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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, agosto 03, 2013
PT abandona o barco de Sergio Cabral
3 de Agosto de 2013 às 08:37
Tchau, Cabral - ILIMAR FRANCO
O
PT do Rio planeja desembarcar do governo Sérgio Cabral (PMDB). Sua
Executiva estadual, bancadas e secretários se reúnem para tratar da
saída na segunda-feira. A proposta já tem maioria . Para oficializar a
decisão , o Diretório Regional ainda ser á convocado . Os secretários
petistas vão deixar seus cargos até outubro. A candidatura do senador
Lindbergh Farias será reafirmada.
*Brasil247
O escândalo do propinão tucano: Manifestantes acampam em frente à sede do governo tucano de SP
Após participar do protesto contra os governadores paulista, Geraldo
Alckmin (PSDB), e fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), em São Paulo na
noite de sexta-feira, um grupo acampou em frente ao Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo do Estado. No início da tarde deste
sábado, os manifestantes permaneciam sentados na calçada em frente ao
prédio.
O grupo também protesta contra o desaparecimento do pedreiro carioca
Amarildo de Souza e pede a desmilitarização da polícia. Segundo a
Polícia Militar, a situação é pacífica no local.No início do
acampamento, ainda na noite de ontem, uma pessoa tentou romper a
barreira policial em frente ao palácio e foi detida. Por volta das 11h
deste sábado =, cerca de 15 ainda permaneciam acampados.
O protesto da noite de sexta-feira iniciou com cerca de 400 pessoas na
avenida Brigadeiro Luiz Antônio, por volta das 20h, após concentração no
Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Opus Dei se sustenta em São Paulo
Via Diário Liberdade
- Laerte Braga
A
história do metrô em São Paulo bate de longe qualquer esquema de
corrupção no País e todos os governadores desde Mário Covas estão
implicados no cartel de empresas que realizou a obra, administra a obra e
pagou 30% mais caro pelos trens em circulação.
Não há denúncia propriamente dita, mas confissão de uma das empresas, a SIEMENS.
O
fato repercutiu na imprensa internacional, mas no Brasil, compradas,
pois venais, os órgãos da chamada grande mídia silenciam sobre o assunto
que pode afetar as candidatura tucana à presidência da República nas
eleições do ano de 2014, principalmente se aliada, aí sim, às denúncias
feitas pelo jornalista Amaury Ribeiro, no livro A PRIVATARIA TUCANA, que
trata do processo de privatização de estatais no governo FHC – também
tucano – onde não foram poucos os que enriqueceram.
Só
para lembrar como funcionam esses esquemas, quando saiu do governo de
Fernando Henrique, Pedro Malan, o todo poderoso funcionário do
Departamento do Tesouro dos EUA e alocado no Ministério da Fazenda do
Brasil, virou executivo de Eike Batista. Eike teria se transformado de
um dos homens mais ricos do mundo, num mero milionário. Na verdade, por
trás de tudo isso existe um grande golpe para a entrega de setores
estratégicos da economia a empresas estrangeiras.
Eike
Batista não fala e anda ao mesmo tempo, é apenas herdeiro e todo o
processo foi conduzido por Pedro Malan. E ainda por cima tem pânico de
incêndio. Na prática só deu trabalho a Malan quando sacou cinco milhões
de dólares para pagar por uma noite com Madona. Sacou nas empresas e não
de seu dinheiro pessoal que continua intacto e o mantém bilionário, a
ele e ao ex-ministro da Fazenda de FHC.
O
processo para a construção do metrô de São Paulo funcionou aparentemente
dentro da lei, é lógico, a OPUS DEI começa o dia invocando proteção
para os "negócios". Pré qualificação das empresas aptas a realizar uma
obra dessa envergadura, em seguida qualificação com licitação para a
escolha da ou das empresas e a obra. O governo de Mário Covas deu aval,
diante das dificuldades e do risco de liminares na Justiça em torno da
licitação, para que se formasse um cartel das empresas qualificadas e
isso foi feito, sendo a obra dividida em partes. Cada empresa
qualificada construiria uma das etapas do metrô de São Paulo.
Segundo
um diretor da SIEMENS, confissão pública, os cartéis permitem às
empresas subir o preço e logico, isso implica em pagar propina.
No
meio do caminho houve um desentendimento com a SIEMENS, mas mesmo assim
a parte que lhe coube nesse latifúndio foi construída. Os custos mais
altos e os seguidos governadores tucanos devidamente "propinados". No
caso, Geraldo Alckmin, José Serra e agora Geraldo Alckmin outra vez.
Vale
dizer que os milhões de paulistanos que usam o metrô pagam o custo
visível e um custo invisível até agora pelas passagens, no caso dos
trens, 30% a mais do valor dos mesmos.
