz Monteiro, “celebrado” a 5 de dezembro de 1964, Marinho já tinha comprado de Victor Costa Junior, em 9 de novembro de 1964, por cerca de DOIS MILHÕES DE DÓLARES, os mesmos 52% do capital social da Rádio Televisão Paulista S/A, que, 28 dias depois, voltaria a comprar da família Monteiro por apenas 35 DÓLARES.
Assim, primeiro comprou por 2 milhões de dólares, alguns dias depois comprou de novo por 35 dólares. Se esta estória fosse contada a uma criança, ela não acreditaria. Mas os doutos e sábios “ministros” do STJ acham isso possível. Escrevem essas conclusões num acórdão e assinam embaixo. São juízes de muita coragem, não há dúvida.
Pois bem, vamos continuar no raciocínio que existe nos autos, está tudo lá, basta ter vontade de saber o que aconteceu. Os quatro “ministros” não perceberam umaTENEBROSA CONTRADIÇÃO. Se Roberto Marinho já tinha comprado essas 15.099 ações DUAS VEZES, nos dias 9 de novembro e 5 de dezembro de 1964,  porque na Assembléia Geral Extraordinária, convocada por Victor Costa Junior para 10 de fevereiro de 1965, Marinho participou apenas na condição de “pretendente a subscritor do aumento de capital” e não como acionista controlador. Respondam, se puderem.
Nessa nebulosa transação conduzida pessoalmente por Roberto Marinho, NÃO EXISTE UM SÓ ATO REGULAR, LEGAL, LEGÍTIMO, é tudo fraude, farsa, manipulação grotesca e amadora, incluindo dissimuladas e ardilosas manobras de bastidores, como a convocação dessa Assembleia Geral Extraordinária por meio DE UM ANÚNCIO DE APENAS SEIS CENTÍMETROS, publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, que ninguém viu ou leu.
Estranhamente, Roberto Marinho compareceu à suposta Assembleia na condição de pretendente a subscritor do aumento de capital e não como acionista. Victor Costa Junior, que não era acionista, atuou como presidente, dirigiu os trabalhos. E pasmem: dos 673 acionistas, compareceu apenas Armando Piovesan, funcionário da emissora e titular de duas ações, e que  também representava os mesmos acionistas que em 5 de dezembro de 1964 (SEGUNDO O STJ) já teriam cedido todos os seus direitos societários para Roberto Marinho e que, portanto, não poderiam outorgar procuração a Armando Piovesan: Hernani Junqueira Ortiz Monteiro, Manoel Vicente da Costa, Manoel Bento da Costa (falecidos) e Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro.
Tratava-se de convocação para deliberar sobre conveniência de aumento de capital social, mediante utilização de saldos credores. Advertia, todavia, que as deliberações, na forma da lei, ficariam em suspenso e somente teriam eficácia “depois de aprovadas pelas autoridades governamentais competentes, a cujos pronunciamentos permanecerão expressamente condicionadas e dependentes e sem o que não terão validade, nem serão levadas ao registro de comércio”. Mesmo assim, Marinho levou 12 anos para submeter às autoridades a transferência da concessão.
Sobre esses graves fatos, pois em verdade a indigitada Assembleia se instalou sem quorum algum (se é que se instalou), o Ministério Público Federal, em procedimento administrativo assim se manifestou:
“Há notícia, nos referidos autos, de uma Assembléia Geral Extraordinária, em 10 de fevereiro de 1965, para deliberação do aumento do capital social. Consta da Ata da Assembléia, que Roberto Marinho (não sendo oficialmente acionista) subscreveu o referido aumento, havendo registro de que ninguém mais se interessou em fazê-lo. Consta do documento que Armando Piovesan teria procuração para representar Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro, Hernani Junqueira Ortiz Monteiro, Clélio Marmo e Manoel Bento da Costa. Para os demais acionistas minoritários, possuidores de 48% do capital social, não há registro de que teriam participado da Assembléia ou de que foram representados.
Ocorre que Armando não poderia ter representado Hernani, porque este, à época dos fatos (10/02/65), já  havia falecido (23/06/62). Este fato, também fez com que a procuração outorgada a Oswaldo tivesse perdido a validade.
Frisa-se que se o ato da transferência das ações, datado de 05/12/64, tivesse realmente ocorrido, Armando não precisaria agir em nome dos acionistas primitivos porque as ações já pertenceriam a Roberto Marinho”.
E mais: nos autos há  uma procuração pessoal de Oswaldo Junqueira em favor de Roberto Marinho e também datada de 5 de dezembro de 1964, transferindo-lhe as suas 5.399 ações pessoais, o que mais complica a participação de Armando Piovesan na AGE de 10 de fevereiro de 1965, como procurador dos acionistas majoritários mortos e de Oswaldo, que antes disso (SEGUNDO O STJ) já teria outorgado plenos  poderes a Roberto Marinho.
***
PS – Como vimos, ao Ministério Público Federal não passou despercebida a TENEBROSA CONTRADIÇÃO levantada nos autos e agora explicitada aqui. Porém, nenhum dos “ministros” do STJ percebeu nada.
PS2 – Portanto, se não há mais juízes em Berlim, perdão, em Brasília, sabemos que, pelo menos, há juristas no Ministério Público Federal, por onde, queiram ou não, essa questão acabará passando, mesmo que seja por ação civil pública sobre a concessão irregular da emissora.
PS3 – Outra contradição: se era legalmente dono da emissora, porque Roberto Marinho demorou 12 anos para legalizar a troca da concessão, quando a legislação obriga que a transferência seja autorizada previamente pelo Governo, ANTES DA COMPRA E VENDA.
PS4 – Se, como decidiu o STJ, “é válida a compra das ações da TV Globo realizada nas décadas de 60 e 70”, com documentos anacrônicos, segundo o Instituto Del Picchia de Documentoscopia, por que Roberto Marinho, Victor Costa Junior e Armando Piovesan, ignoraram esse direito e promoveram uma Assembleia totalmente viciada?
PS5 – Os advogados da Globo, ao contrário do que se pensa, saíram apreensivos do julgamento no STF. A versão considerada como “ato jurídico perfeito” pelos “ministros” na verdade é prejudicial á TV Globo, porque a concessão foi outorgada a Roberto Marinho mediante o contrato (sem valor) com Victor Costa Jr, e não houve anexação de nenhum recibo assinado por Ortiz Monteiro.
PS6 – Ainda há um longo caminho jurídico a percorrer, já que o “acórdão” do STJ, sem dúvida, sairá repleto de inconstitucionalidades, a começar pela mudança de AÇÃO DECLARATÓRIA para AÇÃO ANULATÓRIA.
PS6 – É uma novela eletrizante. Aguardem os próximos capítulos, perdão, comentários. E já que a decisão do STJ deu realce especial ao trabalho da perita, que validou os documentos tidos como falsos, logo logo, vamos voltar especificamente a esse tema.
*GilsonSampaio

