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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 13, 2013

PSDB tem o maior número de candidatos FICHA-SUJA.

Charge da Folha de São Paulo de 10.08.2013



                      PSDB tem o maior número de candidatos FICHA-SUJA.

Confira em:
* Blog Justiceira de Esquerda

Tucanos mentem quando dizem que não sabiam da corrupção no metrô


TV Vermelho investiga se o Brasil está pior do que há dez anos


Parlamentares fazem farra com cota para aluguel de veículos



Câmara gasta R$21,3 mil por mês com aluguel
de cinco veículos para o deputado Arnon Bezerra.
Imagem: Congresso em Foco
Enquanto milhões de brasileiros dependem de um transporte de péssima qualidade para se locomoverem, como deixaram claro os protestos de junho em várias cidades brasileiras,os parlamentares federais contam com uma excepcional ajuda do contribuinte para nunca ficarem a pé.
Dos muitos benefícios a que os congressistas têm direito, que já colocam nosso Parlamento no topo do ranking mundial nessa área, destaca-se a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap). Ela confere em média a cada deputado – e, segundo o Senado, os valores são equivalentes para os senadores – cerca de R$ 400 mil por ano. O dinheiro serve, em tese, para bancar despesas necessárias ao bom exercício do mandato. Entre elas, auxílio para divulgação do mandato, passagens aéreas, aluguel de veículos e gastos com combustíveis. Estes últimos, limitados a R$ 4,5 mil mensais para o deputado e, para o senador, ilimitados desde que fiquem dentro do teto da Ceap, que é mais conhecida como cota parlamentar ou simplesmente “cotão”.
Como cada congressista tem total liberdade para usar essa verba, ela se transformou em um extraordinário ralo de desperdício de recursos públicos. Basta dizer que entre 2012 e 2013, somente a Câmara dos Deputados já gastou mais de R$ 31 milhões em aluguéis de veículos e R$ 22,8 milhões com combustíveis e lubrificantes. Mas o valor pode ser ainda maior, pois os deputados têm até 90 dias para prestar contas. Ou seja, valores gastos entre maio e julho deste ano ainda podem ser ressarcidos.
O montante é suficiente para comprar mil carros populares, o que daria quase dois carros por parlamentar (a Câmara tem 513 deputados). Ou 413 carros executivos de luxo, como os deputados demonstram preferir. É como se cada parlamentar, gastasse em média, todo mês, R$ 3,1 mil para alugar carros.  Apesar dos elevados gastos, as empresas contratadas, frequentemente, são pequenas e muitas sequer têm loja montada. Enfim, a inevitável conclusão é que o Congresso, que já protagonizou em ar a farra das passagens, também encena em terra uma outra folia com os reais que nos são retirados através dos impostos.
Arnon Bezerra, o campeão de gastos
Vários parlamentares chegam a desembolsar mais de R$ 15 mil mensais para ter à disposição carros executivos e de luxo.
É o caso do deputado Arnon Bezerra (PTB-CE), recordista no gasto com aluguel de carros. Desde 2012, ele gasta todo mês R$ 21,3 mil para locar cinco carros, sendo três de luxo. Segundo Arnon, o custo está dentro dos valores de mercado, mesmo tendo valor tão elevado. “Eu uso os carros e transporto também o pessoal que me acompanha sempre para o interior. Você não usa todo dia, mas eles têm que estar à disposição. Porque nem sempre quando precisa se tem os carros à disposição. E eu consegui preços mais acessíveis para, justamente, ter os carros à disposição”, disse ele ao Congresso em Foco.
O próprio deputado confirma que aluga uma Toyota Hilux, uma Mitsubishi Pajero, uma Triton e dois carros populares cujos modelos o deputado não informou. Em 2010, quando concorreu a uma vaga na Câmara, Arnon declarou à Justiça eleitoral  possuir uma Toyota Hilux no valor de R$ 50 mil. Segundo o parlamentar, os carros são utilizados em Juazeiro do Norte e em outras cidades próximas, no interior do Ceará.
Desde o início do atual mandato até junho o deputado gastou nada menos que R$ 505,8 mil em aluguel de veículos, locados em duas empresas de Fortaleza – a Levita Locação de Veículos Ltda. e a Top Rent a Car Ltda. Ou seja: destinou, em dois anos e meio, mais de meio milhão a esse tipo de despesa. O deputado discorda que seja muito.
“Considero, sim, que esse gasto é necessário para garantir o transporte, para fazer um trabalho confortável. Se não, eu teria que fazer a opção de ir com um avião pequeno para determinados lugares do interior. E eu não posso diminuir o meu trabalho. Se a gente não volta para a base, a gente não volta para Brasília. Temos que estar na base permanentemente, fazendo trabalhos, fazendo palestras, discutindo e recebendo críticas também”, justificou.
A maioria dos parlamentares prefere alugar os automóveis porque a verba indenizatória não permite a compra de automóveis. Além disso, os contratos, em geral, preveem a substituição dos carros em caso de defeitos ou desgaste.
Mariana Haubert Congresso em Foco

