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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, fevereiro 09, 2014

Conheça a vida trágica, e heróica, de Keanu Reeves, o astro de Matrix

Do Portal do Amazonas

Você acha que ser um astro de Hollywood é um sinal de extrema felicidade? No caso de Keanu Reeves, não.
Keanu Reeves mitou Hollywood com filmes como Matrix, Constantine, Velocidade Máxima e muitos outros. Tem dinheiro de sobra, consegue a mulher que quer. Mas quem disse que isso é sinal de felicidade? Apesar de todo o sucesso, ele vem de uma família digamos…problemática.
Keanu viu sua namorada, futura esposa, morrer num acidente de carro. Seu pai não era muito bacana e foi preso quando ele tinha 12 anos. Sua mãe, para pagar as contas, virou stripper.
Mas foi a morte do amor de sua vida que lhe tirou dos trilhos. Keanu ainda afirma estar de luto, quase 14 anos depois do acidente. Quando perguntado, ele diz que se sente “absurdamente injustiçado”. Mas essa não foi a única perda do ator. Seu melhor amigo, o ator River Phoenix, morreu de overdose em 1993 e sua irmã Kim de leucemia.
Todas essas experiências o transformaram em um artista diferente. Reeves não dá muito valor ao material, a mansões, Ferraris e mulheres-troféu. Ao ser perguntado, sempre afirma que seu maior objetivo é reencontrar o amor, casar e ter filhos.
Enquanto isso, ao contrário de seus colegas, Reeves doa! Estima-se que ele ganhou cerca de $260,000,000 com a trilogia Matrix, sendo que doou $35 milhões para a equipe de efeitos especiais e maquiadores, resultando em mais de 1 milhão por membro do elenco.
“O dinheiro não significa nada para mim. Eu fiz muito dinheiro, mas eu quero curtir a vida e não me estressar construindo minha conta bancária. Nós todos sabemos que uma boa saúde é muito mais importante”.
Ele também tem uma fundação para financiar pesquisas e hospitais de câncer.
Ao longo dos anos, Keanu tem apoiado muitas instituições de caridade e causas, como PETA, Racing for Kids, SickKids Foundation, Spinal Cord Opportunities for Rehabilitaion Endowment, Stand Up To Cancer e Wildlife WayStation.
O cara é tão tranquilo que já foi fotografado comendo um sanduba com um sem-teto em Hollywood!
É…precisamos de mais Keanus!

Stedile: “Copa é que nem carnaval. É besteira politizar certos períodos”

Por Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual

Um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile afirma não ser contra a Copa do Mundo no Brasil, por mais razão que tenham os protestos contra os gastos para a organização do torneio e pela presença da Federação Internacional de Futebol (Fifa). “É um erro político colocar todos os erros (do país) na reforma dos estádios. Oito bilhões (de reais) representam duas semanas de juros que o país paga para os bancos.” A estimativa oficial mais recente dá conta que o valor com obras em estádio chegará a R$ 8,9 bilhões.
Para ele, é importante fazer mobilizações o quanto antes. O pior momento seria justamente durante a competição, que vai de 12 de junho a 13 de julho. “O povo quer ver a Copa do Mundo. A Copa faz parte da nossa cultura, e acho que seria um erro da moçada achar que isso (protestos) vai granjear apoio popular.”
 Mas, segundo Stédile, não significa que é um momento de trégua. “A Copa é que nem carnaval. Alguém vai marcar mobilização durante o carnaval? É besteira politizar certos períodos”, afirma.
Ao mesmo tempo, o coordenador do MST lembra que a entidade integra uma plenária com mais de 100 entidades. “Aqueles problemas estruturais (moradia, transporte, educação) estão latentes, e a juventude vai voltar a se manifestar. A juventude é um termômetro, é como se ela medisse a febre antes dos outros. Mas ela não tem um programa de mudanças. Quem tem de apresentar esse programa são os movimentos sociais organizados.” Ele lembrou que as centrais sindicais já organizam uma manifestação para 9 de abril.

    A degeneração da Liberdade de Expressão



Uso sem moderação

O repúdio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio ao que considerou apoio de Rachel Sheherazade, do jornal "SBT Brasil", aos que agrediram e acorrentaram nu a um poste um adolescente, por eles acusado de roubos, expressa bem a confusão de conceitos e de condutas que se dissemina, e degrada, quase sem resistência.


A apresentadora e seu parceiro, Joseval Peixoto, invocaram, como base institucional do seu argumento, a "absoluta liberdade de expressão". "E nós não abrimos mão desse direito", o que motiva os votos de que continuem ou passem a defendê-lo. Mas o que foi posto em questão não é aquela liberdade nem o respectivo direito.


A liberdade de expressão foi plenamente exercida pela apresentadora em seu comentário à agressão e ao acorrentamento do adolescente. No caso e em infinitos outros, o problema está no modo como essa custosa liberdade é usada. O direito à liberdade de expressão não inclui o direito à liberdade de fazer com ela o que quer que seja. Se não fosse assim, a liberdade de expressão incluiria até a de pregar a extinção do regime que a mantém. E, para não haver sequer vapor de dúvida a respeito, a Constituição adotou como cláusula pétrea, ou seja, irremovível e imutável, a absoluta proibição de qualquer ato contrário ao pleno Estado de Direito.


A nota do sindicato apontou, no comentário de Sheherazade, violação dos direitos humanos, do Estatuto da Criança e do Adolescente e apologia à violência. Tréplica da apresentadora: "O que eu defendi foi o direito da população de se defender quando o Estado é omisso, quando a polícia não chega. Isso está na lei". Não há nenhuma lei que conceda à sociedade, nem mesmo à polícia e a juiz fora de função, o direito de fazer pretensa justiça por conta própria. O que, é óbvio, se dá quando uma pessoa é surrada, posta nua e acorrentada a um poste na rua.


O uso da liberdade de expressão degenera com amplitude e velocidade. A internet tem a desculpa do amadorismo, do desabafo diletante, se bem que muitos dos seus jornalistas profissionais já se tenham entregue aos modos dos outros.


Nos jornais e revistas, que seriam o repositório do jornalismo sério, a coisa está pior do que na internet, se consideradas, relativamente, a permissividade congênita da internet e os princípios éticos de que a imprensa sempre se pretendeu portadora. O esforço com a veracidade informativa cede à lassidão, seja pelo convívio com o espírito internet, e sua resultante queda de interesse pelo leitor, seja por desmedidas na quase inevitável politização. O comentarismo, por sua vez, avança no vale-tudo, não é difícil imaginar para onde.


Pudera. Quando um ministro do Supremo Tribunal Federal, sem sequer indício de indício, assaca suspeitas que já são meias acusações de lavagem de dinheiro até de advogados de alta reputação, por doarem para as multas penais de petistas, o que mais se passe como confusão de conceitos e degradação de princípios talvez seja de total irrelevância. Gilmar Mendes é bastante para mostrar e explicar tudo.



