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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 02, 2011

Crise sistêmica global


Fusão explosiva entre a desarticulação geopolítica e a crise econômica-financeira mundial
por GEAB [*]
Desde há mais de um ano, o LEAP/E2020 identificou o segundo semestre de 2011 como um novo momento decisivo na evolução da crise sistêmica global. À imagem da nossa antecipação de Fevereiro de 2008, que havia previsto para Setembro desse ano uma grande comoção afetando a economia americana, nossa equipe confirma neste GEAB nº 55 que doravante estão reunidas todas as condições para que o segundo semestre de 2011 seja o teatro da fusão explosiva das duas tendências fundamentais que subjazem à crise sistêmica mundial, a saber: a deslocação geopolítica global, por um lado, e a crise econômica e financeiro global, por outro.
Desde há vários meses, com efeito, o mundo experimenta uma sucessão quase ininterrupta de choques geopolíticos, econômicos e financeiros que segundo o LEAP/E2020 constituem os sinais precursores de um grave acontecimento traumático que analisamos neste número do GEAB.
Paralelamente, a partir deste momento o sistema internacional ultrapassou a etapa do enfraquecimento estrutural para entrar numa fase de derrocada completa em que as antigas alianças se desmoronam enquanto novas comunidades de interesse emergem muito rapidamente.
Finalmente, toda esperança de retomada econômica mundial significativa e durável a partir de agora desvaneceu-se [1] ao passo que o endividamento do pilar ocidental, em particular dos Estados Unidos, atingiu um patamar crítico sem equivalente na História moderna [2] .
O catalisador desta fusão explosiva será certamente o sistema monetário internacional, ou antes, o caos monetário internacional que se agravou ainda mais desde a catástrofe que atingiu o Japão em Março último e diante da incapacidade dos Estados Unidos para enfrentar a exigência da redução imediata e significativa dos seus déficits imensos.
O fim da Quantitative Easing 2, símbolo e fator da fusão explosiva em preparação, representa o fim de uma época, aquele em que o "US dólar era a divisa dos Estados Unidos e o problema do resto do mundo": a partir de Julho de 2011, o US dólar torna-se abertamente a principal ameaça que pesa sobre o resto do mundo e o problema crucial dos Estados Unidos [3] .
O Verão de 2011 vai confirmar que a Reserva Federal dos EUA perdeu a sua aposta: a economia estado-unidense de fato jamais saiu da "Muito Grande Depressão" [4] em que havia entrado em 2008 apesar dos milhões de milhões de dólares injetados [5], como sabe igualmente a imensa maioria dos americanos [6]. Sem poder lançar (mesmo oficiosamente, através dos seus Primary Dealers, como fazia de fato enquanto o mundo não acompanhava muito atentamente o mercado do Títulos do Tesouro dos EUA), o Fed vai portanto contemplar impotente a subida das taxas de juros, a explosão do custo dos déficits públicos estado-unidenses, o mergulho numa recessão econômica agravada, o afundamento da cotação das bolsas e um comportamento errático do US dólar, evoluindo a curto prazo como dentes de serra, ao sabor das influências destes diferentes fenômenos, antes de cair brutalmente em 30% do seu valor como antecipámos no GEAB nº 54 [7] .
Paralelamente, a Eurolândia, os BRICs e produtores de matérias-primas vão rapidamente reforçar suas cooperações lançando uma última tentativa de salvamento das instituições internacionais saídas de Bretton Woods e do mundo dominado pelo tandem EUA/Reino Unido. Esta será a última uma vez que é ilusório imaginar Barack Obama, que não demonstrou nenhuma envergadura internacional até o presente, faça prova de uma estatura de estadista e assuma grandes riscos políticos a um ano de uma eleição presidencial.
Barreiras, proteções, embargos à exportação, diversificação das reservas, frenesi em torno das matérias-primas, inflação em alta geral, ... o mundo prepara-se para um novo choque econômico, social e geopolítico.
A China acaba de anunciar que interrompeu todas as suas exportações de diesel para tentar travar uma alta do preço do carburante que recentemente provocou uma série de greves dos transportes rodoviários [8] . Que os países asiáticos que dependiam destas exportações chinesas se desenrasquem, tanto mais que o Japão agiu do mesmo modo na sequência da catástrofe de Março último!
A Rússia cessa igualmente de exportar certos produtos petrolíferos para limitar penúrias e altas de preços internos [9], travagem de exportação que se acrescenta à dos cereais decretado já há vários meses.
Por toda a parte do mundo árabe a instabilidade continua a prevalecer sobre o pano de fundo do encarecimento dos gêneros de base [10] , ao passo que as interrogações sobre a dimensão das reservas e das capacidades de produção da Arábia Saudita retornam ao primeiro plano [11] .
Nos Estados Unidos, o mais pequeno acontecimento climático que saia do habitual provoca logo riscos de penúria devido à ausência de "colchões" de segurança do sistema de abastecimento, a não ser que se recorra à contribuição dos stocks estratégicos [12] . Durante este período, a população reduz suas despesas alimentares para poder encher o reservatório dos seus carros com um galão a mais de 4 dólares [mais de US$1,06 por litro] [13] .
