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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 23, 2013

LULA: “VAMOS TER DE DEMOCRATIZAR A MÍDIA"




LULA: “VAMOS TER DE DEMOCRATIZAR A MÍDIA"
Diante de jovens da UNE, CUT, MST e ABGLT, ex-presidente rasga o verbo em reunião no Instituto Lula; "O que vem depois da negação da política é sempre pior", disse ele, sobre manifestações contrárias aos partidos; reclamou que quando a presidente Dilma "demarcou o campo de classe do governo", passou a ser atacada pela mídia tradicional "24 horas por dia"; "Perto do que estão fazendo com ela, até que eu fui bem tratado pela imprensa", ressalvou; bem disposto e humorado, Lula afirmou que as redes sociais carregam falsidades sobre seu estado de saúde; e até repetiu boato sobre seu filho Lulinha ter virado sócio da Friboi, de Wesley Batista; "Precisei ligar lá para pedir uma nota oficial dizendo que os bois são deles", contou; apesar de divertido, Lula não estava para brincadeiras
O ex-presidente Lula está farto da mídia tradicional – e cada vez mais engajado em sua disposição de liderar um movimento político pela democratização dos meios de comunicação. Na semana passada, ele recebeu jovens representantes de entidades como a UNE, a CUT, o MST e a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais) para uma reunião no Instituto Lula. Ali, ao lado do governador da Bahia, Jacques Wagner, soltou o verbo.
- A imprensa me tratou bem perto do que está fazendo com a Dilma, com esses ataques 24 horas por dia, iniciou ele.
- Os jornais tentaram atrair a Dilma, diferenciá-la do meu governo, mas não deu certo. Quando ela demarcou o campo de classe, passou a ser vista como adversária e atacada.
No encontro convocado exatamente para incentivar a entrada de entidades dos movimentos sociais na ação política pela democratização da mídia, Lula deu sua ordem unida aos cerca de 20 militantes políticos presentes.
- Vamos ter que fazer a democratização da comunicação. Os partidos, os movimentos sociais e a sociedade têm que se envolver para fazer".
O ex-presidente ouviu a avaliação e propostas de jovens de organizações políticas, entidades estudantis, centrais sindicais, movimentos sociais e coletivos culturais como o Levante Popular da Juventude e o Fora do Eixo sobre o atual momento político.
"O que vem depois da negação da política é pior" - Lula disse estar preocupado com o futuro da democracia no Brasil, especialmente com a "negação da política", que abre a possibilidade de retrocessos.
- O que vem depois da negação política é sempre pior", afirmou o ex-presidente. Para ele, a reforma política é fundamental para enfrentar os limites do atual sistema.
Depois de ouvir os jovens, Lula disse que "as mobilizações mostram que muito ainda deve ser feito no Brasil". Ele destacou que os grandes meios de comunicação tiveram um papel fundamental para amplificar as mobilizações de junho e incutir pautas conservadores, tendo como ponto de partida "o massacre que a imprensa fez nos últimos 10 anos contra o PT, contra o governo e contra a política".
Depois, na ótica de Lula, a mídia teria recuado, quando avaliou que os protestos estavam saindo do controle. Ele acrescentou que a Rede Globo teve "uma derrota política" quando suas equipes de reportagem tiveram que deixar de usar o logotipo da emissora para evitar a reação dos manifestantes.
Bem humorado e disposto, o ex-presidente reclamou dos boatos sobre seu estado de saúde que circulam nas redes sociais e as referências à sua família. "Está um escárnio o tanto de mentiras", afirmou.
Ao saber de boatos de que seu filho seria sócio do Grupo Friboi, Lula disse que ligou para o presidente da empresa, Wesley Batista, para pedir que soltassem uma nota para esclarecer que "os bois são seus". A gargalhada foi geral, mas os resultados da reunião, bastante sérios
*PHA

Globo tem bens bloqueados

Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes: Globo tem bens bloqueados


