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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 19, 2013

Ferro já tinha sido o único do PT a enfrentar Gilmar Dantas (*). O PT o apoia ?

Ferro denuncia
Globo e Gilmar

Ferro já tinha sido o único do PT a enfrentar Gilmar Dantas (*). O PT o apoia ?

O Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu do deputado Fernando Ferro, do PT-PE, com notícia de pronunciamento da tribuna da Câmara:

Ferro critica Globo por sonegação e cobra comentário de Jabor e Merval


Em discurso na tribuna da Câmara, nesta semana, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) criticou duramente o caso de sonegação da Rede Globo, revelado há algumas pelo blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário, envolvendo um montante que hoje supera a cifra de um bilhão de reais.

Ferro lembra que o episódio teve origem na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002 junto à Fifa, mas a emissora tentou fraudar a Receita Federal brasileira ao disfarçar a aquisição do evento, através de uma operação nas Ilhas Virgens Britânicas. “Eu estranho a transação envolvendo a FIFA em interesse de transmissão da qual a Globo participou. Houve inclusive a condenação do João Havelange e do Ricardo Teixeira. A Rede Globo foi condenada porque nessa transação sonegou recursos em paraísos fiscais, na verdade, nos infernos fiscais”, ironizou o parlamentar.

“Na época, valores de 2006, a dívida da Globo era de 615 milhões. Hoje, já passa de 1 bilhão. E o curioso é que o processo desapareceu pelas mãos de uma funcionária que foi processada, inclusive, demitida e estava presa. Entrou em cena o ministro Gilmar Mendes, que lhe concedeu uma liminar e a liberou”, lembrou Ferro.

O deputado cobrou uma manifestação de alguns dos principais comentaristas da Globo que costumam fustigar o PT e o governo. “Uma emissora de televisão, como a TV Globo, sonega, fala em reforma tributária e, no entanto, não cumpre os procedimentos mais comezinhos da sua relação com o fisco brasileiro. Nós aguardamos os comentários indignados da Miriam Leitão, do Jabor e do imortal Merval Pereira”, concluiu Ferro.

Durante o Dia Nacional de Lutas, no último 11 de julho, ocorreram protestos em várias cidades do País contra a emissora. No Rio de Janeiro, manifestantes projetaram na fachada da sede da empresa, no Jardim Botânico, uma imagem com a inscrição “Globo Sonega”.

A Rede Globo afirmou em nota oficial que não possuía pendências com a Receita, informação contestada, em reportagem do jornalista Rodrigo Vianna no blog Escrevinhador, pela mesma fonte que denunciou o caso a Miguel do Rosário. O Ministério Público do Distrito Federal abriu investigação para apurar o caso.

Rogério Tomaz Jr.
Em tempo: Ferro foi quem cunhou o PiG (**) para se referir à mídia nativa, como diz o Mino: Partido da Imprensa Golpista. O ansioso blogueiro dela se apropriou com entusiasmo incontido ! Ela nasceu de um comentário de Ferro sobre uma das estrepolias do Gilberto Freire com “ï (***)”. De novo, ele entra para a História do PiG (o Freire … O Ferro já estava.). PHA

Em tempo2: Publicado em 30/04/2013, no Conversa Afiada:

Ferro: Gilmar é capitão do mato

Saiu na Folha, que financiou a tortura


DEPUTADO PETISTA CHAMA GILMAR MENDES DE “CAPITÃO DO MATO”


O deputado Fernando Ferro (PT-PE) chamou nesta segunda-feira (29) o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes de “capitão do mato”.

“Impedir o debate é censura, é uma postura de capitão do mato do ministro Gilmar Mendes que está desacostumado com democracia”, disse Fernando Ferro da tribuna.

“Quem provoca a crise entre Poderes são ministros precipitados e afobados, que, em vez de tratarem a questão com a ncessária cautela, saem assinando liminares e criando confusão”, afirmou Ricardo  Berzoini (PT-SP) no plenário.
Navalha
Não deixe de ler entrevista de Nazareno Fonteles, em que diz que mandaria prender Gilmar e chama ele de “ditadorzinho”.
Fernando Ferro fez um discurso da tribuna da Câmara para pedir o impeachment de Gilmar, quando o Dr Piovesan encaminhou ação ao Senado sobre as indecorosas relações de Gilmar com o Dr Bermudes, uma ação que, na verdade, corresponde a um B.O.
Fernando Ferro foi um dos poucos do PT a não odarelar: da tribuna da Câmara, inutilmente, exigiu que a CPI do Robert(o) Civita convocasse o Robert(o) e seu Caneta.
Como se sabe, segundo Leandro Fortes, um dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – manteve democrático diálogo com Michel Temer e ficou assim estabelecido, com a comunhão obsequiosa do deputado globo-brizolista (quá, quá, quá !) Miro Teixeira: “quando se falar em Veja, leia-se imprensa; quando se falar em imprensa, leia-se Globo”.
E o PT ?
O amigo navegante se lembra desse vergonhoso episódio: o PT odarelou.
Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele.  E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
*PHA

Lula fala sobre política externa na Conferência 2003-2013 e defende Snowden


Lula defende Snowden: "ele presta serviço à humanidade denunciando os EUA"

