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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 03, 2011

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FW: ENC: Algemas








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CARAMBA, DAS DUAS UMA: OU SOMOS OS MAIS ADIANTADOS DO MUNDO OU OS MAIS IDIOTAS!!!


No mundo inteiro, as ALGEMAS são usada de forma INDISCRIMINADA. Ou seja, não há discriminação de cor, classe social, credo, sexo, faixa etária, nacionalidade, profissão, etc.
 
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Raj Rajaratnam, fundador do Galleon Group, ganhou ilicitamente 36 milhões de dólares na venda e compra de ações usando informação privilegiada. (EUA).

ALGEMADO!

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O juiz Denny Chin, do Tribunal de Manhattan, decretou a prisão imediata do investidor Bernard Madoff (foto) até a divulgação da sentença, em 16 de junho. Se confirmada a sentença, Madoff pode pegar até 150 anos de prisão (a penalidade máxima para o caso) por uma colossal fraude de US$ 50 bilhões.

ALGEMADO!

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Robert Rizzo, uma espécie de gerente administrativo da cidade que, com ganhos duas vezes maiores que o do presidente Barack Obama, foi o pivô de um caso de corrupção na cidade de Bell, Califórnia.

ALGEMADO!
 
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Scott Sullivan, ex-chefe-financeiro da WorldCom, 47 anos, foi condenado a cinco anos de prisão após ser considerado mentor da fraude contábil de US$ 11 bilhões na empresa (EUA).

ALGEMADO!

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Kenneth Lay envolvido numa das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, na qual se criou sociedades financeiras que serviram para a Enron dissimular a magnitude de suas perdas e fazer o mercado financeiro acreditar que o grupo estava financeiramente saudável.

ALGEMADO!

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Andrew Fastow, comparsa de Kenneth Lay, considerado o cérebro de uma das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, foi sentenciado nesta terça-feira a seis anos de prisão, quatro a menos que o máximo permitido, depois de se declarar culpado em um acordo feito com a promotoria.

ALGEMADO!

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Jeffrey Skilling é comparsa de Andrew Fastow e Kenneth Lay nas fraudes financeiras . (EUA).

ALGEMADO!

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O congressista Keith Ellison é preso depois de cruzar uma linha de policiais em protestos diante da embaixada do Sudão (EUA).

ALGEMADO!

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Karl Rove, um dos principais assessores políticos do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, envolvido com a revelação do nome de uma agente secreta americana.

ALGEMADO!

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Michel Jackson. ALGEMADO!

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Paris Hilton. ALGEMADA!

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Russel Crowe. ALGEMADO!

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O. J. Simpson. ALGEMADO! (e depois absolvido...)

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O ator Quaid e sua esposa foiram acusado por Rancho San Ysidro, dono de um hotel em Santa Bárbara (EUA), de não terem pago 10.000 dólares em contas de hotel.

ALGEMADOS!

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Até os velhinhos... ALGEMADOS!

 
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Adolescentes? ALGEMADOS!

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Mickey Mouse, ALGEMADO!

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Homem Aranha, ALGEMADO!

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Ah, não... Peter Pan? ALGEMADO!

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Um dos três porquinhos, coitado! ALGEMADO!

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A justiça de Taiwan condenou o ex-presidente Chen Shui-bian à prisão perpétua. O ex-líder foi declarado culpado por corrupção e - porca miséria! - foi ALGEMADO!

E no Brasil, hem?

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“A Corte jamais validou esta prática, que viola a presunção da inocência e o princípio da dignidade humana”. Gilmar Mendes
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"[O uso de algemas] é uma prática aviltante que pode chegar a equivaler à tortura, por violar a integridade física e psíquica do réu”. Eros Grau

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"O que se provoca [com as algemas] é um estado de exacerbação, um agravo no estado de privação da liberdade de locomoção. As algemas, quando usadas desnecessariamente, se tornam expressão de descomedimento por parte das autoridades e caracterizam abuso de poder”. Carlos Ayres Brito

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“É hora de este Supremo Tribunal Federal (...) inibir uma série de abusos notados, tornando clara até mesmo a concretude da lei reguladora do abuso de autoridade". Marco Aurélio

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“A prisão há de ser pública, mas não há de se constituir em espetáculo. Menos ainda, espetáculo difamante e degradante para o preso, seja ele quem for. Menos ainda, se haverá de admitir que a mostra das algemas, como símbolo público e emocional de humilhação de alguém, possa ser transformado em circo de horrores numa sociedade que quer sangue, porque cansada de ver sangrar. Não é com mais violência que se cura violência. Não é com mais degradação que se chegará a honorabilidade social.” Carmem Lúcia

CONCLUSÃO:
Estado Democrático e de Direito vale apenas para a PLUTOCRACIA.

