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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, maio 20, 2015
Rede Social Comunistas compartilhou a foto deVermelho à Esquerda.
O Movimento Negro Americano também está com a Nova Rússia na luta contra o Imperialismo da OTAN e o Nazismo Ucraniano!
Voluntários de Baltimore e Ferguson (EUA) em Donetsk (Nova Rússia).
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A história do uso cultural e espiritual da canábis
Postado por: Ícaro Rizzo
“Eu sou Jeová teu Deus, eis que te dou toda a planta que há sobre a terra, e que dá semente nela mesma, para que fazeis bom uso dela.” – Gênesis.
A prova da ingestão da Cannabis sativa mais antiga que se têm são as fezes fossilizadas de um membro de nossa espécie que contêm claramente vestígios de pólen de Cannabis. Este cropólito foi achado às margens do lago Baikal, localizado na Ásia Central, e datado em 10 mil anos.
É provável que a Cannabis tenha sido uma das primeiras plantas a serem domesticadas pelo homem há 20 mil anos – vários e fortes indícios levam a essa conclusão. Há 15 mil anos, acredita-se, a planta já era usada para a confecção de tecidos, cordas, fios, etc., no entanto, não se sabe se era já inalada ou ingerida deliberadamente com a intenção de alterar a consciência, em todo caso, há provas definitivas do uso cultural da Cannabis há 6.500 anos naquela que é considerada a mais antiga cultura neolítica da China chamada Yang Chao. Nessa cultura, as fibras da planta eram usadas na confecção de roupas, redes de pesca e caça, cordas, etc., sendo que as sementes eram usadas na alimentação na forma de farinha, bolos, pudins e outras preparações.
O livro de medicina mais antigo que se conhece, o Pên-Ts’ao Ching, remonta há 4 mil anos e fala do uso mágico das inflorescências femininas da planta: ” Se tomada em excesso produzirá a visão de demônios. Se tomada durante muito tempo ilumina seu corpo e o faz ver espíritos.”
Há 3.500 anos, o Atharva veda, livro sagrado dos Hindus, também se referia à Cannabis na forma de Bhang, preparação esta que incluía a resina da planta misturada com manteiga e açúcar. O Bhang era usado para “libertar da aflição” e para “alívio da ansiedade”. Ainda hoje o Bhang é consumido livremente em algumas partes da Índia pelos recém-casados na noite de sua Lua-de-mel, como afrodisíaco. A religião hinduísta acredita que a Cannabis é um presente dos Deuses. De fato, diz-se que a planta teve origem quando Shiva (uma das personalidades de Deus na tríade dessa religião), chegando a um banquete preparado por sua esposa Parvati, saliva ao ver tantas delícias e de sua saliva surge a planta abençoada.
Os Shaivas, devotos de Shiva, fumam continuamente a ganja (a planta feminina) com o charas (a resina das flores) para meditarem e se elevarem espiritualmente. Eles consideram que o chilum – o cachimbo onde a planta é fumada- é o corpo de Shiva, o charas é a mente de Shiva, a fumaça resultante da combustão da planta é a divina influência do Deus e o efeito desta, sua misericórdia.
Os Citas também faziam uso mágico-religioso da Cannabis. Esta era privilégio dos nobres que se reuniam para consumí-la em tendas especialmente construídas para esse fim. Essas tendas eram montadas sobre as areias do deserto e um grande buraco era aberto onde se queimavam toras de madeiras aromáticas. Quando estas estavam em brasa, três ou quatro pés da planta eram jogados inteiros no buraco que era então coberto com uma tampa feita de pele de carneiro, exceto por uma abertura em torno da qual os participantes se reuniam para gozarem dos vapores que se elevavam. Isso há 2.800 anos.
Os Assírios conheciam a planta a qual chamavam Kunubu ou Kunnapu, que veio dar no latim Cannabis. A planta era cultivada pelo rei, que a distribuía diariamente, junto com um litro e meio de cerveja, para todos os cidadãos, num claro exemplo de uso hedonístico, não anômico. As qualidades medicinais da planta estão descritas em escrita cuneiforme num dos livros mais antigos da humanidade e que fazia parte da Biblioteca de Assubarnipal há 2.700 anos. Este livro pode ser visto hoje no British Museum em Londres.