Ex-presidente também afirmou que Brasil assumiu papel-chave na geopolítica mundial ao não se submeter a Washington
Lula defende autonomia na política externa brasileira Douglas Calixto / Opera Mundi
Sob críticas ou aplausos, a política externa brasileira teve outro rumo na administração de Luiz Inácio da Silva. O ex-presidente, em palestra na UFABC nesta quinta-feira (18/07), usou palavras do cantor Chico Buarque para definir qual foi a estratégia brasileira em sua administração (2003-2010). “Fomos respeitados porque não falamos grosso com a Bolívia ou falamos fino com os EUA”, disse.
Nessa linha, Lula não titubeou ao ser perguntado sobre a sua opinião sobre o ex-funcionário da CIA Edward Snowden, responsável por revelar esquema internacional de espionagem comandando por Washington. “Ele prestou um serviço à humanidade, denunciando um mau comportamento dos EUA”, afirmou o ex-presidente, dizendo não conhecer os motivos para o Itamaraty ter negado o pedido de asilo político ao norte-americano.
“Os EUA se comportam como os xerifes do mundo e as elites brasileiras, que dirigiam esse país, sofriam do mal de 'cachorro vira-lata'. Qualquer imposição norte-americana tinha que ser aceita sem qualquer tipo de debate porque nós nascemos para ser inferiores. Eu lutei contra isso e nós mudamos o nosso patamar. Hoje o Brasil tem sua autonomia”, disse o presidente.
Em auditório lotado em São Bernado, Lula ligou a posição de destaque no Brasil no cenário internacional ao fato do enfrentamento de ondas conservadores que “defendiam a relação de serventia aos EUA”, exatamente como o que acontece com o escandâlo de espionagem norte-americana, delatado por Snowden no mês de junho.
O ex-presidente também cobrou uma posição mais insiva da ONU nos confrontos no Oriente Médio. Para ele, a entidade teve critérios diferentes, sempre privilegiando as grandes potências. “A mesma força que a ONU teve para criar o estado de Israel deveria ter para criar o estado palestino”, disse.
O exempo marcante de Lula para explicar a queda de braço com as grandes potências foi o tratamento discriminatório dos países ricos em relação à participação do Brasil nas negociações entre Washington e Irã sobre o programa nuclear iraniano. O ex-presidente afirmou que diversos dirigentes o consideraram ingênuo por se envolver com a questão.
"Conversei com os principais líderes mundiais e ninguém deles havia falado com Ahmadinejad (ex-presidente iraniano). Quando disse que iria me encontrar com ele, fui atacado por diversas pessoas. Disseram para mim que ele não cumpria com o que falava e que era inegociável. Disse isso para Ahmadinejad e sai de lá com um documento assinado com todas as exigências que Barack Obama havia dito que seria inegociáveis com o Irã. Isso prova que as grandes potências não aceitam um novo ator no cenário mundial", criticou o presidente.
Lula também discorreu sobre América Latina, dizendo que o bloco alcançou um incrível patamar de crescimento social após "uma sucessão histórica de fatos", disse em referência à eleição Hugo Chávez, Evo Morales, Néstor Kirchner, entre outros presidentes ligados às causas sociais e de ordem contra hegemônica. "O que aconteceu aqui foi um momento histórico", ponderou.
*comtextolivre

Grande mídia brasileira: um braço norte-americano no Brasil



por Vitor Sion, no Opera Mundi


Guilherme de Aguiar Patriota afirmou que grandes veículos brasileiros são "nostálgicos" da Alca e críticos do Mercosul

Um dos assessores da presidente Dilma Rousseff para assuntos internacionais, o embaixador Guilherme de Aguiar Patriota lamentou nesta quarta-feira (17/07) que a legislação brasileira ainda permita a propriedade cruzada nos meios de comunicação. No penúltimo dia de debates da conferência “2003-2010: Uma nova política externa”, na Universidade Federal do ABC, Patriota argumentou que a concentração dos grandes veículos da imprensa nas mãos de poucos grupos dificulta a implementação de uma diplomacia autônoma em relação aos Estados Unidos.
“A imprensa é um ator importante na formulação da nossa política externa, pois a opinião pública é formada basicamente por grandes jornais e canais de televisão. E aqui ainda é permitida a propriedade cruzada dos meios. Então é muito difícil executar uma diplomacia contra a grande imprensa, pois eles vão criticar o governo de maneira muito contundente, não vão economizar recursos para isso”, afirmou o embaixador.

Patriota, que é irmão do chanceler Antonio Patriota, classificou o posicionamento da mídia nacional como defensor de um aprofundamento da relação bilateral com os Estados Unidos, crítico do Mercosul e nostálgico da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), iniciativa dos EUA rechaçada pelos países latino-americanos. “Esse cenário poderá ser quebrado com a internet. Espero que o meio digital não tenha concentração como a grande mídia. O governo deve ficar atento para que isso não ocorra”, argumentou.

O tema da democratização dos meios de comunicação já havia aparecido no seminário da UFABC nesta terça-feira. Na ocasião, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um dos principais formuladores da política externa do governo Lula (2002-2010), considerou que uma mudança nessa área é “essencial”.

“O primeiro passo seria dividir melhor a verba de propaganda do governo, que hoje é distribuída pelo critério de audiência, dando prioridade aos grandes oligopólios. Uma ideia seria tentar analisar a qualidade da informação e criar uma cota máxima para cada veículo, como nos EUA, mas é muito difícil que um projeto desse passe pelo Congresso”, lamentou.