segunda-feira, agosto 12, 2013

“Mídia envolvida até o pescoço no escândalo”



11/08/2013
Mídia e metrô tucano: como servir a Deus sem trair o Diabo?
Nunca a sorte política do PSDB – seus caciques e derivados— dependeu tanto da indulgência da mídia conservadora como agora. 

E nunca, como agora, esse centurião de todas as horas esteve tão frágil para ajudá-los.
A sobrevivência mesmo esfarrapada do PSDB depende dramaticamente da decisão em torno da qual orbitam há dias os proprietários, editorialistas, colunistas, pauteiros e mancheteiros do dispositivo midiático conservador.
Aliviar ou não para um PSDB mergulhado até o nariz no conluio com oligopólios e corrupção no caso das licitações para compra de vagões do metrô, em São Paulo?
A hesitação no ar é tão densa que dá para cortar com uma faca.
Jorros de ambiguidade escorrem dos veículos impressos no café da manhã.
Num dia, como na 4ª feira passada, a Folha escondeu o escândalo retirando-o da 1ª página.
Mas encontrou espaço para estampar ali outra ‘grave denúncia’: a reforma de calçadas no centro de São Paulo não tem plano equivalente para as periferias.
Na edição seguinte, porém, o jornal dos Frias precipitou a publicação de um indício de envolvimento direto de José Serra com o cartel, em 2008. 

Como?
Jogou a informação no papel. Sem investigar a fundo, como deveria, e fez, quando o alvo eram lideranças progressistas.
Não ouviu outros executivos de empresas participantes da mesma licitação, não biografou o braço direito do governador na operação denunciada pela Siemens.
Não foi até Amsterdã ouvir testemunhas, checar informações, refazer o roteiro de Serra, conferir reuniões no hotel etc etc.
O secretário de transportes metropolitanos de Serra, então, e segundo a denúncia da multinacional alemã, parceiro do governador nas tratativas, era o engenheiro José Luiz Portella.
Por que o perfil de figura chave não foi esmiuçado?
Colunista da Folha atualmente, Portella é um quadro clássico: perfil público rebaixado, versatilidade operacional elevada dentro do PSDB.
Ela inclui serviços prestados ao governo FHC, no ministério da Educação, dirigido por Paulo Renato de Souza, já falecido.
Por acaso, Paulo Renato seria seu companheiro também no governo Serra, quando a secretaria da Educação de SP adquiriu, sem licitação, cerca de R$ 8 milhões em assinaturas de jornais, revistas e outras publicações dos grupos Estadão, Globo e Abril. (Em 2010 Serra deixaria o governo de SP para, com apoio da mídia, ser derrotado outra vez em uma disputa presidencial, agora por Dilma Rousseff.)
A pressa da Folha em veicular uma denúncia séria sem investigação anterior – e tampouco posterior, sintetiza um certo desespero que perpassa todo o dispositivo midiático conservador nesse momento.
A angústia deriva da difícil missão que os acontecimentos impõem ao jornalismo ‘isento’ nos dias que correm.