Entre os gregos, a Cannabis na forma de haxixe, era ingerida junto com ópio na célebre preparação descrita por Homero – chamada Nephenthes, que aliviava as dores, angústias e preocupações.
Devido à proibição do Corão ao uso do álcool, desde sempre o haxixe e a Cannabis têm sido o embriagante preferido dos povos islâmicos. Sendo considerada pura, a planta é passível de ser usada pelos crentes. A célebre seita dos haxixin, liderada pelo afamado Ai-Hassan lbn- Ai Sabbah, o velho da montanha, fazia uso da planta. Seu líder levava os membros a um recinto onde estes fumavam haxixe em meio a um lauto banquete servido por jovens e belas mulheres que lhes atendiam em todos os seus desejos. Após isto, o Velho da Montanha lhes dizia que assim gozariam do paraíso de Allah caso cometessem assassinatos políticos que favorecessem a seita. A palavra assassino tem origem a partir deste episódio, já que os membros da seita eram chamados de haxixin. É certo que os cruzados que os combateram aprenderam destes o uso do haxixe, levando-o consigo de volta à Europa.
Com a islamização do norte da África, a planta se espalha rapidamente por este continente e breve não só os povos islamizados dela fazem uso entusiástico como também as tribos animistas do resto da África.
Um rei africano apresentado à erva, converte-se a seu culto e a tribo passa a se chamar Bena Riamba – ” os irmãos da Cannabis”. Todo dia ao pôr-do-sol, os membros desta tribo se reúnem em roda no pátio central da aldeia para fumar a planta. Antes de passar o cachimbo, olham-se nos olhos dizendo: “Paz irmão da Cannabis”. Representantes desta tribo são até hoje encontrados na costa sul de Moçambique.
Assim como os Bena Riamba, muitas outras tribos se convertem ao uso da planta, incorporando-a em destaque no seu panteão. A palavra maconha, vem de Ma Konia, Mãe Divina, num dialeto da costa ocidental africana.
Apesar de saber que as caravelas portuguesas tinham seu velame e cordame feitos da fibra do cânhamo (Cannabis sativa), acredita-se que a Cannabis tenha sido introduzida no Brasil pelos negros escravos que para cá foram trazidos. Os nomes pelos quais a planta é conhecida aqui indicam tal fato, já que são todos nomes de origem africana- fumo d’angola, Gongo, Cagonha, Marigonga, Maruamba, Diamba, Liamba, Riamba e Pango. Este último vem do sânscrito Bhang, através do árabe Pang, até o africanismo pango.
De toda forma, a planta esteve desde o início associada à população de origem africana, sendo que a ampliação de seu uso, atingindo também aqueles de origem européia, era considerada por autores como Rodriques Dória como: ” uma vingança da raça dominada contra o dominador”.
Os cultos afro-brasileiros sempre utilizaram a Cannabis. Já no século XVIII, os relatos sobre os calundus- reunião de negros ao som de tambores- indicavam a presença da planta, que era inalada pelos participantes, deixando-os “absortos e fora de si”. Até a década de 30 do século XX, quando são legalizados os Candomblés e Xangôs, a Cannabis era constantemente apreendida nos terreiros junto com os objetos de culto. A Cannabis é considerada planta Exú, sendo consagrada a esta divindade.
Em 1830, a legislação do município do Rio de Janeiro punia o uso do “pito de pango”, como era conhecida a Cannabis, com pena de multa de 5 mil réis ou dois dias de detenção; esta foi nossa primeira lei a respeito da planta.
Nas décadas de 20 e 30 deste século, são produzidos os primeiros trabalhos científicos brasileiros a cerca do hábito de fumar maconha. Apesar de seus autores serem em sua quase totalidade médicos preocupados em justificar a proibição da planta, estes tinham um olhar etnográfico sensível, descrevendo com minúcias os rituais do “clube de diambistas, nome dado à associação de indivíduos com o intuito de fumar Diamba.. Os diambistas eram, preferencialmente, membros dos estratos mais baixos da população brasileira, em especial pescadores que se reuniam para fumar a erva cantando loas a esta. São dessa época os famosos versos: ” Diamba, sarabamba, quando fumo diamba, fico com as pernas bambas. Fica sinhô? dizô, dizô”. Termos utilizados pelos diambistas. como “fino”, “morra” e “marica” entre outros, são até hoje parte da gíria própria dos usuários.
