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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 02, 2011

Na UNESCO, Palestina vence Israel de goleada - Do total de 173 países presentes, 107 votaram a favor, 14 contra


Baby Siqueira Abrão
de Ramallah (Palestina)


A data de 31 de outubro de 2011 vai entrar para o calendário de comemorações da Palestina como o dia em que o país tornou-se, pela primeira vez, Estado-membro de uma agência da ONU. A 32ª. Assembleia Geral da UNESCO (órgão da ONU para a educação, a ciência e a cultura) votou pela admissão do país como membro pleno – desde 1974 a Palestina era apenas membro observador da entidade.

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Essa vitória, porém, não fará diferença nenhuma em relação ao pleito que Mahmoud Abbas (foto abaixo), presidente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Palestina, levou ao Conselho de Segurança da ONU em 23 de setembro, solicitando o reconhecimento do país como Estado-membro da organização, com plenos direitos. Mas mostra uma mudança significativa na antiga “coesão” política do mundo. Antes, as concessões à pressão conjunta de Estados Unidos e Israel sobre os demais países eram maiores.
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Com milhões de indignados nas ruas do mundo, a maioria deles pró-palestinos e críticos dos sionistas, apontados como vilões não apenas dos direitos humanos mas também da crise financeira que vai solapando direitos civis conquistados com muita luta, alguns governos parecem ter perdido o medo. O da França, por exemplo, deu seu voto à Palestina, contrariando anos de aliança e submissão a Israel e Estados Unidos. Até a Grã-Bretanha e a Itália, parceiras de longa data dos EUA e dos sionistas, dessa vez se abstiveram. Do total de 173 países presentes, 107 votaram a favor, 14 contra e houve 52 abstenções, que não contam no cômputo final. A Palestina precisava de 81 votos para se tornar membro pleno da UNESCO. Recebeu 26 a mais do que o necessário.

Israel e EUA perdem poder

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A repercussão do resultado da Assembleia da UNESCO indica uma leitura política do fato. Celebra-se, na verdade, a queda de poder de dois países cujos argumentos resumem-se à retórica falaciosa, às armas e à força bruta. “Trata-se do triunfo do espírito humano diante da intimidação”, comemorou Hanan Ashrawi, porta-voz da Palestina durante o processo conhecido como Tratado de Madri (1991) e até hoje figura importante no panorama político do país.


Luisa Morgantini, ex-vice-presidente do Parlamento Europeu e porta-voz da Associazione per la Pace [Associação pela Paz], da Itália, foi na mesma direção. “Esse resultado mostra que a maioria dos países já conseguiu escapar ao domínio dos EUA e não abandonará os palestinos ao poder militar e midiático israelense”, afirmou ela. “Esses países acreditam no direito à liberdade e à autodeterminação e querem que a Palestina também exerça esse direito, que é universal.”


Universal mas não muito, de acordo com Estados Unidos, Israel e Alemanha, os grandes perdedores desse jogo. Para esses países, a Palestina deve permanecer como está até que os sionistas tomem todo o seu território para fazer a Grande Israel, como foi planejado desde o início do movimento, no século XIX. Mas, como também aponta o resultado na UNESCO, o uso político de textos religiosos, a deturpação de uma simbologia importante para boa parte da população mundial e a manipulação da fé para alcançar a satisfação do apetite financeiro de alguns grupos já não enganam quase ninguém. Diante dessa mudança de postura, o relatório da CIA, a agência de inteligência estadunidense, segundo o qual Israel se autodestruirá em 20 anos (em 19, porque o documento é de 2010), ganha até ares de presságio.
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Mas não é. Trata-se do resultado de anos de esforço dos palestinos, que, mesmo na contracorrente da propaganda sionista na grande mídia, mesmo sem poder econômico e militar, conseguiram se fazer ouvir no mundo inteiro. E o apoio da sociedade civil internacional a sua luta não para de crescer. Na intifada que agita a população do planeta – quem não sai à rua acompanha e apoia os acontecimentos de várias outras maneiras –, o caso palestino é citado e discutido como símbolo da resistência a uma força não apenas local.


A espoliação operada pelo capitalismo financeiro é apontada como responsável por aquilo que acontece com os palestinos e pela progressiva perda de direitos dos cidadãos de todo o mundo, como mostram os slogans e os textos produzidos pelos diversos movimentos populares, resultado de estudos e debates em praça pública. Num processo que quer redefinir os conceitos de democracia e liberdade, retirando-os do lugar-comum da retórica dos poderosos, o espaço para países que usam a linguagem da ameaça militar, como Estados Unidos e Israel, é cada vez menor.