SEM O FIM DA “GUERRA ÀS DROGAS” NÃO HAVERÁ DESMILITARIZAÇÃO




 Maria Lucia Karam
Juíza (aposentada), membro da Diretoriada Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) e presidente da LEAP BRASIL




O debate em torno da violência praticada por agentes do Estado brasileiro frequentemente se concentra na ação de policiais, especialmente os policiais militares que, encarregados do policiamento ostensivo, são colocados na linha de frente da atuação do sistema penal. Logo surge a simplista identificação da qualidade de militares dada a esses policiais encarregados do policiamento ostensivo – os integrantes das polícias militares estaduais – como aparente causa dessa violência. Detendo-se naquela qualificação, muitos falam em desmilitarização das atividades policiais, simplesmente reivindicando o fim dessas polícias militares. Alguns vão além, propondo a unificação, reestruturação e maior autonomia organizacional para as polícias estaduais, na linha vinda com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51/2013, que começa a tramitar no Senado, visando “reestruturar o modelo de segurança pública a partir da desmilitarização do modelo policial”.
Desde logo, cabe louvar a referida PEC no que afasta a distorcida concepção militarizada da  segurança  pública  que,  paradoxalmente  explicitada  na  Carta  de  1988,  faz  das  polícias militares e corpos de bombeiros militares estaduais forças auxiliares e reserva do exército (§ 6º do artigo 144 da Constituição Federal brasileira). É a própria Constituição Federal que atribui às polícias   militares   estaduais   as   típicas   atividades   policiais   de  policiamento   ostensivo   e preservação da ordem pública e aos corpos de bombeiros militares a execução de atividades de defesa civil (§ 5º do mesmo artigo 144). Tais funções, eminentemente civis, pois voltadas para a defesa da sociedade e de seus cidadãos, são, por sua própria natureza, radicalmente diversas das funções reservadas às forças armadas de defesa da soberania e integridade nacionais, voltadas para ameaças externas e guerras.
Eliminada tal distorção, a organização das polícias em entes diferenciados ou unificados e sua estruturação interna – carreira; tarefas específicas derivadas dos dois grandes eixos de policiamento ostensivo e investigação; disciplina; controles internos e externos; formação; e outros aspectos de seu funcionamento – são questões que estão a merecer amplo debate que, naturalmente, há de incorporar a voz dos próprios policiais.
A indispensável desvinculação das polícias e corpos de bombeiros militares do exército e a eventual reorganização das agências policiais longe estão, porém, de significar o esgotamento do debate sobre a desmilitarização das atividades policiais. A necessária e urgente desmilitarização requer muito mais do que isso. A militarização das atividades policiais não surge da mera (ainda que aberrante) vinculação das polícias militares ao exército, ou da mera existência de polícias denominadas militares – neste ponto, basta pensar nas semelhanças entre a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), unidade especial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do mesmo estado, ou, em âmbito internacional, nos Special Weapons And Tactics Teams (SWATs) dos civis departamentos de polícia norte-americanos.
Mas muito mais do que isso, a militarização das atividades policiais não é apenas questão de polícias. Não são apenas as polícias que precisam ser desmilitarizadas. Muito antes disso, é preciso afastar a “militarização ideológica da segurança pública” 1, amplamente tolerada e apoiada até mesmo por muitos dos que hoje falam em desmilitarização. A necessária desmilitarização pressupõe uma nova concepção das ideias de segurança e atuação policial que, afastando o dominante paradigma bélico, resgate a ideia do policial como agente da paz, cujas tarefas primordiais sejam a de proteger e prestar serviços aos cidadãos. A prevalência dessa nova concepção não depende apenas de transformações internas nas polícias e na formação dos policiais. Há de ser, antes de tudo, adotada pela própria sociedade e exigida dos governantes.
Muitos dos que hoje falam em desmilitarização e estigmatizam especialmente os policiais militares não têm se incomodado com atuações das próprias Forças Armadas que, em claro desvio das funções que a Constituição Federal lhes atribui, há tantos anos vêm sendo ilegitimamente utilizadas em atividades policiais. Na cidade do Rio de Janeiro, no final do já distante ano de 1994, foi concretamente ensaiada a proposta de transferir as tarefas de segurança pública para as Forças Armadas, só sendo então abandonada porque, como seria de esperar, não se produziram os resultados com que a fantasia da ideologia repressora sonhava.2 Naquela época, não se ouviram as vozes de muitos dos que hoje falam em desmilitarização e estigmatizam especialmente os policiais militares.
O cenário do tão incensado (pelo menos, até há pouco tempo) novo modelo de policiamento iniciado no Rio de Janeiro – as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)– inclui tanques de guerra e militares com fuzis e metralhadoras, seja na ocupação inicial, seja de forma duradoura, como aconteceu nas favelas do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, em que o Exército permaneceu ali estacionado por quase dois anos, a partir de novembro de 2010. As vozes de muitos dos que hoje falam em desmilitarização e estigmatizam especialmente os policiais militares não se fazem ouvir, nem mesmo quando, no momento inicial das ocupações, chega-se a hastear a bandeira nacional, em claro símbolo de “conquista” de território “inimigo”, a não deixar qualquer dúvida quanto ao paradigma bélico, quanto à “militarização ideológica da segurança pública”.
O pretexto para a ocupação militarizada de favelas, como se fossem territórios “inimigos” conquistados ou a serem conquistados, é a “libertação” dessas comunidades pobres do jugo dos “traficantes” das selecionadas drogas tornadas ilícitas. Com efeito, é exatamente a proibição a determinadas drogas tornadas ilícitas o motor principal da militarização das atividades policiais, seja no Rio de Janeiro, no Brasil, ou em outras partes do mundo. No início dos anos 1970, a política de proibição às selecionadas drogas tornadas ilícitas, globalmente iniciada no início do século XX, intensificou a repressão a seus produtores, comerciantes e consumidores, com a introdução da “guerra às drogas” que, formalmente declarada pelo ex-presidente norte-americano Richard Nixon em 1971, logo se espalhou pelo mundo.
A “guerra às drogas” não é propriamente uma guerra contra as drogas. Não se trata de uma guerra contra coisas. Como quaisquer outras guerras, é sim uma guerra contra pessoas – os produtores,  comerciantes  e  consumidores  das  arbitrariamente  selecionadas  drogas  tornadas ilícitas. Mas, não exatamente todos eles. Os alvos preferenciais da “guerra às drogas” são os mais vulneráveis dentre esses produtores, comerciantes e consumidores das substâncias proibidas. Os “inimigos” nessa guerra são os pobres, os marginalizados, os negros, os desprovidos de poder, como os vendedores de drogas do varejo das favelas do Rio de Janeiro, demonizados como “traficantes”, ou aqueles que a eles se assemelham, pela cor da pele, pelas mesmas condições de pobreza e marginalização, pelo local de moradia que, conforme o paradigma bélico, não deve ser policiado como os demais locais de moradia, mas sim militarmente “conquistado” e ocupado.
O paradigma bélico, explicitamente retratado na expressão “guerra às drogas”, lida com “inimigos”. Em uma guerra, quem deve “combater” o “inimigo”, deve eliminá-lo. Policiais – militares ou civis – são, assim, formal ou informalmente autorizados e mesmo estimulados, por governantes e por grande parte do conjunto da sociedade, a praticar a violência, a tortura, o extermínio. Colocados no “front” da repressão equiparada à guerra, policiais – militares ou civis – se expõem cada vez mais a práticas ilegais e violentas e a sistemáticas violações de direitos humanos. Como aponta o Inspetor Francisco Chao, porta-voz da Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) e integrante da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, “essa guerra, mais do que a nossa força laborativa, sacrificada em investigações ou operações policiais, mais do que o risco de vida, mais do que as vidas dos que tombaram pelo caminho, está deturpando nossos princípios e valores mais elementares”.3
A missão original das polícias de promover a paz e a harmonia assim se perde e sua imagem se deteriora, contaminada pela militarização explicitada na nociva e sanguinária política de “guerra às drogas”. Naturalmente, os policiais – militares ou civis – não são nem os únicos nem  os  principais  responsáveis  pela  violência  produzida  pelo  sistema  penal  na  “guerra  às drogas”, mas são eles os preferencialmente alcançados por um estigma semelhante ao que recai sobre os selecionados para cumprir o aparentemente oposto papel do “criminoso”.
O estigma se reproduz nos debates sobre a desmilitarização no Brasil. Concentrando-se na ação de policiais, especialmente policiais militares, deixa-se intocada a ação corroborante e incentivadora do Ministério Público e do Poder Judiciário, de governantes e legisladores, da mídia, da sociedade como um todo. Concentrando-se em propostas de mera reestruturação das polícias, silenciando quanto à proibição e sua política de “guerra às drogas”, deixa-se intocado o motor principal da militarização das atividades policiais.
Sem o fim do paradigma bélico que dita a atuação do sistema penal, qualquer proposta de desmilitarização das atividades policiais será inútil. Sem o fim da “guerra às drogas” não haverá desmilitarização das atividades policiais. Uma efetiva desmilitarização das atividades policiais só será possível através de uma necessária e urgente mobilização para romper com a proibição e sua política de “guerra às drogas” e realizar a legalização e consequente regulação da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas.


