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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, fevereiro 08, 2014
sexta-feira, fevereiro 07, 2014
São Paulo sabe, imagina, ou ao menos deveria pensar: a cidade é o caos
Quem
vive em São Paulo sabe, imagina, ou ao menos deveria pensar: a cidade é
o caos. As administrações que se sucederam, ao longo das décadas,
falharam no planejamento urbanístico. O crescimento desordenado tornou
insustentável a locomoção, o acesso ao trabalho, e quase eliminou as
opções de lazer.
São Paulo é o paradigma de outras cidades que caminham desesperadamente para tornar a vida de seus cidadãos insuportáveis. Valorização do carro, especulação imobiliária, expulsão das camadas pobres para as periferias, medidas fundamentais da cartilha do gestor público brasileiro.
Não só exclusividade do gestor, mas o Judiciário trabalha incrivelmente bem rumo ao inferno urbano. É um desafio encontrar algum julgado que decida pelo direito de ter um teto sobre a cabeça. Na maioria das vezes, nem é um teto sob discussão, são comunidades inteiras. Um caso concreto? Pinheirinho. Quiçá a mais escabrosa desocupação da história do país. Tudo por uma massa falida. Apenas um exemplo dentre inúmeros outros.
Neste sentido, tradicionalmente, quando o Executivo, Legislativo e os Tribunais são acionados para decidir entre o Direito à Moradia e o Direito à Propriedade (ambos constitucionais), decidem pelo segundo. Quando o dilema gira em torno do coletivo em face do individual, geralmente, o foco é no singular, como se percebe pelo tratamento aos carros.
Resultados dessas opções políticas são os mais visíveis. Basta ver as milhões de residências vazias paulistanas frente à horda de pessoas sem ter onde morar. Ganha normalmente quem possui maiores recursos para contratar o melhor advogado. E claro, quem não tem casa, certamente não possui um advogado. Não há uma lógica justa, ou melhor, se há lógica, ela é perversa.
São Paulo é o paradigma de outras cidades que caminham desesperadamente para tornar a vida de seus cidadãos insuportáveis. Valorização do carro, especulação imobiliária, expulsão das camadas pobres para as periferias, medidas fundamentais da cartilha do gestor público brasileiro.
Não só exclusividade do gestor, mas o Judiciário trabalha incrivelmente bem rumo ao inferno urbano. É um desafio encontrar algum julgado que decida pelo direito de ter um teto sobre a cabeça. Na maioria das vezes, nem é um teto sob discussão, são comunidades inteiras. Um caso concreto? Pinheirinho. Quiçá a mais escabrosa desocupação da história do país. Tudo por uma massa falida. Apenas um exemplo dentre inúmeros outros.
Neste sentido, tradicionalmente, quando o Executivo, Legislativo e os Tribunais são acionados para decidir entre o Direito à Moradia e o Direito à Propriedade (ambos constitucionais), decidem pelo segundo. Quando o dilema gira em torno do coletivo em face do individual, geralmente, o foco é no singular, como se percebe pelo tratamento aos carros.
Resultados dessas opções políticas são os mais visíveis. Basta ver as milhões de residências vazias paulistanas frente à horda de pessoas sem ter onde morar. Ganha normalmente quem possui maiores recursos para contratar o melhor advogado. E claro, quem não tem casa, certamente não possui um advogado. Não há uma lógica justa, ou melhor, se há lógica, ela é perversa.
"Silvio
Santos, em um programa de março de 1988, comenta o jornalismo que
Rachel Sheherazade leva ao ar 26 anos depois." Interessante, qta
mudança!
*liviarocha
Silvio Santos "responde" Rachel Sheherazade
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