A distribuição geográfica do consumo da Cannabis na época incluía Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e Bahia. Daí, pouco a pouco o hábito se espalha e a partir da década de 60, com a contra-cultura, passa a atingir outros estratos sociais. Atualmente, seu uso é amplamente disseminado entre as camadas médias urbanas.
Também os povos do novo mundo não ficaram imunes à Cannabis. Hoje em dia no Brasil, os Mura, os Sateré-Mawé e os Guajajaras fazem uso tradicional da erva. Os Guajajaras tem a planta em alta estima e sua presença na mitologia do grupo atesta à antiguidade de seu uso, que remeteria à segunda metade do século XVII. A planta é consumida no contexto xamânico, junto com o tabaco, para propiciar o transporte místico do pajé e na divinação. No contexto profano, a erva é inalada em grupo antes de trabalhos pesados nos multirões para dar disposição- indicando que a chamada síndrome amotivacional, associada à Cannabis- possa ser um fenômeno antes cultural do que uma decorrência dos seus princípios ativos. Os dados jamaicanos parecem confirmar essa tese, uma vez que nesse país a Cannabis é amplamente fumada por trabalhadores rurais como estimulante antes de trabalhos pesadoes e extenuantes.
Outros nativos das Américas também usam a Cannabis, entre os quais estão os índios Cuna do Panamá, que já possuíam escrita antes da chegada dos europeus, os índios Cora do México, e outros. Segundo uma comunicação pessoal do arqueólogo chileno Manuel Arroyo foram encontradas pinturas ruprestes naquele país, próximas a fronteira com a Argentina, feitas com tintas cujos pigmentos indicavam a presença de thc e que foram datadas em 12.000 anos. Isto sugere não só uma presença pré-colombiana da planta no continente, como também um uso mágico-religioso da mesma, aventando a hipótese de uma inspiração cannábica de uma determinada tradição artística indígena.
Hoje em dia existem religiões organizadas onde observa-se o uso da cannabis. Para os Rastafari da Jamaica, a planta é Kaya, a energia feminina de Deus. Seu uso diário naquilo que é chamado “Irie meditation”, a meditação da energia positiva, é justificado pelas seguintes passagens da Bíblia, no Gênesis:” Eu sou Jeová teu Deus, eis que te dou toda a planta que há sobre a terra, e que dá semente nela mesma, para que fazeis bom uso dela” e no livro das revelações, o Apocalipse, quando descreve o paraíso:” vi também a árvore da vida, cujas folhas são a cura das nações”.
Para a doutrina do Santo Daime, a planta é sagrada e identificada com Santa Maria, a mãe de Jesus (hoje não é mais assim devido a inquisição farmacológica e institucional, a dominação ideológica anti-natureza e há abusos que não cabe aqui tratar). Para consagrá-la, é necessário aderir a um uso cultural diferenciado, sendo a planta consumida exclusivamente durante os rituais, em silêncio, com o pito, a denominação nativa para baseado, passado sempre no sentido anti-horário, isto é, da direita para a esquerda.
Devido à longa história de associação entre nossa espécie e a Cannabis, esta apresenta um grande polimorfismo decorrente de inúmeras hibridizações levadas a cabo com a intenção de desenvolver plantas com qualidades desejadas. Sendo a planta dióica, ou seja, possuindo os sexos separados em duas plantas – uma macho e a fêmea, o gênero cannabis compreende três espécies distintas: sativa, indica e ruderalis. O famoso “Skunk”, híbrido, aparecido recentemente e já famoso, nada mais é do que o cruzamento de três diferentes linhagens- plantas afegãs indicas, plantas tailandesas indicas e por fim plantas mexicanas sativas. Estas plantas foram cross polinizadas dando origem a um cultivar que apresenta as seguintes características: necessita de pouca luz, matura depressa e produz resina abundante com um alto teor de THC.