Como servir a Deus sem trair o Diabo?
Foi o que tentou a Folha nesse caso.
De um lado, mitigar a cumplicidade pública entre ela e Serra.
De outro, ao comprometer o tucano, faze-lo de forma tão frívola, que levou o jornal a omitir até mesmo reportagens anteriores de sua própria lavra, que endossariam a denúncia da Siemens.
Em 26 de outubro de 2010, a Folha revelou que seis meses antes da licitação dos lotes 3 e 8 da linha 5 (Lilás) do metrô, sua reportagem já tivera acesso aos nomes dos vencedores das obras.
A Folha registrou então as empresas vencedores em vídeo e em cartório nos dias 20 e 23 de abril de 2010. (Leia a cópia da reportagem da Folha ao final dessa nota)
Se isso não é uma corroboração forte de práticas sistêmicas de conluio, corrupção e cartel no governo Serra, o que mais seria então?
Por que a Folha menosprezou esses antecedentes?
Por que, se eles enfraquecem sobremaneira as alegações de Serra, Alckmin e assemelhados de espanto com práticas idênticas relatadas pela Siemens, agora também na etapa de aquisição de equipamentos?
A frouxidão moral dos colunistas savonarolas, o laxismo ético dos editoriais tem motivo de força maior.
A mídia está envolvida até o pescoço nesse escândalo, sugestivamente só revelado por iniciativa da pata empresarial do negócio e da ação do Cade.
Seu envolvimento tem um nome: omissão.
E sobrenome: cumplicidade.
Como explicar que o diligente jornalismo bandeirante, sempre tão atento à malversação da coisa pública na esfera federal, nunca investigou a fundo aquilo que esteve o tempo todo diante do seu nariz?
E não só diante do nariz, mas, como se vê pela reportagem de 2010, em suas próprias páginas, em escândalos, todavia, rebaixados como episódicos e pontuais?
A mídia conservadora hesita, se retorce e se remói.
A dimensão sistêmica do que aflora no metrô de SP coloca-a diante de um duplo abraço de afogados.
Se não investigar a fundo esse episódio, veiculado a fórceps, naufragará como parceira carnal do tucanato.

Se investigar, com rigor e isenção, uma prática de 16 anos de governos que sempre contaram com seu esférico apoio, em algum momento, de certa forma, terá que investigar a si própria.
Leia abaixo, a reportagem da Folha de 2010, ’esquecida’ no episódio equivalente de 2013.
26/10/2010 – 03h00
Resultado de licitação do metrô de São Paulo já era conhecido seis meses antes 


RICARDO FELTRIN
DE SÃO PAULO
A Folha soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de 3 a 8 da linha 5 (Lilás) do metrô. 

O resultado só foi divulgado na última quinta-feira, mas o jornal já havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e em cartório nos dias 20 e 23 de abril deste ano, respectivamente.
A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) –ele deixou o cargo no início de abril deste ano para disputar a Presidência da República.
Em seu lugar ficou seu vice, o tucano Alberto Goldman. 

O resultado da licitação foi conhecido previamente pela Folha apesar de o Metrô ter suspendido o processo em abril e mandado todas as empresas refazerem suas propostas.
A suspensão do processo licitatório ocorreu três dias depois do registro dos vencedores em cartório.
O Metrô, estatal do governo paulista, afirma que vai investigar o caso. Os consórcios também negam irregularidades ou “acertos”. 

O valor dos lotes de 2 a 8 passa de R$ 4 bilhões.
A linha 5 do metrô irá do Largo 13 à Chácara Klabin, num total de 20 km de trilhos, e será conectada com as linhas 1 (Azul) e 2 (Verde), além do corredor São Paulo-Diadema da EMTU.


