Daniel Biral, advogado agredido por policiais em São Paulo na última terça-feira (1).
No dia 1º de julho dois advogados, Daniel Biral e Silvia Daskal, foram presos e agredidos por policiais militares de São Paulo depois de questionarem uma policial da PM sobre sua falta de identificação durante operações de ordem pública. Os advogados participavam de uma reunião pública com cerca de outras 500 pessoas na Praça Roosevelt na cidade de São Paulo, para discutir e protestar contra os abusos cometidos pelas polícias militar e civil do Estado de São Paulo durante protestos recentes, incluindo detenções arbitrárias de dois manifestantes, Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvargui. Ativistas, representantes da sociedade civil e intelectuais foram convidados para serem os interlocutores. Pouco antes do evento, mais de 15 tropas especiais da polícia militar cercaram a área para impedir e procurar cidadãos lá reunidos e pediram documentos de identificação de forma a intimidá-los. A polícia militar também filmou manifestantes e interlocutores e arbitrariamente prendeu pelo menos seis deles. Na tentativa de dispersar a reunião e manifestação pacífica, a polícia militar fez uso excessivo da força, inclusive lançando mão de gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta contra manifestantes e jornalistas a uma curta distância.    
Daniel Biral foi agredido por policiais militares dentro de um carro da polícia enquanto era transportado para a delegacia. Ele foi atingido na cabeça, o que o fez desmaiar, e arrastado até a 78ª DP. O delegado se recusou a aceitar suas acusações contra os policiais militares e só registrou a declaração da polícia militar. Daniel Biral foi liberado mais tarde naquela noite mas agora está sob investigação por “desacato” com base em seu questionamento sobre a falha de um policial em mostrar sua identificação quando dispersava o protesto pacífico.
Por favor, escreva imediatamente em português, inglês ou em seu próprio idioma:
-    Instando as autoridades a garantir uma investigação célere, meticulosa, independente e imparcial das alegações de abuso policial e uso excessivo da força contra manifestantes e jornalistas, incluindo Daniel Biral e Silvia Daskal, no episódio na Praça Roosevelt em São Paulo em 1º de julho de 2014;
-    Instando-os a garantir que todos aqueles detidos durante protestos, incluindo Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi, tenham total acesso à assistência legal e aconselhamento jurídico, e que advogados sejam autorizados a exercer suas funções profissionais sem intimidação, obstáculo ou interferência imprópria;
-   Instando-os a garantir o direito de reunião e manifestação pacífica e a parar de agir de forma a intimidar manifestantes pacíficos.

POR FAVOR, ENVIE OS APELOS ANTES DE 14 DE AGOSTO DE 2014 PARA:
Governador de São Paulo
Geraldo Alckmin
Palácio dos Bandeirantes
Av. Morumbi, 4500, Portão 3, 2º andar
São Paulo, SP, Brazil
CEP 05650-905
Telephone: +55 11 2193-8344,
+55 11 2193-8000 (Somente em português)
Twitter: @geraldoalckmin
 @governosp
Email: secretariaparticular@sp.gov.br
Saudação: Prezado Governador
Secretário de Estado de Segurança Pública
Fernando Grella Vieira
Rua Libero Badaró, 39, 12º andar, Centro
São Paulo, SP, Brazil
CEP 01009-000
Twitter: @SegurancaSP
Email: fernandogrella@sp.gov.br
seguranca@sp.gov.br
edsferreira@sp.gov.br
Saudação: Prezado Secretário
E cópias para:
Presidente da OAB/SP
Marcos da Costa
Endereço: Praça da Sé, 385, Centro, São Paulo, SP, Brazil
CEP 01001-902
Telefone: +55 11 3291-8100
Telefone do gabinete: +55 11 3291-8241 / 3291-8242 (Portuguese only)
Email: oabsp@oabso.org.br
Saudação: Prezado Presidente
INFORMAÇÃO ADICIONAL
Desde junho de 2013, milhares de brasileiros tomaram  as ruas em uma massa de protestos sem precedentes. Eles têm reclamado sobre o aumento do custo do transporte público, altos gastos com a Copa do Mundo e investimentos insuficientes em serviços públicos. Centenas ficaram feridas em diversas cidades espalhadas pelo país depois de a polícia militar atirar balas de borracha em pessoas que não apresentavam ameaça e a agrediu em indivíduos com cassetetes.
Em 5 de junho, uma semana antes da Copa do Mundo, a Anistia Internacional lançou o relatório ‘Eles usam uma estratégia de medo: Proteção do direito ao protesto no Brasil’ (disponível para download em português e inglês) que analisa o catálogo de abusos cometidos pelas forças de segurança no contexto de protestos pacíficos, prisões arbitrárias e o mal-uso de leis para impedir e punir aqueles que foram às ruas.  Esse relatório traz documentados os abusos sofridos por Daniel Biral, que é um advogado voluntário que fornece assistência jurídica gratuita a indivíduos  detidos durantes protestos em São Paulo. Somando-se ao abuso sofrido quando detido pela polícia, Daniel Biral foi advertido por um homem armado não identificado a parar de defender manifestantes logo depois de visitar um manifestante hospitalizado. Daniel Biral alega que o homem disse a ele para “largar o caso (do manifestante); a polícia está certa. Não se meta nesse caso. Homens ruins estão por aí com a autorização do estado e você sabe que homens ruins atiram”.
   
Muitos manifestantes, incluindo o advogado Daniel Biral, estão sob investigação pelo crime de “desacato” com base em declarações ou comentários feitos à polícia. A ofensa possui a pena de seis meses a dois anos de prisão. Advogados também têm sido supostamente presos sob essa norma – embora não sejam formalmente investigados – depois de questionarem a polícia sobre por quê manifestantes eram detidos. Advogados em São Paulo e no Rio de Janeiro que tem atuado no contexto dos protestos tem sido intimidado nas ruas. Eles também tiveram seu acesso negado a manifestantes detidos em diversas ocasiões quando eles visitaram distritos policiais. Normas de desacato contra autoridade são geralmente incompatíveis com o direito à liberdade de expressão.
 *Anistia.org