A capela
do Palácio Bandeirantes ao invés de imagens de santos deve ter o símbolo
de pelo menos dezoito empresas envolvidas na história, segundo a
confissão pública da SIEMENS e as provas de envolvimento da ALSTON, que
são antigas.
O que foi apurado até agora? Nada, o
Ministério Público paulista trata o assunto como segredo fechado a sete
chaves e mantém a população alheia ao que aconteceu. Não fosse a
confissão dos executivos da SIEMENS e o assunto permaneceria trancado e
não viria a público.
O escândalo do metrô em São
Paulo é varias vezes o que chamam de "mensalão" que, neste momento,
começa a ser demolido, ou seja, provas falsas, provas omitidas começam a
aparecer e a provar a inocência dos acusados.
Não
foi por outra razão que o ministro Gilmar Mendes, empregado dos
tucanos, já declarou que o STF não "vai ouvir a voz das ruas no caso do
"mensalão". Se antecipa aos protestos pela trampolinagem da mais alta
corte de Justiça do Brasil e ao mesmo tempo se revela que alguns
ministros, diante dos novos documentos se arrependem de seus votos.
Quem vai ter coragem, no STF de colocar as cartas novamente à mesa?
Ou de mais à frente julgar com isenção o caso – réu confesso – do metrô de São Paulo?
Isso,
se o Ministério Público levar à frente a investigação e transformá-las
em processo criminal contra os governadores e as empresas agentes do
crime com dinheiro público contra a população do estado e do País
também.
No exterior a repercussão do caso é
imensa em grandes jornais. No Brasil a mídia não toca no assunto e
quando o faz é de forma superficial protegendo as gangues envolvidas,
pois é instrumento dessas quadrilhas.
Por aí, o
metrô de São Paulo se pode ter uma ideia da corrupção e dos corruptores,
que muito mais importante para o combate a corrupção, pois a mesma só
existe por existirem corruptores.
Vai ver
Alckmin doou para os pobres como os 300 vestidos que um estilista famoso
deu à primeira dama, no governo anterior de Alckmin para leiloar em
benefício de obras de caridade e o leilão terminou no guarda-roupas da
primeira dama.
A OPUS DEI e outras quadrilhas já
perceberam que São Paulo é o ideal para sustentarem-se e por isso é
vital manter o estado com o comando dos tucanos.
E
um último detalhe, guerra entre tucanos é interna também. Tem dedo de
Aécio nessa história para afastar eventuais rivais paulistas em suas
pretensões presidenciais e, certamente, vai ter dedo paulista para
prejudicar a candidatura do mineiro.
Ninho de cobras venenosas.
*Gilsonsampaio
São Paulo é infeliz destaque na imprensa mundial
Via BBC
Policiais são condenados a 624 anos de prisão pelo massacre do Carandiru
Cultura de impunidade e surgimento de facções criminosas estariam entre as consequências do massacre
Um
caso que chocou o país e foi notícia em todo o mundo, demonstrou esta
semana toda a complexidade do sistema judiciário brasileiro em julgar e
condenar acusados de crimes contra a vida.
Depois
de quase 21 anos, foram condenados na madrugada deste sábado 25
policiais acusados de participação na morte de 52 dos 111 presos do
presídio do Carandiru, episódio ocorrido em 2 de outubro de 1992, em São
Paulo.
Os réus receberam ao todo uma pena de
624 anos de prisão em regime fechado e a perda do cargo público. Eles
ainda têm o direito de recorrer da decisão em liberdade.
O
último dos cinco dias de julgamento foi marcado por 12 horas de
argumentações dos advogados de defesa e promotoria, além da apresentação
de vídeos e depoimentos.
Durante os
interrogatórios, apenas 5 dos 23 réus presentes no julgamento prestaram
depoimento. Os demais preferiram ficar em silêncio.
Demora
De
acordo com grupos de direitos humanos ao próprio Tribunal de Justiça de
São Paulo, o atraso do julgamento do Carandiru demonstrou como os
conflitos na condução do processo, que envolveram diversas instituições e
instâncias da justiça, protelaram a decisão do caso em mais de duas
décadas.
O Tribunal de Justiça de São Paulo
atribui a demora para se dar um desfecho para o caso aos conflitos de
competência entre os ramos militar e comum da Justiça – e também aos
diversos recursos propostos à Corte por advogados de réus.
Organizações
internacionais de direitos humanos ressaltam que os longos anos de
espera por um resultado de condenação no Brasil favorecem a uma cultura
de impunidade no país.
O julgamento
- O segundo grupo de25 policiais julgados foram sentenciados pela participação na morte de 52 dos 111 presos. Eles fazem parte de um total de quatro grupos de acusados. Mais dois aindaserão julgados até o final do ano.
- A condenação foi de 624 anos de prisão em regime inicial fechado. Eles têm o direito de recorrer em liberdade.
