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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 19, 2013

A CIA, O BRASIL E O TERRORISMO


(JB) - As denúncias feitas pela Folha de São Paulo, de que agentes da CIA norte-americana atuam livremente no Brasil, em franca “colaboração” com policiais brasileiros assustam muito menos do ponto de vista da atuação dos agentes estrangeiros do que da de seus “parceiros” brasileiros.
Afinal, os espiões norte-americanos estão cumprindo o seu papel: vigiar de perto um país que tem uma extensão territorial contínua maior que os próprios Estados Unidos; que conta com 200 milhões de habitantes; que é a sétima maior economia do mundo; e o terceiro maior credor individual dos Estados Unidos; além de membro dos BRICS, uma aliança que o une à China, Rússia, índia e África do Sul, deve mesmo ser uma prioridade para a CIA.
Assim como interceptar emails e telefonemas da Presidente Dilma é prioridade de outra agência do complexo de inteligência dos Estados Unidos, a NSA, já sabemos.
O que não podemos entender, já que estamos sendo ridicularizados no mundo inteiro, é como  esses agentes externos tem o seu trabalho banalizado e facilitado pelo próprio governo brasileiro, dentro do nosso território, como se fosse a coisa mais comum do mundo eles entrarem e saírem de instalações responsáveis pela nossa segurança interna e se deslocarem em nosso território como se estivessem dentro das fronteiras dos Estados Unidos.
Espertos, os EUA contam com a ignorância e o cabotinismo deslumbrado e tupiniquim de muitos de seus “colaboradores”.
Afinal – pode-se imaginar, depois de tantos anos de “colaboração”, quantos policiais brasileiros não terão tido a oportunidade de chegar em casa - ou de se sentar com os amigos depois do expediente – e comentar ter participado de uma reunião com “agentes” da DEA ou da CIA, para conversar sobre o “combate ao tráfico de drogas” – a primeira fachada para a assinatura de convênios – ou, depois do 11 de setembro, como se informa agora, sobre o combate ao “terrorismo”.
E quantos espiões norte-americanos devem ter rido de seus “colegas” brasileiros, a propósito da “guerra contra o terror”, tomando um uísque no bar do hotel, antes de ir para a cama.
Trata-se, muitas vezes, de uma questão cultural. Quantos dentre esses agentes da lei brasileiros, não cresceram e não aguçaram a sua vocação vendo – como milhões de outros brasileiros de sua geração – programas policiais e de espionagem norte-americanos na televisão?
E quantos não se imaginaram, em suas fantasias de criança, viajando pelo mundo, combatendo os malvados “terroristas” que ameaçam a liberdade e a democracia ocidental e os próprios Estados Unidos?
Bom seria se da formação informal de alguns de nossos profissionais da área, além de suas lembranças de séries como Miami Vice, CSI New York, Missão Impossível, fizessem parte também cursos sobre relações internacionais, geopolítica e o lugar do Brasil, hoje, no mundo.
Assim, seria mais fácil que eles – e também muitos de nossos diplomatas e até gente de outras áreas do governo - percebessem que o Brasil não corre risco de sofrer ataques “terroristas”.
Nossa República - graças a um dispositivo constitucional que propugna o princípio da não intervenção – não se mete em assuntos internos ou externos de outros países.  
E o faz para que outras nações - e grupos, armados ou não, e de qualquer orientação ideológica – não se metam conosco, nem oficial, nem sub-repticiamente, como faz os Estados Unidos.
Quem é vítima do “terrorismo” são países que, como a Espanha e Israel, por exemplo, atuam como servidores de segunda classe dos EUA em lugares como a Líbia, o Iraque, o Afeganistão, enviando tropas e aviões para combater ao lado dos ingleses e norte-americanos em defesa de seus interesses.
Afinal, o termo “terrorismo” não pode ser usado apenas, como se faz usualmente, contra os inimigos dos EUA. Se terrorismo é matar um inocente em Madrid ou Nova Iorque, não existe outra palavra para qualificar o fato de se assassinar uma criança, usando um avião não tripulado em Cabul, Bagdá ou Islamabad.