Na Europa, a diminuição da cobertura social e as medidas de austeridade extrema postas em prática no Reino Unido, na Grécia, em Portugal, na Espanha, na Irlanda, ... fazem explodir o número de pobres.
A União Europeia acaba de reforçar mais ou menos subrepticiamente seu arsenal aduaneiro para resistir às importações vindas sobretudo da Ásia. Por um lado, ela revê toda a sua panóplia de medidas de preferência alfandegária para eliminar todos os países emergentes, China, Índia e Brasil à cabeça. Por outro, aprovou discretamente no fim de 2010 uma medida que facilita a execução de medidas anti-dumping e de salvaguarda uma vez que doravante uma maioria simples bastará para aprovar uma tal proposta da Comissão ao passo que anteriormente era preciso uma maioria qualificada muitas vezes difícil de reunir [14] .
Paralelamente, os bancos centrais continuam a comprar ouro [15] , a anunciar mais ou menos claramente que diversificam a suas reservas [16] enquanto tomam medidas cada vez mais incoerentes e perigosas, aumentando as taxas para conter a inflação num contexto de economias frágeis ou em recessão, a fim de conter o afluxo de liquidez gerado pela política da Reserva Federal dos EUA [17] . Para parafrasear o título do artigo de Andy Xie, publicado no Caixin de 22/Abril/2011, "A subida da inflação enlouquece os banqueiros centrais" [18] .
Do lado americano, já se está efetivamente no surrealismo mais completo: no momento em que o país atinge níveis de endividamento insuportáveis, os dirigentes de Washington transformaram esta temática numa questão eleitoralista, como ilustra a questão do teto de endividamento federal que será atingido a partir de 16 de Maio [19] . As comparações com os anos Clinton abundam na imprensa americana e financeira internacional, quando um problema do mesmo tipo se havia colocado sem grandes consequências. Visivelmente, uma parte importante das elites estado-unidenses e financeiras ainda não integraram o fato de que, ao contrário dos anos 90, os Estados Unidos de hoje são vistos como o "homem doente do planeta" [20] que com cada sinal de fraqueza ou de incoerência grave pode desencadear pânicos incontrolados.
Banqueiros centrais em loucura, líderes mundiais sem mapa do caminho, economias em perigo, inflação em alta, divisas em perdição, matérias-primas frenéticas, endividamento ocidental descontrolado, desemprego no mais alto nível, sociedades estressadas, ... não há dúvida, a fusão explosiva de todos estes fenômenos será certamente o acontecimento marcante do segundo semestre de 2011!
Notas: (1) O Telegraph de 05/05/2011 apresenta uma lista interessante das 10 razões que provam que a economia mundial está novamente a afundar-se. (2) O gráfico abaixo ilustra como, conforme recomendámos desde há mais de três anos, o cálculo dos grandes indicadores econômicos descontando o efeito dólar dá uma visão do mundo muito diferente dos indicadores calculados em dólar. Assim, enquanto calculadas em dólar, as estimativas da ultrapassagem dos Estados Unidos pela China remetem para datas em 2030, 2040 e mesmo 2050, o FMI estima em 2016 ... ou seja, quase hoje desde que se faça abstração deste "padrão" que muda todos os dias! (3) Sinal dos tempos: o Financial Times, apesar de especializado em manchetes sobre o fim do Euro desde há mais de 18 meses, publica em páginas internas (mais discretas) um artigo de 11/05/2011 intitulado "O dólar enfrenta um perigo muito mais grave que o euro". Enquanto The Age e o Wall Street Journal de 23/04/2011 consideram que a economia estado-unidense doravante está quase na mesma situação que a da Grécia. (4) A ilustração mais flagrante do prosseguimento desta "Muito Grande Recessão", como a denominámos há quatro anos, é que a crise imobiliária recomeçou mais pujante. Os preços estão em vias de ultrapassar novamente os "pisos" atingidos em 2009, mergulhando dezenas de milhões de americanos em situações econômicas e financeiras dramáticas. Mesmo os mais otimistas não vêm o fim da queda antes de 2012. Ora, como já explicámos no GEAB anterior, o imobiliário é o terreno sobre o qual foi construída toda a estimativa do valor atual da economia estado-unidense. A continuação do afundamento do preço imobiliário é a continuação da depressão econômica. Fonte: MarketWatch , 09/05/2011 (5) A sociedade de análise econômica Fathom calculou que os quatro principais bancos centrais mundiais (Fed, BCE, Banco do Japão e Banco da Inglaterra) injetaram diretamente US$5000 mil milhões na economia mundial durante os anos 2008-2010 (isso não inclui as recentes injeções maciças japonesas pós-catástrofe, nem todas as medidas de garantia de todo gênero que acompanharam estas medidas). Isso representa aproximadamente 10% do PNB mundial com o resultado que se conhece: um endividamento público gigantesco, um endividamento privado que realmente não diminuiu e economias que apenas progridem ou estão novamente em recessão. Fonte: Telegraph , 26/04/2011 (6) 80% dos americanos consideram que a economia vai mal. Só 1% pensa que ela vai muito bem (eles devem trabalhar na