Patriotismo: uma ameaça à Liberdade por Emma Goldman


A mídia burguesa, o transporte público e os escravos da casa


Por Carlos Everardo Silva

O Brasil está vivendo um momento de extrema importância para as lutas populares. Uma onda de cidadania tomou conta do país. Não a cidadania em seu sentido burguês, mero sinônimo de conjunto de direitos e deveres. Mas a cidadania plena, que não se limita a agir dentro dos limites da ordem estabelecida, que vai além, questionando o próprio sistema. A série de protestos contra o aumento dos preços das passagens nos faz lembrar dos conflitos sociais que há alguns anos vem se espalhando pelo mundo.

A mídia capitalista começou por menosprezar o movimento de protestos contra o aumento das passagens, na tentativa de evitar que a população se sentisse envolvida pelas lutas sociais. Mas o movimento não podia ser ocultado por muito tempo. Rapidamente ele se espalhou pelo país. Inspirados pelas revoltas que se desenvolvem pelo mundo, os manifestantes ocuparam as ruas com gritos de protestos, faixas, cartazes e ações diretas baseadas em desobediência civil.

Como já não podia esconder os protestos, a imprensa corporativa passou a lançar uma série de ataques aos manifestantes, na tentativa de demonizá-los. De fato, a mídia baseia suas atividades em três fundamentos: desinformação, mentira e criminalização. Para os barões midiáticos e seus jornalistas mercenários, tratava-se agora de lutar pela criminalização daqueles que lutam por seus direitos.

Quem acompanha jornais, portais e telejornais, tem visto a maneira imoral como a imprensa tem transmitido os protestos legítimos, tratados por ela como puro vandalismo de "jovens de classe média que não valem nem vinte centavos", nas palavras do capanga midiático Arnaldo Jabor.

É interessante notar como, de repente, as classes sociais passam a ter importância no discuso da direita quando o conceito serve aos seus interesses, como se a classe média também não sofresse com os males causados pelo sistema vigente. A verdade é que, para a direita, não faz qualquer sentido que pessoas com alguns poucos privilégios participem de ações em defesa dos interesses dos menos favorecidos. Para os conservadores e liberais, o egoísmo é o que move o ser humano. Essa é sua natureza. Logo, se alguém participa de algo, só pode estar agindo em favor de seus interesses mesquinhos. Não entra na cabeça da direita que o mundo não é um livro da Ayn Rand [1], que algumas pessoas são capazes inclusive de ir contra seus próprios interesses de classe para defender quem precisa urgentemente de ajuda.

Também é interessante notar como a mídia passou, da noite para o dia, a se preocupar com o patrimônio público, denunciando os supostos atos de vandalismo que ocorrem durante os protestos. Sim, a mesma mídia que apoiou o processo de privatizações do governo FHC. A mesma imprensa que defendeu e defende até hoje a venda de empresas públicas a preço de banana. Essa mídia, magicamente, passou a se preocupar com o patrimônio público. Não pode haver nada mais hipócrita.

Ver a mídia capitalista criticando a "destruição do patrimônio público" nos protestos contra o aumento das passagens é assistir a um show de piadas. 
Se tem uma coisa que nossa mídia não ajuda a preservar, é o nosso patrimônio público. Não caiam nessa. Nenhum possível dano ao patrimônio público resultado dos protestos chega sequer aos pés dos danos que os porcos donos das empresas de transporte causam ao povo. Deve haver apoio incondicional às manifestações.

Outra coisa me chamou bastante atenção. Ao assistir e ler sobre os conflitos entre policiais e manifestantes, me veio a mente um comentário atribuído ao grande revolucionário e ativista pelos direitos civis Malcolm X. Em seu comentário, Malcolm faz uma crítica arrasadora à minoria de afro-americanos que se comportavam como capangas da elite branca e endinheirada dos EUA, indo contra as lutas e interesses do movimento negro.

Malcolm compara tal situação com a época da escravidão. Segundo ele, os escravos se dividiam em duas categorias: os escravos da casa e os escravos do campo. Os primeiros possuíam algumas regalias. Não tinham que trabalhar o dia todo no campo. Estavam mais próximos de seus senhores. Enquanto os escravos do campo sofriam executando trabalho pesado, dormiam na senzala e não possuíam qualquer conforto, os da casa tinham acesso a algumas poucas migalhas. Sim, poucas. Mas suficientes para gerar neles a ilusão de que eram diferentes. O bastante para criar neles um sentimento de lealdade em relação aos seus donos.

Quando os escravos do campo armavam uma fuga, os escravos da casa se recusavam a participar da ação, porque simplesmente não viam motivos para abandonar seus “mestres”. “Por que fugir”? “Temos tudo aqui”. “O que pode ser melhor do que isso”? Na mente deles, pelo menos em comparação com a situação dos que trabalhavam no campo, suas vidas não eram tão ruins assim. Não se sentiam explorados. Alguns talvez até se sentissem parte da família de proprietários. Quando seus donos adoeciam, eles diziam: “nós estamos doente”. Eles não se viam como indivíduos, com personalidade, desejos e vontade própria. Se viam como uma extensão de seus senhores.