Mas, mesmo desacreditados, eles falam grosso. Continuam querendo decidir o que é melhor para os palestinos – a velha história de “paz pela negociação”, que até agora só beneficiou os sionistas, aos quais a paz nunca interessou – e fazem deles alvos de agressão contínua. Segundo o jornal israelense Haaretz, na mesma segunda-feira em que a Palestina conquistou o status de membro pleno da UNESCO, por exemplo, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyhau, anunciou reunião com seu gabinete, composto por oito ministros, para o dia seguinte, a fim de “discutir a possibilidade de impor sanções aos palestinos.


Já existem várias propostas nesse sentido, ainda de acordo com o Haaretz: aumentar o número das colônias ilegais em terras palestinas, restringir a transferência de impostos coletados na Palestina e retirar o status VIP do alto escalão palestino, impedindo-o de passar por checkpoints sem ser incomodado. Sem falar, claro, na “terceirização” da violência, hoje, literalmente, também nas mãos e nas armas dos colonos, que perseguem e ferem os palestinos, além de destruir suas plantações e transformar suas vidas num pesadelo à luz do dia. O objetivo, além de tomar terras, fontes e poços de água, é minar a economia dos vilarejos. Só as milhares de oliveiras devastadas pelos colonos judeus deram, na colheita deste ano, em outubro, um prejuízo de cerca de U$ 500 mil aos palestinos. A maioria das famílias agricultoras vive o ano todo com o dinheiro da venda da colheita. Quem compra? Israel, ao preço que seu mercado determinar.

Palestina, patrimônio da humanidade


Os sionistas temem, além da progressiva perda de poder proveniente de suas ações contra os palestinos e do isolamento causado por seu hábito de desdenhar a legislação internacional e as resoluções da ONU, aquilo que a Palestina pode conseguir como membro pleno da UNESCO. Para Abdelfattah Abusrour, fundador e presidente da Sociedade Cultural e Teatral Alrowaad, do campo de refugiados de Aida, em Belém, e professor doutor da Universidade de Belém, “esse reconhecimento da Palestina como Estado poderá impedir que Israel continue a destruir o país, confiscando terras e erguendo construções em cidades históricas como Belém, El-Khalil (Hebron), Jerusalém oriental, Jericó”.


Ele explica que os palestinos podem pedir que suas cidades sejam consideradas Patrimônio da Humanidade, evitando sua descaracterização, a devastação de seus bens culturais e históricos e, mais importante, reconhecendo-as como parte da Palestina. Será um golpe duro nas ambições dos sionistas. “Claro que nada disso acontecerá da noite para o dia”, continua Abdelfattah. “Mas o reconhecimento da comunidade internacional, no caso da UNESCO, torna-a corresponsável pela defesa da população de um Estado que é membro pleno e que é ocupado e agredido por outro Estado. É um primeiro passo para a imposição de sanções a Israel, a fim de obrigá-lo a respeitar os palestinos e a legislação internacional”, completa ele.


A italiana Luisa Morgantini faz a mesma avaliação. “A Palestina pode reivindicar o título de Patrimônio da Humanidade para grande parte dos locais da Cisjordânia e de Gaza”, afirma ela. “Um dos primeiros pontos deve ser a cidade velha de Hebron, hoje refém de centenas de colonos fanáticos que já destruíram partes importantes dessa herança cultural da humanidade.”


Caso a Palestina dê mais esse passo, boa parte de seu território estará a salvo da sanha sionista. “Isso não vai acabar com a ocupação, assim como uma possível aprovação do país como membro pleno da ONU não porá fim ao roubo de terras, de água, da vida, mas é um avanço importante, há muito tempo devido à Palestina”, diz Luisa Morgantini. “É hora de Israel ser responsabilizado pelas contínuas violações ao direito internacional. Somente o fim da ocupação garantirá justiça e paz aos palestinos”, finaliza ela, anunciando que a Associazione per la Pace já iniciou mobilização para pressionar os governos dos países europeus a “fazer prevalecer o direito das pessoas sobre os interesses das alianças geopolíticas”. “Só sossegaremos quando eles derem seu voto ao reconhecimento da Palestina como Estado-membro pleno da ONU”, acrescenta ela.


A UNESCO é a primeira agência da ONU à qual a OLP solicitou reconhecimento como membro pleno. A próxima será a OMS, a Organização Mundial da Saúde, de acordo com Fathi Abu Moghli, titular da pasta da Saúde. É assim, devagar e insistentemente, que os palestinos vão vencendo, no campo diplomático, a tecnologia militar, as ameaças e a violência cotidiana que os sionistas de Israel lhes impõem.

 

NA BOLIVIA, MORALES HOMENAGEIA GADDAFI POR DIA DOS FINADOS


O governo boliviano do presidente Evo Morales prestou nesta terça-feira uma homenagem ao ex-ditador líbio Muammar Gaddafi por ocasião das celebrações do dia dos Finados, na sede do Ministério das Relações Exteriores em La Paz.

