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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, abril 02, 2014
Empresários que apoiaram golpe de 64 ficaram milionários com dinheiro público
Empresários que apoiaram o golpe de 64 construíram grandes fortunas com dinheiro público. Pesquisador afirma que no golpe dos empresários, a “mais beneficiada foi a Globo”
Segundo o pesquisador, é isto o que nos afeta ainda hoje, pois os empresários conseguiram emplacar a continuidade das vantagens na Carta de 88.
Venturini cita uma série de empresários que se deram muito bem durante a ditadura militar, como o banqueiro Ângelo Calmon de Sá (ligado a Antonio Carlos Magalhães) e Paulo Maluf (empresário que foi prefeito biônico, ou seja, sem votos, de São Paulo).
Na outra ponta, apenas dois empresários se deram muito mal com o golpe de 64: Mário Wallace Simonsen, um dos maiores exportadores de café, dono da Panair e da TV Excelsior; e Fernando Gasparian. Ambos eram nacionalistas e legalistas. A Excelsior foi a única emissora que chamou a “Revolução” dos militares de “golpe” em seu principal telejornal.
Sobre as vantagens dadas aos empresários: além da repressão desarticular o sindicalismo, com intervenções, prisões e cassações, beneficiou grupos como o Ultra, de Henning Albert Boilesen, alargando prazo para pagamento de matéria prima ou recolhimento de impostos, o que equivalia a fazer um empréstimo sem juros, além de outras vantagens. Boilesen foi um dos que fizeram caixa para a tortura, e comparecia pessoalmente ao Doi-CODI para assistir a sessões de tortura. Foi justiçado por guerrilheiros.
Outros empresários estiveram na mira da resistência, como Octávio Frias de Oliveira, do Grupo Folha, que apoiou o golpe. O que motivou o desejo da guerrilha de justiçar Frias foi o fato de que o Grupo Folha emprestou viaturas de distribuição de jornal para campanas da Operação Bandeirante (a Ultragás, do Grupo Ultra, fez o mesmo com seus caminhões de distribuição de gás). Mais tarde, a Folha entregou um de seus jornais, a Folha da Tarde, à repressão.
“Se uma empresa foi beneficiada pela ditadura, a mais beneficiada foi a Globo, porque isso não acabou com a ditadura. Roberto Marinho participou da articulação do golpe, fez doações para o Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes, que organizou o golpe). O jornal O Globo deu apoio durante o golpe. Em 65, o presente, a contrapartida foi a concessão dos canais de TV, TV Globo, Canal 4 do Rio de Janeiro e Canal 5 São Paulo”, diz Fabio Venturini.
Ainda segundo o pesquisador, “na década de 70 a estrutura de telecomunicações era praticamente inexistente no Brasil e foi totalmente montada com dinheiro estatal, possibilitando entre outras coisas ter o primeiro telejornal que abrangesse todo o território nacional, que foi o Jornal Nacional, que só foi possível transmitir nacionalmente por causa da estrutura construída com dinheiro estatal. Do ponto-de-vista empresarial, sem considerar o conteúdo, a Globo foi a que mais lucrou”.
“A Globo foi pensada como líder de um aparato de comunicação para ser uma espécie de BBC no Brasil. A BBC atende ao interesse público. No Brasil foi montada uma empresa privada, de interesse privado, para ser porta-voz governamental. Se a BBC era para fiscalizar o Estado, a Globo foi montada para evitar a fiscalização do Estado. Tudo isso tem a contrapartida, uma empresa altamente lucrativa, que se tornou uma das maiores do mundo (no ramo).”
Venturini também fala do papel de Victor Civita, do Grupo Abril, que “tinha simpatia pela ordem” e usou suas revistas segmentadas para fazer a cabeça de empresários, embora não tenha conspirado.
Continue lendo em: Viomundo
Por que a administração Obama fornece armas para matar negros inocentes?
Na
imagem, uma cova coletiva repleta de cadáveres de negros assassinados
pelo Regime "rebelde" financiado pelos yankees e instalado na Líbia pela
CIA após a morte de Muammar Qadaffi.
Por que o mundo permanece em silêncio diante deste genocídio em curso?
Por que a administração Obama fornece armas para matar negros inocentes?
"A Nova Líbia da OTAN: Rebeldes são acusados de aprisionarem negros africanos no zoo, e forçá-los a engolir pedaços de bandeira."
http://advivo.com.br/blog/stanilaw-calandreli/a-nova-libia-da-otan-negros-sao-presos-em-zoo
Por que o mundo permanece em silêncio diante deste genocídio em curso?
Por que a administração Obama fornece armas para matar negros inocentes?
"A Nova Líbia da OTAN: Rebeldes são acusados de aprisionarem negros africanos no zoo, e forçá-los a engolir pedaços de bandeira."
http://advivo.com.br/blog/stanilaw-calandreli/a-nova-libia-da-otan-negros-sao-presos-em-zoo
"Imigrantes negros enfrentam risco de prisão e morte sob acusação de apoiarem Kadafi."
http://extra.globo.com/noticias/mundo/imigrantes-negros-enfrentam-risco-de-prisao-morte-sob-acusacao-de-apoiarem-kadafi-2558072.html#ixzz2xgwPNGnV
Assassinato em massa na Líbia (legendas ocultas): http://www.youtube.com/watch?v=cslPrRLaQDI
http://extra.globo.com/noticias/mundo/imigrantes-negros-enfrentam-risco-de-prisao-morte-sob-acusacao-de-apoiarem-kadafi-2558072.html#ixzz2xgwPNGnV
Assassinato em massa na Líbia (legendas ocultas): http://www.youtube.com/watch?v=cslPrRLaQDI
terça-feira, abril 01, 2014
Viajar para fora e voltar falando mal do Brasil
Por Pedro Schmaus
O
brasileiro médio admira sobrenomes. Não estou falando dos tipos comuns
como Oliveira, Carvalho, Santos ou qualquer um da Península Ibérica.