Malcolm termina dizendo que os afro-americanos capangas da burguesia branca eram os novos escravos da casa. Por se encontrarem em uma posição mais próxima de seus senhores, eles já não se viam mais como parte do movimento negro. Faziam o jogo dos opressores. Estavam felizes em atacar os seus próprios irmãos em defesa dos interesses da plutocracia.

Pois bem, os policiais são os nossos escravos da casa. Sim, eles fazem parte da massa explorada pela elite econômica corrupta e sua casta auxiliar, a burocracia estatal. Entretanto, por estarem mais próximos aos donos do poder. Por fazerem parte do Estado, acabam não se identificando com os escravos do campo, aquela parte da massa explorada que não está próxima dos “seus donos”. Eles recebem péssimos salários. Trabalham em condições precárias. Mas, por algum motivo, sentem prazer em obedecer às classes opressoras. Acham que não há nada melhor do que isso. Acreditam firmemente que defender os opressores é a coisa certa. São armas nas mãos das elites dominantes. Não querem se voltar contra seus senhores, porque pensam fazer parte da “família de proprietários”. Mas não fazem. Não, não fazem. São apenas idiotas úteis. Para os opressores, eles não passam de instrumentos descartáveis.

Mesmo assim, eles não acordam. Vão continuar a defender os exploradores. Só resta torcer para que um dia eles percebam que um escravo, mesmo que more na casa de seu senhor, continua sendo um escravo. Enquanto isso não ocorre, os escravos do campo, a imensa massa de trabalhadores explorados, devem vê-los como inimigos. Sim, eles são inimigos. Assassinos de seus próprios irmãos.  

Aos que acreditam que é possível construir um mundo melhor. Aos que, como eu, se posicionam ao lado das classes exploradas, não resta outra opção, a não ser o apoio incondicional ao movimento. Qualquer ação contra o sistema, por menor que seja, é válida. É o conjunto das lutas que determinará o resultado final. Devemos apoiar todas as reivindicações das lutas populares, mesmo que, para nós, tais reivindicações não pareçam de grande importância na luta contra o sistema capitalista e seu modelo político corrupto e burocratizado. Não sou eu nem você que decide quais lutas são importantes, é o próprio movimento, é a própria realidade social, como aparece aos olhos de quem analisa o mundo sem mistificações. 

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Ayn_rand

Posted by
*centrodosocialismo 

Perfil da 'Veja' no Twitter é invadido e revista é chamada de fascista





País






Perfil da 'Veja' no Twitter é invadido e revista é chamada de fascista


Portal Terra






O perfil da revista Veja no Twitter foi invadido por volta das 12h50 desta segunda-feira. 

O responsável pelo ato, que se identificou como @AnonManifest!, utilizou a conta do veículo para publicar a seguinte mensagem: 

"'Jornalismo fascista nós não precisamos de vocês.' A #LUTA CONTINUA #Brasil #OGiganteAcordou #Brasil #rEvolução"
em alusão aos protestos contra o aumento das tarifas no transporte que têm ocorrido em diversas cidades pelo país.

Até as 13h10 a conta seguia sob o controle do invasor e já exibia três novos tuítes: 


" Aos mais velhos: Desliguem suas TVs, deixem o telejornal fascista de lado e venham para as ruas hoje". 
"Nem a polícia e nem Mídia irão nos calar!".
Logo em seguida o hacker deixou uma mensagem de aviso a outro veículos de comunicação. 
"Outros vários perfis estão sendo tomados por mim neste momento e estará a dispor, p serem usados como divulgação de videos fotos...(sic)" 

O perfil da revista Veja foi invadido no início da tarde desta segunda-feira
O perfil da revista Veja foi invadido no início da tarde desta segunda-feira 
Postado por Helio Borba

Brasil financia política de Apartheid israelense, diz integrante do Stop The Wall


Bookmark and Share
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Maren Mantovani está no Brasil desde agosto do ano passado | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Samir Oliveira e Débora Fogliatto no SUL21
A italiana Maren Mantovani está no Brasil desde agosto de 2012 para articular apoios à causa Palestina. Coordenadora de Relações Internacionais do movimento Stop The Wall, ela, que viveu durante dez anos em Ramallah, se dedica agora, à estruturação do grupo na América do Sul.
Maren explica que o foco no Brasil é importante, pois, de acordo com o Stop The Wall, o país financia as políticas repressivas de Israel em relação aos palestinos. A principal forma de apoio se dá através de acordos militares para compra de armas de empresas como a Elbit, que está diretamente envolvida na construção do muro que divide os territórios palestinos.
Nesta entrevista ao Sul21, Maren fala sobre as relações econômicas e militares entre Brasil e Israel e comenta, também, o acordo que o governo gaúcho firmou com a Elbit em abril deste ano. “O que aconteceu no governo do Rio Grande do Sul é o que também acontece a nível federal. Há uma linha política e se esquece completamente, ou se ignora, que a economia é política também. Eles dizem: ‘Fizemos um contrato. Onde está o problema político de se fechar um negócio?’. Mas acordos econômicos – se também são internacionais – sempre afetam seres humanos e podem, também, afetar seus direitos”, critica.
“O muro separa os palestinos de seus campos, de suas escolas, de seus hospitais”

Sul21 – Como tu começaste a te envolver com o movimento Stop The Wall?
 