Ao contrário do que se pensa, o princípio ativo da Cannabis não é um alcalóide, já que não apresenta nenhuma base nitrogenada, sendo antes um lipóide solúvel complexo, composto por vários isômeros de tetrahidrocanabinóis, cujo principal responsável pelos efeitos da planta é o 3-4-transtetrahidrocanabinol.
Sabia-se desde 1988 que nosso cérebro apresentava receptores autônomos para o THC, mas somente em 1994, com a descoberta da Anadenamida por Devane que se compreendeu pela primeira vez em detalhe o mecanismo de ação do princípio ativo da Cannabis. A anadenamida, palavra que vem do sânscrito Ananda, que quer dizer felicidade, revelou-se ser um neurotransmissor autônomo presente naturalmente no nosso cérebro regulando seu funcionamento e agindo como analgésico em momentos de stress do organismo. O THC, apresentando uma estrutura química semelhante à Anadenamida, encaixa antes dessa no neurorecptor, desencandeando a gama de efeitos típicos da planta.
Logicamente os efeitos da Cannabis não podem ser creditados exclusivamente às substâncias químicas que esta contém, sendo o resultado da interação de múltiplos fatores como biológicos- o peso corporal do indivíduo e sua condição física; os psicológicos- suas motivações e atitudes, personalidade, humor e lembrança de experiências passadas; efinalmente os sociais e culturais- a natureza do grupo de usuários e sua perfomance ritual, o sistema simbólico compartilhado, a expectativa do conteúdo visionário e os adjuntos não verbais, como músicas, incensos, etc., assim como o sistema de crenças e valores dos consumidores.
Recentes estudos sobre o mecanismo da atuação do THC nos sítios neuroreceptores do cérebro demonstraram a impossibilidade de adição química à substância devido a certas características de sua metabolização, sendo, portanto, uma substância “não viciante” no sentido clássico da palavra. Muitos mitos em relação à planta têm caído por terra ultimamente, á medida em que estudos com maior seriedade científica começam a ser divulgados. Recentemente a OMS (organização mundial de saúde) realizou uma pesquisa na qual chegou à conclusão que o uso recreacional da maconha traz menos malefícios à saúde pública do que o álcool e o tabaco. O valor terapêutico da planta, desde milênios conhecido da humanidade e desde já algumas décadas reconhecido pela comunidade científica, começa agora a sensibilizar os governos de alguns países como a Inglaterra e alguns estados americanos como a Califórnia, Oregon, Arizona e outros, que liberaram o uso medicinal da Cannabis.
A legislação brasileira em relação à Cannabis necessita, em face do exposto, ser repensada. Antes de mais nada, a luta pela legalização é uma luta pela ampliação das liberdades individuais. O código penal brasileiro não prevê pena para crime de auto-lesão, é por isso que o suicídio(ou sua tentativa) é inimputável. Ora, uma vez que o fumante de maconha em última análise só está fazendo mal a si mesmo, é uma contradição, pois, que seja punido por seu ato. A repressão ao consumo da Cannabis no Brasil esteve ligada, em seus primórdios, à tentativa de suprimir os elementos africanos da religiosidade popular, sendo então sua proibição historicamente ligada à tentativa de cercear a liberdade religiosa. A perseguição implacável da Polícia Federal aos Guajajaras e as periódicas batidas nas aldeias são uma afronta à liberdade de auto-afirmação étnica deste grupo indígena. A negação por parte do nosso governo do uso medicinal da Cannabis é um atentado a saúde pública, impossibilitando a cura e o alívio de muitos, que vêem sabotada a sua liberdade de viver.
A ameaça velada de enquadramento por apologia a todos aqueles que, em alguns casos, só pronunciam a palavra proibida-“maconha” é um entrave a uma das liberdades mais fundamentais- a liberdade de expressão.
Por último, mas não menos pior, a proibição do uso recreacional da maconha é uma herança sombria da tradição judaico-cristã. que penaliza o prazer, implicando numa restrição a liberdade do gozo, da fruição dionisíaca, do lazer em suma.
Pedro Fernandes Leite da Luz
Ph.D. em Antropologia – UFSC
Ph.D. em Antropologia – UFSC
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