O Brasil só estará sujeito a ser atacado, se continuar, justamente, a estreitar seus laços com os serviços de segurança norte-americanos, colocando-se como inimigo de grupos e organizações que não têm nenhuma razão ou interesse de atuar em território brasileiro.
O Brasil não tem problema com países árabes - temos aqui grandes colônias de palestinos, sírios, libaneses - e os judeus estão em nosso país desde a Descoberta, de que participaram.
A CPI que investiga a espionagem cibernética norte-americana deve estender a sua atuação para a imediata apuração da atividade de agentes norte-americanos no Brasil.
É necessário identificar e romper esses convênios; desmontar as instalações - muitas financiadas com dinheiro norte-americano - a que esses senhores têm acesso e “convidá-los”, educadamente, a deixar, imediatamente, o território nacional. ´
Como se viu ontem, com o tiroteio em Washington, os Estados Unidos - com os inimigos internos e externos que cultivam - não terão paz enquanto acreditarem que receberam licença divina para tutelar o planeta.
Saiamos – antes que seja tarde demais – da “colaboração” com os EUA na área de segurança. Administremos nossos próprios problemas, que já não são poucos. E eles que cuidem dos deles.

    

Unesco reconhece vida e obra de comunista como patrimônio da humanidade




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O argentino nascido em Rosário, Província de Santa Fé em 14 de Junho de 1928, Ernesto Che Guevara fez de sua vida uma das maiores contribuições para a libertação dos povos da América latina e do mundo. Agora a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, reconhece os escritos do revolucionário como Patrimônio da Humanidade. Os documentos foram incluídos no Programa de Memória do Mundo. Este programa que possui em seu registro 299 documentos e coleções dos cinco continentes agora conta com 431 manuscritos do Che, 567 documentos sobre sua vida e obra, assim como uma seleção de materiais iconográficos, cinematográficos, cartográficos e objetos para museu. Para Juan Antonio Fernández, presidente da Comissão Nacional Cubana da Unesco, esta decisão reconhece a “contribuição do Che ao pensamento revolucionário latino-americano e mundial, que o converteram em símbolo de rebeldia, de liberação e internacionalismo”.
ImagemO exemplo do guerrilheiro heroico ultrapassa as barreiras do tempo e até hoje inspira os revolucionários do mundo. Che, como era carinhosamente chamado entre os guerrilheiros do movimento 26 de Julho, ficou conhecido por utilizar de suas próprias atitudes para demonstrar como deve se comportar um revolucionário frente a diversas situações, seja da vida cotidiana, seja no front de batalha. Ernesto nunca se recusava a uma tarefa e defendia que um revolucionário deve estar onde a revolução necessita. Enquanto Ministro da Indústria foi um grande entusiasta do trabalho voluntário como emulação comunista, ele próprio se dedicou durante anos ao trabalho voluntário na produção, uma vez por semana.
Sobretudo, Che era um internacionalista e ao cumprir com suas tarefas em Cuba, foi construir a revolução no mundo. Passando pela África e por fim voltando à América Latina o guerrilheiro foi assassinado na Bolívia sob orientação e apoio da CIA em 9 de outubro de 1967. Ainda assim, Che vive, nas lutas dos povos do mundo para libertarem-se da opressão. Suas ideias estão mais vivas do que nunca. Seu exemplo arrasta milhões todos os anos para as lutas. Sobre Che, não há melhores palavras do que as de seu amigo e camarada Fidel quando diz, “Se queremos um modelo de homem, um modelo de homem que não pertence a este tempo, um modelo de homem que pertence ao futuro, de coração digo que esse modelo, sem uma mancha em sua conduta, sem uma só mancha em suas atitudes, sem uma só mancha em sua atuação, esse modelo é Che! Se queremos expressar como desejamos que sejam nossos filhos, devemos dizer com todo o coração de veementes revolucionários: queremos que sejam como Che!”
(Esta matéria foi publicada na versão impressa do Jornal A Verdade n°153)

Gilmar desrespeita colegas, La Paz e Caracas



Brasil 247 
 
Em entrevista coletiva após a aceitação dos embargos, ministro Gilmar Mendes diz que STF pode virar um "tribunal bolivariano"; ele afirma que dois colegas foram substituídos pelos novatos Teori Zavascki e Luis Roberto Barroso devido ao alongamento "indevido" do julgamento; ele disse ainda daqui a pouco a Justiça brasileira será parecida com as de La Paz e Caracas, onde, segundo ele, não haveria independência; ministros deveriam cobrar desagravo do colega, assim como as embaixadas dos países vizinhos.