Wall Street). Fonte: CNNMoney , 09/05/2011 (7) O fim da QE2 significa que o mercado dos Títulos do Tesouro dos EUA de fato já não tem mais compradores (uma vez que o Fed compra o essencial dos Títulos do Tesouro emitidos desde o fim de 2010 (pelo menos); o que, a propósito, torna completamente surrealistas os artigos e análises atuais sobre a colocação das emissões de Títulos do Tesouro dos EUA. É a evidência da "iliquidez" efetiva do mercado dos Títulos do Tesouro, quando a sua própria importância está condicionada ao seu estatuto de mercado mais líquido do mundo, que desempenhará o papel de transmissão entre o QE2 e a queda do dólar, pois esta situação implicará uma aceleração brutal da saída dos operadores para fora do mercado dos T-Bonds, principal ativo denominado em dólares. O fenômeno provocará num primeiro momento uma necessidade agravada de dólares US, depois muito rapidamente uma oferta excessiva de dólares à venda. É o timing destes dois fenômenos que vai condicionar a evolução da divisa estado-unidense em relação às outras grandes divisas e ao ouro no decorrer do segundo semestre de 2011.
(8) Fonte: BusinessInsider , 14/05/2011
(9) Fonte: France24 , 28/04/2011
(10) A respeito disso, a informação de como o fundador da ex-sociedade de mercenários BlackWater foi recrutado pelos Emirados Árabes Unidos para constituir um exército de mercenários destinado a proteger o país de qualquer ataque externo ou tumulto interno, ilustra a instabilidade crescente das monarquias petrolíferas e o fim da confiança na proteção americana. Dito isto, confiar em mercenários ocidentais é uma grande prova de ingenuidade, ou então de desespero. Fonte: New York Times, 14/05/2011
(11) Fonte: Le Monde , 25/04/2011
(12) Último exemplo até à data: a atual cheia histórica do Mississipi. Fonte: Bloomberg, 13/05/2011
(13) Fonte: New York Times , 12/05/2011
(14) Fonte: Sidley , 28/02/2011
(15) E pode-se compreende-los. Com efeito, quando se ouve Timothy Geithner, o ministro americano das Finanças, martelar que os Estados Unidos jamais tentarão desvalorizar o dólar para ganhar uma vantagem competitiva, parece que sonhamos. Todo o mundo o escuta polidamente, considera todas as outras razões (a começar pela dívida) pelas quais os Estados Unidos estão de fato empenhados nesta desvalorização e, consequentemente, compra ouro ou diversifica suas reservas fora do dólar. Assim, os bancos centrais da Rússia, do México, da Tailândia, continuam a comprar ouro. E Hong Kong (portanto a China) lança um ataque direto ao monopólio do Comex Gold Futures lançando seus próprios contratos de quilo de ouro. Fonte: MarketWatch , 26/04/2011; Bloomberg , 04/05/2011; Zerohedge, 08/05/2011
(16) A China continua assim a desembaraçar-se suavemente dos seus títulos dos EUA e encara mesmo diversificar dois terços dos seus haveres denominados em dólares, ou seja, US$2000 mil milhões. Fontes: CNS , 29/04/2011; Zerohedge , 24/04/2011
(17) Com efeito, apesar das manipulações de toda espécie dos números do desemprego nos EUA, Ben Bernanke vê-se obrigado a constatar que é preciso continuar a sustentar artificialmente a economia estado-unidense. Seja o que for que ele diga, com o fim da QE2 e sem perspectiva crível de QE3, a economia estado-unidense vai se encontrar pela primeira vez desde há três anos sem estímulo importante como confirma Jeffrey Lacker, o presidente do Fed de Richmond. O segundo semestre vai portanto ser um teste direto do desempenho de uma "economia zumbi", sem força de energia externa. Fontes: Bloomberg, 05/05/2011; MarketWatch , 10/05/2011
(18) Em todo caso, não todos eles pois na Ásia estão bem encaminhadas as discussões para aumentar e reforçar rapidamente os fundos e mecanismos comuns de apoio para enfrentar um novo choque comparável àquele de Setembro de 2008. Como a Eurolândia, a Ásia se desenvencilha cada vez mais do sistema financeiro americano em que se centrava no período anterior a 2008. E para além dos acordos financeiros, é toda a região, sob o impulso da China, que está em vias de se integrar e inclusive em termos de redes de transportes. Fontes: AsahiShimbun , 06/05/2011; ChinaDaily, 30/04/2011; AsahiShimbun, 06/05/2011
(19) O Tesouro americano prepara-se igualmente para um bloqueio sobre esta questão ao passo que a mesma parece querer ser utilizada pelos republicanos até à eleição de 2012. Não há dúvida que o sistema financeiro mundial se terá pronunciado antes desta data! Fontes: Christian Science Monitor, 10/05/2011; Washington Post , 27/04/2011 (20) E não são as pantominas mediáticas do tipo do assassinato de Ben Laden que vão mudar grande coisa nesta situação. A incrível confusão mediática que rodeou este episódio ilustra de fato que, mesmo no seu último terreno privilegiado, a comunicação, o grande know-how de Washington já não é senão a sombra do que foi. O único resultado durável da operação Ben Laden é que as "teorias do complot" doravante são debatidas em direto nas grandes mídias e que as incoerências das versões oficiais da história são acusadas de as alimentar.
15/Maio/2011
[*] Global Europe Anticipation Bulletin
O original encontra-se em http://www.leap2020.eu/... . Tradução de JF. http://resistir.info/