- O julgamento teve início na segunda-feira, com os depoimentos de quatro testemunhas de acusação: o perito criminal Osvaldo Negrini e três por meio de depoimentos gravados em vídeo, sendo dois presos sobreviventes e um diretor da Detenção.
- No dia seguinte, foram ouvidas seis testemunhas de defesa, sendo duas presenciais, duas por vídeo e duas protegidas.
- A quarta-feira estava reservada para o interrogatório dos réus. Dos 23 réus presentes, 18 preferiram manter-se em silêncio. Defesa e acusação exibiram vídeos de 40 minutos cada um.
- A sexta-feira foi toda ocupada pelos debates, que duraram mais de 12 horas.
- À meia noite o Conselho de Sentença se reuniu na sala secreta.
- Às 4h20 da madrugada de sábado o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, do 2º Tribunal do Júri, leu a sentença.
Fonte: Tribunal de Justiça de SP
Para Maria Laura Carineu, representante da HRW (Human Rights Watch)
no Brasil, a demora do procedimento "por si só representa a violação de
um direito fundamental constitucionalmente assegurado no Brasil: a
'razoável duração do processo e meios que garantam a celeridade de sua
tramitação'".
O diretor da Anistia Internacional
Brasil, Atila Roque, afirmou que a entidade vê como consequência
"direta e perigosa" da lentidão judicial o fato de grande parte dos réus
terem permanecido tantos anos trabalhando na polícia após o episódio.
Atualmente,
cerca de um terço dos 83 policiais acusados - subtraem-se desses os 25
policiais sentenciados neste sábado - continua servindo na polícia, de
acordo com dados a defesa.
Consequências
Ao
longo de duas décadas de espera por um resultado convincente da
justiça, as consequências do massacre do Carandiru tiveram tempo de se
desenvolver e seguem estão presentes os dias de hoje.
De
acordo com especialista ouvidos pela BBC Brasil, o massacre de São
Paulo foi um episódio decisivo para a fundação e estabelecimento da
facção criminosa que atua dentro e fora do sistema prisional paulista, o
PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo especialistas ouvidos pela
BBC Brasil.
"Antes do massacre, o Estado já
extorquia, torturava e matava os presos. O Carandiru não foi a única
causa da fundação (do PCC), mas colaborou muito para isso", afirmou o
padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária,
da Igreja Católica.
O PCC foi criado por um
grupo de presos em 31 de agosto de 1993 na Casa de Custódia de Taubaté -
pouco menos de um ano depois do massacre do Carandiru.
Os
principais objetivos da facão eram combater os maus tratos no sistema
prisional e evitar novos massacres como o de 1992, segundo o jornalista
Josmar Jozino, autor de três livros sobre o PCC, entre eles "Xeque-mate,
o Tribunal do Crime e os Letais Boinas Pretas" (Ed. Letras do Brasil).
"O
massacre do Carandiru foi a gota d'água para a criação do PCC. O
episódio está registrado até no estatuto de fundação da facção", disse
ele.
Segundo os especialistas Jozino e Silveira,
o grupo criminoso se espalhou por todo o sistema prisional e impôs
regras de conduta aos presos - como a proibição nas cadeias do uso do
crack e de assassinatos motivados por dívidas de drogas. A ação teria
diminuído os índices de mortalidade nas penitenciárias.
Mais desdobramentos
Com
a possibilidade de recorrerem da decisão, os 25 policiais sentenciados
ainda podem gerar novos desdobramentos na justiça até mesmo com outro
julgamento.
Esse grupo é o segundo a ser julgado, num processo que foi dividido em quatro etapas.
A
primeira ocorreu em abril, quando 23 policiais foram condenados a 156
anos de prisão por assassinar 13 detentos. Ela dizia respeito aos crimes
ocorridos no primeiro andar do pavilhão nove, o local do massacre. Eles
também receberam o benefício de recorrer da condenação em liberdade.
Outros dois grupos de acusados ainda serão julgados ao longo do ano.
*GilsonSampaio
CAI A BLINDAGEM TUCANA: CASO SIEMENS NO JN
Reportagem de cinco minutos cita o processo de formação de cartel,
denunciado pela Siemens, que pode ter desviado R$ 425 milhões do metrô
de São Paulo; matéria citou explicitamente o governador Geraldo Alckmin e
seus antecessores José Serra e Mario Covas; caso transborda das ruas e
da internet para a mídia tradicional
247 - Uma
semana atrás, uma reportagem do 247 levantou uma questão constrangedora
para a imprensa brasileira: por que Geraldo Alckmin é tão blindado pela
mídia? (leia aqui).
Dias depois, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) questionou a postura
da Folha, que noticiava o caso, sem mencionar o governador tucano e seus
antecessores José Serra e Mario Covas (leia aqui).