Com uma comparação questionável para um ministro da Suprema Corte, em sua primeira coletiva após a aceitação dos embargos infringentes na Ação Penal 470, o ministro Gilmar Mendes voltou a dizer que o STF corre o risco de virar um "tribunal bolivariano". Antes do desempate da questão na Casa pelo voto do ministro Celso de Mello, Gilmar defendeu a tramitação rápida de um novo julgamento de 12 réus condenados, já que, para ele, a Corte não é um "tribunal para ficar assando pizza".
Após a proclamação da vitória dos réus, o ministro critica aos jornalistas o alongamento "indevido" do julgamento, que já ocasionou na substituição de dois colegas pelos novatos Teori Zavascki e Luis Roberto Barroso e pode tirar mais integrantes até seu encerramento.
Ele afirma ainda que se deve ter cuidado com a credibilidade do Supremo, para não virar algo parecido com nossos vizinhos da América Latina.
Leia o depoimento na íntegra:
“Esse julgamento foi lamentavelmente atípico. Dois colegas nossos foram retirados do julgamento por conta do alongamento ‘indevido’. Portanto, agora vamos ter embargos infringentes e se pretendia talvez que daqui a pouco tirássemos mais colegas. Não é razoável. Se nós começamos a operar nessa lógica, daqui a pouco nós na verdade conspurcamos o tribunal, nos corrompemos o tribunal, nos transformamos isso aqui que tem grande credibilidade, essa casa que tem grande respeito, num tribunal similar a um de La Paz, de Caracas, um tribunal bolivariano. Então precisamos encarar isso com muita seriedade.”
Com uma atitude como essa, quem perde a credibilidade é o próprio ministro, que segue os passos da descompostura do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Cabe aqui, aos ministros citados, um desagravo do colega, assim como às embaixadas dos países pejorativamente mencionados.
*Saraiva

Enquanto os Estados Unidos fornecem armas para os terroristas que matam civis, a Alba presta solidariedade ao povo sírio.


  • Avião da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, formado por Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e outros países da América Latina e do Caribe) que levou ajuda humanitária para a Síria, como medicamentos e alimentos não perecíveis. Enquanto os Estados Unidos fornecem armas para os terroristas que matam civis, a Alba presta solidariedade ao povo sírio.