VÍDEO E CARTÓRIO 

A Folha obteve os resultados da licitação no dia 20 de abril, quando gravou um vídeo anunciando o nome dos vencedores. 

Três dias depois, em 23 de abril, a reportagem também registrou no 2º Cartório de Notas, em SP, o nome dos consórcios que venceriam o restante da licitação e com qual lote cada um ficaria.
O documento em cartório informa o nome das vencedoras dos lotes 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Também acabou por acertar o nome do vencedor do lote 2, o consórcio Galvão/ Serveng, cuja proposta acabaria sendo rejeitada em 26 abril.
A seguir, o Metrô decidiu que não só a Galvão/Serveng, mas todas as empresas (17 consórcios) que estavam na concorrência deveriam refazer suas propostas.
A justificativa do Metrô para a medida, publicada em seu site oficial, informava que a rejeição se devia à necessidade de “reformulação dos preços dentro das condições originais de licitação”.
Em maio e junho as empreiteiras prepararam novas propostas para a licitação. Elas foram novamente entregues em julho.
No dia 24 de agosto, a direção do Metrô publicou no “Diário Oficial” um novo edital anunciando o nome das empreiteiras qualificadas a concorrer às obras, tendo discriminado quais poderiam concorrer a quais lotes.
Na quarta-feira passada, dia 20, Goldman assinou, em cerimônia oficial, a continuidade das obras da linha 5.
O nome das vencedoras foi divulgado pelo Metrô na última quinta-feira.
Eram exatamente os mesmos antecipados pela reportagem.
OBRA DE R$ 4 BI
Os sete lotes da linha 5-Lilás custarão ao Estado, no total, R$ 4,04 bilhões. Os lotes 3 e 7 consumirão a maior parte desse valor. 

Pelo edital, apenas as chamadas “quatro grandes” –Camargo Corrêa/Andrade Gutierrez e Metropolitano (Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão)– estavam habilitadas a concorrer a esses dois lotes, porque somente elas possuem um equipamento específico e necessário (shield).
Esses dois lotes somados consumirão um total de R$ 2,28 bilhões.


OUTRO LADO 

Em nota, o Metrô de São Paulo informou que vai investigar as informações publicadas hoje na Folha. 

A companhia disse ainda que vai investigar todo o processo de licitação.
“É reconhecida a postura idônea que o Metrô adota em processos licitatórios, além da grande expertise na elaboração e condução desses tipos de processo. A responsabilidade do Metrô, enquanto empresa pública, é garantir o menor preço e a qualidade técnica exigida pela complexidade da obra.” 

Ainda de acordo com a estatal, para participação de suas licitações, as empresas precisam “atender aos rígidos requisitos técnicos e de qualidade” impostos por ela.
No caso da classificação das empresas nos lotes 3 e 7, era necessário o uso “Shield, recurso e qualificação que poucas empresas no país têm”.
“Os vencedores dos lotes foram conhecidos somente quando as propostas foram abertas em sessão pública. Licitações desse porte tradicionalmente acirram a competitividade entre as empresas”, diz trecho da nota.
O Metrô afirmou ainda que, “coerente com sua postura transparente e com a segurança de ter conduzido um processo licitatório de maneira correta, informou todos os vencedores dos lotes e os respectivos valores”.
Disse seguir “fielmente a lei 8.666″ e que “os vencedores dos lotes foram anunciados na sessão pública de abertura de propostas”.
“Esse procedimento dispensa, conforme consta da lei, a publicação no ‘Diário Oficial’”. 

Todos os consórcios foram procurados, mas só dois deles responderam ao jornal.

O Consórcio Andrade Gutierrez/Camargo Corrêa, vencedor da disputa para construção do lote 3, diz que “tomou conhecimento do resultado da licitação em 24 de setembro de 2010, quando os ganhadores foram divulgados em sessão pública”.
O consórcio Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão, vencedor do lote 7, disse que, dessa licitação, “só dois trechos poderiam ser executados com a máquina conhecida como ‘tatu’ e apenas dois consórcios estavam qualificados para usar o equipamento”.
“Uma vez que nenhum consórcio poderia conquistar mais que um lote, a probabilidade de cada consórcio ficar responsável por um dos lotes era grande”, diz.