Maren – Iniciei o trabalho com o Stop the Wall praticamente quando as relações internacionais do movimento começaram a se desenvolver. Nossa campanha começou em 2002, alguns meses depois de a construção do muro ter início. Naquela época, ninguém sabia o que estava acontecendo. Foi diretamente depois da re-insavasão da Cisjordânia e do massacre de Jinin. As escavadeiras simplesmente chegaram e destruíram os campos palestinos. Sabíamos que era um projeto grande, porque muita terra foi destruída, mas Israel não explicou nada. O primeiro mapa (da construção do muro) só foi divulgado mais de um ano depois do início da obra.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Movimento Stop the Wall tenta esclarecer o mundo sobre muro erguido por Israel para isolar palestinos | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Como foi o trabalho de vocês neste primeiro momento?
 
Maren – Uma das primeiras coisas que fizemos foi investigar o que estava acontecendo, buscar informações sobre que projeto estava sendo posto em prática. A nível nacional, o trabalho que fazemos é de organização de comitês populares e de apoio às lutas nas aldeias. A nível internacional, a primeira tarefa foi explicar ao mundo o que estava acontecendo. As pessoas não acreditavam que isso estivesse ocorrendo: a construção de um muro de oito metros de altura e quase 800 quilômetros de comprimento. Quando ouviam isso pela primeira vez, diziam que não era possível.

Sul21 – O que representa, para os palestinos, a construção desse muro?
 
Maren – Não é uma barreira de segurança. Não divide Israel da Cisjordânia. O muro separa os palestinos de seus campos, de suas escolas, de seus hospitais. O segundo passo do movimento Stop The Wall foi pensar em como podemos nos organizar para trabalhar juntos, em solidariedade, de uma forma que seja eficaz para derrubar o muro. Em 2004, tivemos a decisão da Corte Internacional de Haia, que disse que Israel precisa parar de construir o muro, que é algo ilegal. A segunda parte da decisão diz respeito à responsabilidade de outros países: outros estados não podem ajudar na construção do muro. Isso significa que não podem fazer contratos com empresas que estão envolvidas na construção do muro, dos assentamentos e de outras violações graves que Israel comete diante da lei internacional. A decisão de Haia prevê que devem ser impostas sanções para que Israel encerre essa política. Então surge, em 2004, o primeiro chamado à campanha por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) em Israel. Em 2005, toda a sociedade civil e partidos políticos palestinos se unem a esse chamado.

Sul21 – Vocês acreditam que esta campanha possa ter o sucesso que teve a campanha por BDS em relação à África do Sul, na época do Apartheid?
 
Maren – A campanha por BDS em Israel tem um apelo muito mais forte e em muito menos tempo do que foi o caso da África do Sul. As pessoas sempre recordam da campanha de boicote contra a África do Sul no final dos anos 1980. Mas essa campanha começou no início dos anos 1960. Conversando com os ativistas que a organizaram, eles disseram que nunca conseguiram, em 20 anos, o que nós já estamos conseguindo em apenas oito anos. Isso se deve a vários fatores. De um lado, hoje podemos nos comunicar melhor. E a causa palestina já possui décadas de apoio sobre o qual se construiu a campanha de BDS. Isso é uma vantagem e um desafio. A África do Sul tinha, basicamente, como parceiros econômicos, somente a Inglaterra, a Europa e os Estados Unidos. Hoje, esta campanha pelo BDS é global. E está forte na Europa e fazendo progressos muito importantes nos Estados Unidos – na sociedade civil e nas universidades. Mas, se quisermos ter força, precisamos do apoio do Sul do mundo, da América do Sul e da Índia. É aí que Israel está encontrando seus mercados mais importantes, sobretudo porque Europa e Estados Unidos estão em crise.
”O Brasil se tornou uma das linhas de sustentação econômica que possibilitam a política de Israel”

Sul21 – Que países apoiam, hoje, direta ou indiretamente, a construção do muro?
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
” A cada compra dessas armas, o Brasil dá sustentabilidade às guerras e ocupações de Israel”, diz Maren Mantovani | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Maren – O mundo inteiro. Neste momento, são muito poucos os países que têm uma postura condizente com a legislação internacional. O Brasil fornece muita ajuda e assistência a essa e a outras violações cometidas por Israel. Dessa forma, acaba dando reconhecimento aos assentamentos israelenses e ao muro. Isso é uma completa contradição com a política do Itamaraty, que reconhece o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967. O Brasil apoia o respeito à lei internacional e às resoluções da ONU. Por outro lado, por parte das relações econômicas, ocorre exatamente o contrário. O Brasil se tornou uma das linhas de sustentação econômica que possibilitam a política de Israel.

Sul21 – Vocês estudam as relações militares entre Brasil e Israel. De que forma elas ajudam os atos de Israel?
 
Maren – Israel é um país permanentemente em guerra, portanto a indústria militar tem uma importância fundamental – seja para que continuem suas guerras ou para a economia em geral. Toda produção militar de tecnologia e segurança nacional é muito importante para a economia israelense. Até 80% dessa produção é exportada. É claro que não existe mercado suficiente para isso em Israel, que possui seis milhões de habitantes. Então Israel exporta sua produção militar para o Sul do mundo. A índia é o maior importador de armas israelenses e o Brasil é o quarto. Em todas as Américas, somente a Colômbia compra mais armas de Israel. A cada compra dessas armas, o Brasil dá sustentabilidade às guerras e ocupações de Israel. Essas empresas militares israelenses, como a Elbit – que está localizada também em Porto Alegre -, não constroem somente os Drones (aviões não tripulados) que matam os palestinos. Constroem o muro e fazem parte de um sistema de ocupação.

Sul21 – Como está a reação – econômica e política – a essas empresas hoje no mundo?
 