Pinheiro Guimarães também lembrou que os Estados que tentaram democratizar a imprensa na América Latina, como Argentina e Venezuela, têm sofrido “intensa campanha contrária na mídia brasileira”. A conferência “2003-2010: Uma nova política externa” termina hoje, em São Bernardo do Campo, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
* Blog Justiceira de Esquerda

CÂMARA POA/RS VAI APURAR " MANIFESTANTES NUS




Manifestantes que ocuparam a Câmara de Porto Alegre por 8 dias postaram imagens sem roupa nas redes sociais; o presidente da Câmara, Thiago Duarte (PDT), disse que as imagens são "deprimentes" e desrespeitosas com a instituição; "Se querem fazer sexo grupal, que vão fazer em um local privado, não em um local público", comentou

RS247- As fotos em que os manifestantes que ocuparam a Câmara de Porto Alegre por oito dias aparecem pelados vão gerar apuração "com firmeza" dos deputados locais, avisou o presidente da Câmara, Thiago Duarte (PDT). Segundo ele, as imagens são "deprimentes" e desrespeitosas com a instituição. "Se querem fazer sexo grupal, que vão fazer em um local privado, não em um local público", disse.

As imagens começaram a circular nos perfis de redes sociais de pessoas que integram o movimento na noite de quarta. Em algumas delas, os manifestantes aparecem de rosto coberto, mas sem roupa, e posam em frente a uma galeria com retratos dos ex-presidentes da Casa.

Um deles segura um quadro retirado da parede com a foto da deputada federal Manuela D'Ávila (PC do B), que já foi vereadora. Em seu Twitter, a deputada federal considerou a imagem um "absurdo" e criticou aqueles que "relativizam" a democracia representativa. Cerca de 400 pessoas ocuparam no plenário da Câmara, incluindo crianças e adolescentes.
* Blog Justiceira de Esquerda

CASTRO ALVES DÁ A DICA DE COMO RECEBERMOS O PAPA

CASTRO ALVES DÁ A DICA DE COMO RECEBERMOS O PAPA 


"Quebre-se o cetro do Papa, faça-se dele - uma cruz! A púrpura sirva ao povo pra cobrir ombros nus"                  

"QUEBRE-SE O CETRO DO PAPA...

Como expressão do meu repúdio à visita do velho senhor indigno 
que colaborou com a ditadura argentina, republico o post 
Confirmado: papa Francisco foi ignóbil 
na ditadura, de 19/03/2013

É contundente e conclusivo o artigo ‘Falta de memória’ do papa em depoimento irritou interrogadores, de autoria do correspondente do Valor Econômico em Buenos Aires, César Felício, cuja íntegra pode ser acessada aqui. 

Agora não me resta dúvida nenhuma: Jorge Mario Bergoglio é mesmo indigno de usar as sandálias do pescador. Sua eleição foi um dos piores erros cometidos pela Igreja católica em todos os tempos.

Como poderão os fiéis confiar num papa que, em passado recente (2010), refugiou-se em evasivas, envolveu um morto em suas lorotas e mentiu descaradamente para tentar salvar sua reputação em frangalhos? 

Pois foi isso que Bergoglio fez, chegando ao cúmulo de fingir que procurou ajudar um padre perseguido pela ditadura argentina a renovar seu passaporte no exterior, quando, na verdade, recomendou aos tiranos que lhe negassem o passaporte (!!!). 

Eis os trechos principais (os grifos são meus):
A sequência de frases iniciadas com “não sei”, “não me lembro” e “não me consta” exasperou os interrogadores do então cardeal de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, que fez um depoimento à Justiça em 2010 sobre o sequestro de dois padres jesuítas durante a ditadura argentina (1976-1983). A íntegra das palavras do hoje papa Francisco está disponível na página na internet da entidade “Avós da Praça de Maio”.
O então cardeal depôs na condição de testemunha sobre o desaparecimento por seis meses em 1976 dos padres Orlando Yorio e Francisco Jalics, que estavam em processo de desligamento da Ordem Jesuíta. Bergoglio era à época o provincial (chefe) jesuíta na Argentina.

Bergoglio não revelou quem eram as pessoas que, ainda antes da prisão de Yorio e Jalics, o procuravam para se queixar das ligações com a esquerda dos padres que atuavam em favelas. Também disse não se lembrar se tratou dessas denúncias com os padres, no momento em que decidiu dissolver a comunidade em que atuavam.

O hoje papa disse que não procurou saber quem foi a pessoa que telefonou a ele no dia seguinte ao sequestro para dizer que Yorio e Jalics haviam sido sequestrados. Insistentemente perguntado, Bergoglio foi evasivo ao explicar como soube que os dois padres estavam sob custódia da Marinha, e não do Exército ou da Aeronáutica. “Era Vox Populi”, limitou-se a dizer. Revelou apenas o nome de um informante, o padre Federico Storni, já falecido. “Já falecido? Que curioso!”, exclamou um dos interrogadores, sem esconder a ironia.

O então cardeal relatou com detalhes as gestões que fez para tentar a libertação de Yorio e Jalics, como as audiências com o comandante da Marinha, Emilio Massera. Na última, a conversa entre o almirante e o jesuíta teria terminado de maneira áspera, com Bergoglio se retirando do gabinete sem se despedir.

“Coisas passadas”

Para ter acesso ao comandante da Junta Militar, o presidente Jorge Videla, o cardeal Bergoglio relatou que tomou o lugar do capelão que oficiava a missa na residência de Olivos. Após a cerimônia, teria abordado Videla e exposto o caso.
Bergoglio disse que semanas depois recebeu um telefonema do próprio Yorio, relatando que haviam sido libertados nos arredores da capital. O cardeal detalhou então como informou ao então cardeal de Buenos Aires e ao superior geral dos jesuítas sobre o fato e da gestão que fez para que o núncio apostólico acompanhasse os dois padres na chancelaria, para conseguir retirar os dois do país em segurança.