O Viomundo antecipa, com exclusividade, coluna que será publicada nas próximas horas pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte:
Amaury Ribeiro JR e Rodrigo Lopes
A Globopar, empresa ligada à TV Globo, está com parte de suas contas bancárias e bens bloqueados, devido a um dívida ativa de R$ 178 milhões com o Tesouro Nacional. De acordo com documentos conseguidos pelo Hoje em Dia na Justiça Federal do Rio de Janeiro, a dívida inscrita no cadastro de inadimplentes federais foi originada por várias sonegações de impostos federais.
Por solicitação da Procuradoria da Fazenda Nacional do Rio de Janeiro, as contas bancárias da Infoglobo e a da empresa Globo LTDA também chegaram a ser bloqueadas. Mas os irmãos Marinho – Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto – conseguiram autorização da Justiça para liberar o bens dessas duas últimas empresas no mês passado, na 26ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Inadimplente
A dívida da Globopar, no entanto, já está inscrita no cadastro de inadimplentes do Tesouro Nacional, em fase de execução. Na semana passada, a Globo conseguiu adiar a entrega de seu patrimônio ao tesouro até que o processo transite em julgado.
O Hoje em Dia também teve acesso ao processo que apurou o sumiço do inquérito de sonegação da Organizações Globo na compra dos direitos da transmissão da Copa de 2002.
Receita Federal
Um documento enviado pela Receita à Justiça em 2010 comprova, ao contrário do que a emissora divulgou, que a dívida de R$ 600 milhões nunca foi paga. A papelada comprova ainda que o Ministério Público Federal ao ser avisado sobre operações de lavagem de dinheiro entre a Globo e a Fifa nas Ilhas Virgens Britânicas prevaricou muito.
Omissão
Ao invés de solicitar investigação à Polícia Federal, preferiu emitir um parecer que atesta não ter ocorrido nenhum ato ilícito nas transações nas Ilhas Virgens. Um inquérito criminal contra os irmãos Marinho chegou a ser instaurado, mas também sumiu das dependências da Receita Federal.
Não bastasse toda essa confusão, a Globopar continua sonegando. E como nunca. Nos últimos dois anos, a empresa foi notificada 776 vezes pela Receita Federal por sonegação fiscal.
Equipamentos
A maior parte dessas autuações envolve a apreensão de equipamentos, sem o recolhimento de impostos, no aeroporto do Galeão, no Rio De Janeiro. Para um bom entendedor a Globopar é uma empresa contumaz na prática do descaminho.
Verba publicitária
O ministério da Comunicação do governo Dilma Rousseff e os demais governantes desatentos liberaram verba para empresa inadimplente com a União, o que constitui-se ato de improbidade administrativa. A liberação pode ser comprovada no site do Ministério da Fazenda.
*GilsonSampaio

Porque o pig tenta destruir Dirceu






  1. Foi Dirceu, quando Ministro da Casa Civil, (chefe do Gushiken), que deu a ideia de se regular as mídias. Criar uma Ley De Medios, e a Globo não perdoa.
  2. Foi Dirceu que acabou com a farra da Globo. Antes de Lula, toda a verba de publicidade do governo era dividida somente entre 499 veículos.
  3. E para cada R$ 1,00 de verba publicitária do governo, a Globo ficava com 80%. 
  4. Dirceu redistribuiu a verba publicitária do governo entre quase 9.000 veículos. Antes eram só 499. Agora, Globo só recebe 16% do total.
  5. Foi ideia do José Dirceu criar o Ministério das Cidades que acabou com o poder dos coronéis locais. Oposição e velha mídia não perdoam. 
  6. Foi Dirceu quem acabou com a farra dos livros didáticos que eram publicados pela Editora Abril e Fundação Roberto Marinho. 
  7. Foi Dirceu que articulou e viabilizou a governabilidade do governo Lula. 
  8. Foi Dirceu que BARROU Demóstenes de ser o Secretário Nacional de Justiça. Demóstenes e Cachoeira se juntaram para ferrar Dirceu. 
  9. Por que Dirceu sofre perseguição do Ministério Público? Em 2004, foi ideia de Dirceu de se criar um controle externo sobre o MP. 
  10. Por que Peluso não gosta de Dirceu? Márcio Thomaz Bastos indicou a Lula o nome de Peluso para o STF. Dirceu barrou. Márcio Thomaz Bastos forçou a barra.
  11. Dirceu, quando Ministro Chefe Casa Civil, fechou as portas do BNDES à mídia: "dinheiro só para fomentar desenvolvimento, jamais pagar dívidas".
  12. Dirceu fez o BNDES parar de financiar as privatizações e deixar de ser hospital para empresas privadas falidas.
@Stanley Burburinho



do Blog do Briguilino

Mujica dá entrevista ao Repórter Brasil -


"Estarrecedor: Receita notificou Globo 776 vezes em dois anos!"



