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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, agosto 01, 2013
Viva o Uruguai! Legalizar a maconha é bom para quem fuma e para quem não fuma
A notícia é excelente tanto para quem fuma quanto para os caretas que não suportam nem sentir o cheiro de um baseado. Sabem por quê? Porque vai eliminar o tráfico de maconha, o mais volumoso de todos. A maconha é a droga mais traficada do mundo. E, a rigor, nem droga é, é uma planta. Com a liberação, os uruguaios vão poder também plantar em casa ou em cooperativas de consumo de cannabis, um modelo excelente que já existe oficiosamente na Espanha. Ninguém vai precisar mais recorrer ao traficante, à ilegalidade, para fumar seus baseados. Ao diminuir o volume do tráfico, a legalização irá contribuir para reduzir a violência no país e, quem sabe, até mesmo gerar empregos.
Outro aspecto importante é que a maconha está sendo utilizada com sucesso para combater o vício em crack, este sim comprovadamente nocivo e preocupante. Baseados estão sendo administrados a usuários de crack para amenizar a abstinência da droga nos que desejam largar o cachimbo. Abra sua mente. A falência da política de guerra às drogas no mundo impõe a necessidade de olhar para elas sem hipocrisia: se um cigarro de maconha pode ajudar a tirar uma pessoa da sarjeta do crack, por que não adotá-lo?
E não é só para os dependentes que o uso terapêutico da maconha é indicado. Milhões de norte-americanos já se beneficiam da liberação da maconha com fins medicinais em vários estados. É sabido, por exemplo, que o uso de maconha minimiza os efeitos colaterais da quimioterapia em pacientes com câncer. Publiquei aqui uma série de descobertas científicas positivas em relação à maconha e que são propositalmente pouco divulgadas pela mídia conservadora. Você, careta, seria mesmo capaz de condenar alguém que esteja usando maconha simplesmente porque lhe faz bem?
Por último, a legalização da maconha no Uruguai é importante para os defensores, como eu, da liberdade cognitiva. Ou seja, quem acha que todo mundo tem o direito de alterar sua própria consciência, desde que não cause dano a outros. Fumar maconha não afeta ninguém a não ser o próprio indivíduo. Não existe nenhum estudo associando o uso da maconha à prática de crimes e à violência, pelo contrário. Quem já conheceu um maconheiro brigão? Eu nunca vi nenhum. Como dizem os ervoafetivos, em show de reggae não rola briga. Dê um google e comprove.
Invejo os uruguaios e torço para que algum dia o Brasil trilhe caminho parecido e seja capaz de enfrentar a ignorância e a intolerância para legalizar a maconha. Parabéns, Uruguai. Viva Pepe Mujica!
UPDATE: vídeo que explica o projeto de legalização da maconha no Uruguai (em castelhano):
*socialistamorena
Pobre estudar Medicina é uma afronta
88% dos matriculados em universidades públicas de Medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio.
Saiu no Viomundo:
Augusto César: No Brasil, filho de sem terra estudar Medicina é uma afronta
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
A elitização do ensino de medicina no Brasil é um obstáculo para jovens de baixa renda entrarem nas universidades e se formarem. Já os problemas nas provas de revalidação do diploma dificultam o exercício da profissão em território nacional pelos brasileiros que conseguiram se formar no exterior.
“Quem estuda medicina no nosso país são os filhos das elites, em sua maioria. É uma afronta para a elite um negro, um pobre, um trabalhador rual, filho de Sem Terra estudar medicina na faculdade, principalmente pelo status conferidos por essa profissão”, afirma Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba e militante do MST.
Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Os programas do governo de acesso à universidade, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ampliaram o acesso, mas ainda não conseguiram universalizar e democratizar a educação.
“A maioria das pessoas que entram na universidade pública para cursar medicina tem dinheiro para fazer um bom cursinho ou estudou o tempo todo numa escola particular. Claro que há exceções, mas o ensino de medicina do nosso país é altamente elitizado”, acredita Augusto.
“A maior parte das pessoas que tem acesso às escolas de medicina são de classe média e classe média-alta. Um pobre numa universidade particular não consegue se sustentar pelo alto preço das mensalidades. Sem contar que hoje temos mais universidades privadas do que públicas na área da saúde, dificultando ainda mais o acesso”, diz a médica formada em Cuba Andreia Campigotto, que também é militante do MST.