O cardeal voltou ao tom hesitante quando perguntado sobre a sua participação no episódio em que a chancelaria argentina recusou-se a renovar o passaporte de Jalics. O padre Jalics já estava na Alemanha e havia pedido o apoio de Bergoglio para poder renovar o passaporte no exterior, já que não se sentia seguro para voltar a Buenos Aires. O cardeal disse não se lembrar com quem tratou sobre o caso na chancelaria ou se fez algum documento por escrito.
No domingo, o principal impulsionador das denúncias contra Bergoglio, o jornalista Horacio Verbitsky, divulgou em matéria no jornal governista Página 12 um fac-simile de um documento assinado pelo Diretor de Culto da chancelaria no governo Videla, Anselmo Orcoyen. No texto, Orcoyen menciona que Bergoglio teria assinado um documento solicitando que o governo não concedesse novo passaporte a Jalics.

...FAÇA-SE DELE -- UMA CRUZ!

Como expressão do meu repúdio à visita do velho senhor indigno 
que colaborou com a ditadura argentina, republico o post 
O novo papa e as culpas da igreja argentina 
sob a ditadura, de 18/03/2013

Tenha ele se acumpliciado...
Não tenho como chegar a uma conclusão definitiva sobre o papel desempenhado por Jorge Mario Bergoglio durante a ditadura argentina, mas só sinto firmeza em duas hipóteses:
  • a de que tenha realmente dedurado seus desafetos da ordem dos jesuítas, como sustenta Graciela Yorio, referindo-se a seu irmão Orlando;
  • ou a de que haja sido apenas pusilânime e omisso, avaliação do Premio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel (“A Bergoglio se lo cuestiona porque se dice que no hizo lo necesario para sacar de la prisión a dos sacerdotes, siendo él el superior de la congregación de los Jesuitas”).
Enfim, tirando a óbvia desconversa de quem quer preservar a imagem de um sumo-pontífice pessimamente escolhido, o que resta estabelecer é se Bergoglio foi cúmplice ou covarde. Permito-me desconsiderar o papo furado do Vaticano, CNBB, etc., pois é o que qualquer RP minimamente competente lança quando seu cliente está na berlinda.
Já o Roberto Romano eu respeito. Não por ser professor de ética e filosofia na Unicamp e doutor em filosofia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, pois, nas pegadas de Marx, sempre considerei mais importante transformar o mundo do que interpretá-lo de tal ou qual maneira. Mas por ter ele sido resistente, um dos dominicanos presos e torturados por ajudarem o comandante Marighella.

Então, para dar espaço ao  outro lado, reproduzo a interessante digressão do Romano, parte de uma entrevista publicada na Folha de S. Paulo desta 2ª feira, na qual ele apresenta outro ângulo da questão e aconselha que se investigue melhor o assunto:
...ou apenas se acovardado...
"Se existe um problema gravíssimo é o fato de a igreja argentina ter colaborado ativamente com a repressão. Foi muito mais do que uma simples omissão.
A Argentina presenciou uma unidade da igreja com o regime ditatorial que é espelho do que já havia acontecido na Europa -na Espanha franquista, na Itália fascista, na Alemanha nazista.

Não é por acaso que, depois da ditadura, a igreja perdeu um número imenso de fiéis na Argentina.

Aliás, quem mais colaborou com a repressão ditatorial na Argentina não foram os jesuítas. Foram os dominicanos, a mesma ordem que, no Brasil, abrigou Carlos Marighella, o inimigo número um do regime militar.

Como é possível?

Essas ordens têm várias tendências internas. No caso dos jesuítas, essas tendências são mais disciplinadas.
...não serve para papa.
No caso dos dominicanos, as tendências transbordam em público porque a ordem tem origens históricas e ideológicas muito diferentes. 
Quando os dominicanos quiseram trazer a ordem para o Brasil, dom Pedro 2º disse que jamais deixaria que inquisidores entrassem.
Mas aí contaram-lhe que eram os dominicanos franceses, de tendência socialista, e ele permitiu. Eram dominicanos diferentes dos que foram para a Argentina, herdeiros do ramo espanhol, ligados à tradição inquisitorial e, mais tarde, ao franquismo.
Para mim, o papa Francisco pode estar pagando pelos pecados da igreja argentina como um todo.
Até porque acho muito esquisito que um superior jesuíta colaborasse ou mesmo abandonasse à morte ou para a tortura dois 'soldados' da sua própria ordem. Não se esqueça de que a Companhia tem a organização de um Exército.

É preciso investigar melhor. É contra o espírito de disciplina da ordem".

A PÚRPURA SIRVA AO POVO...

Como expressão do meu repúdio à visita do velho senhor indigno 
que colaborou com a ditadura argentina, republico o post 
Francisco é um papa sinistro, de 16/03/2013

O digno delatado...
Entrevistada por Silvana Arantes, enviada especial da Folha de S. Paulo a Buenos Aires, Graciela Yorio afirmou que seu irmão Orlando foi delatado à bestial repressão da ditadura argentina pelo agora papa Francisco e, até a morte por enfarte aos 67 anos, permaneceu convicto da culpa de Jorge Mario Bergoglio. "Meu irmão não tinha dúvidas sobre isso. E eu acredito em meu irmão", afirma Graciela.