Notas:
1 A expressão é utilizada pelo Coronel PM (reformado) e Professor Jorge da Silva em artigo que, publicado em 1996, mantém sua atualidade: “Militarização da segurança pública e a reforma da polícia”. In BUSTAMANTE, R. et al (coord.). Ensaios jurídicos: o direito em revista. Rio de Janeiro: IBAJ, 1996, pp. 497/519.
2 Reproduzo aqui palavras que escrevi em meu artigo “A Esquerda Punitiva”. In Discursos Sediciosos – Crime, Direito e Sociedade nº 1, ano 1, 1º semestre 1996, Relume-Dumará, Rio de Janeiro, pp.79/92.
3 CHAO, F. “Legalização das Drogas: Porque eu digo sim”. In http://www.leapbrasil.com.br/textos. Rio de Janeiro,
*coletivoDAR

China lista para trabajar con la CELAC


Via Granma
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BEIJING.— China expresó este viernes estar lista para trabajar con la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC) para el establecimiento, antes que finalice el 2014, del foro común aprobado en la reciente Cumbre de ese organismo regional celebrada en La Habana.
El vocero de la cancillería Hong Lei dijo que su Gobierno mantendrá contactos con la CELAC sobre los mecanismos y áreas de cooperación, y laborará para el establecimiento formal del foro y celebrar la primera conferencia conjunta a nivel ministerial este año.
En el primer contacto con la prensa luego de una suspensión durante los feriados en ocasión de la llegada del nuevo año lunar, Hong se refirió a la declaración especial aprobada en la II Cumbre de La Habana, celebrada el 28 y 29 de enero pasado.
Puntualizó que este país asiático y la CELAC están comprometidos al establecimiento de este foro, que será —dijo— una importante plataforma para el desarrollo de una asociación integral China-América Latina sobre bases de igualdad, beneficio mutuo y desarrollo común.
El diplomático recordó las expresiones de elogio del presidente Xi Jinping por la aprobación de este documento en la reunión de alto nivel de ese organismo regional de Latinoamérica y el Caribe.
A juicio de Hong, el pronunciamiento adoptado en la capital cubana muestra las aspiraciones comunes de América Latina y China en cuanto a cooperación. (PL)
*GilsonSampaio