O chanceler boliviano, David Choquehuanca, liderou o ato de homenagem no Ministério na presença de personalidades como o embaixador da Espanha em La Paz, Ramón Santos, e o encarregado de Negócios dos Estados Unidos, John Creamer.

A Chancelaria instalou em uma sala a tradicional mesa de culto às almas, com frutas e pães em formas humanas, junto a fotos de falecidos, entre elas a de Gaddafi, que morreu em enfrentamentos com tropas revolucionárias no dia 20 de outubro, após um bombardeio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Também havia imagens do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, assassinado na Bolívia em 1967, e do líder indígena Tupak Katari, esquartejado durante a colonização espanhola.

"Nós, seres humanos, somos uma grande família. Hoje lembramos nossos mortos", declarou Choquehuanca.

Em entrevista coletiva paralela, o presidente Evo Morales, que já foi agraciado com o "Prêmio Gaddafi de Direitos Humanos"  homenagem que era concedida pelo falecido líder líbio, criticou os bombardeios da Otan na Líbia, mas não se pronunciou sobre a morte do ditador.

 
 
DA EFE, EM LA PAZ 

LULA LEVARÁ VIDA NORMAL

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma vida normal, “de quem está em tratamento” contra o câncer, disse o médico oncologista Artur Katz, membro da equipe do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que acompanha o tratamento de Lula. De acordo com ele, o ex-presidente não poderá manter uma agenda intensa de compromissos, mas poderá ter uma vida normal em casa e com os amigos.

“Ele deverá levar um vida normal. Estamos discutindo, inclusive, quantos minutos por dia ele poderia fazer de esteira. Será vida normal de alguém que está em tratamento. Evidentemente, ele não cumprirá a agenda de trabalho que habitualmente costuma obedecer”, disse o oncologista.

Segundo Katz, o ex-presidente poderá se sentir um pouco cansado nos próximos dias. “Mas nada diferente do que a gente pode sentir num resfriado forte”, comparou. Katz disse que é muito improvável que Lula sinta enjoos fortes, no máximo um ligeiro mal-estar. Artur Katz reforçou que Lula não sentiu nenhum dos efeitos colaterais comuns à quimioterapia. “Náusea, que é efeito colateral comum, ele não teve absolutamente nenhuma. Tanto que a grande preocupação dele, ao longo de toda a manhã, era saber a que horas poderia almoçar”.

O médico ressaltou que a voz do ex-presidente praticamente já voltou ao normal, em razão da melhora do edema que se formou perto do tumor. “A voz melhorou muito, mas, evidentemente, parte do problema da voz se devia ao edema, existente junto da lesão. O edema regrediu rapidamente, é por isso que a voz dele está praticamente normal”.

Lula deverá voltar ao hospital para o próximo ciclo de quimioterapia em três semanas. Até o fim desta semana, o ex-presidente ainda continuará a receber os medicamentos da quimioterapia por uma uma bolsa de infusão (via cateter). Após isso, a bolsa será retirada, mas os médicos não decidiram ainda se esse procedimento será feito no apartamento do ex-presidente (em São Bernardo do Campo) ou no hospital. Até a próxima sessão do tratamento químico, Lula deverá fazer exames de sangue periódicos.


Band.com
'Vamos conseguir tirar de letra', diz Lula sobre tratamento contra câncer
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (1º) que está 'preparado' para enfrentar o câncer de laringe e que acha que vai conseguir 'tirar de letra' o tratamento - veja no vídeo ao lado.

'Eu estou preparado para enfrentar mais uma batalha e acho que nos vamos conseguir tirar de letra. Basta que a gente siga recomendações médicas, basta que a gente faça aquilo que precisa ser feito e acho que vamos vencer essa batalha. Não foi a primeira e não será a última batalha que eu vou enfrentar', afirmou Lula, em vídeo gravado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de onde teve alta após a primeira sessão de quimioterapia.

O vídeo foi divulgado no site do Instituto Lula, dirigido pelo ex-presidente. Ele agradeceu a 'solidariedade' das pessoas.

“Eu quero mais uma vez agradecer ao povo brasileiro [pelo] carinho, pela solidariedade. O que aconteceu comigo é daquelas coisas que acontecem com todo mundo, mas a gente pensa que só acontece com os outros. Nunca com a gente. (...) Com a solidariedade de vocês vai ser muito mais tranqüilo, mais fácil”, disse o ex-presidente.



Com a voz rouca, prejudicada pelo câncer, Lula disse que gostaria de falar “bem alto” seu mais famoso bordão, com o qual abriu praticamente todos os pronunciamentos oficiais à nação nos oito anos em foi presidente da República.