Hay que despedir al secretario general de las Naciones Unidas


Ban Ki-moon apoya la violación del derecho internacional en el caso de la Flotilla de la 

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Charge do Dia

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quarta-feira, junho 01, 2011

Assange, do Wikileaks: Brasil é um poder alternativo


A RevistaTrip publica uma fantástica entrevista com Julien Assange, fundador e dirigente da Wikileaks, que se tornou conhecido no mundo inteiro depois da divulgação, em abril do ano passado, de um vídeo secreto registrando o ataque de um helicóptero americanos a civis no Iraque, que a gente, modestamente, se orgulha de ter publicado no mesmo dia, antes de que o assunto ganhasse repercussão na mídia brasileira e, até, publicado no dia seguinte  uma versão legendada no Youtube. (Desculpem o “autocomercial”, mas foi uma lenha para fazer isso)
Destaco aqui um trecho da entrevista – que pode ser lida aqui, na íntegra – e o vídeo com trechos dela, exibido pela revista, que faz um ótimo trabalho e, ao contrário da nossa TV pública – já entendeu que distribuir na rede não é “perder audiência”, mas prestar um serviço público de informação e ganhar credibilidade.
O Brasil foi escolhido para estar entre os cinco ou seis países que fizeram parte da primeira fase de divulgação dos documentos da diplomacia americana. Qual a importância do país para você?
O Brasil é um poder alternativo bem interessante na região, a ponto que, nas Américas, há os Estados Unidos e há o Brasil. Vocês são indiscutivelmente a nação mais independente da região fora os Estados Unidos, e isso traz um equilíbrio de poder vital. Por isso é tão importante que o Brasil mantenha sua influência e siga caminhando na direção certa, até porque, se for na direção errada, desestabiliza toda a América do Sul. O país tem também sua própria cultura e, como no caso da Alemanha, tinha a questão da língua, o português, que é importante estar representada. E havia ainda a formação do atual governo. Sabíamos que o novo ministério seria nomeado em janeiro, então era importante para nós soltar o material antes disso, antes do fim do governo Lula. Assim qualquer eventual impacto chegaria a tempo, na hora certa.
Por que essa preocupação com um eventual impacto político?
Essa é a nossa missão! As fontes que nos passam documentos esperam isso, sempre prometemos impacto máximo de todo material. É o que tentamos fazer em todo lugar, e no Brasil também
*Tijolaço

De Sanctis denuncia os
“brilhantes” “mercadores da Ética"


De Sanctis: por instituições soberanas de credibilidade restaurada

O corajoso Juiz Fausto De Sanctis apurou R$ 1 milhão 600 mil ao vender os bens do traficante colombiano Abadia.