Em 1976, Orlando Yorio passou cinco meses em poder dos militares na Escola de Mecânica da Marinha (o principal centro clandestino de torturas de Buenos Aires), tendo sido encapuzado, ameaçado de fuzilamento, amarrado a uma cama, privado de alimentação e do uso do banheiro.
...e o vil delator.

Também jesuíta, ele havia sido professor de teologia de Bergoglio, o que não impediu o antigo discípulo de apontá-lo aos militares e até de exagerar seu envolvimento com a esquerda, ao rotulá-lo de "guerrilheiro".

São Francisco de Assis deve estar se revirando na cova...

...PRA COBRIR OS OMBROS NUS"

Como expressão do meu repúdio à visita do velho senhor indigno 
que colaborou com a ditadura argentina, republico o post 
Novo papa é da estirpe de Pio XII, de 14/03/2013

Este foi conivente com a ditadura argentina...
Radicado há décadas no Brasil, Carlos Lungarzo, incansável defensor dos direitos humanos, é argentino de nascimento e conhecedor profundo da trajetória do jesuíta Jorge Bergoglio, agora papa Francisco, outro sumo pontífice conservador de uma Igreja que, qual avestruz, enterra cada vez mais a cabeça na areia para alhear-se dos desafios da atualidade.

Os segredos do santo padre (clique p/ abrir) é um artigo obrigatório. Nele, Lungarzo traça o perfil de um religioso que, por identificação ideológica com a ditadura argentina, oportunismo ou pusilaminidade, recusou ajuda a um membro da sua Ordem, permitindo que ele caísse nas garras dos esquadrões da morte militares; e não moveu uma palha para encontrar uma criança recém-nascida sequestrada pela repressão, indiferente às súplicas da família.

O que ele tem em comum com Pedro é já haver negado Cristo... e muito mais do que três vezes!

...e este, com o nazismo.
O paralelo mais  apropriado, contudo, é com o papa Pio XII, aquele que ficou em cima do muro enquanto grassava a barbárie nazista.

Destaco os trechos principais:
"A Argentina voltou à normalidade democrática em 1983 quando o então padre Bergoglio estava com 47 anos. Nessa época, o atual papa era reitor do (...) maior seminário de formação de sacerdotes da Argentina (...), após ter sido, entre 1973 e 1979, o principal chefe (...) da poderosa e influente ordem dos jesuítas...
Em 1983, Jorge Bergoglio, uma figura austera, silenciosa, alheia a chamar a atenção, não tinha nenhuma influ'ncia política evidente, mas acumulava muita influência invisível. Ele utilizou essa influência para tentar mostrar um rosto 'moderno' da Igreja, modificando a imagem desta como cúmplice qualificada e ativa dos genocídios e torturas generalizadas, que foram comuns na Argentina...

Como é bem conhecido, a Igreja Católica apoiou intensa e devotadamente os crimes da ditadura, não apenas encobrindo ou justificando-os, mas também dando apoio psicológico e propagandístico, colocando a seu serviço seu aparato internacional (incluída a máfia italiana e o grupo P2), abençoando as máquinas de choque e os instrumentos usados para mutilação, e até, em vários casos, aplicando tortura com suas próprias mãos.

Há pelo menos 40 livros em espanhol e pelo menos 15 em inglês, dedicados de maneira total ou parcial à cumplicidade da Igreja Católica com os crimes de Estado na Argentina nos anos 1976-1983, e milhares de páginas de Internet.
Como em muitos outros países, uma minoria de padres apoiou a causa dos direitos humanos e teve certa militância no que foi chamado 'Teologia da Libertação'.

Dois deles foram os jesuítas Orlando Dorio e Francisco Jalic que propagavam uma visão social do cristianismo em favelas e bairros populares. Estes padres foram capturados pelos esquadrões da morte dos militares e submetidos a tortura, mas conseguiram sobreviver. Enquanto Jalic se fechou num mosteiro alemão e nunca mais falou de seu passado (e possivelmente, nunca voltou a Argentina), Dorio acusou explicitamente a Bergoglio, que era a máxima autoridade de jesuítas, de ter negado proteção e haver permitido que ele fosse capturado.

Bergoglio usou por duas vezes os privilégios de não acatar as decisões da justiça, privilégio que a Argentina concede aos bispos, que têm um fórum privilegiado equivalente ao dos deputados, senadores e presidentes. Em função disso, recusou dar depoimento aos tribunais que julgaram os crimes contra a humanidade na época da ditadura.

Bergoglio aceitou, porém, comparecer a uma terceira intimação, quando a pressão dos milhares de vítimas se tornou muito intensa.

Segundo a advogada Myriam Bregman que trabalha em direitos humanos, as afirmações de Bergoglio, quando aceitou ir aos tribunais, mostram que ele e outros padres eram coniventes com os atos praticados pela ditadura. Ele, porém, não foi indiciado, também com base na 'falta' de provas.

Em 1977, a família De la Cuadra (...) teve sequestrados cinco de seus membros, dos quais apenas um reapareceu muito depois.

O padre Bergoglio se recusou a indagar onde eles estavam e até a ajudar a procurar uma criança recém nascida, filha de uma das mulheres desaparecidas.