Maren – Existe uma campanha global de boicote contra elas, especialmente contra a Elbit. Na Noruega, em 2009, o Ministério das Finanças decidiu pedir ao Fundo Nacional Pensionístico para desinvestir nessa empresa, em particular porque ela está construindo o muro e é parceira de um crime de guerra. Após essa decisão, outras instituições financeiras decidiram desinvestir na Elbit, incluindo 12 bancos nacionais europeus. Em 2012, o relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos nos territórios ocupados na Palestina, Richard Falk, lançou um informe sobre as responsabilidades das empresas nos crimes de guerra de Israel. Novamente a Elbit foi nomeada como uma das empresas que precisamos boicotar. Isso foi dito na Assembleia Geral da ONU.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
“Claramente, Israel já possui poder de veto sobre a política externa do Brasil” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Como tem sido a relação do movimento Stop the Wall com o governo brasileiro? Há uma crítica ao ministro Celso Amorim, que, quando estava no Itamaraty, adotava uma posição pró-Palestina e, agora, no Ministério da Defesa, continua comprando armas de Israel.
 
Maren - Celso Amorim se encontra em uma situação bastante difícil. Quando estava no Itamaraty, ele criou uma política de fortalecimento e integração da América do Sul e de relacionamento com o mundo árabe. Agora está em um ministério que tem toda essa relação militar com Israel. O Brasil não pode nem vender armas brasileiras para Venezuela e Bolívia – com as quais havia feito um pacto de defesa – porque existe esse acordo com Israel, então Israel veta (as vendas). O Brasil quer desenvolver sua indústria militar para fortalecer sua soberania nacional, mas com esses acordos com Israel, está derrubando completamente esses objetivos. O Itamaraty trabalha com alianças Sul-Sul e com o mundo árabe. O Brasil quer ter relações estratégicas com países que são considerados inimigos por Israel. Mas, com essas parcerias com Israel, sempre se encontrará em uma situação em que Israel impedirá suas políticas. Claramente, Israel já possui poder de veto sobre a política externa do Brasil.
“Os trabalhadores da Taurus estão sendo obrigados a produzir um rifle desenvolvido no sangue dos palestinos”

Sul21 – Houve tentativa de diálogo com Amorim quando ele asusmiu o Ministério da Defesa?
 
Maren – Partidos políticos e movimentos sociais da Palestina escreveram a ele, dizendo que sabiam que suas políticas eram diferentes do que vinha sendo adotado nos últimos oito anos pelo ministério. Eles pediram: “Por favor, leve em consideração não só as estratégias, mas também a responsabilidade com a lei internacional e os direitos dos palestinos. Acabe com essas relações militares entre Brasil e Israel”. E isso não está acontecendo. A sociedade civil brasileira tem um papel muito importante para pressionar o governo neste sentido. Atualmente, por exemplo, Israel está produzindo o rifle Tavor. Esse rifle começou a ser produzido no início da segunda Intifada e aprimorado no massacre de Gaza, em 2008 e 2009. O Exército brasileiro quer novos rifles. Então a Taurus estava desenvolvendo um novo protótipo para oferecer, mas o Exército disse que queria o rifle Tavor. O resultado, então, é que o Brasil tem um rifle que, em termos de produção de tecnologia, não é seu. Não sei como é exatamente o contrato entre a Taurus e a IMI, empresa israelense que fabrica este rifle, mas certamente eles recebem uma parte do valor dos rifles vendidos aqui. E os trabalhadores da Taurus estão sendo obrigados a produzir um rifle desenvolvido no sangue dos palestinos. Em seus sites, as empresas militares de Israel demonstram o quanto seus produtos são field-tested, testados em campo, no sangue dos palestinos. Eles dizem claramente que a guerra é uma grande oportunidade para a propaganda desses produtos.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
De acordo com Maren, “a cada jogo da Copa, a Palestina perderá sem nem entrar em campo” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Com todos os investimentos feitos em segurança em função da Copa do Mundo de 2014, você acredita que as relações militares entre Brasil e Israel tendem a se intensificar nesse período?
 
Maren – Claro, isso já está acontecendo. Já sabemos que os VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) israelenses foram utilizados nos jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro. Foi apenas um teste para a Copa do Mundo. Na Inglaterra e na África do Sul, durante os megaeventos, as empresas israelenses fizeram a segurança e tiveram um lucro muito grande. É importante que se fale disso, que se faça pressão sobre isso. Porque senão, na Copa do Mundo, cada jogo vai se tornar um jogo em que a Palestina perde sem nem entrar em campo.

Sul21 – Como você avalia o acordo feito no dia 29 de abril entre o governo gaúcho e a Elbit para investimentos no polo aeroespacial do Rio Grande do Sul? Foi firmado um empreendimento que deverá construir no Estado a segunda base nacional para lançamento de satélites.
 
Maren – Primeiramente, quero destacar que quando Tarso Genro foi à Palestina, todo mundo, desde o primeiro-ministro Salam Fayyad, até toda a sociedade civil, mandou uma mensagem clara e unificada: “Esse contrato financia quem constrói o muro na Palestina e viola nossos direitos”. Como é possível que alguém que se colocou como nosso amigo, que comprou a briga para realizar o Fórum Palestina Livre – e todo mundo sabe que não foi fácil politicamente – tenha feito isso? Para nós, foi muito importante ele ter ido à Palestina. Todos, das autoridades ao povo, queriam hospedá-lo da melhor forma possível, para agradecer tudo o que ele tinha feito. Quando chegou a notícia desse contrato com a Elbit, nos sentimos apunhalados. O que aconteceu no governo do Rio Grande do Sul é o que também acontece a nível federal. Há uma linha política e se esquece completamente, ou se ignora, que a economia é política também. Eles dizem: “Fizemos um contrato. Onde está o problema político de se fechar um negócio?”. Mas acordos econômicos – se também são internacionais – sempre afetam seres humanos e podem, também, afetar seus direitos.
“Quem gasta dinheiro são os governos do Rio Grande do Sul e federal para financiar uma empresa israelense que constrói o muro e viola os direitos dos palestinos”
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Governo gaúcho está gastando dinheiro para financiar uma empresa que constrói o muro contra Palestina, diz integrante do Stop the Wall | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Além de vocês criticarem politicamente o acordo, acreditam que trata-se de um investimento de risco?
 