As leis que regem a sociedade devem passar longe dos altares e templos


“As leis que regem a sociedade não são escritas nos altares”
Por Guilherme Boneto, especial para o Educação Política
casamentogay
A frase acima poderia ter partido de qualquer intelectual de esquerda, ou mesmo de um político pertencente a um partido de ideais progressistas. Surpreendeu, contudo, ao ser escrita no Twitter do Padre Fábio de Melo, um dos mais influentes sacerdotes da Igreja Católica no Brasil.
Há alta probabilidade de o tweet ter partido em decorrência da grande repercussão de uma declaração dada pelo religioso ao programa “Altas Horas”, da TV Globo, que foi ao ar no último sábado (18). Questionado por uma integrante da plateia, o Pe. Fabio de Melo declarou-se abertamente a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, desde que observada da ótica jurídica, sem qualquer intervenção religiosa. “Acredito que o esclarecimento que precisamos ter, como líderes religiosos, é justamente a distinção. Se você quiser, pode chamar isso de casamento ou não, mas [trata-se] de uma união que esteja civilmente amparada, para que as pessoas possam garantir direitos que não são religiosos. São duas coisas diferentes”, declarou ele.
A declaração do padre traduz um grau de lucidez que pouco se vê hoje entre os líderes religiosos com influência no Brasil. Ela traduz exatamente a pauta dos movimentos civis homossexuais: a regularização do casamento civil, feito em cartório, que aliás, já foi aprovado pelo CNJ em 2013. Apesar dos esperneios da bancada evangélica e de determinados líderes religiosos, hoje os cartórios de registro civil do país são obrigados a realizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No âmbito religioso, porém cabe a cada igreja decidir a quem casar. Ainda hoje, várias denominações cristãs recusam-se, baseadas em seus próprios dogmas, a realizar novo matrimônio de pessoas divorciadas, ainda que o divórcio seja uma garantia prevista em lei no Brasil. Este exemplo pode ser usado para efeito de comparação: os homossexuais não querem se casar na igreja – querem tão somente ver seus direitos atestados em lei.
Essa luta continua porque, ainda que o CNJ tenha se decidido a favor do casamento civil, tal norma ainda não foi regulamentada em lei, por pura omissão do Congresso Nacional – o projeto, de autoria da então deputada Marta Suplicy (PT-SP), tramita desde 1995 sem ser votado. A Constituição Federal prevê o casamento como uma instituição dada entre homem e mulher, texto que vários parlamentares, dentre os quais se destaca o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), vêm tentando modificar. Tal regulamentação não teria absolutamente nada de extraordinário – vizinhos como Uruguai e Argentina já a fizeram, esta última desde 2010. Ela tão somente diminuiria, ainda que infimamente, o atraso que o Brasil ostenta quanto aos direitos de suas minorias.
Diferentemente do que afirmam os defensores da “moral e bons costumes”, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não fere princípios religiosos sob nenhum aspecto. Ele é somente uma garantia de direitos às partes, como a herança e convênios médicos, que já são assegurados a casais heterossexuais. Recentemente a prefeita da cidade americana de Houston, no conservador Estado do Texas, casou-se legalmente com a mulher com quem mantém união estável há vinte e três anos. Nos últimos meses, vários Estados americanos aprovaram o casamento gay, entre eles a Califórnia, onde a prefeita de casou – no Texas esse tipo de união ainda é proibido. Em seu Twitter, a prefeita declarou: “Não poderia ser mais feliz”. Fico eu a imaginar a alegria dessas duas mulheres em poder oficializar uma união que mantêm há tantos anos, agora sob os olhos do Estado. É como sair de uma espécie de ilegalidade; mais que simples felicidade, é um indizível orgulho.
Mais que qualquer evidência de progressismo, a declaração do Pe. Fábio de Melo demonstra claramente sua atenção para com as demandas da sociedade. A importância de suas palavras, vindas de um sacerdote católico, pode servir para despertar em muitas pessoas a necessária reflexão sobre o assunto. Para defender e assegurar um direito que apenas agrega a uma sociedade, não é necessário ser ateu: basta ter um mínimo de inteligência. Afinal de contas, quem defende os preceitos do cristianismo deverá atestar que o amor, independentemente da maneira como venha, sempre valerá a pena.
*educaçãopolitica 

A partir de agora - As jornadas de junho

Sugerido por Leo V

Documentário realizado a partir de entrevistas realizadas com ativistas em cinco capitais brasileiras. O diretor, Carlos Pronzato, dirigiu outros documentários, como "O Panelaço - a rebelião argentina" (2002) e "Carlos Marighella - Quem samba fica, quem não samba vai embora" (2011).
 
Direção, roteiro e concepção: Carlos Pronzato
Direção de produção: Cristiane Paolinelli 
Edição: Ricardo Gomes (Coletivo Das Lutas RJ)
Edição teasers e pesquisas de imagens adicionais: Richardson Pontone
Realização: Lamestiza Audiovisual
 

Brasil, fevereiro de 2014.

*Nassif

O curso é superior, mas o ser humano é igual

: Fernando Brito

diplo
Reproduzo, porque é um serviço ao gênero humano, a excelente crônica de Matheus Pichonelli, na CartaCapital, sobre o caso dos professores universitários que debocharam de um homem por estar de bermudas e camiseta – nestes dias de calor infernal no Rio de Janeiro – no Aeroporto Santos Dumont.
Embora sejam dois bobalhões, porque têm recursos de formação intelectual para compreender e recusar os preconceitos que todos absorvemos em uma sociedade preconceituosa, o problema é maior: eles são reflexo de uma divisão “censitária” que herdamos lá de trás, do país dos bacharéis.
E isso não existe apenas no Facebook ou nas rodas de condomínio. É oficial, legal. O Estado brasileiro discrimina em tudo, desde o “direito a prisão especial” até os concursos que requerem “curso superior em qualquer área” tão comuns no Judiciário e para cargos (muito bem pagos) de Fiscal. Ora, é evidente que, se serve qualquer área, não é a habilitação que o candidato recebeu na Universidade que se requer, mas o status de um curso superior. Do contrário se exigiria formação em Direito, ou em Engenharia, ou em Economia ou Contabilidade.
Exige-se o “Doutor”, não o conhecimento.
Mas há ainda pior, muito pior. É que a Universidade e a formação profissional passam a ser vistas, essencialmente, pelo que podem render ao estudante e ao profissional que de lá sairá em matéria de status e remuneração. Vai-se perdendo a visão do valor social do trabalho e o conhecimento vira uma apropriação privada. Mesmo quando ele é pago pelo dinheiro da sociedade.
Leia o belo texto de Pichonelli:

‘O empregado tem carro e anda de avião. Estudei pra quê?’