Em algumas ocasiões, o Santo Padre não pôde refutar que a ditadura argentina tinha cometido numerosas atrocidades, mas argumentou que isso foi uma resposta provocada pela esquerda, que, segundo ele, também teria usado o terror. Este infame argumento, como todos sabem, foi fortemente repudiado em todos os países que tiveram ditaduras recentemente.

Durante o governo de Néstor Kirchner e, após, o de sua esposa, Cristina Fernández, o atual papa, mantendo seu estilo 'sutil' aproveitou para criticar muitas vezes o governo (...), acusando-o de ditatorial, de gerar o caos, de defender pessoas de vida sexual 'abominável', etc.

Com seu estilo aparentemente moderado, Bergoglio teve certo sucesso onde outros padres, que pregaram abertamente a tortura e o genocídio dos ateus e marxistas, fracassaram. Com efeito, apesar de ser unanimemente repudiado pelos defensores de direitos humanos, inclusive os católicos, ele nunca foi processado, como aconteceu com o padre Wernich, e até conseguiu forjar uma máscara de tolerância".
*naufragodautopia

'Não neguem a política', diz Lula em recado a manifestantes e estudantes





O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma palestra sobre política internacional na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, para mandar um recado aos manifestantes que ocuparam as ruas do país em junho: "não neguem a política".
Diante de uma plateia majoritariamente composta por estudantes, Lula falou em tom descontraído e chegou a usar palavrões.
"Quando vocês estiverem putos da vida, mas puto, 'não gosto do Lula, não gosto da [presidente] Dilma [Rousseff], não gosto do Marinho [Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo]', ainda assim, não neguem a política", disse Lula.

Jorge Araujo/Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conferência na universidade do ABC
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conferência na universidade do ABC
"E muito menos neguem os partidos. Vocês podem fazer outros. Em vez de negar a política, entre você na política. É dentro de cada um de vocês que está o político perfeito que vocês querem", finalizou.
O ex-presidente foi aplaudido em diversos pontos do discurso. Por diversas vezes, mencionou as manifestações. Lula disse, por exemplo, que enquanto a Europa protesta para não perder direitos adquiridos, o Brasil protesta para "conquistar mais".
Ele reafirmou seu legado, disse que os brasileiros passaram a ter acesso a bens como carros e viagens. "É claro que vai ter problema de transporte. O sujeito compra o carro e não consegue andar dez metros. 'Puta que pariu, vou protestar contra esse prefeito', ilustrou o ex-presidente.
"Em vez de achar ruim o protesto, [vamos dizer] viva o protesto. De protesto em protesto a gente vai consertando o telhado", afirmou.
O ex-presidente falou muito sobre a condução da política externa no seu governo. Ele também falou sobre a crise internacional atual e criticou a postura da chanceler alemã, Angela Merkel. "A Angela Merkel conseguiu fazer com a Europa o que duas guerras não fizeram", disse.
No final do encontro, Lula pediu a palavra para desmentir que esteja com metástase, como foi disseminado em boatos espalhados por redes sociais. Garantiu que jamais mentiria às pessoas se a situação de sua saúde de agravasse.
Questionado se havia possibilidade de ser candidato, Lula respondeu: "Eu elimino [essa possibilidade]. Eu tenho candidata à presidência da república. As pessoas sabem que não adianta bater na minha porta, a presidente Dilma é uma excelente presidente e uma excelente candidata.
*carlosmaia

Ligações suspeitas entre Globo e Banco Rural, mas ninguém investiga



Rede Brasil Atual 
por Helena Sthephanowitz 
Quem tiver alguma informação, favor informar a este blog. 
Procura-se o inquérito ou processo de investigação das operações do Banco Rural com a Globo, consideradas fraudulentas e com evidência de crime contra o sistema financeiro nacional, segundo o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza. 
Em 2006, quando Souza apresentou a famosa denúncia ao ministro Joaquim Barbosa do chamado "mensalão" (ação penal 470), registrou na página 90, uma vistoria do Banco Central junto ao Banco Rural apontando crimes contra o sistema financeiro nacional, envolvendo operações consideradas fraudulentas com algumas empresas. 
Entre elas a Globo Comunicações e Participações, a Globopar, controladora da TV Globo. 
Consta que em 2004 a Globopar não conseguia honrar suas dívidas, e o fundo de investimento W.R. Huff pediu a falência da empresa nos Estados Unidos. 
Foi necessário um processo de reestruturação da dívida. Contudo, as páginas 2.869 e 2.870 do acórdão do julgamento da Ação Penal 470 registram que o mesmo padrão de empréstimo feito pelo Banco Rural ao Partido dos Trabalhadores foi feito com a "Globo Comunicações e Participações" – os ministros do STF consideraram as operações entre o banco e o PT "atos fraudulentos de gestão". 
Como a Globo não foi incluída como ré na ação penal 470, presumia-se que o doutor Antônio Fernando, por dever de ofício, tenha desmembrado e encaminhado a investigação envolvendo as operações entre a Globo e o Banco Rural para a Procuradoria Regional Federal do Rio de Janeiro, onde fica a sede da emissora. 
Porém, passados sete anos, o caso continua envolto em mistério e, sobre ele, não há uma única palavra no site do Ministério Público Federal. 
O assunto torna-se mais preocupante diante do recente 'sumiço' de um processo de R$ 615 milhões por sonegação de imposto de renda na compra de direitos de transmissão da Copa de 2002 pela TV Globo, com uso de operações em paraísos fiscais. 
Causa desconforto saber que a Globo aparece nos autos dos inquéritos relacionados ao "mensalão", com indícios que exigem investigação profunda e que acaba de contratar Felipe Barbosa, filho do ministro Joaquim Barbosa, relator dos processos, para trabalhar na emissora. 
Antes da Globo, outra empresa apareceu envolvida nos meandros do caso: o Grupo Tom Brasil, que teve o mesmo filho de Joaquim Barbosa como assessor de imprensa, recebeu R$ 2,5 milhões do dinheiro que os ministros do STF consideraram desviados da Visanet por meio da agência de publicidade de Marcos Valério. E agora? 
Pau que bate em Chico baterá em Francisco? E a velha mídia... 
Essa página 90 do relatório que resultou na AP 470 permanece no limbo do noticiário da grande mídia até hoje. É mais um vexame do corporativismo dos barões da mídia, na mesma linha que foi a blindagem que a revista Veja obteve na CPI do Cachoeira.
do Blog JANELA DO ABELHA
*cutucandodeleve