'Vocês percebem que minha voz não está boa ainda. Estou doido para falar bem alto um 'companheiros e companheiras' mais forte, mas não estou podendo ainda, mas de qualquer forma eu e Marisa agradecemos o carinho, de coração, pelas manifestações de vocês. Um beijo e até a primeira assembleia, o primeiro comício, o primeiro ato público”, disse Lula ao se despedir no vídeo.

Otimismo - Na mensagem, Lula também reforçou a imagem de otimismo que tem sido reproduzida por todos que tiveram contato com o ex-presidente desde o diagnóstico do câncer.

“Não existe espaço para ficar lamentando: ‘Ah, hoje o dia não foi bom'. Se o dia não foi bom, a gente faz ele ficar melhor amanhã com muita garra. Preste atenção numa coisa: sem perseverança, sem muita persistência, sem muita garra, a gente não consegue nada. E nenhum ser humano pode se deixar vencer por uma dor, por um câncer”, completou.



Mesmo a luta contra a doença sendo o motivo da mensagem, o ex-presidente fez questão de dar um tom político à fala e pediu que o povo brasileiro apóie a presidente Dilma Rousseff.

'A gente precisa continuar acreditando no Brasil, botando fé nesse país. Será inexorável a caminhada do país para se transformar em uma grande economia e na melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. A gente tem que acreditar na nossa presidenta, ajudá-la, porque é assim que o Brasil vai para frente”, disse Lula.

Equipe médica - De acordo com Artur Katz, um dos médicos que tratam o tumor e que acompanharam Lula durante a primeira fase do tratamento, o ex-presidente deixou a primeira sessão de quimioterapia 'otimista', sem apresentar náuseas e já com melhoras na voz.

'Ele não sentiu náuseas e a grande questão dele nesta manhã era saber quando poderia almoçar. É improvável que ele tenha náusea forte, uma vez que ele não teve nada até agora. Talvez um ligeiro mal-estar', afirmou Katz minutos após o ex-presidente deixar o hospital.

O médico disse também que a melhora na voz rouca ocorreu por causa do tratamento de um edema (inchaço) próximo ao tumor. 'A voz melhorou muito em parte por causa do edema que existia junto à lesão que não existe mais. E a voz dele está praticamente normal. Ele está bem humorado, indo para casa e daqui a 21 dias ele volta', disse.

Por volta do dia 14 de novembro, o ex-presidente deve iniciar a segunda das três sessões de quimioterapia previstas. Os primeiros efeitos colaterais, ainda segundo Katz, já deverão se apresentar 'nas próximas semanas'.

'Ele deve se sentir um pouco cansado nos próximos dias. Mas nada que seja muito diferente do que um resfriado forte', afirmou Katz. Segundo ele, Lula terá uma 'vida normal' nesse período, porém 'sem a mesma agenda', em referência às constantes viagens.


Caso necessário, a bolsa de infusão, ligada a um catéter para injetar na veia novas doses de remédios nos próximos dias, pode ser retirada facilmente, em casa ou no hospital.

Segundo outro médico, Paulo Hoff, o ex-presidente não tirou a barba nem o cabelo. 'A queda de cabelo e de pelos varia de paciente para paciente, mas por conta da quimioterapia, isso deve ocorrer em algumas semanas, a não ser que ele faça alguma coisa [a barba] por conta própria'.

Após a quimioterapia, Lula foi submetido a novos exames, mas, segundo Katz, a equipe médica não notou nada diferente do que já havia sido diagnosticado.

Alta - O boletim médico, divulgado pelo hospital, informou que o ex-presidente teve alta às 14h16, e a primeira sessão de quimioterapia não teve 'intercorrências'.

Na noite de segunda (31), Lula recebeu a visita da presidente Dilma Rousseff. Ela afirmou que, na conversa com Lula, o ex-presidente 'poupou a voz'. Segundo Dilma, ele está 'falando baixo' e não fez comentários sobre a previsão dos médicos de que perderá cabelos e barba durante o processo de quimioterapia.


Fonte: G1
Foto: Divulgação / Instituto Lula
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A HERANÇA MALDITA DE PÉTAIN E MUSSOLINI

O governo do presidente direitista francês Nicholas Sarkozy iniciou a deportação de 800 ciganos da etnia rom residentes na França para a Romênia e a Bulgária - países membros da União Europeia desde janeiro de 2007. Antes, Sakorzy já ordenara ao Ministério do Interior a destruição e o esvaziamento da metade das instalações nas quais vivem os ciganos no país. Em 2009, dez mil romenos e búlgaros que estavam na França foram devolvidos a seus países. Hoje vivem na França 400 mil ciganos, 95% dos quais são franceses; na Europa, são 12 milhões desse povo nômade cuja cultura fascinante foi fonte de inspiração para grandes compositores como Lizst, Brahmas e Bela Bartók.
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(Brahms, Dança Húngara nº 5, Stiletto Sisters)
http://www.youtube.com/watch?v=nzWcPNf-jEo


"Embora europeus – com direito de ir e vir na União Europeia – os ciganos são indesejáveis no país que aprovou, há 221 anos, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", escreveu o jornalista Mauro Santayana. "Este é um dos paradoxos da globalização: retorna-se ao livre trânsito para os capitais e as mercadorias, mas se fecha o passo às pessoas. Os ciganos são um povo nômade, sem pátria, com forte cultura própria – e sem dinheiro [...]"  Os expulsos da França são cidadãos europeus de pleno direito, mas, como na distopia orwelliana de 1984, alguns cidadãos têm mais direitos que outros. 

Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal conservador Le Figaro, 79% dos pesquisados se declaram a favor do desmantelamento dos povoados de ciganos. Entre o eleitorado de direita, a porcentagem sobe para 94%. Em outra pesquisa, esta publicada pelo jornal comunista L'Humanité, 62% consideram necessários os desmantelamentos e 57% estão de acordo com as medidas relativas à cidadania. E o jornal Le Parisien revela que 48% dos franceses apoiam a deportação e 42% se opõem a ela.

Pétain: "não sereis vendidos, traídos ou abandonados"
Apoiadas pela maioria, as medidas discriminatórias do governo Sarkozy remetem inevitavelmente ao passado colaboracionista da França. O governo de Vichy (1940-1942), dirigido pelo marechal Philippe Pétain, deportou milhares de judeus, ciganos, homossexuais e membros da resistência aos campos de extermínio nazistas. Pouquíssimos sobreviveram. A esquerda comparou as medidas adotadas por Sarkozy às práticas do regime de Vichy. Até mesmo entre a direita a expulsão dos ciganos causou espécie. O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, que deve concorrer à presidência contra Sarkozy em 2012, disse que as medidas eram “uma mancha de vergonha na bandeira francesa”. A expulsão também foi duramente criticada pela Igreja Católica, destacando-se o cardeal-arcebispo de Paris, André Vingt-Trois. Já o ministro do Exterior, Bernard Kouchner, ex-militante do PCF, fundador do Médicos Sem Fronteiras e antigo defensor dos direitos humanos, manifestou apoio à expulsão, ainda que "constrangido".   

Nicholas Sarkozy em cartaz que o compara a Pétain
Sarkozy sempre defendeu medidas duras no combate ao crime e à imigração ilegal. Ele fala aos sentimentos profundamente xenófobos dos eleitores, roubando votos da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen. No passado, Sarkozy, filho de um imigrante húngaro, equilibrava sua política linha-dura com discursos pseudo-progressistas, nos quais destacava a necessidade de dar voz aos muçulmanos franceses e de incluir negros no governo. Hoje, o presidente francês fala claramente em retirar suas nacionalidades.

Em compensação, Sarkozy teve o apoio do governo do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. O ministro do Interior, Roberto Maroni, do partido de direita Liga Norte, declarou ao Corriere della Sera que a França "não está fazendo nada além de imitar a Itália" em relação à deportação dos ciganos. O ministro se referira à determinação do ex-prefeito de Roma, Walter Veltroni - que aliás, tem origem na esquerda - que deportou ciganos a outros países europeus em 2007.

Berlusconi e o "Duce"
Progapanda da Liga Norte
Maroni defendeu ainda a possibilidade legal de expulsão de cidadãos de países da UE, a exemplo do que acontece com os imigrantes clandestinos, sem "repatriações assistidas e voluntárias". Segundo o ministro, o pré-requisito para a permanência em um país da UE é que o estrangeiro tenha uma renda mínima, residência adequada e não onere o sistema social do país onde vive. "Muitos ciganos da etnia rom são cidadãos da UE, mas não preenchem esses pré-requisitos", disse. Maroni declarou ainda que tais mecanismos de deportação dentro do bloco europeu deveriam ser aplicados "a todos os cidadãos da UE e não só aos ciganos da etnia rom". O partido de Maroni, a Liga Norte, foi aquele que distribuiu cartazes dizendo que os índios americanos não colocaram restrições à imigração e hoje vivem em reservas. A Liga também foi a responsável pela legalização das "milícias populares" formadas para o combater a imigração ilegal e a criminalidade. Qualquer semelhança com o "squadrismo" dos camisas negras fascistas é, claro, mera coincidência.   




SENADORA CORAJOSA QUE RESTRINGIR ESTRANGEIROS EM TERRAS DA AMAZÔNIA


O Brasil precisa aumentar a restrição e ter mais controle sobre a compra de terras por parte de estrangeiros na Amazônia. O alerta foi feito pelos participantes de audiência da Subcomissão Permanente da Amazônia do Senado, na semana passada. O debate foi realizado por iniciativa da senadora Vanessa Grazziotin do PCdoB-AM (foto acima), que também defendeu a necessidade de mais rigor na presença de estrangeiros na região.