O consórcio Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão diz ter concentrado seu foco no lote 7 para aproveitar “o equipamento da Linha 4, reduzindo o investimento inicial”.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, de São Paulo.
*viomundo

Quem são os ‘Advogados Ativistas’, grupo que defende os manifestantes


“Não fazemos parte de quadrilha”, disse André Zanardo para o Diário.
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André Zanardo tem 25 anos e é advogado. Exerce sua atividade de maneira remunerada para clientes mas também atua solidariamente nas manifestações. Não raramente tem virado madrugadas dentro de delegacias advogando em prol de manifestantes detidos.
André faz parte dos Advogados Ativistas, grupo cuja página na internet se dedica a esclarecer pontos jurídicos dos protestos. Lá é possível, por exemplo, baixar o Manual Prático do Manifestante, que faz considerações e até instrui sobre direitos de cidadãos, como agir em uma Delegacia de Polícia quando preso, como reagir (ou não) à uma abordagem policial etc. Em um dos muitos posts bem humorados, o AA resolveu ainda fazer “um modelinho, praquele jornalista esperto que gosta de fazer a sua matéria ‘PÓS MANIFESTAÇÃO COM VANDALISMO’”.
A respeito de vandalismo, o grupo não defende nem incrimina os polêmicos black blocs. “Goste-se ou não desses grupos, eles existem e devemos entendê-los.” Contudo, procura esclarecer antes de mais nada: “A mídia tem propagado que os black blocs são grupos anárquicos, cujo único objetivo seria a destruição e a violência. Anarquia se opõe a todo tipo de autoridade, mas a ideologia é muito mais complexa do que isso (…) O modo como uma pessoa se comporta é um produto das instituições onde ela cresceu, foi educada e da qual faz parte. As relações sociais estabelecidas nessas instituições é que moldam os indivíduos.”
A um questionamento de um internauta acerca da possibilidade de ser enquadrado em formação de quadrilha por ter aderido a um evento em comunidade black bloc, os Advogados Ativistas respondem objetivamente: “Concluímos que NÃO é possível alegar que você faça parte de uma quadrilha. Nós dizemos isto com base nas páginas black block que conhecemos, pois ainda não nos deparamos com nenhum grupo que estruture um conjunto probatório que configure formação de quadrilha. Mas veja bem, cuidado com o que você posta e faz na rede, porque isso aqui também é mundo real, e fica tudo armazenado, de modo que qualquer prova é facilmente colhida.”
E acrescentam: “É importante o ALERTA à todas as comunidades com temas black block: não organizem (na rede), em hipótese alguma, ações diretas que possam de alguma forma violar a lei, mesmo que simbólicas. Isto pode complicá-los. É de extrema relevância mencionar também que se os black blocks se estruturarem através das redes sociais e começarem a cometer crimes reiteradamente, mesmo que sob o argumento de Desobediência Civil, isto ainda É ILEGAL.”
Desobediência civil é assunto caro ao AA e as ocupações atuais são um exemplo didático. Hoje temos a Ocupação Fora Cabral, a Ocupação da Câmara Municipal do Rio (interna e externamente), a Ocupação da Aldeia Maracanã, a Ocupação da Câmara Municipal de Niterói e a Ocupação Fora Alckmin, apenas para citar as mais em evidência, sendo que para o dia 17 de agosto está agendada a Ocupa Renan com a instalação de um acampamento em frente a casa de Renan Calheiros, em Brasília, exigindo sua renúncia.
É permitido então ocupar o espaço público?
“Não é legal nem ilegal. Ainda não há jurisprudência formada sobre o tema. De toda a forma, tem-se um direito maior, que é o da manifestação popular, de sentido simbólico. Caracteriza ‘desobediência civil’ e há a possibilidade de ser constatada a ilegalidade do ato. Contudo, num momento como o atual, não vale a pena para o Poder Judiciário declarar sua ilegalidade pois a força política do ato é maior. Isso é um aspecto do direito constitucional”, diz Zanardo.
“Ela se fundamenta no princípio da democracia e na participação popular. Na medida em que da esfera pública estão excluídas parcelas da sociedade, a desobediência civil assume uma característica de obrigação, constituindo-se numa válvula de escape diante da insuficiência dos procedimentos previstos pela ordem vigente. A desobediência civil é mecanismo legítimo de atuação, sendo ato político, expressão da cidadania; é ato coletivo, resultado do exercício da soberania popular; é pública, para que possa se inserir na esfera pública e possa corrigir uma injustiça ou até mesmo evitá-la.”
André Zanardo está acompanhando os movimentos sociais há tempos. Engajado, viveu o Ocupa Sampa de 2011. Um acampamento gigante sob o viaduto do Chá, pautado pela auto-gestão e pela horizontalidade, que no seu auge teve mais de cem barracas e cerca de 350 pessoas, onde já era possível detectar a pluralidade de causas. Educação, meio-ambiente, saúde, segurança. Já havia o passe livre na pauta.
Cartazes contra a corrupção, contra a usina de Belo Monte e os grandes veículos de imprensa eram vistos. Muitos usavam a máscara do “V de Vingança” desenhada em papel. Já havia morador de Higienópolis, anarquista, sem teto. Não era obra de um punhado de militantes de uma organização, mas a expressão de uma insatisfação generalizada de pessoas de todas as tendências políticas. Aquele caldo que ferveu só neste 2013 e que agora pode contar com o apoio de advogados como André.
Advogados Anarquistas, graças a deus.
*http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quem-sao-os-advogados-ativistas-grupo-que-defende-os-manifestantes/