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(A plutocracia (do grego ploutos: riqueza; kratos: poder) é um sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico. Do ponto de vista social, esta concentração de poder nas mãos de uma classe é acompanhada de uma grande desigualdade e de uma pequena mobilidade.)

*Ednoka




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quinta-feira, setembro 01, 2011

Pouso forçado em Paris

© Foto de Pierre Baudier. O avião da Varig realizou um pouso de emergência nas redondezas de Paris, matando 123 pessoas, apenas 11 sobreviveram. França, 1973.

Em 11 de julho de 1973, um Boeing 707 da Varig se preparava para aterrissar no Aeroporto de Orly em Paris, quando um incêndio a bordo obrigou a aeronave a realizar um pouso de emergência em uma plantação de cebolas, a cerca de 4 km do aeroporto, matando quase todos os seus ocupantes. Entre as vítimas, estavam o presidente do Senado Filinto Müller, o cantor Agostinho dos Santos, a atriz e socialite Regina Lecléry, o iatista Jörg Bruder e os jornalistas Júlio Delamare, Antônio Carlos Scavone e Celso Leite Ribeiro. Dos 137 ocupantes, 122 morreram. A perícia indicou que a causa mais provável do incêndio foi uma ponta de cigarro acesa, que teria sido jogada na lixeira do toalete da aeronave. O senador Felinto Müller, que morreu no desastre, era um torturador e apoiador de ditaduras, uma das figuras mais nefastas da política brasileira.
*Images&Visions

Veja, Marilena Chaui e o verdadeiro crime organizado

A Fórum que fechamos na noite de ontem por ser comemorativa dos 10 anos da publicação vai trazer as 10 entrevistas mais importantes da história da revista. Entre elas, uma da filósofa Marilena Chaui concedida em 2006, pouco antes da reeleição do presidente Lula.
Num dado momento a entrevista com Chaui se direciona para a questão da violência, da segurança, da criminalidade e a filósofa faz a seguinte ponderação:
“A minha tendência é fazer uma análise da estrutura autoritária hierárquica da sociedade e desvendar em cada aspecto da sociedade brasileira o exercício da violência. Você tem o racismo, o machismo, o preconceito de classe, o preconceito religioso, todas as formas de preconceito, a enorme desigualdade econômica, a exclusão social, política e cultural. Se vier a analisar cada um desses aspectos, vai ver que eles têm como mola propulsora e como núcleo estrutural a violência.”

Globo faz as pazes com Ricardo Teixeira

Um banqueiro vai mandar na Veja

Por Altamiro Borges

Na semana passada, a Abril anunciou o seu novo presidente executivo – que tomará posse em 26 de setembro. Fábio Barbosa, que presidia o conselho do Banco Santander, terá enorme poder. Além de comandar a “reestruturação financeira” da empresa – que registrou em 2010 uma receita líquida de R$ 3,028 bilhões –, ele cuidará dos negócios da famiglia Civita nos setores de mídia, gráfica e distribuição. Também integrará o conselho editorial das publicações do Grupo Abril, entre elas, da criminosa revista Veja.

Por Marco Antonio Araujo, no blog O Provocador:

Eu bem que avisei. A reportagem do Jornal Nacional sobre uma (entre muitas) das falcatruas de Ricardo Teixeira era cortina de fumaça. Bravata. Essa turma só morre abraçada. É pacto de sangue.

Neste domingo (28) os principais estádios brasileiros foram tomados por manifestações pedindo a mudança no comando da CBF. A bandeira “Fora Ricardo Teixeira” foi hasteada em todo o país, pelas principais torcidas.