“Nossa região é muito cobiçada por estrangeiros sabedores do seu potencial de biodiversidade, por isso é fundamental que o Brasil tenha critérios rigorosos com relação a esse acesso”, afirmou a senadora, defendendo o debate para atualização das informações sobre a situação das terras na Amazônia.
.A intenção da senadora é atualizar a legislação existente, a partir de regras claras, sem margem a divergências de interpretação. Ela propôs a instituição de um grupo de trabalho a ser formado por senadores e deputados para fazer um levantamento de todos os projetos em tramitação no Congresso Nacional sobre o assunto. E convidou representantes do Executivo para integrarem o grupo.


Prática comum


O representante da Advocacia-Geral da União (AGU), Arnaldo Sampaio Godoy, que participou do debate, lembrou que a restrição à aquisição de terras por parte de cidadãos não nacionais é comum no mundo inteiro e não há em tal prática qualquer resquício de xenofobia ou discriminação.

“Há países que sequer permitem a compra de terras por indivíduos de outras nacionalidades. No mundo de hoje, informação é fundamental. Precisamos saber nas mãos de quem estão nossas terras. É uma questão estratégica, de soberania e até de segurança alimentar”, opinou Arnaldo Godoy, que ainda fez um histórico das legislações e dos conflitos jurídicos existentes sobre o tema desde o século 19.


Já o representante do Ministério da Defesa, capitão-de-mar-e-guerra, Paulo César Garcia Brandão, ressaltou que o grande potencial de riquezas e a biodiversidade fazem da Amazônia brasileira foco da atenção internacional. O problema, segundo ele, é que a presença do Estado na área é dificultada pela baixa densidade demográfica, pelas longas distâncias e pela precariedade dos sistemas de transportes.

Na opinião de Garcia Brandão, para defender a Amazônia, será preciso tirá-la da insegurança jurídica causada pelo crescente conflito generalizado por conta de terras. “Por isso, a regularização fundiária é urgente e fundamental”, afirmou.

Fonte: Agência Senado






O 'ATUCANADO' DEPUTADO BORDALO É MAIS UM DOS PRÉ-CANDIDATOS DO PT Á PREFEITURA DE BELÉM

O PT do Pará lançou mais um balão de ensaio para tentar avaliar os estragos políticos provocados por uma sucessão de erros táticos e estratégicos  - primários -  que, mesmo antes de 2006, até os dias de hoje, vem sendo praticados pelo conjunto do partido, que decepcionou feio a sociedade da terra, a ponto de  esvaziar o  ânimo das lideranças pertencentes aos movimentos sociais, tradicionais aliados da legenda,  a ponto de implantar um descredito 'malígrino'  que vem provocando dentro de sua própria militância e base um sentimento que tem sido responsável por debandada em massa nunca dantes visto ; forças vivas que não aceitam mais  essa sucessão erros e malogros grosseiros injustificáveis, principalmente  em época de conjuntura favorável em nível nacional,  que aqui estavam na espectativa de algo novo para 2012 (todos de 'saco cheio', mas esperançosos!) que  agora - assim parece - assistem ao nascimento de um projéto cítrico com a  Articulação Socialista, uma das tendências do PT, que referendou  no último final de semana o nome do deputado estadual Carlos Bordalo como um dos pré-candidatos do partido a prefeito de Belém, nas eleições municipais do próximo ano.Aguardemos pois, para ver até onde vai dar essa estoria já que, ele esta longe de encarnar o papel garibaldiano do qual se acha possuído por faltar-lhe aquilo que em política equivale a gôtas de ouro: carísma...

 

Confira abaixo fragmento da matéria do blog Espaço Aberto

 

Bordalo - "Reafirmei minha disposição em dialogar com o PT através de todas as tendências do Partido para que tenhamos consenso em um só candidato. E mais uma vez ratifiquei que me sinto preparado para, junto com a militância petista, encarar o desafio e entrar de cabeça na disputa. Unido, o PT já aparece com pelo menos 15% das intenções de voto. E o PT é muito bom de voto, já demonstrou isso em todas as eleições", diz o parlamentar. 

Na plenária com a militância da AS e de membros de outras tendências, Bordalo fez questão de ressaltar que o PT 'ganha musculatura' com a entrada no partido do vereador Iran Moraes, pois amplia a bancada na Câmara Municipal de Belém.
Na plenária, foi criado um GT (Grupo de Trabalho) que vai elaborar um plano de ação interno da pré-candidatura de Bordalo à prefeitura de Belém. Além do deputado, compuseram a mesa da plenária o deputado federal Beto Faro, o vereador Iran Moraes, o presidente do PT Estadual, João Batista, e o presidente do PT Belém, Apolônio Brasileiro, entre outros.