Matheus Pichonelli
O condômino é, antes de tudo, um especialista no tempo. Quando se encontra com seus pares, desanda a falar do calor, da seca, da chuva, do ano que passou voando e da semana que parece não ter fim. À primeira vista, é um sujeito civilizado e cordato em sua batalha contra os segundos insuportáveis de uma viagem sem assunto no elevador. Mas tente levantar qualquer questão que não seja a temperatura e você entende o que moveu todas as guerras de todas as sociedades em todos os períodos históricos. Experimente. Reúna dois ou mais condôminos diante de uma mesma questão e faça o teste. Pode ser sobre um vazamento. Uma goteira. Uma reforma inesperada. Uma festa. E sua reunião de condomínio será a prova de que a humanidade não deu certo.
Dia desses, um amigo voltou desolado de uma reunião do gênero e resolveu desabafar no Facebook: “Ontem, na assembleia de condomínio, tinha gente ‘revoltada’ porque a lavadeira comprou um carro. ‘Ganha muito’ e ‘pra quê eu fiz faculdade’ foram alguns dos comentários. Um dos condôminos queria proibir que ela estacionasse o carro dentro do prédio, mesmo informado que a funcionária paga aluguel da vaga a um dos proprietários”.
Mais à frente, ele contava como a moça havia se transformado na peça central de um esforço fiscal. Seu carro-ostentação era a prova de que havia margem para cortar custos pela folha de pagamento, a começar por seu emprego. A ideia era baratear a taxa de condomínio em 20 reais por apartamento.
Sem que se perceba, reuniões como esta dizem mais sobre nossa tragédia humana do que se imagina. A do Brasil é enraizada, incolor e ofuscada por um senso comum segundo o qual tudo o que acontece de ruim no mundo está em Brasília, em seus políticos, em seus acordos e seus arranjos. Sentados neste discurso, de que a fonte do mal é sempre a figura distante, quase desmaterializada, reproduzimos uma indigência humana e moral da qual fazemos parte e nem nos damos conta.
Dias atrás, outro amigo, nascido na Colômbia, me contava um fato que lhe chamava a atenção ao chegar ao Brasil. Aqui, dizia ele, as pessoas fazem festa pelo fato de entrarem em uma faculdade. O que seria o começo da caminhada, em condições normais de pressão e temperatura, é tratado muitas vezes como fim da linha pela cultura local da distinção. O ritual de passagem, da festa dos bixos aos carros presenteados como prêmios aos filhos campeões, há uma mensagem quase cifrada: “você conseguiu: venceu a corrida principal, o funil social chamado vestibular, e não tem mais nada a provar para ninguém. Pode morrer em paz”.
Não importa se, muitas e tantas vezes, o curso é ruim. Se o professor é picareta. Se não há critério pedagógico. Se não é preciso ler duas linhas de texto para passar na prova. Ou se a prova é mera formalidade.
O sujeito tem motivos para comemorar quando entra em uma faculdade no Brasil porque, com um diploma debaixo do braço, passará automaticamente a pertencer a uma casta superior. Uma casta com privilégios inclusive se for preso. Por isso comemora, mesmo que saia do curso com a mesma bagagem que entrou e com a mesma condição que nasceu, a de indigente intelectual, insensível socialmente, sem uma visão minimamente crítica ou sofisticada sobre a sua realidade e seus conflitos. É por isso que existe tanto babeta com ensino superior e especialização. Tanto médico que não sabe operar. Tanto advogado que não sabe escrever. Tanto psicólogo que não conhece Freud. Tanto jornalista que não lê jornal.
Função social? Vocação? Autoconhecimento? Extensão? Responsabilidade sobre o meio? Conta outra. Com raras e honrosas exceções, o ensino superior no Brasil cumpre uma função social invisível: garantir um selo de distinção.
Por isso comemora-se também à saída da faculdade. Já vi, por exemplo, coordenador de curso gritar, em dia de formatura, como líder de torcida em dia de jogo: “vocês, formandos, são privilegiados. Venceram na vida. Fazem parte de uma parcela minoritária e privilegiada da população”; em tempo: a formatura de um curso de odontologia, e ninguém ali sequer levantou a possibilidade de que a batalha só seria vencida quando deixássemos de ser um país em que ter dente é, por si, um privilégio.
Por trás desse discurso está uma lógica perversa de dominação. Uma lógica que permite colocar os trabalhadores braçais em seu devido lugar. Por aqui, não nos satisfazemos em contratar serviços que não queremos fazer, como lavar, passar, enxugar o chão, lavar a privada, pintar as unhas ou trocar a fralda e dar banho em nossos filhos: aproveitamos até a última ponta o gosto de dizer “estou te pagando e enquanto estou pagando eu mando e você obedece”. Para que chamar a atenção do garçom com discrição se eu posso fazer um escarcéu se pedi batata-fria e ele me entregou mandioca frita? Ao lembrá-lo de que é ele quem serve, me lembro, e lembro a todos, que estudei e trabalhei para sentar em uma mesa de restaurante e, portanto, MEREÇO ser servido. Não é só uma prestação de serviço: é um teatro sobre posições de domínio. Pobre o país cujo diploma serve, na maioria dos casos, para corroborar estas posições.
Por isso o discurso ouvido por meu amigo em seu condomínio é ainda uma praga: a praga da ignorância instruída. Por isso as pessoas se incomodam quando a lavadeira, ou o porteiro, ou o garçom, “invade” espaços antes cativos. Como uma vaga na garagem de prédio. Ou a universidade. Ou os aeroportos.
Neste caldo cultural, nada pode ser mais sintomático da nossa falência do que o episódio da professora que postou fotos de um “popular” no saguão do aeroporto e lançou no Facebook: “Viramos uma rodoviária? Cadê o glamour?”. (Sim, porque voar, no Brasil, também é, ou era, mais do que se deslocar ao ar de um local a outro: é lembrar os que rastejam por rodovias quem pode e quem não pode pagar para andar de avião).
Esses exemplos mostram que, por aqui, pobre pode até ocupar espaços cativos da elite (não sem nossos protestos), mas nosso diploma e nosso senso de distinção nos autorizam a galhofa: “lembre-se, você não é um de nós”. Triste que este discurso tenha sido absorvido por quem deveria ter como missão a detonação, pela base e pela educação, dos resquícios de uma tragédia histórica construída com o caldo da ignorância, do privilégio e da exclusão.
*Tijolo