ABGLT condena prisão arbitrária de jovens lésbicas em São Sebastião

Em nota, associação diz que caso é mais um exemplo das situações de violência que se fazem presentes no cotidiano das pessoas LGBT no Brasil
Da Redação
Marco Feliciano em evento em São Sebastião (SP)
Leia abaixo a nota divulgada pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Segundo a entidade, situações como essa são um retrocesso para o combate à violência contra a população LGBT, que, conforme aponta a nota, teve um crescimento no número de denúncias de 424,44% no Brasil, entre 2011 e 2012.
Nota na íntegra
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais é uma rede nacional com 256 organizações afiliadas em todo o território nacional e no Distrito Federal. A ABGLT luta desde 1995 contra toda forma de opressão e violência às pessoas em razão de sua orientação sexual e identidade de gênero.
Vimos a público denunciar o caso ocorrido em São Sebastião, estado de São Paulo, em que o Deputado Marco Feliciano (PSC-SP) ordenou a prisão de duas estudantes após elas terem se beijado durante culto evangélico ministrado pelo parlamentar na avenida da praia de São Sebastião, no litoral paulista.
Disse o Deputado: “Essas duas precisam sair daqui algemadas”, sob aplausos de outras pessoas, que assistiram à cena difamatória por meio de dois telões instalados no local.
Neste sentido, a ABGLT denuncia a naturalização destas práticas de violência e coerção, que atentam contra a liberdade e dignidade da pessoas humana no seu direito de expressar de maneira livre a sua diversidade sexual e de gênero.
Quando estas lésbicas são expostas da maneira como foram as imagens expostas são revertidas em assimilações e construções de um imaginário social favorável à violência e conivente com a discriminação.
Além disso deve ser questionada a autorização e legitimidade de ordenar tal prisão, bem como os limites de um Parlamentar que fere direitos já adquiridos e desrespeita a dignidade humana de cidadãs em locais públicos.
Este caso é mais um exemplo das situações de violência que se fazem presentes no cotidiano das pessoas LGBT no Brasil. O relatório da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, através do Disque Direitos Humanos (disque 100), aponta um crescimento da ordem 424,44% no recebimento de denúncias de violência contra LGBT entre 2011 e 2012 e, ainda assim, não vemos medidas concretas e nem tampouco preventivas por parte do Estado.
Apenas no início deste ano, foram publicizadas várias ocorrências de agressão contra mulheres Lésbicas e Bissexuais em situações quotidianas e em locais públicos, aos quais listamos alguns exemplos:
08/01 – Polícia procura jovem Lésbica desaparecida há cerca de uma semana, segundo a família, ela tinha um relacionamento com uma mulher. Um amigo disse ter ouvido tiros quando falava com a jovem ao telefone. O ex-marido da namorada da vítima é suspeito de tê-la assassinado. Valparaíso – GO;
09/01 – Garota Lésbica, de 15 anos, é agredida por colegas e dois adultos em uma escola por ter flertado uma menina. A escola onde aconteceu essa agressão decidiu não se pronunciar. Segundo a mãe da vítima, não é a primeira vez que a família ataca sua filha e já havia reclamado para a diretoria da escola. Goiânia – GO;
15/02 – Casal de Lésbicas sofre ataque lesbofóbico enquanto iam para o trabalho dentro do Metrô. O agressor as agride verbalmente e em seguida desfere vários socos em seu rosto. As vítimas preferem não revidar para não agravar ainda mais a situação e decidem abrir um boletim de ocorrência. São Paulo – SP;
17/02 – Policiais Militares agridem casal de Lésbicas durante atendimento de uma ocorrência e acabam decepando parte dos dedos de uma delas que permanece internada com hematomas por todo o corpo. Além disso, as vítimas relatam que os policiais fizeram piadas sobre a orientação sexual do casal. Valparaíso – GO;
18/02 – Uma estudante do curso de Agronomia da Universidade de Brasília tem os braços e pernas machucados após agressão de um desconhecido. Ele desferiu chutes em seu corpo enquanto a chamava de “lésbica nojenta”. Quatro dias depois do acontecido a instituição decide abrir uma sindicância para apurar a autoria da violência. Brasília – DF.
Os direitos fundamentais das mulheres têm sido conquistados com muita dificuldade por feministas de várias partes do mundo. O Brasil ainda carece de leis específicas que reconheçam os seus direitos e/ou que criminalizem práticas homofóbicas com recorte de gênero.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do Governo Federal já assumiu em seu relatório do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, 2011, que uma das dificuldades que esse órgão possui é a implementação de políticas públicas que atendam à população LGBT, fazendo com que esse segmento populacional fique carente de atividades e ações que atendam suas demandas.
O Poder Legislativo, o mesmo o qual o Deputado Marco Feliciano faz parte, se mantem na inércia quando se trata de criminalizar os crimes de ódio homofóbico, estimulados também em ambientes públicos através de livres pregações discriminatórias e preconceituosas.
Já era inadmissível e revoltante o silêncio do Poder Público, diante de tantos casos de violência contra a população LGBT. Agora temos que conviver com funcionários públicos prendendo lésbicas, simplesmente por se beijarem em público. Tememos remontar os tempos do autoritarismo militar, que perseguia as liberdades e encarcerava as diferenças.
A situação de violência à população LGBT têm tomado proporções cada vez maiores e assustadoras em nosso país e o que continuamos a ver é uma completa omissão estatal e governamental, frente as respostas necessárias para superação do nosso grave caso de violência homofóbica.
Aproveitamos mais este caso público para denunciar e convocar todos os parlamentares e aliados/as contra a possibilidade de REDUÇÃO da previsão orçamentária na PLOA, encaminhada ao Congresso Nacional, onde dos já irrisórios R$ 1.2 milhões de reais, o Governo pretende destinar apenas R$ 700 mil para política pública LGBT na Secretaria de Direitos Humanos no ano de 2014.
Em 2013 o Governo Federal lançou um Sistema Nacional LGBT, que visa estruturar uma rede de atendimento e proteção, com um conjunto de instrumentos e equipamentos de combate a violência homofóbica, que não terão viabilizados sequer seus custos no Orçamento Federal de 2014 para que possam tornar-se uma política pública em execução compartilhada com os estados e municípios.
A ABGLT seguirá na perspectiva crítica a qualquer recuo de direitos já adquiridos, na denuncia de toda forma de violência e discriminação oriunda de qualquer representante dos poderes estatais e na luta por uma sociedade verdadeiramente democrática, livre e soberana.
Brasil, 17 de setembro de 2013
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT
*RevistaForum