A hipocrisia da Inglaterra

Análise
É incômodo falar da barbárie imperial. Ela é inseparável da essência desumanizante do capitalismo
Por Miguel Urbano Rodrigues*
A onda de violência que se abateu sobre Londres, Birmingham, Manchester, Liverpool e outras cidades inglesas e a brutal repressão que se lhe seguiu foram tema de uma campanha de desinformação de âmbito mundial.
O primeiro-ministro Cameron cujo prestígio tinha caído para um nível muito baixo assumiu perante os dramáticos acontecimentos uma atitude musculada que visava a recuperar-lhe a imagem. Mudou de oratória, usando uma linguagem de terror. Simulou esquecer que os distúrbios começaram com um protesto pacífico motivado pela morte de um estrangeiro pela polícia. Falou como se as milhares de pessoas que participaram dos protestos fossem coletivamente uma horda de malfeitores e arruaceiros. Qual o objetivo: conquistar o apoio da classe média. Ameaçou indiscriminadamente milhares de cidadãos, sobretudo os imigrantes asiáticos e negros de bairros pobres.
A polícia inglesa sabe que os incêndios, o saque de lojas, a destruição de casas e automóveis foram da responsabilidade de uma insignificante minoria de jovens marginais, muitos dos quais já detidos. Mas Cameron generalizou, acompanhado pela mídia. Com poucas exceções (The Guardian, The Independent), os jornais ditos de referência, destacaram-se na exigência de medidas de exceção em reportagens e crônicas xenófobas semeadas de ameaças e insultos de aspecto racista. Os porta-vozes do grande capital (Financial Times e The Economist) não se limitaram a aplaudir a “firmeza e coragem” de Cameron na sua cruzada repressiva; sugeriram alterações à legislação penal e uma política mais dura contra os imigrantes das antigas colônias de Sua Majestade.
A indignação provocada pelos atos de vandalismo é legitima. Mas é inadmissível que tenha sido utilizada como pretexto para uma campanha que destila ódio, tutelada pelo primeiro-ministro com o apoio comovido e entusiástico da classe dominante britânica.
É significativa a adesão imediata das burguesias da União Europeia e dos EUA à versão inglesa dos acontecimentos. De Paris a Nova York, de Berlim a Madrid, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, sociólogos competiram em interpretações, cada qual mais disparatada e hipócrita do comportamento dos participantes da onda de violência.
Abstiveram-se, porém, de comentar as condições subumanas em que vivem os moradores os bairros degradados da periferia de Londres e de outras megalópoles britânicas. Omitiram também referências ao pântano de corrupção em que chafurda a troica imprensa-polícia-governo. Não aludiram sequer às mortes misteriosas dos jornalistas David Kell e o colega que em 2003 destapou as mentiras de Blair sobre a guerra do Iraque, e do seu colega que trouxe a público o escândalo das escutas telefônicas – News of the World-Murdock.
Durante a onda de violência a mídia não recordou também a morte do imigrante brasileiro Jean de Menezes, abatido pela polícia londrina que o tomou por árabe.
O crescimento alarmante da desigualdade na Grã–Bretanha não preocupa as elites; aprova-o. Segundo o muito conservador Daily Telegraph, as fortunas dos britânicos mais ricos aumentaram 20% no último ano enquanto o numero de pobres crescia. O diário liberal The Guardian prevê que o abismo entre os de cima e os de baixo será dentro de 20 anos igual ao existente na época da Rainha Vitoria.
Cameron (e a oposição trabalhista), nas suas catilinárias contra os imigrantes do Terceiro mundo acusa-os de incapazes de se integrarem harmoniosamente numa sociedade civilizada e democrática.
Perfilha conceitos farisaicos, muito ingleses, de civilização e democracia.
Nos mesmos dias em que a onda de violência varria a Inglaterra, bombas da Royal Air Force caiam do céu sobre Tripoli e aldeias vizinhas, matando dezenas de crianças, mulheres e idosos. No Afeganistão, aviões também britânicos, integrados na força de ocupação da OTAN, que ocupa o país, disparam quase diariamente mísseis contra civis sem armas que são mencionados nos comunicados como “terroristas da Al Qaeda”.
Dessa cadeia de crimes do imperialismo inglês, atuais e antigos (genocídios no Kenia e na Malásia, chacina de prisioneiros na Índia, na Austrália, na China etc).
É incômodo falar da barbárie imperial. Ela é inseparável da essência desumanizante do capitalismo.
O sistema afunda-se numa crise para a qual procura com desespero soluções na sobre exploração dos trabalhadores, em guerras de agressão monstruosas e no saque dos recursos naturais de países pobres e indefesos, promovendo o terrorismo em escala mundial enquanto afirma combatê-lo.
Cameron está consciente da realidade. O seu discurso é o da hipocrisia imperial.
Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português. Escreve uma vez por mês para o jornal Brasil de Fato