Ontem, num protesto que começou na Avenida Paulista, o caso Siemens
ganhou as ruas. E uma nova manifestação, com esse foco, está marcada
para o próximo dia 14 (leia aqui).
Diante das evidências e da pressão das ruas, o Jornal Nacional se
rendeu. E pela primeira vez citou o caso, numa reportagem de cinco
minutos conduzida pelo repórter José Roberto Bornier. Nela, Alckmin,
Serra e Covas foram citados. Os apresentadores Patrícia Poeta e William
Bonner também mencionaram o acordo de leniência feito pela Siemens junto
ao Cade, pelo qual a multinacional alemã se comprometeu a revelar o
esquema que desviou recursos do metrô, para diminuir as penas dos seus
executivos. (assista aqui)
Será que agora, finalmente, caiu a blindagem tucana?
*AmoralNato
Mario Covas, canonizado pelos Tukkkanos, recebeu caixinha do complexo IPES-IBAD na década de sessenta, foi mais um a colaborar com o golpe de 1964
Farinha do mesmo saco
Aqui
em SP, Mario Covas é visto como uma espécie de santo, são incontáveis a
quantidade de logradouros, bibliotecas, espaços culturais, etc, etc,
etc... que levam seu nome. Sua imagem é de político sério, democrata,
ético, daqueles que lutaram contra a ditadura. O governador Geraldo
Alckmin, através de sua assessoria, trata como uma heresia a inclusão do nome de Covas nas atuais denúncias de corrupção envolvendo governos do PSDB.
Pouco
(no caso do PIG, nada) se fala que foi durante a gestão Covas que teve
início o desmonte neoliberal em São Paulo, que durante seu governo se
intensificou a precarização do ensino estadual paulista, jogando os
índices educacionais deste estado lá para baixo, para ficar só nesse
setor.
Aliás, qual foi o grande feito do Mário Covas governador mesmo?
Não
me surpreende o envolvimento do “tucano sério”, como alguns adversários
o chamam até hoje, no propinoduto tucano, que teria começado durante
sua gestão. Quando se investiga com mais rigor sua biografia política,
observa-se que deslizes não se encontram apenas em sua fase tucana,
desde o início de sua trajetória de homem público, verificam-se
episódios nebulosos.
Como
dito acima, Covas se notabilizou como opositor a ditadura, estando
(para muitos) na mesma estatura de Ulisses Guimarães. Durante os eventos
envolvendo o nome do deputado Márcio Moreira Alves, em 1968, às
vésperas do AI-5, sua conduta foi corajosa e digna. Contudo, se
voltarmos alguns anos no tempo, na mesma década de 1960, vemos que sua
postura não foi tão digna assim.
Mario Covas figura na lista dos candidatos que foram financiados pelo complexo IPES-IBAD,
institutos que prepararam o terreno para o golpe de 1964. Este fato
está exposto e devidamente documentado na monumental obra de René Armand
Dreifuss, chamada “1964: a conquista do Estado”,
um dos mais criteriosos estudos sobre o golpe civil-militar
brasileiro. Covas foi eleito deputado federal em 1962, financiado pelo
golpismo organizado, e uma vez de posse do cargo, teve que retribuir o
patrocínio, ajudando a inviabilizar a governo trabalhista de João
Goulart.
Vejamos o que René Armand Dreifuss diz sobre o tema:
(...)
as atividades políticas do complexo IPES-IBAD foram de suma importância
na realização da crise do bloco histórico-populista. Elas estimularam
uma atmosfera de inquietação política e obtiveram êxito em levar à
intervenção das Forcas Armadas contra o “caos, a corrupção populista e a
ameaça comunista”. (p. 338)
Ao
lado de Covas, figuraram na lista dos golpistas os deputados paulistas
Cunha Bueno, Padre Godinho, Hamilton Prado (diretor da Cia. Antárctica
de Bebidas), Nicolau Tuma, Raniere Mazzili, futuro presidente da Câmara
que irá declarar vaga a presidência da República em 1964, mesmo com o
presidente João Goulart ainda se encontrando no país, dentre outros. (p.
335)
Por
mais que Mario Covas tenha tido uma postura corajosa na conjuntura do
AI-5, o mesmo colaborou para o assalto ao poder em 1964, quatro anos
depois, bateu de frente com um monstro que ajudou a criar.
As
reais implicações de Mario Covas junto ao propinoduto tucanos virão a
tona com o tempo, contudo, é mais que necessário desmistificar um
político cuja imagem foi forjada por um partido que se notabilizou por
sua hipocrisia e por mascarar a realidade chancelado por
toda mídia corporativa nacional.
Para mais detalhes, consultar:
DREIFUSS, Rene Armand. 1964: a conquista do Estado. Ação Política, Poder e Golpe de Classe. Editora Petrópolis-RJ, 1981.
*Cappacete
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