Sobre o conservadorismo e o elitismo da classe médica brasileira



Conservadorismo de branco é a vanguarda do atraso

Parte expressiva da categoria, diplomada em instituições do Estado, não está nem aí para a hora do Brasil. Não quer sair de sua zona de conforto e se acha no direito de pensar apenas em carreira pessoal e montar um rentável consultório privado em alguma metrópole

 por Breno Altman*

18/07/2013


As manifestações de médicos, nessa última terça-feira, revelam um núcleo duro e mobilizado das elites brasileiras. Sua influência nos meios de comunicação, na sociedade e nas instituições já ameaça o programa de saúde recentemente lançado pelo governo. A julgar pelas emendas apresentadas na Câmara dos Deputados, a desfiguração desse projeto será inevitável.

O Palácio do Planalto pode estar pagando um preço por ter agido de forma atabalhoada, sem consultar e articular as correntes mais progressistas da medicina, o que seria obrigatório para batalha dessa envergadura. Mas a reação não é contra eventuais falhas de interlocução: sua natureza reside em defender privilégios corporativos, contrapostos aos interesses do país e aos direitos da cidadania.

As três principais bandeiras nas marchas dos jalecos brancos são elucidativas. São contra a extensão da residência em dois anos, com obrigatoriedade de servir o Sistema Único de Saúde. Não concordam com a vinda de doutores estrangeiros para cobrir déficit de profissionais, especialmente nos rincões do país. Reivindicam a derrubada do veto presidencial sobre o chamado Ato Médico, que fixava supremacia da categoria em relação a outros trabalhadores do universo sanitário.

São reivindicações de quem olha para o próprio umbigo. Insuflada pelos extratos mais ricos e articulados com o conservadorismo, a mobilização médica não entra na briga para a melhoria da saúde pública. Seus maiores aliados são os que comandaram campanha para eliminar a CPMF e retiraram cerca de 40 bilhões de reais anuais para o financiamento do setor.

Não passa de deslavada hipocrisia quando se afirma que o problema não é a falta de médicos, mas a carência de estrutura nos hospitais e centros de atendimento. As dificuldades são inegáveis, isso é fato. No contexto deste embate, porém, não passam de álibi para que o andar de cima possa fazer sua vida sem reciprocidade com os milhões de brasileiros que suaram a camisa e pagaram impostos para garantir a existência de boas faculdades públicas de medicina.

O Brasil tem um número pífio de médicos, na proporção de 1,8 para cada mil habitantes. Na Inglaterra, esse índice é de 2,7. Em Cuba, de 6. Nos últimos dez anos, surgiram 147 mil novas vagas no mercado de trabalho, mas apenas 93 mil profissionais foram formados. Há 1,9 mil municípios com menos de um médico por 3 mil habitantes. Em outras 700 cidades, não há doutores com residência fixa. Nem é preciso dizer que esses 2,6 mil municípios sem assistência adequada estão entre os mais pobres e distantes dos grandes centros.

O governo criou o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), para levar médicos ao interior e aos subúrbios. A demanda era de 13 mil trabalhadores, mas apenas 3,8 mil postos foram preenchidos, apesar do salário de 8 mil reais que é oferecido, agora aumentado para 10 mil no Programa Mais Médicos. Até mesmo bairro periféricos de cidades importantes, como Porto Alegre e São Paulo, não conseguem atrair interessados.

Parte expressiva da categoria, diplomada em instituições do Estado, não está nem aí para a hora do Brasil. Não quer sair de sua zona de conforto e se acha no direito de pensar apenas em carreira pessoal e montar um rentável consultório privado em alguma metrópole.

Entidades da área, especialmente o Conselho Federal de Medicina, fazem de tudo para impedir a ampliação do número de faculdades (em nome da qualidade de ensino, é claro) e a contratação de médicos estrangeiros ou formados no exterior. A reserva de mercado, para essa gente, está acima da saúde pública.

E essa gente é muito diferenciada. Enquanto 40% do total de alunos da Universidade de São Paulo frequentaram colégios públicos, na Faculdade de Medicina essa origem restringe-se a 2% dos matriculados. Na turma de 2013, nenhum deles era negro. Médicos ricos querem ficar mais ricos atendendo os ricos. Como os pobres têm bem menos chances de ganhar o canudo, esses que se lasquem.

O governo tentou resolver o problema apenas por métodos de atração. Não encontrou auditório. Resolveu, então, adotar um modelo semelhante àquele adotado, há décadas, por países tão distintos quanto Israel e Cuba, instituindo uma variante de serviço civil obrigatório, ainda que bem remunerado.