Feliz aniversário Paulo Freire!






Hoje , dia 19/09/2013 , Paulo Freire  completaria 92 anos.

Lembro-me como se fosse hoje o meu encontro com Paulo Freire: minha mãe professora primária convidou-me para participar de uma reunião pedagógica na escola pública estadual que lecionava porque um grande educador e crítico do ensino vigente iria palestrar.

Eu já havia ouvido falar a respeito de Paulo Freire que no início da década de 80, no século XX, era bem conhecido, mas não havia lido nenhum de seus livros, porque eu era uma jovem, recém formada no colegial que sequer  imaginava , naquela época, embarcar na área educacional.

Mas fui ao encontro de Paulo Freire com minha mãe.

Homem simples , muito informal , sentou-se em círculo junto às professoras e disse que não se tratava de palestra, mas sim de um bate-papo, uma troca de experiências entre educadores.
Não me lembro do que foi dito especificamente,  porque além dos 30 anos que separam-me do episódio, minha memória já dá indícios de estar superlotada, de modo que anda deletando muitas coisas para abrir novos espaços. No entanto, lembro-me de ter ficado orgulhosa da profissão da minha mãe tamanha ênfase Paulo Freire deu a ela,sobretudo, da importância política, afinal estávamos ainda em plena ditadura militar e civil e a educação era uma forma de alcançar a tão sonhada democracia.

Saudades do Paulo Freire, saudades da minha mãe. Educadores que acreditaram que o processo de ensinar/aprender é transformador e emancipador, sobretudo, aquele voltado para as classes trabalhadoras.

Utópicos, sonhavam com um país que garantisse o direito para todos, apostando positivamente na  diversidade das ideias, dos credos, das raças e dos gêneros.

Deixaram sementes que brotaram, os brotos cresceram,floresceram e frutificaram e produziram novas sementes que estão a brotar.






Feliz aniversário Paulo Freire!

Democracia 6 X 5 Ditadura






Os ministros do Supremo Tribunal Federal que votaram contra embargos infringentes ficaram em situação extremamente difícil com o voto do decano daquela Corte, o ministro Celso de Mello. O voto dele foi um tapa na cara dos seus pares que votaram contra os embargos infringentes, muitas vezes afetando uma “ira santa” falsificada.

Anote essa data, leitor: 18 de setembro de 2013 foi um grande dia para a democracia brasileira. Celso de Mello pisoteou tudo o que a mídia fez, nos últimos dias, contra o direito constitucional conhecido, tecnicamente, como embargos infringentes.

Gente que se diz “jornalista”, tal como os colunistas Augusto Nunes, da revista Veja, e Merval Pereira, de O Globo, chamou esses direitos civis e fundamentais de “velharia jurídica” e “tecnicalidades”.

A pressão que tentaram fazer sobre Celso de Mello, pois, foi avassaladora. A dose do remédio de pressão midiático, porém, foi exagerada. O jornal Folha de São Paulo, através de seu instituto Datafolha, tentou a última cartada através de pesquisa esquisita que disse que a maioria dos moradores da cidade de São Paulo queria a violação da Constituição.