 Com inferência pesada do militanciaviva

AMAZÔNIA URGENTE : COMUNIDADES QUILOMBOLAS TEMEM SEREM DIZIMADAS PELO PROJÉTO BELO MONTE

 
Quilombolas da Amazônia têm seus territórios ameaçados por projetos hidrelétricos e minerários

Bianca Pyl

O livro “Terras Quilombolas em Oriximiná: pressões e ameaças”, que acaba de ser lançado pela Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), traz dados preocupantes que evidenciam os desafios enfrentados pelas 35 comunidades quilombolas do município paraense de Oriximiná, na região Amazônica, para proteger suas terras mesmo aquelas já tituladas.

[indigenous+people+march+daylife.com] 
Os quilombolas em Oriximiná constituem uma população de cerca de 8.000 pessoas que se distribuem por 35 comunidades rurais em nove territórios étnicos nas margens dos Rios Trombetas, Erepecuru, Acapu e Cuminã.  Quatro dos territórios já se encontram titulados e um quinto está parcialmente regularizado – a dimensão da área titulada em Oriximiná corresponde a 37% do total das terras quilombolas tituladas no Brasil.

O estudo inédito confirmou a contribuição das terras quilombolas na proteção das florestas.  O estudo de imagens de satélite demonstrou que apenas 1% dos territórios quilombolas em Oriximiná encontra-se desmatado e que, de forma geral, o ritmo do desmatamento nas terras quilombolas está diminuindo.


Arapaima is one of the largest freshwater fish in the world
PIRARUCÚ: CABÔCLO AMAZÔNICO PESCA O MAIOR PEIXE DE ESCAMAS DO MUNDO
Mas a pesquisa revela também que as terras quilombolas estão sob risco.  Além do avanço de desmatamento na direção das áreas quilombolas foram identificados diversos fatores de risco, como a ação das empresas madeireiras; as iniciativas de concessão florestal pelo governo federal e estadual; e os projetos minerários e hidrelétricos, envolvendo empresas privadas e o governo federal, que pretendem explorar os recursos dos territórios destas comunidades, causando grande impacto em seus modos de vida.

Dentre as pressões identificadas pela pesquisa da CPI-SP chamam a atenção os interesses minerários: são 94 processos minerários incidentes nas terras quilombolas em Oriximiná, sendo que 10 deles são concessão de lavra em nome da Mineração Rio do Norte.  Quatro dos territórios quilombolas têm mais de 70% de sua extensão sob interesses minerários em diversas etapas.

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Na região de Oriximiná, na bacia do Rio Trombetas, o Ministério de Minas e Energia realiza estudos para a construção de 15 empreendimentos hidroelétricos: 13 deles contam com estudos de inventário; um com estudo de viabilidade e um com projeto básico.  Segundo o “Plano Nacional de Energia 2030”, a área total a ser inundada por tais hidroelétricas soma 5.530 quilômetros quadrados abrangendo terras quilombolas, terras indígenas e unidades de conservação.

A publicação aponta ainda que o direito a consulta livre, prévia e informada — previstos na Convenção 169 — não tem sido respeitado na medida em que muitas decisões que afetam diretamente essas comunidades estão sendo tomadas sem que os quilombolas tenham acessam a informação completa e acessível, tenham a oportunidade de refletir internamente sobre as questões postas e de fato possam expressar sua opinião.

Com a divulgação do livro, a CPI-SP busca apoiar as comunidades quilombolas nas suas demandas por políticas públicas para a proteção e gestão dos territórios quilombolas antes e depois da titulação e pelo cumprimento do direito a consulta livre, prévia e informada.


Fonte: Envolverde 
*MilitânciaVIVA
PROGRAMA STOP A DESTRUIÇÃO DO MUNDO    91
Necessidade de retornar à real democracia
Lincoln dizia que a verdadeira democracia consiste em  que “O poder tem que ser do povo, para o povo e pelo povo”, e o governante deverá não apenas ser eleito pelo povo, mas trabalhar para a população. Os altíssimos ideais da verdadeira democracia na América nascente é que levaram os Estados Unidos ao enorme desenvolvimento que teve, e a decadência da nação veio quando o poder econômico-financeiro limitou e impediu as bases democráticas de funcionamento do país, através da especulação, trusts, cartéis, controle da mídia, lobbies etc. Isso levou ao  artificialismo em que o ser humano atual vive, que  o leva ao estresse, por ser obrigado a ter uma existência contra a vida,  a natureza e o bem. Thomas Jefferson, que redigiu grande parte da Constituição Americana, teve muitos cuidados em limitar o poder e garantir a liberdade de consciência: “A Escola e a Imprensa têm de ser livres para evitar a corrupção e a decadência da nação”. Ele percebeu que se a pessoa que galga o poder for muito desequilibrada causará enorme estrago à nação, por dar total vazão a sua patologia.

