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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Desmatamento na Amazônia é o menor em 23 anos

Desmatamento na Amazônia tem queda recorde e é o menor em 23 anos
Número representa queda de 13,6% sobre estimativa do ano passado.
Do Globo Amazônia, em São Paulo e Brasília

O ritmo do desmatamento da Amazônia alcançou seu menor nível desde 1988, batendo novo recorde em relação ao ano passado.

Segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (1º), o dado mais recente de desmatamento na Amazônia representa redução de 13,6% em relação à área devastada no ano passado, quando 7.008 km² de mata foram derrubados.

A área desmatada no bioma é a menor desde 1988, quando as estatísticas começaram a ser feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulga nesta quarta o desmatamento anual computado pelo Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).



Altamiro Borges: Marcelo Madureira e o fim do Casseta & Planeta


Para a tristeza dos tucanos e de outros bichos da direita nativa, a Central Globo de Comunicação informou na sexta-feira (26) que o programa Casseta & Planeta Urgente, exibido há 18 anos pela emissora, sairá do ar no final de dezembro. O elenco até tentou maquiar o enterro, informando em seu sítio que tiraria "férias". Mas os patrões confirmaram que as férias serão eternas, que o programa chegou mesmo ao fim.

Por Altamiro Borges, em seu blog

Segundo o grupo, um novo projeto humorístico poderá entrar no ar no segundo semestre de 2011. Não há ideia de que como será. "Se a gente tivesse uma não precisaríamos sair dessa forma", relatou Hélio de la Peña, em entrevista ao G1. Ele explicou que o fim do Casseta, que era transmitido às noites das terças-feiras, ocorreu após um período de "inquietação do grupo" e não teve relação com alguma decisão da TV Globo.

Amarga queda de audiência

De acordo com o sítio da Folha, porém, a decisão de encerrar o programa não foi tão amigável assim. Parece que nem a TV Globo aguentava mais o "humor" do elenco. Nos últimos meses, o humorístico amargava uma das piores audiências da década, chegando a registrar médias na casa dos 20 pontos (cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande SP). Há dois anos, ele registrava 30 pontos de média.

O grupo poderia aproveitar as "férias" para analisar o "humorismo" de alguns de seus integrantes, em especial do bravateiro Marcelo Madureira. Na fase recente, ele se transformou num ícone da direita brasileira. Virou estrela do Instituto Millenium, uma organização golpista que reúne os barões da mídia e outros ricaços. Deu várias declarações fascistóides contra o governo Lula e a candidata Dilma Rousseff.

Bico de "bobo da corte"

Com o fim do Casseta, Madureira até poderia fazer um bico junto ao seu candidato derrotado. Seria o bobo da corte para alegrar as noites de Serra, um ranzinza que ficou ainda mais deprimido com o resultado das eleições e das brigas internas no PSDB.

CARLOS VEREZA , MERVAL PEREIRA , MARCELO MADUREIRA E DIOGO MAINARDI , NÃO ESTÃO NA LISTA DOS GRANDES PENSADORES GLOBAIS

As aparências enganam



As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam

Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões

Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague

se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são

O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação

Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver

As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam

Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões

Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele

Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser

Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar

Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor

As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam

Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões

Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno

Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali

Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera

No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

Composição: Sérgio Natureza/Tunai
*umpoucodetudodetudoumpouco

Cio da Terra


Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão

Composição: Milton Nascimento e Chico Buarque  

*umpoucodetudodetudoumpouco

Perdemos um dos grandes, Mario Monicelli

Morre Cineasta




O diretor Mario Monicelli 
Dentre as grandes figuras do cinema italiano, é sempre comum se colocar Vittorio DeSica, Luchino Visconti e Federico Fellini como os três maiores nomes do neo-realismo e depois da comédia a La italiana.  Eu acrescentaria um quarto nome Mario Monicelli, especialmente popular no Brasil onde seus filmes fizeram muito sucesso (como Parente é Serpente, Quinteto Irreverente).


Agora chega a notícia da morte trágica dele, que aos 95 anos e até pouco tempo ainda fazendo filmes, suicidou-se pulando da janela de seu hospital em Roma, San Giovanni, onde se tratava de câncer na próstata terminal, abreviou seu sofrimento.

Monicelli era um senhor ranzinza, que não demonstrava na vida o humor de seus filmes (ele apareceu como ator simbolizando o cinema italiano como o velho que aparece ao final em Sob o Sol da Toscana, com Diane Lane, que finalmente a cumprimenta ao final do filme). Era um realizador brilhante de longuíssima carreira e mais uma enorme perda para o cinema.
Monicelli, Mario
(1915-2010). Os italianos (e Monicelli) foram um dos poucos povos a saberem rir de si próprios, de suas mazelas, suas vergonhas. Mas sempre de forma muito humana, muito sensível. Foi também dos poucos a saber como fazer a passagem do Neo Realismo para a Comédia à La Italiana.
Nascido em Viareggio, em 16 de maio, filho de um crítico teatral e jornalista Tommaso. Foi crítico de cinema desde 1932 e teve sua primeira experiência prática dois anos depois dirigindo com o amigo Alberto Mondadori, o curta Cuore Rivelatore. Estudava literatura e filosofia na Universidade de Roma quando se interessou por cinema, ganhando em 1935 um prêmio em Veneza por I Ragazzi della Via Paal, rodado em 16mm.
Poucos sabem que em 1937 dirigiu um primeiro longa metragem, Pioggia D’estate, usando o pseudônimo de Michele Badiek. Foi assistente de Gustav McCathy e a partir de 1949 formou com Steno uma dupla de roteiristas (e depois diretores) especializados em comédias.
Fez mais de 50 filmes como roteirista de Pietro Germi, Mario Soldati, Mario Camerini e outros. Quando se separou de Steno, em pouco tempo revelou seu talento com a sátira clássica Os Eternos Desconhecidos. Mas seus melhores filmes continuam a ser O Incrível Exército de Brancaleone,A Grande Guerra (Grande Prêmio em Veneza) e principalmente Os Companheiros, obra prima do cinema político, construído em cima de uma greve de operários. Concluiu Amici Miei depois da morte de Pietro Germi (1974).
Dentro da decadência do cinema italiano, foi um dos poucos cineastas a continuar a trabalhar, sempre com projetos ambiciosos. Ganhou o Leão de Ouro em Veneza pela carreira em 1991 e pelo filme A Grande Guerra. Também foi Melhor Diretor em Berlim, três vezes, por Pais e Filhos (1956),Carol Michele (1976) e Il Marchise del Grillo (1982). Foram indicados ao Oscar de filme estrangeiro, A Grande GuerraOs CompanheirosA Garota com a Pistola.
Também dirigiu para o teatro (Rosa, 1981; Gianni Schicchi, 1983), escreveu comédias (La Piccola Satzione di Campagna, 1950), realizou filmes para a TV e foi, ocasionalmente, ator (Sono Fotogênico, 1980.L’Allegro Marciapiedi dei Delitti, 1979). No Brasil, houve o inesperado sucesso de crítica e público da comédia de humor negro, Parente é Serpente (onde os filhos tentam se livrar dos velhos pais incômodos que insistem em não morrerem) o que possibilitou a estreia de seus dois filmes seguintes e demonstrou que ele não tinha perdido nada de seu talento.  Voltou a filmar com mais de 90 anos, com  Le Rose del Deserto. Planejava refilmagem de Brancaleone como curta –metragem (aparentemente concluído).
*tudoemcima