Esse, a meu juízo, foi o golpe de misericórdia contra o golpismo de cinco ministros da Suprema Corte de Justiça do país e de algo que se autodenomina “imprensa”. Caso Celso de Mello cedesse a tal pressão injusta, antidemocrática, trapaceira, destruiria a sua biografia. Dessa maneira, ele não fez favor algum a ninguém além de a si mesmo.

Celso de Mello diz que negação de direitos como seria rejeitar os embargos infringentes seria, também, violação a direitos humanos. E pensar que gente que se diz “jornalista” qualificou o direito constitucional em tela como “tecnicalidade”…

Como bem disse o jornalista Kennedy Alencar, via Twitter, Celso de Mello deu uma aula simples, mas necessária: “justiça não é linchamento”.

Juízes que votaram contra os embargos infringentes, então, deveriam ter revisto seus votos logo em seguida à fala de Celso de Melo para não terem, agora, que se envergonhar para sempre da própria covardia.

Celso de Mello ainda mandou um recado aos que falaram em “sentimento de impunidade” entre a sociedade brasileira: “Nada se perde quando se cumprem as leis da República”

O que é triste, porém, é que cinco juízes da Suprema Corte de Justiça do país, com seus votos contra os embargos infringentes, violaram direitos humanos, entre outros. Ou, ao menos, tentaram.

O que, então, o Brasil vai fazer agora com cinco juízes que violaram – ou tentaram violar – direitos humanos, civis e liberdades fundamentais? Aposentá-los? E com uma imprensa que tentou, sem pudor algum, forçar um magistrado a violar a Lei?

Posso discordar de Celso de Mello no que diz respeito a agressões que fez, ano passado, a réus que deveria julgar com serenidade. Mas a sua fala, na sessão de 18 de setembro de 2013 no plenário do STF, foi uma ode à Democracia, ao Direito, à decência, a tudo que é bom, justo e honesto.

Durante essa sessão do julgamento, fiquei muito emocionado. Foi um belo momento da história deste país que todos amamos com tanto fervor. Estes olhos, que aos 54 anos já viram tantas injustiças, ficaram marejados vendo a Justiça ser feita.

Aliás, antes de concluir, vale lembrar que uma informação crucial para esse caso foi criminosamente ocultada do público pela imprensa brasileira, ou pelo seu setor mais visível, mais poderoso, mais tonitruante. Mas de nada adiantou.

Celso de Mello citou, como prova final do acerto de sua decisão, que a lei 8038/90 – que alguns ministros e a mídia tentaram invocar como “omissa” em relação à prevalência do artigo 333 do Regimento Interno do STF – não contemplou embargos infringentes porque a tentativa de inserir nela a supressão do instrumento legal foi REJEITADA pelo Congresso.

Adiantou, então, esse setor da imprensa tentar esconder a verdade do país? Já adiantou, em tempos idos, mas deixou de adiantar faz tempo. Sobretudo depois do advento da internet.

Emocionado que estou ao escrever este texto, em benefício dos nossos filhos, dos nossos netos, da nossa confiança no futuro de nossa Nação, quero agradecer ao ministro Celso de Mello por ter sido tão corajoso, tão decente.

Não importa o que ele venha a fazer durante o julgamento dos embargos ora contemplados pelo STF pelo placar tristemente apertado de 6 votos para a democracia contra 5 para o golpismo da mídia e das elites que infelicitam este país. Ele ganhou meu respeito. É um homem decente e esse é o principal requisito para o cargo que ocupa.

Viva o Brasil! Viva a Democracia! Viva a Justiça!
* Blog Justiceira de Esquerda

Governo do Japão imita Lula e Dilma e cria uma espécie de Bolsa Família


Primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em recente encontro bilateral com a Presidenta Dilma em São Petersburgo - Rússia, 05/09/2013.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, seguiu a receita do presidente Lula na "marolinha" e fez declarações públicas estimulando a população a gastar mais no mercado interno para ajudar a economia do país a crescer. "Agora no Japão é a hora de comprar", disse.

