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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, julho 07, 2013
sábado, julho 06, 2013
Snowden, Evo Morales e adeus às ilusões
Urariano Mota
Recife (PE) -
Os últimos acontecimentos na política internacional trazem uma luz
didática para todas as pessoas que acreditam na liberdade e democracia
do capitalismo. O mundo do capital, mais conhecido em propaganda e
livros didáticos como o sistema de “livre mercado”, recebeu nestes dias
uma clareza de desmonte.
Para
situar os fatos nos últimos 30 dias, primeiro Edward Snowden, um
ex-técnico da CIA, revelou para todo o planeta que o governo dos
Estados Unidos espiona a vida íntima, pessoal de cidadãos não só no
território norte-americano. Se ficasse somente entre os governados por
Obama, a espionagem já seria um escândalo, uma prova hard e real do
imaginado pelo escritor George Orwell, quando profetizou a existência do
Big Brother. Mas o revelado pelo funcionário da CIA foi mais longe.
Diplomatas e governos da União Europeia são também espionados. E mais:
todos somos rastreados nos telefones celulares e nas informações da
internet que passem pelo Google, Apple e o Facebook. E-mails, fotos e
outros arquivos dos usuários em todo o mundo são aprisionados. O que é
uma realização dos evangelhos: nada escapa aos olhos de Deus.
Depois
veio o que nos atinge mais direto na carne. Evo Morales, soberano
presidente da soberana Bolívia, depois de uma visita a Moscou, foi
proibido de passar pelo espaço aéreo de Portugal, França, Espanha e
Itália. Isso porque havia a suspeita de que o avião presidencial
transportasse também Edward Snowden. Notem até onde vai o adeus às
ilusões de liberdade, democracia e respeito à soberania dos povos. As
nações europeias, elas próprias espionadas, obedeceram à ordem da
segurança do governo de Obama. Por hipótese ou suspeita, um chefe de
Estado foi impedido de sobrevoar espaço aéreo de país amigo, sem
qualquer declaração de guerra. O espaço era livre, pensava Evo Morales
ao sair de Moscou. Mas ficou provado que o céu não é do condor. É dos
Estados Unidos.
Mas
para o diretor de Políticas do Conselho das Américas – uma organização
empresarial que produz análises e estudos sobre a América Latina –,
Christopher Sabatini, a questão é bem mais simples. Olhem o que falou
para a BBC Brasil: “Parceria é uma via de duas mãos. Para um país ser
tratado com respeito, precisa respeitar as prerrogativas de segurança
nacional de outro". Entendem? Para Christopher Lee, digo, Sabatini, o
presidente Evo Morales foi desrespeitado porque não teria respeitado a
segurança dos Estados Unidos. Notem que a frase “respeitar as
prerrogativas de segurança nacional de outro" não tem o mesmo
significado para todos os países do mundo. Pois o analista quer dizer: a
segurança nacional do outro é sempre a segurança dos Estados Unidos.
Ou
seja, no caso da Bolívia, o presidente Evo Morales pôde sofrer riscos à
própria vida, mas não estava no uso da segurança nacional. Com pouco
combustível no avião, passou pelo sufoco de um bloqueio do espaço aéreo
no céu e por constrangimentos que são insuportáveis até mesmo para
passageiros comuns. Ele teve que pousar em Viena, onde ficou 14 horas,
até que sua rota fosse enfim autorizada. E depois, reabasteceu o avião
no Brasil, na bela cidade de Fortaleza. A nota oficial da presidenta
Dilma foi a mais dura dos países sul-americanos:
“...
O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável - a suposta presença de
Edward Snowden no avião do Presidente -, além de fantasiosa, é grave
desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas
civilizadas de convivência entre as nações. Acarretou, o que é mais
grave, risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores.
Causa
surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido
adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos
denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados
Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo
comercial entre este país e a União Europeia”.
De
passagem, vale destacar que o tempo da reação de nossa presidenta
contra a agressão a Evo Morales, a demora do governo brasileiro em
responder, não foi o que desejam os críticos mais sectários à esquerda,
que são ótimos governantes em palavras e desejos. Mas para o colunista
importantes são a natureza da declaração e o peso que a economia mais
poderosa da América Latina joga contra esse insulto a uma nação irmã. E
do meu canto concluo: importa mais a retirada da máscara de um mundo
livre sob os Estados Unidos. Nestes últimos 30 dias, ficou demonstrado
q
que o céu não é do condor.
*AmoralNato
O que espera a Dilma para mandar embora o ministro do plim-plim e do trim-trim ?
Bernardo, o quinta-coluna
O Conversa Afiada reproduz, do Blog do Miro, artigo do Bepe Damasco:
Paulo Bernardo, o quinta-coluna
Por Bepe Damasco, em seu blog:
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” (Guimarães Rosa)
Endosso a sugestão do Renato Rovai, em artigo publicado em seu blog, recomendando o grande escritor mineiro para a presidenta Dilma neste momento.