O Sistema Cristão

Schopenhauer

Escrito em 1851
Quando a Igreja diz que, no que concerne os dogmas da religião, a razão é totalmente incompetente e cega, e seu uso deve ser repreendido, isso está na realidade atestando o fato de que esses dogmas são alegóricos em sua natureza, e não devem ser julgados pelo padrão no qual somente a razão se adapta, tomando todas as coisas sensu proprio. Deste modo, os absurdos de um dogma são apenas uma marca, um sinal do que nele é alegórico e mitológico. No caso sob consideração, entretanto, os absurdos originaram-se do fato de que duas doutrinas tão heterogêneas como as do Velho e Novo Testamento tiveram de ser combinadas. A grande alegoria teve um crescimento gradual. Sugerida por circunstâncias externas e casuais, desenvolveu-se pela interpretação sobre esta, uma interpretação taticamente relacionada com certas verdades profundas apenas parcialmente compreendidas. A alegoria foi finalmente completada por Santo Agostinho, que penetrou mais profundamente em seu significado, e assim foi capaz de concebê-la como um todo sistemático e resolver seus defeitos. Consequentemente, a doutrina agostiniana, confirmada por Lutero, é a forma completa do cristianismo; e os protestantes de hoje, que veem a revelação sensu proprio e a confinam a um único indivíduo, estão equivocados ao olhar os rudimentos do cristianismo como sua mais perfeita expressão. Mas o lado ruim de todas religiões é que, em vez de poderem confessar sua natureza alegórica, têm de ocultá-la; por extensão, ostentam suas doutrinas com toda seriedade como verdadeiras sensu proprio, e como absurdos constituem uma parte essencial dessas doutrinas, tem-se o grande dano de uma fraude contínua. E, o que é pior, chega o dia em que não são mais verdadeiras sensu proprio, e então se chega ao seu fim; de forma que, neste particular, seria melhor admitir sua natureza alegórica de uma vez. Mas a grande dificuldade consiste em ensinar às massas que algo pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo. E como todas religiões são, em maior ou menor grau, dessa natureza, devemos reconhecer o fato de que a humanidade não é capaz de proceder sem uma certa quantidade de absurdo — que o absurdo é um elemento de sua existência, uma ilusão indispensável; como, de fato, outros aspectos de sua vida testificam. Afirmei que a combinação do Velho Testamento com o Novo Testamento deu luz a absurdidades. Entre os exemplos que ilustram meu ponto de vista, posso citar a doutrina cristã da predestinação e da graça, como formulada por Santo Agostinho e adotada deste por Lutero; de acordo com esta, um homem é dotado de graça e outro não. A graça, então, consiste de um privilégio recebido no nascimento e chega ao mundo em sua forma acabada; um privilégio também, numa questão de primeira importância. O que há de funesto e absurdo nessa doutrina pode ser rastreado à ideia contida no Velho Testamento, de que o homem é a criação de uma vontade externa, a qual lhe convocou à existência a partir do nada. É bastante verdadeiro que a genuína excelência moral é de fato inata; mas o significado da doutrina cristã é expresso de um modo distinto — e mais racional — através da teoria da metempsicose*1, bem conhecida pelos brâmanes e dos budistas. De acordo com essa teoria, as qualidades que distinguem um homem de outro são recebidas no nascimento, isto é, são trazidas de outro mundo e uma vida anterior; essas qualidades não são um presente externo da graça, mas os frutos dos atos perpetrados nesse outro mundo. Mas o dogma da predestinação de Santo Agostinho está conectado com outro dogma, a saber, de que o grosso da humanidade está corrompido e destinado à danação eterna, de que muitos poucos serão considerados ordeiros e obterão a salvação, e isso apenas em consequência do dom da graça, e porque estavam predestinados à salvação; enquanto o resto será dominado pela perdição que mereceram, e posteriormente sofrerão a tormenta eterna no inferno. Visto em sua significação comum, o dogma é revoltante, pois se chega a isto: condena-se um homem, seja quem for, talvez sequer com vinte anos, a expiar seus erros, ou mesmo sua descrença, através de um sofrimento eterno; mais ainda, faz desta danação quase universal um efeito natural do pecado original, e portanto a consequência necessária da queda*2. Este resultado deve ter sido previsto por aquele que fez a humanidade, o qual, em primeiro lugar, não os fez melhores do que são e, em segundo lugar, fez-lhes uma armadilha na qual necessariamente sabia que iriam cair; pois fez o mundo todo e nada lhe é oculto. Então, de acordo com essa doutrina, Deus criou a partir do nada uma raça fraca e propensa ao pecado para bani-la ao tormento eterno. E, como última característica, ouvimos que este Deus, o qual prescreve tolerância e perdão a todo pecado, não exercita nada disso, mas faz exatamente o oposto; pois uma punição que não chega ao fim com todas as coisas — quando o mundo estiver terminado e seu papel cumprido — não pode ter como objetivo a melhora ou a deterioração e, portanto, trata-se de pura vingança. Assim, desse ponto de vista, toda a raça de fato está destinada à tortura e danação eternas, e criada expressamente para cumprir este fim, tendo como única exceção os poucos que são resgatados pela eleição da graça — por motivos que são de todos desconhecidos.
Colocando isso de lado, parece que nosso Sagrado Senhor criou o mundo em benefício do diabo! Teria sido tão melhor se não o tivesse criado absolutamente. Seria demais, todavia, para um dogma tomado sensu proprio. Mas o vejamos sensu allegorico e toda a questão torna-se passível de uma interpretação satisfatória. O que há de absurdo e revoltante neste dogma é, no principal, como disse, o simplório desenlace do teísmo judaico, com sua “criação a partir do nada” e sua tola e paradoxal negação da doutrina da metempsicose, a qual está envolvida nesta ideia, uma doutrina de que é natural, até um certo ponto autoevidente e, exceto pelos judeus, aceita por quase toda a raça humana em todos os tempos. A fim de remover o enorme mal proveniente do dogma agostiniano e a fim de modificar sua natureza revoltante, o papa Gregório I, no século VI, muito prudentemente desenvolveu a doutrina doPurgatório, a essência da qual já existia em Origen*3. A doutrina foi regularmente incorporada à fé da Igreja, de modo que a visão original foi muito modificada, e um certo substituto foi proporcionado à doutrina da metempsicose; pois tanto uma quando a outra admitem o processo da purificação. Com o mesmo intuito, a doutrina da “Restauração de todas as coisas” [grego: apokatastasis] foi estabelecida, de acordo com a qual, no último ato da Comédia Humana, os pecadores todos seriam restabelecidos in integrum. São apenas os protestantes, com sua crença obstinada na Bíblia, que não conseguem ser induzidos a abrir mão da punição eterna no inferno. Se alguém fosse rancoroso, poderia dizer “que isso lhes faça muito bem”, mas é consolador pensar que não acreditam realmente na doutrina — deixam-na em paz, pensando em seus corações “não pode ser tão mau assim”.
O caráter rígido e sistemático da mente de Santo Agostinho levou-o — em seu austero dogmatismo e sua resoluta definição de doutrinas apenas indicadas na Bíblia e, de fato, sobre fundamentos muito vagos — a apresentar perfis rígidos a essas doutrinas e colocar interpretações severas sobre o cristianismo: o resultado foi que sua visão nos ofende, e assim como em seu tempo o pelagianismo*4 surgiu para combatê-lo, em nossos dias o racionalismo faz o mesmo. Tome, por exemplo, o caso em que afirma genericamente no De Civitate Dei, livro XII, cap. 21. Resume-se a isto: Deus cria um ser a partir do nada, o proíbe de certas coisas e ordena-lhe outras; e porque esses comandos não são obedecidos, tortura esse ser por toda a eternidade com toda angústia concebível; e, para esse propósito, une corpo e alma inseparavelmente — de tal forma que o tormento não destrói este ser através de sua separação em seus elementos, libertando-o — para que este possa viver em eterna dor. Esta pobre criatura, feita a partir do nada! Ao menos possui uma reivindicação sobre seu nada original: deve ser assegurado, como questão de direito, desta última retirada, a qual, em todo caso, não pode ser muito má: foi aquilo que herdou. Não posso absolutamente deixar de me compadecer com este ser. Se adicionarmos a isso as doutrinas agostinianas restantes, de que tudo isso não depende dos próprios pecados e omissões do homem, pois já foi predestinado a acontecer, realmente não se sabe o que pensar. Nossos racionalistas altamente educados sem dúvida dizem “é tudo falso, é apenas um bicho-papão; estamos num estado de constante progresso, passo a passo elevando-nos em maior perfeição”. Ah! Que pena não termos começado antes; já deveríamos estar lá.
No sistema cristão o diabo é um personagem da maior importância. Deus é descrito como absolutamente bom, sábio e poderoso; e, se não fosse contrabalanceado pelo diabo, seria impossível conceber de onde veio a inumerável e imensurável maldade que predomina neste mundo se não há um diabo para responsabilizar. E, desde que os racionalistas livraram-se do diabo, o dano infligido ao outro lado continua a crescer, e está tornando-se mais e mais palpável; como poderia ter sido previsto — e foi previsto — pelos ortodoxos. O fato é que não se pode remover um pilar de uma construção sem comprometer todo o seu resto. E isso confirma a visão — a qual foi estabelecida em outros fundamentos — de que Jeová é uma transformação de Ormuzd, e Satã de Ahriman, o qual deve ser considerado vinculado ao primeiro. O próprio Ormuzd é uma transformação de Indra.
O cristianismo tem essa desvantagem peculiar de que, ao contrário de outras religiões, não é um sistema doutrinário puro: sua principal e essencial característica consiste em se tratar de uma história, uma série de eventos, uma coleção de fatos, um testemunho dos atos e das dores de indivíduos: é essa história que constitui o dogma, e a crença nesta a salvação. Outras religiões — por exemplo, o budismo — têm, é verdade, apêndices históricos, a saber, a vida de seus fundadores: isso, entretanto, não é uma parte, uma parcela do dogma, mas é incorporada juntamente. Por exemplo, o Lalita-Vistara pode ser comparado com o Evangelho, visto que contém a vida de Sakya-muni, o buda do período atual da história mundial: mas isso é algo bastante à parte e diferente do dogma, do sistema em si; e por esta razão: as vivências dos budas antigos foram substancialmente diferentes e as dos do futuro também serão diferentes das do buda de hoje. O dogma absolutamente não se confunde com a carreira de seu fundador; este não se sustenta em pessoas ou eventos individuais; é algo universal e igualmente válido em todos os tempos. O Lalita-Vistara não é, portanto, um evangelho no sentido cristão da palavra; não é a jubilosa mensagem de um ato de redenção; é a carreira daquele que demonstrou como cada qual pode redimir-se a si próprio. A constituição histórica do cristianismo faz os chineses rirem dos missionários enquanto contadores de histórias.