A formação de um médico, na universidade pública, custa ao redor de 800 mil reais para o tesouro da União e dos estados. Nada mais justo que haja alguma forma de retribuição pelo aporte realizado por toda a sociedade para cada indivíduo que virou doutor. Dois anos de reembolso, com um razoável contracheque, é uma bagatela. Vale lembrar que o dever do Estado é com o povo, não com os médicos.

Talvez os estudantes das faculdades privadas pudessem estar isentos dessa medida, mas todo o cuidado é pouco para evitar que os endinheirados aproveitem brechas para escapar de sua obrigação social, trocando de curso. Uma ou outra correção cabe ser feita, mas o ministro da Saúde e a presidente Dilma Rousseff estão cumprindo sua tarefa constitucional.

O que falta, além de mobilizar os setores da saúde favoráveis às providências adotadas, é travar uma batalha de valores mais firme sobre o programa em discussão. Por enquanto, parece que a preocupação principal é acalmar a ira de médicos ensandecidos pelo egoísmo de classe. O objetivo principal deveria ser debater os deveres de solidariedade dos que recebem privilégios e os direitos de todos a receber assistência médica de qualidade.

Não se pode dar moleza a porta-vozes da ignorância e má fé. Quando personagens como Cláudio Lottenberg e Miguel Srougi se voltam contra a vinda de médicos cubanos, há pouco o que acrescentar. Mentem descaradamente sobre a qualidade desses especialistas, cuja proficiência é atestada pela Organização Mundial da Saúde e pelas 65 nações nas quais trabalham para suprir deficiências locais.

Afinal, seria um horror para o reacionarismo de branco assistir médicos da ilha de Fidel, muitos entre eles negros, pegando no batente em locais para os quais seus colegas brasileiros viram as costas e tapam o nariz. A nudez de seu comportamento lhes seria insuportável.


*Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel.

proprietários de helicópteros, jatos, lanchas e iates poderão passar a pagar IPVA

Assim como outros mortais, os proprietários de helicópteros, jatos, lanchas e iates poderão passar a pagar IPVA

Os muito ricos evitam também o IPVA


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“Tropical Island Paradise”, de 90 metros. No Brasil, é isento de IPVA…

Finalmente, projeto quer estender imposto a jatos, iates e helicópteros. Arrecadação pode ser semelhante ao orçamento do Ministério da Cultura

Por Inês Castilho

Assim como outros mortais, os proprietários de helicópteros, jatos, turboélices, lanchas e iates poderão passar a pagar IPVA (Imposto de Propriedade de Veículo Automotor). A “PEC do Jatinho” foi protocolada semana passada (03.07) junto à Câmara dos Deputados pelo Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal). A arrecadação pode alcançar R$ 2,7 bilhões por ano, algo equivalente a todo o orçamento do Ministério da Cultura.
Embora o Brasil tenha a maior frota de aviação executiva do Hemistério Sul e a terceira do mundo, atualmente os veículos são isentos dessa tributação. “É uma questão de justiça social. Esse valor poderia ser usado para reduzir a alíquota do ICMS sobre gêneros de primeira necessidade”, observou Pedro Delarue, presidente do Sindicato. Alterar a Constituição é necessário porque os estados não têm conseguido emplacar leis para taxar esses veículos de luxo, informa ele.
“Há uma inexplicável incapacidade em se tornar eficaz o princípio da capacidade contributiva em nosso sistema tributário”, observa Luis Alberto da Costa, auditor fiscal da Receita Estadual do Ceará, em artigo para o site Consultor Jurídico. “Por vezes, precisamos de uma Emenda Constitucional para nos dizer o óbvio. … Nem é preciso muito esforço para compreender que é justo, adequado, legítimo e necessário que o IPVA incida sobre a propriedade de helicópteros, jatinhos, lanchas e iates, cujos donos, por óbvio, têm, em geral, muito maior capacidade econômica do que os proprietários de automóveis, caminhões e motocicletas.”
Para Delarue, essa nova cobrança de IPVA pode não aumentar a carga tributária do país, desde que os estados aproveitem para reduzir as alíquotas do ICMS. Mas o presidente do Sindifisco não pensa que a carga tributária do Brasil seja elevada. “É maior do que a de países em desenvolvimento, como Argentina e México, mas equivalente à da China e dos Estados Unidos, em torno de 35% do Produto Interno Bruto (PIB). Temos que ver que país queremos ter”, disse.
Outro projeto de lei que reduz a injustiça do sistema tributário brasileiro, ainda sem data para ser apresentado, eleva os limites de isenção e muda a alíquota do Imposto de Renda da Pessoa Física. Isso reduziria a arrecadação em cerca de 14 bilhões por ano, mas a perda seria compensada com a taxação dos lucros e dividendos distribuídos aos donos de empresas, com uma alíquota progressiva de até 15%, cuja arrecadação anual chegaria a R$ 18 bilhões. “Estamos em um momento de conscientização da sociedade. As pessoas vão prestar mais atenção ao dinheiro que perdem com os mecanismos injustos de tributação”, sustenta Delarue.
Mais uma proposta no sentido da justiça fiscal é a do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Autor de um dos dez projetos nesse sentido, o deputado Cláudio Puty (PT-PA) propõe alíquotas anuais entre 0,5% e 3% para pessoas com patrimônio superior a R$ 3 milhões, fora o imóvel de moradia.
*Mariadapenhaneles