Estarrecedor: Receita notificou Globo 776 vezes em dois anos! 
Do Tijolaço - 23 de Jul de 2013 | 01:57 

A matéria assinada por Amaury Ribeiro e Rodrigo Lopes no jornal Hoje em Dia, de Minas, que circulará na manhã de hoje – e que foi antecipada pelo Viomundo, de Luiz Carlos Azenha é de deixar escandalizados mesmo aqueles que sabem que a Globo é uma máquina de fraude. 
A empresa dos Marinho recebeu 776 notificações da Receita Federal nos últimos dois anos, segundo a reportagem. Ou mais de 11 notificações por semana. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG) 
Extrapola qualquer situação aceitável, quando uma empresa recebe uma, duas, uma dúzia que seja, de notificações fiscais, compreensíveis dentro de uma atividade comercial. 776 notificações em dois anos só podem ocorrer quando há uma máquina de sonegação, montada para elidir, escapar e fraudar obrigações tributárias. 
Mais: a empresa se vale da holding Globopar para deixar “limpas” as subsidiárias que recolhem mais dinheiro público na forma de publicidade oficial, que não pode, por lei, ser contratada em veículos que estão inadimplentes com o Tesouro.
E o Ministério Público está estarrecido porque Miguel do Rosário publicou a representação de um fiscal da Receita pedindo uma ação penal contra a Globo por sonegar R$ 615 milhões! 
Os doutores do “persecutio criminis” estão muito ocupados procurando uma brecha para processar os blogueiros que revelam isso, porque sabem que estão em situação confortável por termos uma imprensa canalha que silencia diante disso e que os protege quando se trata de condenar sua inação – não, meus doutos senhores, os senhores não vão me pegar por uma palavra, porque este é meu ofício, como defender o povo é, ou deveria ser, o seu – diante da condestável do podre capitalismo brasileiro, a Imperatriz do Jardim Botânico. 
Perdoem-me os leitores se escrevo com indignação, mas é que falta indignação neste país. 
Dependesse ne nossas instituições e Rupert Murdoch receberia aqui rapapés e títulos honoríficos. 
Leiam o post de Luís Carlos Azenha.
É de despertar o nojo cívico em qualquer um que ache que a lei é para todos e que as instituições deste país são republicanas. 
Por: Fernando Brito
do Blog do ContrapontoPIG
*cutucandodeleve

"Cada país tem o número de presos que decide politicamente ter", diz ministro do Supremo argentino



Viviane Tavares/Agência Fiocruz 


O ministro da Suprema Corte Argentina e professor titular e diretor do Departamento de Direito Penal e Criminologia na Universidade de Buenos Aires, Raúl Eugenio Zaffaroni, fala em entrevista à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz sobre o direito penal na América Latina e como ele vem sendo usado para fazer uma "limpeza social".

Segundo Zaffaroni, a demanda da redução da maioridade penal e o combate às drogas seguem esta mesma linha de criminalização e exclusão do pobre.

O ministro da Suprema Corte argentina, Raúl ZaffaroniVivane Tavares/Fiocruz: Por que o sr. defende a necessidade de uma identidade latina no direito penal?
Raúl Zafforoni: 
Nossos países estão vivendo um crescimento da legislação repressiva, porém, deveríamos caminhar para fortalecer a solidariedade pluriclassista em nosso continente. Não podemos seguir os modelos europeus e, muito menos, o norte-americano, em que a política criminal é marcada por uma agenda midiática que provoca emergências passageiras, resultando em leis desconexas que, passada a euforia midiática, continuam vigentes.