(Imagine quanto apuraria se vendesse os do passador de bola apanhado no ato passar bola !)

Doou o dinheiro à Polícia Federal de São Paulo, que equipou sua custódia – onde o Daniel Dantas, a irmã do Dantas, o Maluf e o Naji Nahas estiveram presos – com 240 câmeras de alta definição que aproximam 30 vezes e uma sala de controle de movimentos internos com telas de tevê de plasma.

Era uma custódia desequipada.

Com os dois HCs Canguru obtidos em 48 horas, o passador de bola apanhado no ato de passar bola não precisou nem de cogitar de fugir – mas, tal a fragilidade da custódia, isso teria sido possível

A PF de São Paulo, em agradecimento, homenageou De Sanctis que, como se sabe, além de prender Daniel Dantas e Naji Nahas, prendeu o Abadia, o Edmar Cid Ferreira, a máfia do futebol e a do Corinthians (já que se fala tanto de FIFA e CBF, instituições congêneres).

Como prêmio à sua carreira na Vara de Crimes do Colarinho Branco na Justiça Federal de São Paulo, ele foi promovido a juiz de litígio dos velhinhos com o INSS, depois de sobreviver a uma pesada artilharia contra ele movida pelo ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*)

Viva o Brasil !

Leia o discurso de agradecimento de De Sanctis.

Veja que ele defende a inamovibilidade da Polícia Federal, para que ela deixe de ser do Estado e volte a ser republicana, para o povo, como nos tempos do ínclito delegado Paulo Lacerda.

De Sanctis denuncia as artimanhas dos “mercadores da Ética”.

Os que criticam a Justiça de primeira instância – como Dantas, que sempre preferiu as “lá de cima”, onde ele tem “facilidades”, segundo o jornal nacional.

Aqueles advogados (sempre em grande quantidade) que consideram seus clientes invariavelmente “honestos” e “brilhantes”.

(“Brilhante”, por coincidência, é como Fernando Henrique Cardoso se refere a Daniel Dantas.)

Fala das redes intrincadas de interesses cruzados que trabalham de forma organizada.

Com o país à deriva, diante de tanta corrupção, De Sanctis considera que só um retorno à credibilidade das instituições soberanas concebidas para servir ao povo pode nos salvar.

Leia a íntegra do discurso.

Especialmente nas entrelinhas, onde o amigo navegante reencontrará vários personagens da crônica policial e judicial:

DISCURSO NA POLÍCIA FEDERAL
01.06.2011


Exmo. Sr. Superintendente Regional da Polícia Federal Dr.Roberto Ciciliati Troncon Filho

Demais autoridades presentes

Sras. e Srs.

Meu cordial bom dia a todos,


Inicialmente gostaria de parabenizar o Dr. Roberto Ciciliati Troncon Filho pela merecida posse no cargo de Superintendente Regional da Polícia Federal no Estado de São Paulo. Conheço seu trabalho de longa data e posso afiançar sua dedicação e seriedade no trato das questões envolvendo a Polícia Federal.


Esta instituição deve ser motivo de orgulho do povo brasileiro porquanto vem cumprindo suas atribuições, que não se confundem com as da Justiça Federal, muito menos do Ministério Público Federal.


Nesse relacionamento não existe sujeição, mas atribuições constitucionalmente previstas, apesar de os objetivos serem comuns. O resultado do serviço executado com correção somente é decorrente do bom trabalho realizado por todos, sem que um substitua o outro. Polícia é polícia. Ministério Público é ministério público. E, juiz é juiz. Todos são insubstituíveis e fundamentais.


Se ao juiz não cabe examinar fatos como se polícia ou acusação fosse, de igual modo não pode o ministério público atuar como juiz ou polícia. Ora, também a polícia não pode apreciar fatos como se ministério público ou juiz fosse.


Fatos graves que estão sendo veiculados constantemente no país, e devem causar indignação, tristemente são objetos de conclusões preconcebidas de que não constituem infrações administrativas ou penais, apesar de sua aparente envergadura.


O que pensar o cidadão quando não constata concretamente a atuação soberana das instituições que idealizou para o bem comum?


É urgente a reflexão.