Charge foto e frase do dia






































Primeiro-ministro da Noruega encontrou um modo diferente para fazer pesquisa


*comtextolivre

LATUFF É MEU AMIGO, MEXEU COM ELE, MEXEU COMIGO!

Via PCB
imagem
Ivan Pinheiro
Carlos Latuff está entre aqueles que lutam contra a opressão do capital e por uma sociedade justa e fraterna. Antes de tudo, é um humanista, internacionalista e revolucionário, que sofre as dores dos oprimidos, seja onde for.
Militante corajoso, independente, coloca sua arte, sempre inteligente e radical (no bom sentido da palavra), a serviço da esquerda de todo o mundo e da humanidade. Uma charge de Latuff vale mais que muitos manifestos, fala por si, emociona.
Mais uma vez, Latuff está ameaçado de morte.
Justamente indignado com a violência policial, fez, em suas próprias palavras, uma “provocação” em torno do assassinato de um casal de PMs paulistas.
Por mais que a emoção o tenha levado a exagerar o tom da “provocação”, temos a obrigação política e moral, os revolucionários e progressistas, de lhe prestar solidariedade e blindá-lo diante das ameaças de que tem sido vítima, por parte de fascistas que tentam se aproveitar de um momento de compreensível destempero verbal do nosso Latuff.
É bom que saibam os que o ameaçam do carinho que lhe devotam um incalculável número de pessoas e organizações políticas e sociais no mundo todo.
E que depois do “Cadê o Amarildo?”, os matadores, com ou sem farda, de carreira ou de aluguel, vão ter que pensar muito antes de assassinar covardemente um ser humano, seja ele um pedreiro ou um artista. Não mais os deixaremos em paz, a cada covardia.
Com nossa solidariedade, sabemos onde estará por muitos anos o jovem Latuff: numa prancheta, com sua pena implacável contra as opressões e em nossas manifestações contra elas, com a alegria dos que lutam por uma sociedade onde todos nos possamos chamar de companheiros.
* Ivan Pinheiro é militante comunista (PCB-RJ)
*GilsonSampaio