VT - No Brasil, estamos diante de um cenário em que a guerra contra as drogas mata mais do que a droga em si. Como o sr. analisa isso?
RZ - 
É um fenômeno mundial. Quantos anos demoraria para que o México alcançasse a cifra de 60 mil mortos por overdose de cocaína? No entanto, já alcançou, em cinco anos, como resultado da competição para ingressar no mercado consumidor dos EUA.

VT - Atualmente, a grande questão do sistema penal brasileiro é a redução da maioridade penal. Qual é a sua opinião sobre isso? O que deve ser levado em conta para se limitar essa idade?
RZ -
 A redução da maioridade penal é também uma demanda mundial que se relaciona à política de criminalização da pobreza. A intenção é pôr na prisão os filhos dos setores mais vulneráveis, enquanto os da classe média continuam protegidos. Embora haja alguns adolescentes assassinos, a grande maioria dos delitos que eles cometem são de pouquíssima relevância criminal. O Brasil tem um Estatuto [Estatuto da Criança e Adolescente] que é modelo para o mundo. Lamento muito que, por causa da campanha midiática, ele possa ser destruído.

VT - Na Argentina existe um modelo de responsabilidade penal para adolescentes de 16 anos. Como isso se dá?
RZ -
 Na Argentina, a responsabilização penal começa aos 16 anos, de maneira atenuada, e somente é plena a partir dos 18 anos. Não obstante, somos vítimas da mesma campanha, embora os menores de 16 anos homicidas na cidade de Buenos Aires, nos últimos dois anos, sejam apenas dois. A ditadura reduziu a idade de responsabilização para 14 anos e logo teve que subir de novo para 16, ante ao resultado catastrófico dessa reforma brutal, como tudo o que fizeram, claro. Ninguém pode exigir que um adolescente tenha a maturidade de um adulto. Sua inteligência está desenvolvida, mas seu aspecto emocional, não. O que você faria se um adolescente jogasse um giz em outra pessoa na escola? Em vez disso, o que você faria se eu jogasse um giz no diretor da faculdade de direito em uma reunião do conselho diretivo? Não se pode alterar a natureza das coisas, uma adolescente é uma coisa e um marmanjo de 40 anos, outra.

VT - Muitos especialistas consideram esse modelo atual de encarceramento dos jovens falido. Por que a sociedade continua clamando por isso? Qual seria a alternativa?
RZ - 
Não creio que a sociedade exija coisa alguma. São os meios de comunicação que exigem, e a sociedade, da qual fazem parte os adolescentes, é vítima dos monopólios midiáticos que criam o pânico social. Melhorem a qualidade de vida das pessoas, eduquem, ofereçam possibilidades de estudo e trabalho, criem políticas públicas viáveis. Essa é a melhor forma de lidar com os jovens. O Brasil é um grande país, e tem um povo extraordinário, o que vocês fazem é muito importante para toda a região, não se esqueçam disso. E não caiam nas garras dos grupos econômicos que manipulam a opinião através da mídia. O povo brasileiro é por natureza solidário e de uma elevada espiritualidade, quase mística. Não podem se deixar levar por campanhas que só objetivam destruir a solidariedade e a própria consciência nacional.

VT - Como o sr. avalia o sistema de encarceramento?
RZ - 
As prisões são sempre reprodutoras. São máquinas de fixação das condutas desviantes. Por isso devemos usá-las o menos possível. E, como muitas prisões latinoamericanas, além disso, estão superlotadas e com altíssimo índice de mortalidade, violência etc., são ainda mais reprodutoras. O preso, subjetivamente, se desvalora. É um milagre que quem egresse do sistema não reincida. Enquanto não podemos eliminar a prisão, é necessário usá-la com muita moderação. Cada país tem o número de presos que decide politicamente ter. Isso explica porque os EUA tenham o índice mais alto do mundo e o Canadá quase o mais baixo de todo o mundo. Não porque os canadenses soltem os homicidas e estupradores, mas porque o nível de criminalidade média é escolhido de forma política. Não há regra quando se trata de casos de delinquência mediana, a decisão a respeito é política, portanto, pode ser arbitrária ou não. Ademais, a maioria de nossos presos latino-americanos não estão condenados, são processados no curso da prisão preventiva. Como podemos discutir o tratamento, quando não sabemos se estamos diante de um culpado?