Maren – Se tentou acusar os que se opunham ao contrato – tanto palestinos quanto movimentos sociais brasileiros – se não darem conta do desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Mas pedíamos apenas que tomassem em consideração mais critérios no debate e respeito aos direitos humanos, à lei internacional e às prioridades do Itamaraty. Hoje, as agências, bancos e institutos financeiros da Europa se opõem aos investimentos e envolvimentos nas ocupações israelenses. Não se importam com a Palestina, mas consideram esses investimentos um fator de risco. Existem fatores políticos de risco econômico. E também poderia ter-se vantagens realizando uma política econômica alinhada com os princípios estratégicos do Itamaraty. Apenas responder que “o Itamaraty não disse que não” não é o suficiente para se obter as vantagens que uma ação alinhada com as prioridades do Ministério das Relações Exteriores poderia gerar. Ao mesmo tempo, não isenta (o governo gaúcho) de responsabilidade. Afirmar que outros também realizam contratos com a Elbit apenas ressalta que outros também desrespeitam a lei internacional. Muitos pensam que é um investimento (da Elbit) no Estado, ou uma transferência de tecnologia ao Estado. Mas, pelo que sabemos, é um projeto de pesquisa e desenvolvimento. Então quem gasta dinheiro são os governos do Rio Grande do Sul e federal para financiar uma empresa israelense que constrói o muro e viola os direitos dos palestinos – e para criar, junto com as universidades gaúchas, tecnologia que Elbit ainda não possui, mas que, uma vez desenvolvida, provavelmente ficará sob seu controle, no que diz respeito ao uso e provável exportação dessa tecnologia.

Sul21 – Existem outras empresas com a mesma capacidade militar e tecnológica com as quais Brasil e Rio Grande do Sul poderiam construir parcerias?
 
Maren – O interessante é que Rio Grande do Sul, que não sabe construir satélites, fez uma parceria com a Elbit, que também não sabe construir satélite, para realizar um projeto aeroespacial. Então, de uma maneira ou outra, isso responde a pergunta. Claro que existem outras opções. A África do Sul está esperando por parcerias neste sentido com o Brasil. Já existem contratos importante com a Ucrânia, que, sim, sabe como funcionam os satélites. Mais do que discutir as características dos produtos de diferentes empresas, temos que discutir o que significa um desenvolvimento e pesquisas em parceria com Israel. É evidente que Israel nunca vai permitir que o Brasil detenha as propriedades de sua alta tecnologia. Isso porque o Brasil ainda possui – e espero que continue assim – relações com Venezuela, Bolívia, o mundo árabe e outros países considerados inimigos por Israel. Enquanto for assim, relações militares entre Brasil e Israel sempre vão constituir um problema de independência e de soberania nacional ao Brasil.

Sul21 – Se existem outras opções, porque o Brasil firma tantas parcerias neste sentido com Israel?
 
Maren – Altamiro Borges, em uma fala, disse: “No Brasil, a esquerda vence as eleições, mas quem tem o poder é a direita”. Creio que isso não é totalmente verdade. Existem mudanças e coisas que foram feitas nos últimos dez anos. Mas também é verdade que em todos os governos de coalizão há contradições nos ministérios. Se olharmos para o Ministério da Defesa, veremos que ainda existem generais da época da ditadura, porque não foi feita uma limpeza neste sentido. O PT entrou neste ministério somente com Celso Amorin. Em todos os governos, como no Rio Grande do Sul, existem contradições internas e diferentes visões.
“Os palestinos são muito mal representados na grande mídia – ou nem são representados. É a mesma lógica com a qual os movimentos sociais brasileiros são tratados”

Sul21 – Como tu avalias a realização do Fórum Social Mundial Palestina Livre em Porto Alegre, no ano passado?
 
Maren – Este fórum social foi muito importante para o movimento de solidariedade à Palestina. No Rio Grande do Sul e no Brasil em geral existe muita consciência e interesse de se fazer as coisas. A partir do Fórum Social Mundial Palestina Livre, se começou a criar uma coordenação de movimentos de solidariedade na América do Sul. Uma série de iniciativas e campanhas estão sendo geradas a partir do fórum. Ainda que não tenha sido o maior fórum social já realizado, em termos numéricos, o nível de qualidade dos participantes foi muito bom. As pessoas mais envolvidas neste tema, no mundo inteiro, de forma prática e estratégica, estiveram aqui. Mas, ao mesmo tempo, penso também que o fórum foi um momento de agregação. Agora, precisamos de um momento de dispersão: sair pelo mundo com essas ideias e planos, articulá-las e implementá-las em diversos países, cidades, regiões e universidades, empresas. Provavelmente, em um certo período de tempo, teremos de novo um momento em que essa centralização será necessária.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
” Com o reconhecimento do Estado da Palestina, a única coisa que Israel fez foi acelerar a construção dos assentamentos” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Como a mídia tradicional trata o tema da Palestina?
 
Maren – Evidentemente, a grande mídia não diz o que queremos que diga. Mas as pessoas, às vezes, vêm com teorias da conspiração, afirmando que os judeus detêm o controle de toda a mídia. Isso não tem nada a ver com a religião, mas, sim, com a estrutura econômica. É evidente que a grande mídia não dará o ponto de vista de quem está sendo oprimido. A grande mídia é um instrumento do sistema capitalista e dá a visão do que interessa ao capitalismo e à manutenção do status quo. Os palestinos são muito mal representados na grande mídia – ou nem são representados. É a mesma lógica com a qual os movimentos sociais brasileiros são tratados. Nem é preciso fazer uma grande análise. Sofremos todos do mesmo problema. Esses veículos não falam de quem luta e de quem está oprimido. Falam de quem os paga.

Sul21 – Como o movimento Stop The Wall começou a voltar seus olhos para o Brasil e para a importância que as relações militares e econômicas do país com Israel possui para a causa palestina?
 