Refiro-me a sobrenomes de pronúncia complicada, provenientes da Itália,
Alemanha ou Japão, coisas como Brauer, Morin, Petrucelli, Leiko, Massini
ou Kimura.
Não
sei onde surgiu esse entusiasmo, mas de fato o pessoal acha lindo. Ter
um desses parece coisa de gente fina e educada. Há orgulho e um senso de
diferenciação, como se os donos desses sobrenomes fossem portadores de
uma nobreza que os meros Silva jamais possuirão. É como se tivesse uma
“ascendência de primeiro mundo”, algo que os torna distintos do resto da
massa miscigenada.
Eu
tenho um colega assim, o Thomas Eichelberger. Ele é brasileiro, mas
descende de alemães. Sempre que pode reclama do Brasil. Acha o país
subdesenvolvido e maldiz o dia em que sua família deixou a Europa. É
doido por um passaporte alemão. Não sabe porque ainda mora aqui, só fala
em se mudar.
Certo
dia estava caçoando de um senhor que falara “pobrema” em uma entrevista
na TV. O sobrenome do homem era Silva e Thomas logo fez piada, dizendo
que só podia ser “um Silva mesmo”. Nisso seu avô escutou a conversa e
soltou o seguinte:
Thomas
meu filho, entenda uma coisa. Nossa família deixou a Europa porque era
paupérrima. Chegamos aqui no Brasil para ganhar a vida na roça, mal
éramos alfabetizados. Para cá não veio gente bem-sucedida ou da realeza.
Você já viu algum rei cruzar um oceano para vir criar galinhas ou
plantar alface? Não seja bobo. Eichelberger pode parecer um sobrenome
especial aqui, mas na Alemanha somos Silva como esse homem na TV.
Milhões
sofrem do mesmo mal de Thomas e não importa se os seus sobrenomes são
considerados diferentes ou não. São pessoas que sempre colocam o Brasil
em uma posição de inferioridade se comparado com o resto do mundo, mesmo
que isso não seja verdade. Gente tomada por um problema que Nelson
Rodrigues chamou de complexo de vira-lata.
No
microcosmo sobre o qual escrevo – o segmento das viagens – podemos
notar esse mesmo complexo em sua melhor forma. Quem conversa com
viajantes internacionais nota que há uma epidemia entre eles. Eu a chamo
de “viajar para fora e voltar falando mal do Brasil”. É quase uma
mania.
Não
estou dizendo que o Brasil está acima das críticas, acho o patriotismo
exacerbado uma idiotice enorme. Críticas são saudáveis e necessárias,
mas quando estão imersas nesse complexo de vira-lata tornam-se parciais e
sem reflexão. É então que ouvimos absurdos inimagináveis, coisas que
testemunhei enquanto estive na estrada.
Como
alguém que reclamou um monte do atraso da bagagem na esteira de
Guarulhos, mas deu de ombros para o fato das rodinhas de sua mala terem
sido quebradas em Dubai. Ou um cara em frente ao estádio Camp Nou
elogiando o Barcelona, afirmando que o futebol espanhol é bom porque lá
não tem corrupção, enquanto segurava um jornal com os detalhes da
maracutaia que o mesmo Barcelona fez na transferência do Neymar.
Já
tive que ouvir gente que viajou para a Índia e voltou afirmando que lá o
transporte público é melhor do que no Brasil, ignorando o fato de que
todo dia 12 pessoas morrem em média só no metrô de Mumbai. Ou que todos
os asiáticos são mais disciplinados que nós, apesar do caos que é o
trânsito da maioria das cidades de lá. Enfim, em qualquer que seja a
comparação, o Brasil sempre está por baixo, não importa se está certo ou
não.
Encontrar
aspectos positivos sobre o Brasil não resolve nossos problemas, mas
ajuda a entender em que grau de desenvolvimento estamos e o que devemos
fazer para melhorar. Nada é mais efetivo para alcançar essa percepção do
que viajar. No entanto, quem sai de casa já tendo certeza de que seu
próprio país não presta, jamais conseguirá criar referências legítimas.
Estará preso a estereótipos, sem entender que os lados positivos e
negativos de um país são também os aspectos positivos e negativos dele
mesmo como indivíduo.
Em
visita ao Vietnã pude entender exatamente como se dá essa relação. É um
país pobre, mas de gente muito orgulhosa por manter sua soberania
frente a franceses e norte-americanos em duas guerras terríveis. Uma vez
em Hanói conversei com um veterano da II Guerra do Vietnã. Eu quis
saber o que ele esperava do futuro de sua nação, se existia um caminho a
ser trilhado rumo ao desenvolvimento. Ele me disse o seguinte:
Seu
país é como seu filho. O que ele faz de certo é mérito seu, assim como o
que ele faz de errado é também falha sua. Ao elogiá-lo, seja lúcido e
evite o exagero. Elogiar demais pode torná-lo indolente. Por outro lado,
ao criticá-lo, seja duro, porém não o ridicularize. Faça sua parte para
ajudar a melhorá-lo, não com deboche ou desprezo, mas sim bons exemplos
e dedicação.
Abraço!
*inversodocontraditorio
*inversodocontraditorio
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