Posso mencionar aqui outro erro fundamental do cristianismo, um erro que não pode ser justificado, e cujas consequências nocivas são óbvias o tempo todo: refiro-me à inatural distinção que o cristianismo faz entre o mundo humano e animal — ao qual, de fato, pertence. Estabelece o homem como todo-importante e olha aos animais tão-somente como coisas. O bramanismo e o budismo, por outro lado, verdadeiros para com os fatos, reconhecem de um modo positivo que o homem está relacionado genericamente com toda a natureza, especialmente e principalmente com a natureza animal; e, em seus sistemas, o homem é sempre representado pela teoria da metempsicose ou, do contrário, como intimamente conectado com o mundo animal. O importante papel representado pelos animais através de todo o budismo e bramanismo, em comparação com seu completo desprezo no judaísmo e cristianismo, põe fim a qualquer dúvida a respeito de qual sistema está mais próximo da perfeição, apesar de na Europa termos nos tornado acostumados à absurdidade da alegação. O cristianismo contém, de fato, uma grande e essencial imperfeição em limitar seus princípios ao homem e em recusar direitos a todo o mundo animal. Como a religião falha em proteger os animais das multidões brutas, insensíveis e frequentemente mais que bestiais, o dever recai sobre a lei; e como a lei é desigual nesta tarefa, formaram-se agora por toda a Europa e América sociedades pela proteção dos animais. Em toda a não-circuncidada Ásia, tal procedimento seria a coisa mais supérflua do mundo, pois animais são suficientemente protegidos pela religião, que até os faz objetos de caridade. Um exemplo de como tais sentimentos de caridade se manifestam pode ser visto no grande hospital de animais em Surat, ao qual cristãos, maometanos e judeus podem enviar seus animais enfermos que, se curados, muito corretamente não são devolvidos aos seus donos. Do mesmo modo, quando um brâmane ou um budista tem boa sorte, um acontecimento feliz em qualquer questão, em vez de murmurar um Te Deum*5, vai ao mercado, compra pássaros e abre as gaiolas nos portões da cidade; algo que pode ser visto frequentemente em Astrachan, onde os adeptos de todas religiões se encontram: e assim por diante em centenas de outras maneiras. Por outro lado, veja-se o rufianismo revoltante com o qual nosso público cristão trata seus animais; matando-os sem nenhum motivo e rindo-se disso, ou os mutilando ou torturando; mesmo seus cavalos, que constituem os meios mais diretos para seu sustento, são exigidos ao máximo em idade avançada, e o último esforço é explorado de seus pobres ossos até que finalmente sucumbam sob o chicote. Alguém poderia afirmar, com razão, que a humanidade é o diabo da Terra, e os animais as almas que atormentam. Mas o que se poderia esperar das massas quando há homens educados, mesmo zoólogos que, em vez de admitir o que lhes é tão familiar, a essencial identidade entre o homem e o animal, são fanáticos e estúpidos o suficiente para oferecer uma diligente resistência aos seus colegas honestos e racionais quando classificam o homem corretamente como um animal ou demonstram a semelhança entre este e um chimpanzé ou orangotango. É algo revoltante que um escritor tão devoto e cristão em seus sentimentos como Jung Stilling use um paralelo como este, em seu Scenen aus dem Geisterreich. (livro II, p. 15) “Repentinamente o esqueleto enrugou-se numa forma indescritivelmente horrenda e acanhada, assim como quando se coloca uma grande aranha no foco de uma lamparina, e observa o sangue purulento assoviar e borbulhar no calor”. Esse homem de Deus era, então, culpado de tal infâmia! Ou observou calmamente enquanto outro a cometia! Em ambos os casos, chega-se à mesma conclusão. Pensou-o um mal tão pequeno que o mencionou de passagem, e sem um traço de emoção. Tais são os efeitos do primeiro livro de Gênesis e, de fato, de toda a concepção judaica de natureza. O padrão reconhecido pelos hindus e budistas é o Mahavakya (o grande verbo) — “tat-twam-asi” (isto é a ti próprio), que pode sempre ser dito de qualquer animal para lembrar-nos da identidade de seu ser íntimo como o nosso. Perfeição moral, de fato! Absurdo.
As características fundamentais da religião judaica são o realismo e o otimismo, visões do mundo que estão intimamente relacionadas; constituem, de fato, as condições do teísmo. Pois o teísmo vê o mundo material como absolutamente real e considera esta vida como uma agradável bênção que nos foi concedida. Por outro lado, as características fundamentais das religiões brâmanes e budistas são o idealismo e o pessimismo, vendo a existência do mundo como com uma natureza onírica e a vida como resultado de nossos pecados. Nas doutrinas de Zend-Avesta — das quais, como se sabe, o judaísmo teve origem — o elemento pessimista é representado por Ahriman. No judaísmo, Ahriman tem, como Satã, apenas uma posição subordinada; mas, como Ahriman, é o senhor das serpentes, dos escorpiões e da canalha. Mas o sistema judaico posteriormente utiliza Satã para corrigir o otimismo, seu erro fundamental, e na Queda introduz o elemento pessimista, uma doutrina exigida pelos fatos mais óbvios do mundo. Não há ideia mais verdadeira no judaísmo que essa, apesar de transferir ao curso da existência o que deveria ser representado como seu fundamento e antecessor.
No Novo Testamento, por outro lado, deve ser de algum modo possível remeter a origens indianas: seu sistema ético, sua visão ascética da moralidade, seu pessimismo e seu Avatar, são todos completamente indianos. É sua moralidade que o coloca em uma posição de tamanho enfático e essencial antagonismo com o Velho Testamento, de modo que a estória da Queda é o único ponto de conexão possível entre os dois. Pois quando a doutrina indiana foi importada à terra prometida, duas coisas muito diferentes tiveram de ser combinadas: por um lado, a consciência da corrupção e miséria do mundo, sua necessidade de redenção e salvação por meio de um Avatar, juntamente com uma moralidade baseada da autonegação e arrependimento; por outro lado, a doutrina judaica do monoteísmo, com seu corolário de que “todas as coisas são muito boas” [grego: panta kala lian]. E a tarefa foi empreendida tanto quanto possível, isto é, tanto quanto se pode combinar duas crenças de tal modo heterogêneas e antagônicas.
Como a hera agarra-se e se estabelece em um tronco, conformando-se em todos os lugares às irregularidades e revelando seu perfil, mas ao mesmo tempo cobrindo-o com vida e graça, transformando o antigo aspecto em algo agradável ao olhar; assim a fé cristã, originada da sabedoria da Índia, transborda sobre o velho tronco do rude judaísmo, uma árvore de crescimento distinto; a forma original deve permanecer em parte, mas sofrendo uma completa mudança e tornando-se cheia de vida e verdade, de um modo que aparenta ser a mesma árvore, mas na realidade é outra.
O judaísmo apresentou o Criador separado do mundo, o qual produziu a partir do nada. O cristianismo identifica este Criador com o Salvador e, através deste, com a humanidade: figura como seu representante; são redimidos por meio dele, assim como caíram em Adão, e permaneceram desde então cativos da iniquidade, corrupção, sofrimento e morte. Tal é a visão adotada pelo cristianismo em comum com o budismo; o mundo não pode mais ser visto à luz do otimismo judaico, que achava “todas coisas muito boas”; não, no esquema cristão, o diabo é nomeado como seu Príncipe ou Governante ([grego: ho archon tou kosmoutoutou] João 12, 33). O mundo não é mais um fim, mas um meio: o reino da felicidade eterna está além deste, além do túmulo. A resignação neste mundo e o direcionamento de todas as nossas esperanças a um melhor constituem o espírito do cristianismo. O caminho para este fim é aberto pelo Sacrifício, que é a Redenção deste mundo e seus meios. E no sistema moral, em vez da lei da vingança, há o comando de amar seu inimigo; em vez da promessa de imensurável prosperidade, a garantia da vida eterna; em vez da visita dos pecados dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta gerações, o Espírito Santo governa e cobre todos.
Vemos, então, que as doutrinas do Velho Testamento são retificadas e têm seu significado alterado pelas do Novo, de modo que, nos assuntos mais importantes e essenciais, uma concordância é trazida entre estes e as antigas religiões da Índia. Tudo que é verdadeiro no cristianismo também pode ser encontrado no bramanismo e budismo. Mas no hinduísmo e budismo em vão se procuraria por um paralelo com as doutrinas judaicas de “um nada trazido à vida” ou de “um mundo feito no tempo” que não pode ser humilde o bastante em sua gratidão e louvores a Jeová por uma existência efêmera cheia de miséria, angústia e necessidades.
Qualquer indivíduo que seriamente pense que seres supra-humanos concederam à nossa raça informações quanto aos objetivos de sua existência e do mundo ainda está em sua infância. Não há outra revelação senão os pensamentos dos sábios — e mesmo esses pensamentos estão sujeitos a erros, como é sina de tudo que é humano —, que frequentemente estão vestidos por estranhas alegorias e mitos sob o nome de religião. Assim, é indiferente se um homem vive e morre com a crença em seus próprios pensamentos ou em pensamentos alheios; pois nunca passa de um pensamento humano, de uma opinião humana, na qual confia. Ainda assim, em vez de confiar no que suas próprias mentes lhes dizem, os homens, via de regra, têm uma fraqueza para confiar naqueles que fingem ter fontes sobrenaturais de conhecimento. E, tendo em vista a enorme desigualdade intelectual entre os homens, é fácil perceber que os pensamentos de uma mente podem, num certo sentido, parecer uma revelação a outra.
Notas do tradutor
  1. Doutrina segundo a qual uma mesma alma pode animar sucessivamente corpos diversos, homens, animais ou vegetais.
  2. Referência à “queda do homem” mencionada na Bíblia, retratada na parábola da desobediência de Adão e Eva.
  3. Origen — 185 – 254? — acreditava que o inferno era as chamas do julgamento através das quais todos precisam passar. Os ordeiros passariam em um instante e chegariam ao paraíso em oito dias após o julgamento final. Os perversos permaneceriam no fogo por “um século de séculos”, um longo — mas não eterno — período de tempo. Eventualmente, todos escapariam das chamas do julgamento e atingiriam o céu. Apesar de sua visão do inferno ter sido rejeitada pelos que vieram depois dele, sua imaginação pode ter influenciado pensadores posteriores.
  4. A doutrina de Pelágio (séc. V), heresiarca inglês, a qual nega o pecado original e a corrupção da natureza humana e, consequentemente, a necessidade do batismo. 
  5. Lat. te, ‘te’, ‘a ti’, + Deum, ‘Deus’; Subentende-se laudamus, ‘louvamos’. Cântico da Igreja católica, em ação de graças, que principia por essas palavras latinas; hino ambrosiano.
autor: Arthur Schopenhauer
tradução:André Cancian
fonte: The Christian System
 