Maren – O movimento, desde muito tempo, tem esta visão de que é importante trabalhar com o tema da solidariedade Sul-Sul. Nos demos conta de que esta não é uma visão ideológica. Trata-se de uma urgência política, porque, analisando um pouco os fluxos econômicos e militares, se vê quanto os BRICs são importantes para Israel. Nem sequer precisamos fazer muitas pesquisas. Há documentos e claras manifestações dos ministros israelenses, que dizem que o interesse é nestes países. Particularmente, desde o início da crise econômica, em 2007 e 2008.

Sul21 – O reconhecimento pela ONU da Palestina como Estado observador não-membro das Nações Unidas foi bastante aclamado. Mas também é dito que o que é necessário é que Israel reconheça a Palestina.
 
Maren – Com o reconhecimento do Estado da Palestina, a única coisa que Israel fez foi acelerar a construção dos assentamentos. Creio que esse reconhecimento foi importante, pois comprometeu uma série de países com o apoio ao Estado Palestino. Com isso, eles têm a responsabilidade de não firmar contratos com empresas que estão destruindo esse Estado. Ao mesmo tempo, esse reconhecimento leva em consideração apenas uma parte dos problemas palestinos. Não leva em conta o problema dos refugiados palestinos e o fato de que existem palestinos que são cidadãos de Israel e vivem em uma situação de verdadeiro Apartheid. Israel não é uma democracia: ou se é judeu, ou não se tem os mesmos direitos. Existe um sistema institucionalizado do Apartheid. Cerca de 20% dos cidadãos de Israel são palestinos que vivem sob esse regime. Reconhecer o Estado da Palestina é apenas um passo, mas é evidente que não mudará nada para Israel. Israel não fará negociações sobre este tema se não houver pressões. Qualquer sindicalista entende que não se pode pensar que o empregador deixará de lucrar com o trabalho dos empregados somente com um pedido de aumento salarial. É preciso entrar em greve, o empregador precisa perder os lucros, e então se abre a negociação. É isso que queremos: que eles percam seus lucros, para que podemos ter alguma conquista.

Haddad não é o inimigo: prefeito de São Paulo fala sobre o movimento do passe livre

 

*Opensadordaaldeia 

FAO premia Brasil por reduzir a fome antes da data estabelecida pela ONU

BRASIL AVANÇA NO COMBATE À FOME


FAO premia Brasil por reduzir a fome antes da data estabelecida pela ONU
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) premiou neste domingo 38 países, entre eles o Brasil, por terem reduzido a fome pela metade antes de 2015, meta de cumprimento dos objetivos do milênio estabelecidos pela ONU.

"A todos e cada um de vocês, quero dizer-lhes que são a prova viva de que quando as sociedades decidem pôr fim à fome e quando existe um compromisso político dos governos, podemos transformar esta vontade em ações e resultados concretos", disse o diretor da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, ao abrir a sessão.

"A FAO está orgulhosa de trabalhar com todos os Estados-membros, desenvolvidos e em desenvolvimento, para alcançar nossa visão comum de um mundo sem fome e sustentável", acrescentou.

"Somos a primeira geração que pode acabar com a fome, uma praga que a humanidade sofre desde o alvorecer da civilização. Aproveitemos esta oportunidade", disse, ainda, Graziano.

A cerimônia foi realizada na sede mundial da organização, na capital italiana, e contou com a participação de vários presidentes, entre eles Nicolás Maduro (Venezuela), Ricardo Martinelli (Panamá), Porfirio Lobo (Honduras), a vice-presidente da República Dominicana, Margarita Cedeño de Fernández, e o vice-presidente da Nicarágua, Omar Halleslevens Acevedo.

"Ter reduzido pela metade a desnutrição infantil significa que ainda temos outra metade para continuar trabalhando", declarou Martinelli ao falar na assembleia.

O presidente panamenho também propôs a criação de "um fundo especial para comprar os excessos de alimentos que outros países descartam para não fazer cair os preços e dá-los para aqueles países que não têm a capacidade de comprá-los a preços normais".

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que atribuiu os êxitos no combate à fome em seu país ao antecessor e padrinho político Hugo Chávez - sendo muito aplaudido pela assembleia -, contou que, na Venezuela, foram criados planos de assistência aos mais necessitados, dando "status de direito humano ao direito à alimentação", e criado um Ministério da Alimentação.

Segundo Maduro, na Venezuela foi criada a maior rede pública do mundo de distribuição de alimentos, com 22 pontos de distribuição.

A rede consegue atender 61% dos lares, com subsídios que cobrem de 60% a 80% dos alimentos, graças ao que tem sido possível diminuir a subnutrição de 13,8% aos atuais 2,4%, disse o presidente venezuelano.

A FAO entregou diplomas por seu desempenho na redução da fome a outros dez países latino-americanos, além do Brasil: Chile, Cuba, Guiana, Nicarágua, Peru, Venezuela, República Dominicana, Honduras, Panamá e Uruguai. (Fonte: aqui).