Ao longo do tempo a Justiça Federal cresceu e se aparelhou, muitas vezes, graças à colaboração de diversos órgãos e entidades, ora com o concurso do Governo do Estado (como, por exemplo, a implementação da transmissão eletrônica das audiências criminais), ora com o auxílio de governos locais ou autarquias federais (permitindo a instalação de varas federais), tudo com o objetivo de facilitar e aproximar os trabalhos judiciais, de molde a ser acessível ao maior número de pessoas e de maneira a corresponder às expectativas institucionais e às dos cidadãos.


Todavia, a agilidade e a acessibilidade ao serviço judicial ocasionam a sobrecarga e a cobrança dos trabalhos a ele correlatos, como também do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, os quais, de igual modo, devem corresponder, à altura, às nobres tarefas que lhes foram constitucionalmente atribuídas.


Instituições e agências governamentais, com competências determináveis, apesar dos objetivos comuns, por vezes, complicam o tradicional panorama teórico das administrações públicas, quando existe uma babel e uma sobreposição de funções e de afetações de egos.


Não basta que seja reunida unicamente a vontade dos que atuam ou desejam atuar em colaboração ao trabalho da Justiça, mas que sejam agregadas, de fato, condições culturais, políticas e materiais para possibilitar a aplicação de uma jurisprudência estável que respeite as instituições democráticas, a primazia do Direito, a observância aos direitos humanos e a proteção das minorias.


A interpretação individual, extraída do contexto da responsabilidade ético-jurídica de atuação com a envergadura da busca da verdade, não altera o status quo, antes, o confirma, apesar de nadarmos num mar de desigualdades, inseguranças e medo.


A implementação de um espaço de liberdade e justiça deve constituir um dos principais objetivos a serem perseguidos, de molde que todos sejamos corresponsáveis no emprego de esforços ao combate e à prevenção da criminalidade e no estabelecimento de um “alto” nível de segurança dos cidadãos.


Para tanto, não há espaço para clubes fechados, que desprezem uns aos outros, apenas observando suas próprias virtudes, num processo de autoglorificação que mediocriza, humilha e deslegitima.


Um pequeno, mas importante passo foi dado, com a valiosa colaboração dos funcionários da 6ª Vara Criminal Federal especializada, permitindo destinar, ora provisoriamente ou não, e desde 2007, veículos, TV, aparelhos de ginástica e outros bens, além de R$1.600.000,00 para prover a segurança indispensável da sede da Polícia Federal de São Paulo que, apesar de relativamente nova, não foi idealizada e concebida com a preocupação que sua natureza impõe.


A Prestação de Contas do dinheiro recebido, além do que assistimos hoje aqui, demonstrou adequadamente o emprego dos recursos para os fins públicos almejados.


É difícil imaginar no Brasil atuação da Justiça que reverta em algo concreto à sociedade de forma tão célere e eficaz. Um trabalho protocolar e sistêmico jamais levaria ao resultado que ora constatamos se não houvesse a tomada firme de ações e a confiança mútua nas instituições.


Neste sentido, merece aqui ser lembrada a lição de Fernando Pessoa quando sustenta que:


“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”


Mas, o grande legado, o verdadeiro fruto do que hoje aqui se vê, decorre da atitude positiva e determinada na direção de um espaço bem protegido. Nessa equação há dependência e necessidades de parte a parte, já que resgata a plena confiança no sistema e confere segurança a todos os milhares de cidadãos que aqui comparecem. Cada um, a seu modo, com suas carências e limitações, deve atuar para servir ao bem comum e à lei.


Não haveria, pois, provedor e provido porquanto os verdadeiros beneficiados são os jurisdicionados, fonte e destino do real interesse público.


O usufruto deste espaço significa um virar de página que estimulará, espero, a sequência das páginas seguintes. A colaboração da Justiça representa também o reconhecimento do sério trabalho policial desenvolvido de forma que este não se interrompa, mas se perpetue sob um novo e também importante patamar.


Não podem as instituições, por ausência de meios e recursos, ingressarem em estado vegetativo.


A busca da verdade não pode jamais ser desmerecida ou colocada em plano secundário, como aparentemente e subliminarmente vislumbra-se pelo movimento atual de mudança legislativa. A verdade, todos sabemos, é facilmente distorcida e muitas vezes objeto de tendenciosas imprecisões ou confusões, exemplo claro de quão individualmente somos frágeis, quando não presente qualquer apoio institucional. Apesar disso, temos que seguir na mesma linha de raciocínio e determinação para realizar aquilo que acreditamos e concretizar o compromisso de deixar um legado significativo para as próximas gerações. Aproximamos, se é que não ultrapassamos, o momento de dizer “basta”, de repudiar toda e qualquer forma de corrupção, mesmo que, por exemplo, travestida na obtenção de cargos ou favores ou, ainda, na prestação de serviços não adequadamente justificáveis.