VT - Como podemos explicar este foco no tráfico de drogas como o principal mal da sociedade atual? Ele precisa ser combatido?
RZ - 
A proibição de tóxicos chegou a um ponto que não sei se tem retorno sem criar um gravíssimo problema ao sistema financeiro mundial. A única solução é a legalização, porém não acho que seja possível. A queda acentuada do preço do serviço de distribuição provocaria uma perda de meio bilhão de dólares, no mínimo. Esta mais-valia totalmente artificial entra na espiral financeira mundial, através da lavagem de dinheiro, que o hemisfério norte monopoliza. Sem essa injeção anual, se produziria uma recessão mundial. Como se resolve isso? Sinceramente, não sei. Só sei que isso é resultado de uma política realmente criminal, no pior sentido da palavra.

VT - No Brasil estamos vivendo um fenômeno com o crack. Em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, os usuários estão sendo encaminhados para uma internação compulsória, uma espécie de encarceramento para o tratamento. Como o sr. avalia isso?
RZ - 
Não sei o que é esse crack, suponho que seja um tóxico da miséria, como o nosso conhecido "paco". O "paco" é uma mistura de venenos, vidro moído e um resíduo da cocaína. É um veneno difundido entre as crianças e adolescentes de bairros pobres, deteriora e mata em pouco tempo, provoca lesões cerebrais. Como se combate? Quem deve ser preso? Os meninos que são vítimas? Isso não pode ser vendido sem a conivência policial, como todos os outros tóxicos proibidos. Porém, nesse caso, é muito mais criminal a conivência. Seria preferível distribuir maconha. Isso é o resultado letal da proibição. Nós chegamos a isso, a matar meninos pobres.

VT - Existe alguma forma de combater a violência sem produção de mais violência por parte do Estado?
RZ - 
Na própria pergunta está a resposta. Se o Estado produz violência não faz mais que reproduzi-la. Cada conflito requer uma solução, temos de ver qual é a solução. Não existe o crime em abstrato, existem, sim, conflitos concretos, que podem ser solucionados pela via da reparação, da conciliação, da terapêutica, etc., esgotemos antes de tudo essas soluções e apenas quando não funcionarem pensemos na punição e usemos, ainda assim, o mínimo possível a prisão. Não podemos pensar em soluções com a polícia destruída, mal paga, não profissionalizada, infestada por cúpulas corruptas, etc. Ou não estou descrevendo uma realidade latinoamericana ?


(*) Entrevista concedida à Viviane Tavares (Escola Politécnica de Saúde Joaquim 

*Mariadapenhaneles

VÍDEO: MÉTODOS DA DITADURA CONTRA MANIFESTANTES NO RIO


*educaçãopolitica

ONU solta comunicado atestando a coerência do Programa Mais Médicos


Jornal GGN - Segundo comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), no Brasil, o Programa Mais Médicos, do governo federal, está em conformidade com as recomendações da organização em questões de saúde para a população. No texto, a informação de que a OPAS/OMS acompanha os debates e “vê com entusiasmo o recente pronunciamento do governo brasileiro sobre o Programa ‘Mais Médicos’”, lembrando que a média nacional de médico/habitantes é muito abaixo do ideal. O comunicado termina com a afirmação de que “em longo prazo, a prática dos graduandos em medicina, por dois anos no sistema público de saúde, deve garantir, juntamente com o crescimento do sistema e outras medidas, maior equidade no SUS”.
Leia abaixo o comunicado da ONU
Programa Mais Médicos é coerente com recomendações da Organização Pan-Americana da Saúde
23 de julho de 2013 
A Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil informou que está acompanhando do debates nacionais sobre como fortalecer a atenção básica e primária de saúde no Brasil. A OPAS/OMS vem trabalhando com atores nacionais para dar seus aportes e vê com entusiasmo o recente pronunciamento do Governo brasileiro sobre o Programa “Mais Médicos”.
Segundo a OPAS/OMS, essas últimas medidas guardam coerência com resoluções e recomendações da Organização sobre cobertura universal em saúde, fortalecimento da atenção básica e primária no setor saúde equidade na atenção à saúde da população. O Programa também está direcionado a construir uma maior equidade nos benefícios que toda a população recebe do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil apresenta uma média de médicos com relação a sua população menor que a média regional e a de países com sistemas de referência, tanto nas Américas como em outras regiões do mundo. Para a Organização, são corretas as medidas de levar médicos, em curto prazo, para comunidades afastadas e de criar, em médio prazo, novas faculdades de medicina e ampliar a matrícula de estudantes de regiões mais deficientes, assim como o numero de residências médicas. Países que têm os mesmos problemas e preocupações do Brasil estão colhendo resultados da implementação dessas medidas.
A OPAS/OMS afirma que, em longo prazo, a prática dos graduandos em medicina, por dois anos no sistema público de saúde, deve garantir, juntamente com o crescimento do sistema e outras medidas, maior equidade no SUS.
*Nassif