................
Excelente a proposta formulada pelo presidente Ricardo Martinelli, do Panamá: criação de um fundo especial para comprar os excessos de alimentos que outros países descartam (para não fazer cair os preços) e dá-los para aqueles países que não têm a capacidade de comprá-los a preços normais. (Como se depreende, o Livre Mercado não brinca em serviço).
No mais, de parabéns o Brasil.

domingo, junho 16, 2013

“Estamos enfrentando o AI-5 de Geraldo Alckmin”


Igor Felippe: “Estamos enfrentando o AI-5 do governador Geraldo Alckmin”

Igor Fellipe, Viomundo
geraldo alckmin pm sp
“Estamos enfrentando o AI-5 do governador Geraldo Alckmin, que suspende várias garantias constitucionais e consolida uma “linha dura” militar em pleno regime democrático”
Guardo na memória alguns episódios do governo de Mário Covas, que considero um político importante na história, que fazia política com convicção e sangue nas veias. Líder mais autêntico da história do PSDB, Covas foi governador de São Paulo e sofreu uma pressão muito forte por conta do crescimento dos índices de violência.
Era uma São Paulo saudosa de Malufs e Fleurys, que acabara de viver o Massacre do Carandiru, e cobrava medidas enérgicas contra o crime. Havia uma forte pressão comparável à campanha em curso pela redução da maioridade penal. As cobranças eram para que o governador se manifestasse de forma dura contra os criminosos.
Covas respondeu o seguinte ao ser questionado pela imprensa: qualquer manifestação do governador naquele contexto seria entendida pelo policial, lá na ponta, como uma autorização para matar. O então governador, que tinha toda a razão, “apanhou” bastante dos setores conservadores e da mídia que o acusavam de “bundão”. Covas queria dizer que qualquer sinal desse tipo vindo das autoridades é entendido pelos policiais como uma ordem para usar todos os meios possíveis para “resolver” a situação.
Leia também
De lá para cá, muitas coisas mudaram. O PSDB já foi um partido preocupado com os direitos humanos, que tinha ainda memória da participação de seus dirigentes no processo de luta pela democracia na década de 80. A postura do governador Geraldo Alckmin não lembra em nada a postura responsável de Covas. As declarações do governador não só legitimam como estimulam e liberam as ações de violência da Polícia.
Aqui vai uma das declarações do governador, o responsável político pelas ações da PM: “Manifestação é legítima, natural. Outra coisa é fazer depredação de patrimônio público, deixar um rastro de destruição por onde passa, prejudicando o usuário do sistema”.
Esse discurso aparentemente democrático, de respeito às manifestações, entra nos ouvidos dos policiais como uma orientação de agir para impedir a realização desses protestos, ainda mais com o clima criado por uma cobertura criminalizadora da mídia. A mensagem entendida pelos policiais é a seguinte: essas manifestações são ilegítimas, violentas e devem ser reprimidas com toda a força.
E foi justamente o que os soldados da PM fizeram na noite desta quinta-feira. Prisões arbitrárias (de portadores de vinagre), espancamentos covardes, agressões a jornalistas, tiros e bombas jogadas em grupos de manifestantes que gritavam “sem violência, sem violência”.
A disposição da polícia era encerrar o ato o quanto antes, independente da postura dos manifestantes. A intolerância de uma polícia revanchista, que começou a fazer revistas e prisões de cidadãos na saída do metrô antes do ato, teve como resposta a ampliação da consciência dos manifestante de que a violência só joga água no moinho de quem está contra os protestos.
A palavra de ordem “sem violência, sem violência” é uma demonstração dos objetivos dos manifestantes, que repetindo em coro a frase constrangem a polícia e envergonham uma minoria – aparentemente ainda menor – disposta a acirrar os ânimos.
Um país com a democracia consolidada, diante dessa situação de violência institucionalizada contra a população, faria um movimento pelo impeachment do responsável pela ação da PM, o governador Geraldo Alckmin. Se o prefeito Fernando Haddad comete um erro político ao sustentar a posição de manter o aumento da tarifa de ônibus, Alckmin ameaça com a sua polícia a democracia e as liberdades civis ao impedir a realização de uma manifestação que tem uma causa justa.
Diante disso, estamos enfrentando o AI-5 do governador Geraldo Alckmin, que suspende várias garantias constitucionais e consolida uma “linha dura” militar em pleno regime democrático. A generalização de ações ilegais pelo Estado, especialmente as arbitrariedades do seu braço armado portador do monopólio da for ça, obriga uma ação em defesa da democracia que passa pelo afastamento imediato do responsável por essa situação, o governador Alckmin, que não mostra condições de conduzir esse processo.
Por outro lado, enquanto não der uma declaração firme contra a violência da polícia e a concreta ameaça à democracia, Haddad será considerado condescendente e pagará um preço político pela postura titubeante.
Os atos dos jovens, que versam sobre temas de fundo relacionados à questão urbana, ganham importância cada vez maior porque passaram a tocar em uma ferida que marca o nosso país. No processo de redemocratização da década de 80, setores da classe dominante evitaram que se levasse a cabo o potencial das transformações defendidas pelo movimento político que estava em luta.
Assim, não houve uma ruptura com o regime militar para a instauração de uma democracia que levasse até as últimas consequências a participação do povo na política e a destruição da estrutura de repressão criada na ditadura. Por isso, a polícia que agora reprime jovens manifestantes é a mesma que prendia, espancava e torturava aqueles que lutavam contra a ditadura.
Com isso, a questão central não é mais o aumento de 20 centavos nas tarifas (embora esse seja o problema motivador). Estão em jogo os limites da democracia, cada vez mais estreitos ao não tolerarem a realização de manifestações, a ocupação de espaços públicos e a participação popular na política.
Cada vez mais jovens saem às ruas para protestar e os atos estão ficando maiores. Cresce o sentimento de que é necessário lutar e, mesmo com o clima de terror e medo criados pela violência da PM, esses jovens se somam às manifestações de cara aberta e com um brilho especial no olhar. Muitos vivem pela primeira vez, com seus 16 ou 17 anos, a experiência de participar de protestos de massas.
Esse processo pode contribuir na construção de uma força social no futuro, se for conduzido de forma responsável, estiver colado nos anseios mais sinceros da sociedade e criar condições de converter o ativismo de animados e corajosos jovens em uma organização política capaz de enfrentar os problemas estruturais, que necessariamente fará a ruptura adiada na década de 80 e, enfim, consolidará a democracia no país.
Prisões arbitrárias (de portadores de vinagre), espancamentos covardes, agressões a jornalistas, tiros e bombas jogadas em grupos de manifestantes que gritavam “sem violência, sem violência”.
*PragmatismoPolitico