As garantias de inamovibilidade e autonomia econômico-financeira (e não estou falando da prerrogativa de foro que, por si só, não se justifica), que permitem, respeitando-se a Constituição e as leis, um julgamento firme e destemido, também deveriam ser concedidas aos membros da Polícia Federal para realizar, da mesma forma e sem ameaças, a sua legítima atuação. Somente assim estaríamos num país verdadeiramente republicano e democrático, onde esta instituição não poderia mais ser vislumbrada ou confundida como algo de “Estado” a serviço de interesses de governos. Justiça, Ministério Público e Polícia servem apenas ao povo e aos valores constitucionais.


O juiz, no processo, deve receber, quando solicitado, as partes. É sua obrigação. O atendimento equidistante e dentro dos limites institucionais se dá a advogados, a membros do Ministério Público e também da Polícia Federal. Isso não protagoniza ou sinaliza uma existência de sociedade ilegal entre este ou aquele, mas simplesmente o atuar com propriedade e respeito. Decorre também da observância às mínimas regras da boa educação, jamais significando violação, antes confirmação do que estatui o Código de Ética da Magistratura, que, no artigo 8º, proclama dever o juiz evitar todo o tipo de comportamento que possa refletir predisposição ou preconceito.


Se, de um lado, não se pode ir além, de outro, não se pode ficar aquém. As Varas especializadas, sempre objeto de críticas infundadas, deram ritmo ao que não se tinha. Propiciaram a concentração de esforços e conhecimento, permitindo que a verdade não mais fosse sucumbida. Revelaram, em muitos momentos, orquestração, artimanhas e descaso com que mercadores da ética tratam a Justiça e, invariavelmente, utilizando-se de argumentos de que a instância jurídica de primeiro grau não serve, desserve ao cliente, por eles sempre considerado “honesto” e “brilhante”. Quando este é processado, o juiz é necessariamente parcial ou arbitrário, num sistema de obviedades que desrespeita regras elementares. Esquece-se que o trabalho é fruto da coordenação e esforço de um grupo de técnicos que estão preocupados em tentar fazer o seu melhor e no exclusivo interesse público.


O que se extrai disto tudo é a ideia de que redes intrincadas de interesses cruzados, escusos e privados, onde quer que estiverem, trabalham de forma organizada contra os que, com conhecimento, experiência e ética, tentam evitar respostas tardias ou inúteis à sociedade.


O país está à deriva e cabe ainda a todos nós a recondução do destino das próximas gerações, retomando a credibilidade nas instituições desta nossa querida nação.


Agradeço a todos essa homenagem, que a recebo em nome do Poder Judiciário Federal. A atuação deste somente possui algum significado se for capaz de estimular os trabalhos sérios realizados com adequada coordenação e respeito. A Justiça, quando assim ocorre, certamente os reconhecerá.


Parabéns à Polícia Federal pelo trabalho realizado.


Muito obrigado!


Fausto Martin De Sanctis
Desembargador Federal do TRF3 e escritor

*PHA

Vergonha Nacional

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ATÉ QUANDO?
Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?
Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?
Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos lideres?
Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?
Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?
Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade, ainda temos que conviver com a barbárie?
Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, RESPONSABILIZAMOS O ESTADO BRASILEIRO - Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal - E COBRAMOS JUSTIÇA!
ESTAMOS EM VÍGILIA!!!
"Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas."
Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.
Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo;
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST/ Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura - FETAGRI/Sudeste do Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar - FETRAF/ Pará;
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB;
Comissão Pastoral da Terra - CPT Marabá;
Via Campesina - Pará;
Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará


URGÊNCIA NA AMAZÔNIA

Via Mauro Santayana

Se os estados amazônicos são incapazes de impor a lei nos territórios de sua jurisdição, cabe ao governo federal neles intervir, como prevê a Constituição e aconselha a necessidade de que se salve a República.
O que está ocorrendo no Pará e em Rondônia é um desafio aberto à sociedade brasileira. Jagunços, a serviço dos grandes proprietários (o chamado agronegócio) e dos devastadores das matas para a exploração das madeiras nobres e o fabrico de carvão, estão matando, impunemente, pequenos lavradores e líderes extrativistas, que se opõem aos crimes cometidos contra a natureza e defendem suas pequenas posses contra os grileiros. Não cabem eufemismos nem subterfúgios. A realidade demonstra que os mandantes contam com a cumplicidade explícita de algumas autoridades locais, não só do poder executivo como, também, do sistema judiciário. E, ao lado dos pistoleiros, atuam parcelas da polícia militar e civil da região.
Se houvesse dúvida dessa teia de interesses que protegem os criminosos, bastaria a manifestação de regozijo de parte dos parlamentares da bancada ruralista e de sua claque, quando, no plenário da Câmara, se ouviu a denúncia dos assassinatos mais recentes, feita pelo deputado Zequinha Sarney.
A repetição dos assassinatos no campo é, em si mesma, intolerável afronta à sociedade brasileira, em qualquer lugar que se dê. Mas, no caso da Amazônia, é muito mais grave, porque ali se acrescenta a questão da soberania nacional. A inação do Estado alimenta a campanha que, nos países europeus e nos Estados Unidos, se faz contra a nossa jurisdição histórica sobre a maior parcela da Hiléia, sob o argumento de que não temos condições de exercê-la e mantê-la. Se não somos capazes de impedir o assassinato da floresta e de seus defensores, os que cobiçam as nossas riquezas se sentirão estimulados a intrometer- se em nossos assuntos internos, sob o estribilho que precedeu a invasão de muitos países, o da defesa dos direitos humanos.
Há décadas que vozes sensatas têm clamado para que a questão amazônica seja vista como a mais exigente prioridade nacional.
O Brasil é convocado a ocupar a Amazônia – ocupar, mesmo, embora sem destruí-la – criar sistema eficiente de defesa das fronteiras, proteger sua população civil e promover o desenvolvimento sustentado da área.
Trata-se de uma guerra que estamos perdendo, porque não a enfrentamos como é necessário. As nossas Forças Armadas, destacadas na região, lutam com todas as dificuldades. Faltam- lhes equipamentos adequados às operações na selva e nos rios; os contingentes não conseguem ocupar todos os pontos táticos e estratégicos da região e, em alguns casos, não há suprimentos para a manutenção das tropas.
Nos últimos vinte e cinco anos, de acordo com relatório da Comissão Pastoral da Terra, 1.581 ativistas foram assassinados na luta contra grileiros, agronegocistas e madeireiras – a imensa maioria na nova fronteira agrícola do Norte.
Não bastam as declarações do governo, nem a convocação de grupos de estudos. O bom-senso indica que o governo federal terá que convocar as três forças nacionais a fim de ocupar a Amazônia, identificar e prender os criminosos e mandantes.
É crucial criar sistema de controle da exploração madeireira e de outras riquezas, o que hoje é fácil, graças ao GPS, ao monitoramento de caminhões por satélite e outros instrumentos eletrônicos.
Há centenas de brasileiros, ameaçados de morte, porque estão fazendo o que não fazem as autoridades locais: defendem a natureza e a soberania do Brasil sobre os seus bens naturais e a vida dos indígenas e dos caboclos, reais desbravadores da região.
Para que não sejamos obrigados a uma guerra externa, contra prováveis invasores estrangeiros – que aqui virão em busca dos recursos naturais que lhes faltam – temos que travar e vencer a guerra interna contra os bandidos, pistoleiros e os que lhes pagam.

Os mísseis de Chaves e Ahmadinejadh

O "míssil" do Irã: na verdade, uma turbina eólica da PDVSA
A piada do dia da “neoguerra fria” que se move contra os países que não rezam pela cartilha de Washington aconteceu na noite passada na televisão venezuelana, segundo relata a agência EFE. Numa aparição de surpresa, o presidente Hugo Chávez “confirmou” a notícia do jornal alemão Die Welt, reproduzida em jornais do mundo inteiro, de que estavam sendo instalados mísseis iranianos de médio alcance em território venezuelano.
“Vocês podem ver que cada lançador tem três mísses, um apontado para Washington, outro para Nova York e o terceiro para Miami”, disse, fazendo piada, ao mostrar as fotos das turbinas eólicas instaladas pela PDVSA na localidade de Paraguaná que foram identificadas como os tais “mísseis”.
- Os americanos têm um satélite que está meio distorcido, estes são moinhos, os geradores eólicos, disse, mostrando as fotos.
Vejam a que ponto a histeria leva às maiores irresponsabilidades. Neste caso, felizmente, tudo virou uma piada desmoralizante.

Nova hipótese da morte de Salvador Allende



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