 
Sobre o Autor
Arthur Schopenhauer (22 de fevereiro de 1788 – 21 de setembro 1860) foi um filósofo alemão mais conhecido por seu livro, O Mundo como Vontade e Representação (em alemão: Die Welt als Wille und Vorstellung ), na qual ele afirma que o nosso mundo é dirigido por uma contínua e insatisfeita vontade e busca de satisfação. Influenciado pela filosofia oriental,  ele afirmou que a “verdade foi reconhecida pelos sábios da Índia, consequentemente, as suas soluções para o sofrimento foram semelhantes aos de pensadores Vedanta e budistas (ou seja, ascetismo). Sua fé na “idealidade transcendental” levou-o a aceitar o ateísmo.
Aos 25 anos, ele publicou sua tese de doutorado, sobre a Quádrupla Raiz do Princípio da Razão Suficiente , que analisou os quatro aspectos distintos de experiência no mundo dos fenômenos e, conseqüentemente, ele tem sido influente na história da fenomenologia. Ele influenciou muitos pensadores, incluindo Friedrich Nietzsche, Richard Wagner, Otto Weininger, Ludwig Wittgenstein ,Erwin Schrödinger , Albert EinsteinSigmund FreudOtto Rank , Carl JungJoseph Campbell , Leo Tolstoy , Thomas Mann , Jorge Luis Borges , e Mustafa Mahmud , entre outros.
*omundosemreligiao