Outra medida em estudo para ser tomada é o pagamento de 10.000 ienes (cerca de R$ 227,00) para famílias que são isentas de imposto. A medida atinge cerca de 24 milhões de domicílios.

Também estuda-se o pagamento de 15.000 ienes (cerca R$ 340,00) por pessoa, para os mais de 10 milhões de famílias de baixa renda que recebem pensões ou subsídios.

É uma espécie de Bolsa Família adaptada à realidade japonesa.

A medida visa compensar, para as famílias de menor renda, o aumento do imposto nacional sobre vendas que entrará em vigor em 2014, necessário para cobrir os custos da previdência social da envelhecida população japonesa. Com isso, espera-se manter a atividade econômica.

E agora? O que os reacionários neoliberais demotucanos dizem do atual governo japonês, conservador (*), tomar medidas lulistas?

(*) O Partido Liberal Democrata, conservador, venceu as últimas eleições sucedendo o Partido Democrático do Japão, social-democrata, que está na oposição. Conservadores no Japão não são selvagens como os daqui. Lá eles não se opõem a aumentar impostos para manter a dignidade na aposentadoria, e aderem à mecanismos de distribuição de renda. (Com informações da International Press, aqui e aqui)

* Blog Justiceira de Esquerda

quarta-feira, setembro 18, 2013

Bob Fernandes - O ministro Celso de Mello deu uma aula ao desempatar a votação sobre a questão dos embargos infringentes. Aula para quem acompanha o julgamento com sede de justiça e é leigo. Mas, também, aula para seus pares. Para dentro e para fora do Tribunal, Celso de Mello lembrou que Justiça se faz com o uso da razão, e não com o fígado. Com a bílis. Não se faz Justiça com ódio, ressentimento e frustração. Mesmo que de origem legítima, como se dá no caso da larga impunidade. A aula foi para bem além do Tribunal, do Direito, e da disputa política. Uma aula para uma sociedade que cobra punição, com razões para tanto, mas que se recusa a reconhecer responsabilidades que são também coletivas. O ministro falou com a autoridade de quem tem sido implacável na aplicação de penas no julgamento da Ação 470, o chamado "mensalão". E de quem, podem anotar, continuará sendo implacável na sequência do julgamento. Sem citar a história já vivida pelo mundo, inclusive na maior das guerras do século XX, o ministro advertiu: um tribunal, mesmo sendo uma representação, uma delegação da sociedade, não pode se deixar contaminar pela opinião pública. Muito menos ainda pela opinião publicada. Até porque depois desse julgamento virão outros. Julgamentos que envolverão políticos e partidos. Alguns dos que hoje acusam, amanhã serão réus. E então, só então, defenderão racionalidade na aplicação da justiça. No ambiente poluído e amesquinhado da política brasileira, qualquer ação ou opinião que contrarie um lado das arquibancadas provoca fúria. Instiga o ódio e o ressentimento do outro lado. Política é paixão. Mas Política com grandeza se faz com ideias. Se faz na troca, na capilaridade com a sociedade, e não ouvindo e instigando o que há de pior na sociedade. Nas últimas eleições, em grande parte do tempo o Brasil deixou de debater seu futuro. Perdeu-se tempo açulando os piores instintos na busca de votos. De maneira geral, ideias cederam espaço a discursos medievais, carregados de rancor e recalque. E isso se espalha. As redes sociais, a internet, por exemplo, são democráticas na essência. Acolhem, ao menos, os que podem ter acesso. Captam de maneira ampla os sentimentos, entre eles a irritação com a impunidade. Mas isso não significa que deve prevalecer o que há de pior: a frustração pessoal, o ressentimento como indivíduo transformado em discurso e ação política. Discurso moralizador que não resiste ao espelho. E muito menos à história de partidos e indivíduos. Por isso, histórico o voto de Celso de Mello. O ministro julgou e seguirá julgando os réus da maneira mais dura que permitir a lei. A lei. Não o ódio, o rancor. Justiça se faz com lei. De psicose quem trata é a psiquiatria, a psicanálise.