Revalidação
A necessidade dos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros passarem por uma prova para verificar se estão capacitados a exercer a profissão é um tema frequentemente pautado pela comunidade médica brasileira.
Independentemente do curso, todos os estudantes brasileiros que realizam um curso fora do país precisam passar por uma revalidação do diploma. No entanto, há falhas nesse processo no caso da medicina.
Um dos principais problemas é que não existe um padrão para o conteúdo dessas provas. Cada universidade federal pode abrir sua prova de reconhecimento de títulos no exterior. Com isso, o conteúdo não é uniforme.
Além disso, o custo dessas avaliações é alto. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cobra uma taxa de inscrição de R$1.172,20. Outras universidades pelo país têm preços similares.
Preconceito
“As provas são injustas, porque têm um nível de médicos especialistas, e não de ‘generalistas’, que é o que somos após nos graduar. Isso causa uma desaprovação considerável dos estudantes que vem de fora”, acredita Andréia.
“O que a categoria médica não divulga é que 50% dos estudantes da USP reprovaram na prova feita pelo Conselho de Medicina de São Paulo. Foi uma prova para médico generalista, muito mais fácil que a de revalidação”, revela.
Para Andréia, há um “grande preconceito” por parte dos profissionais brasileiros em relação aos médicos formados em outros países, o que cria um entrave para a revalidação dos diplomas.
“Seria justo se os profissionais que se formam no Brasil fizessem as mesmas provas que nós, para ver se realmente se comprova uma suposta má formação de nossa parte, bem como discursa a categoria médica brasileira”, observa.
Os dois médicos defendem a realização de uma avaliação dos conhecimentos dos profissionais graduados no exterior, mas destacam que as provas atuais não cumprem esse papel, porque não são aplicados testes adequados para auferir o conhecimento.
“As provas teóricas e práticas atuais não levam em conta as complexidades. Seria muito melhor colocar esse médico para trabalhar sob um tutor e, a partir daí, se instaurar uma avaliação rigorosa e permanente. Mas isso não tem sido pensado”, pontua Augusto.
Formação
A concepção de medicina ensinada nas universidades impede também que os estudantes vejam a luta pela saúde além do tratamento de doenças.
“Nas universidades de medicina, só se vê doença. Não se fala em saúde. Como você pode lutar pela saúde se só vê doenças? Também é saúde lutar pelo direito à cidade e por um sistema público de saúde de qualidade”, destaca Augusto.
De acordo com o militante, a concepção de saúde deve ultrapassar uma formação técnica. “O médico deve exercer a medicina a favor da construção de um país mais saudável, sem esperar que as pessoas ou uma comunidade adoeça para depois intervir sobre ela, pois é o modo de vida que vivemos que gera as doenças do país”, defende.
Andreia quer se tornar professora de medicina para colaborar para a mudança da forma de ensinar das universidades. Ela se classificou na primeira fase do concurso para lecionar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Segundo ela, o campo da educação deve ser ocupado por aqueles que querem democratizar a educação. “Precisamos formar profissionais com um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje. É um campo interessante de atuação”.
*PHA
Ricos brasileiros têm quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscais
Ricos brasileiros são os quartos no mundo em remessas a paraísos fiscais |
Os super-ricos brasileiros detêm o
equivalente a um terço do Produto Interno Bruto, a soma de todas as
riquezas produzidas do país em um ano, em contas em paraísos fiscais,
livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do mundo
depositada nesta modalidade de conta bancária.
A informação foi revelada este este domingo por um estudo inédito, que
pela primeira vez chegou a valores depositados nas chamadas contas
offshore, sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm
como cobrar impostos.
O documento The Price of Offshore Revisited, escrito por James
Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela
Tax Justice Network, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até
2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) em paraísos
fiscais.
O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo
Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para
chegar a valores considerados pelo autor.
Em 2010, o Produto Interno Bruto Brasileiro somou cerca de R$ 3,6 trilhões.
'Enorme buraco negro'
O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais
desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais.
Henry estima que desde os anos 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos
desses 139 países aumentaram de US$ $ 7,3 trilhões para US$ 9,3
trilhões a "riqueza offshore não registrada" para fins de tributação.
A riqueza privada offshore representa "um enorme buraco negro na economia mundial", disse o autor do estudo.
Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países
como México, Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais
enviaram recusos a paraísos fiscais.
John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que
combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC
Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão.
Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos,
principalmente norte-americanos, pára enviarem seus recursos ao
exterior.
"Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank
vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha
informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar
aos donos destas contas e taxar os recuros", afirma.
"Isso aumentou muito nos anos 70, durante as ditaduras", observa.
Quem eniva
Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de
empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo),
os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre
os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.
"As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas
não gostam de pagar impostos", afirma Christensen. "No caso do Brasil,
quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer
que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos
fiscais há muito tempo".
Chistensen afirma que no caso de México, Venezuela e Argentina,
tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México)
e a ação dos bancos americanos fizeram os valores escondidos no
exterior subirem vertiginosamente desde os anos 70, embora "este seja
um fenômeno de mais de meio século".
O diretor da Tax Justice Network destaca ainda que há enormes recursos de países africanos em contas offshore.
No BBC Brasil
Prédio do antigo Museu do Índio voltará aos indígenas, decide governo do Rio
Depois de uma luta que durou vários anos e de uma desocupação traumática
no último mês de março, feita com violência policial e uso de bombas de
gás, os índios podem finalmente comemorar a retomada do prédio do
antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho, o
Maracanã. Antecipado na última segunda-feira (29) pelo governador Sérgio
Cabral, a devolução do imóvel aos índios começou a ser concretizado na
terça-feira (30), após reunião entre a secretária estadual de Cultura,
Adriana Rattes, e diversas lideranças indígenas.
A informação foi divulgada nesta quarta (31), em nota da Secretaria Estadual de Cultura. Segundo o texto, estiveram presentes ao encontro com a secretária representantes de diversas etnias, incluindo Afonso Apurinã, Carlos Tukano, Garapirá Pataxó, Marize Guarani e Iracema Pankararu. Ficou decidido que haverá uma nova reunião no próximo dia 6, para começar a definir a elaboração do projeto, como nome, estrutura, cronograma e modelo de gestão do futuro Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena.
Adriana Rattes propôs que o centro seja criado como uma instituição pública estadual e sugeriu que tenha na sua estrutura um conselho permanente formado por representantes do Instituto Tamoyo/Aldeia Maracanã, de índios de outras etnias que se interessarem em participar e de entidades e pessoas da sociedade civil ligadas à causa indígena.
A informação foi divulgada nesta quarta (31), em nota da Secretaria Estadual de Cultura. Segundo o texto, estiveram presentes ao encontro com a secretária representantes de diversas etnias, incluindo Afonso Apurinã, Carlos Tukano, Garapirá Pataxó, Marize Guarani e Iracema Pankararu. Ficou decidido que haverá uma nova reunião no próximo dia 6, para começar a definir a elaboração do projeto, como nome, estrutura, cronograma e modelo de gestão do futuro Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena.
Adriana Rattes propôs que o centro seja criado como uma instituição pública estadual e sugeriu que tenha na sua estrutura um conselho permanente formado por representantes do Instituto Tamoyo/Aldeia Maracanã, de índios de outras etnias que se interessarem em participar e de entidades e pessoas da sociedade civil ligadas à causa indígena.
"Os objetivos principais do centro serão os de promover, preservar e
difundir a história, os valores, os conhecimentos e todos os aspectos
culturais dos indígenas brasileiros, com foco especial nos grupos que
vivem ou viveram nas diversas regiões do estado do Rio de Janeiro. O
centro será ainda um ponto de formação, referência e apoio para os
índios contemporâneos, diante dos desafios e das transformações
culturais por que passam as diversas etnias em suas vivências nas
aldeias e também no espaço urbano", diz a secretaria em nota.
O prédio do antigo Museu do Índio foi construído no século 19 e abrigou o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Cândido Rondon. Transformado em museu, o local teve entre seus diretores o antropólogo Darcy Ribeiro. O governo do Rio cogitou demolir o prédio, como parte das obras de reforma do Maracanã, mas, depois dos protestos, desistiu e chegou a planejar a instalação de um museu olímpico no local.
O prédio do antigo Museu do Índio foi construído no século 19 e abrigou o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Cândido Rondon. Transformado em museu, o local teve entre seus diretores o antropólogo Darcy Ribeiro. O governo do Rio cogitou demolir o prédio, como parte das obras de reforma do Maracanã, mas, depois dos protestos, desistiu e chegou a planejar a instalação de um museu olímpico no local.
*comtextolivre
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