Os capitalistas são os algozes do meio ambiente



CapitalismoHá 500 anos, desde o começo do mercantilismo até os dias de hoje, passando pela primeira revolução industrial que deu início ao sistema capitalista, muitos recursos do meio ambiente foram extraídos e biomas foram poluídos ou destruídos apenas para garantir o lucro de poucos. Após a Segunda Guerra Mundial, houve um gradativo crescimento da sociedade de consumo na América do Norte e na Europa, espalhando-se depois para diversas regiões do mundo, fazendo com que aumentasse a pressão sobre os recursos naturais do planeta. Atualmente, estamos enfrentando uma crise ambiental, que é mascarada pela falsa ideia de “desenvolvimento sustentável”, na qual uma sociedade ecologicamente correta e uma economia autossustentável não prejudicaria o meio ambiente.
A destruição das matas começou com a espoliação das colônias durante o século 16, como podemos ver nos casos do Brasil e da América Latina, onde os colonizadores portugueses, na ganância de extrair o Pau Brasil a qualquer custo, acabaram com mais de 80% da Mata Atlântica. O roubo do minério em Minas Gerais, onde quantidades absurdas de mercúrio foram jogadas nos rios para melhor extração do ouro também é outro exemplo desse processo de degradação. Querendo mais dinheiro, os ricos e poderosos não mediram esforços para transformar regiões inteiras de florestas ricas em biodiversidade em áreas de cultivo de eucalipto ou terras inférteis; em poluir os cursos d’água; em lançar cada vez mais monóxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera por meio de suas indústrias e da queima de combustíveis dos veículos. Resultado disso é que milhões de homens, mulheres e crianças passam fome nas frequentes crises de superprodução capitalista, enfrentam guerras pelo acesso à água e as “catástrofes naturais” acontecem com maior frequência e intensidade.
No Brasil, empresas como a TKCSA, mais conhecida como Companhia Siderúrgica do Atlântico, foi proibida de atuar em seu país de origem, a Alemanha, por infringir leis ambientais e por poluir os rios europeus. Entretanto, ela atua livremente no Brasil, poluindo nossas principais bacias e mananciais e devastando florestas.
A partir da década de 1960, ficou cada vez mais perceptível que o problema do meio ambiente estava diretamente ligado à ganância das empresas e dos empresários por ganhar mais dinheiro. Buscando assegurar o seu posto, a burguesia “inova” e apresenta uma nova forma de desenvolver, a chamada “sustentabilidade”. O termo é utilizado para caracterizar uma produção capitalista capaz de não prejudicar o meio ambiente. O resultado disso são propagandas mentirosas e hipócritas, ricos montando partidos que “defendem” a natureza, empresas poluidoras indo à televisão falar sobre preservação ambiental, etc. Mas como pode haver um “desenvolvimento sustentável” se não é o bem-estar da população que determina as necessidades de produção, e sim o capital para gerar lucro e mais lucro àqueles que detêm os meios de produção?
Mudar este sistema, esta forma de enxergar o papel do ser humano no meio em que está inserido, com uma economia planificada, socialista, pautada pelas necessidades humanas, de modo a garantir o desenvolvimento pleno dos indivíduos em suas máximas potencialidades, torna-se urgente e determinante para se ter certeza na existência de um futuro.
Raphael Almeida e Renata Rocha estudam Meio Ambiente e são militantes da UJR
*AVERDADE