O blogueiro acerta na na mosca também quando lembra que o confronto é inevitável, conclamando a presidenta para ir à TV e às ruas em defesa do plebiscito e das conquistas do seu governo contra a trairagem do PMDB e do Congresso. Mas quero acrescentar aqui outra providência essencial para superar a crise : uma ampla reforma ministerial. Que deve começar pela demissão do ministro das Comunicações, Paulo Quinta Coluna Bernardo, amigo das teles, da Veja e de O Globo.
Como diz CartaCapital, o ministro do plim-plim e do trim-trim. Sua entrevista às páginas amarelas da Veja, no auge das megamanifestações de junho, atacando os lutadores pela democratização da mídia no Brasil e a militância do PT foi a gota d’água. Não pode passar em branco uma destro provocação como aquela.Ainda mais partindo de alguém que já ostenta no currículo a interdição do debate sobre um novo marco regulatório para a radiodifusão no Brasil, sentando em cima do projeto elaborado pelo ex-ministro Frankilin Martins.
O mesmo lixo jornalístico que o “premiou” com o espaço nobre reservado aos seus cupinchas publicou na edição desta semana mais uma capa emblemática do tipo de jornalismo golpista e fétido praticado por ele: um precipício do qual despencam ratos e uma bandeira vermelha. O que deve ter passado na cabeça do “bom petista” (como Bernardo é tratado por Veja) ao se deparar nessa mesma edição com um militante de extrema direita e funcionário da Globo sendo mostrado como exemplo do “novo Brasil que emergiu das
ruas?”
Bobagem imaginar que o ministro possa ter se arrependido, afinal ele está longe de se deixar usar como uma espécie de inocente útil. Bernardo é um caso típico que quem já cruzou o Rubicão e se posiciona do outro lado da trincheira. Esperar o que de quem pensa como um neoliberal, imprime linhas de gestão conservadoras e excludentes, se perfila junto aos monopólios e esbanja preconceito contra seu próprio partido ?
Se o PT não tivesse sido arrastado pela avalanche da burocratização e se deixado contaminar pela praga do excesso de moderação institucional, seria o caso da instalação, na Comissão de Ética do partido, de um processo de expulsão do ministro.
*PHA
E a Justiça tolera o jornalismo associado a bicheiros e seus capangas …
*Paulo Henrique Amorim, um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, defensor infatigável do sistema de cotas para negros na universidade, está sendo condenado por preconceito racial.Acusa-o um repórter da rede Globo, a quem PH destinou uma metáfora, cujo uso CM não abona, mas que sabidamente se referia ao caráter do jornalismo praticado. Nunca à pigmentação da pele. A condenação, descabida, guarda coerência inquietante com o momento político. Nos dias que correm, o jornalismo associado a bicheiros e a seus capangas não apenas é tolerado pela justiça, como respaldado por autoridades federais, que sancionam seus métodos, metas e ‘maycons’, abraçando-se em uma esférica aliança contrária à regulação democrática dos meios de comunicação –outra bandeira incansável do diretor de Conversa Afiada. Não apenas isso. A emissora por trás do processo contra Paulo Henrique, comprovadamente sonegou R$ 615 milhões ao fisco, conforme mostrou outro blogueiro ‘inconveniente’, Miguel do Rosário. Continua, todavia, a se esponjar em verbas copiosas da publicidade federal. Em Brasília, dá-se a isso o nome de ‘mídia técnica’, mais ou menos o seguinte: aos que detém a corda, entrega-se o pescoço. E outras partes mais. O argumento ‘técnico’ é evocado por aqueles, para os quais, o papel de um governo democrático é reiterar o status quo em busca de indulgência, não modifica-lo em benefício da pluralidade e do discernimento crítico.. Talvez esteja aí o erro de fundo de Paulo Henrique: a incompatibilidade do seu jornalismo com um status quo ainda iníquo, racista e cínico.
*PHA
Gilberto Gil critica torcida 'esbranquiçada' em Copas e propõe cotas de ingressos
Em uma entrevista coletiva que tinha como objetivo divulgar o
lançamento de sua biografia, "Gilberto Bem Perto", mas que acabou
enveredando para assuntos variados, o cantor Gilberto Gil criticou, na
tarde desta quinta-feira, em Paraty (RJ), a falta de acesso da população
negra e pobre às partidas da Copa das Confederações e da Copa-2014, no
Brasil, por conta do alto preço dos ingressos.
"Tem de haver uma mobilização autopromovida pelas favelas, pelas
periferias, para suprir a carência que esses grandes eventos globais
acabam impondo ao Brasil, que é a filtragem pelo preço dos ingressos",
disse o ex-ministro da Cultura, que afirmou ter ido ao Maracanã no
último domingo, para a final entre Brasil e Espanha.
"Fiquei na tribuna de honra, ao lado do [Joseph] Blatter [presidente da
Fifa], do Zagallo, Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor. Quando cheguei em casa,
vi pela TV que o lugar onde os jogadores correram para abraçar a
torcida não tinha o matiz racial brasileiro, era esbranquiçado. Isso no
Maracanã, onde as pessoas da Mangueira costumavam descer para ver os
jogos."
*comtextolivre
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