Lula agradece apoio e chama todos à luta


Num vídeo, gravado pelo fotógrafo Roberto Stuckert, o presidente Lula agrade as manifestações de solidariedade e, mesmo com a voz falhando, convoca a todos para não darem espaço ao pessimismo, apoiarem Dilma e manterem a certeza de que o Brasil mudou e que temos, finalmente, um futuro que começa no presente, e não mais apenas na imaginação.
Se ele, diante do problema que enfrenta, conserva este ânimo, cada um de nós pode dar um pouco mais de empenho para que, poupando Lula, a luta não esmoreça por um minuto sequer.

O que Dilma dirá ao G-20:




Ontem, na solenidade “As empresas mais admiradas”, realizada pela Revista Carta Capital, a presidenta Dilma Rousseff fez uma espécie de avant-premiére do que será sua fala na reunião do G-20, que se inicia quinta-feira, em Cannes, na França.
Creio que haverá três pontos-chave na sua fala.
A primeira, propor – certamente diante de ouvidos moucos – que a crise seja enfrentada sem medidas recessivas, as mesmas que não deram certo nunca. “Se todos fizerem ajustes recessivos, a recessão será uma profecia autorrealizável”, adiantou Dilma.
A segunda, que será mencionada e seguirá mais forte nos diálogos bilaterais, é a de que o Brasil ajudará num projeto de recuperação que leve em conta o aquecimento da economia européia, mas dentro de um quadro institucional, via FMI, com o correspondente apoio da Europa á reestruturação de poder dentro do Fundo e à mudança de seus enfoques econômicos. Para esta, os ouvidos já não poderão ser “de mercador”, porque eles precisam e já viram que a China não virá com seu dinheirinho ajudar tão fácil assim.
Por fim, Dilma vai apontar o Brasil como destino favorável aos capitais sem emprego seguro nas economias centrais, ressaltando a força de nosso mercado interno, a solidez de nossos fundamentos econômicos e a perspectiva de reaceleração do crescimento a partir do início do ano que vem, animada por nosso consumo doméstico.
PS. Leia mais sobre as condições da ajuda do Brasil à União Europeia aqui 
*Tijolaço

Câncer do Lula.
O Brasil que odeia



O Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Maria Inês Nassif, a partir do Blogger:

O JORNALISMO-URUBÚ E A DOENÇA DE LULA


Guia de boas maneiras na política. E no jornalismo

Maria Inês Nassif

A cultura de tentar ganhar no grito tem prevalecido sobre a boa educação e o senso de humanidade na política brasileira. E o alvo preferencial do “vale-tudo” é, em disparada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por algo mais do que uma mera coincidência, nunca antes na história desse país um senador havia ameaçado bater no presidente da República, na tribuna do Legislativo. Nunca se tratou tão desrespeitosamente um chefe de governo. Nunca questionou-se tanto o merecimento de um presidente – e Lula, além de eleito duas vezes pelo voto direto e secreto, foi o único a terminar o mandato com popularidade maior do que quando o iniciou.


A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso. A campanha que se espalhou nas redes sociais pelos adversários políticos de Lula, para que ele se trate no Sistema Único de Saúde (SUS), é de um mau gosto atroz. A jornalista que o culpou, no ar, pelo câncer que o vitimou, atribuindo a doença a uma “vida desregrada”, perdeu uma grande chance de ficar calada.


Até na política as regras de boas maneiras devem prevalecer. Numa democracia, o opositor é chamado de adversário, não de inimigo (para quem não tem idade para se lembrar, na nossa ditadura militar os opositores eram “inimigos da pátria”). Essa forma de qualificar quem não pensa como você traz, implicitamente, a ideia de que a divergência e o embate político devem se limitar ao campo das ideias. Esta é a regra número um de etiqueta na política.


A segunda regra é o respeito. Uma autoridade, principalmente se se tornou autoridade pelo voto, não é simplesmente uma pessoa física. Ela é representante da maioria dos eleitores de um país, e se deve respeito à maioria. Simples assim. Lula, mesmo sem mandato, também o merece. Desrespeitar um líder tão popular é zombar do discernimento dos cidadãos que o apoiam e o seguem. Discordar pode, sempre.


A terceira regra de boas maneiras é tratar um homem público como homem público. Ele não é seu amigo nem o cara com quem se bate boca na mesa de um bar. Essa regra vale em dobro para os jornalistas: as fontes não são amigas, nem inimigas. São pessoas que estão cumprindo a sua parte num processo histórico e devem ser julgadas como tal. Não se pode fazer a cobertura política, ou uma análise política, como se fosse por uma questão pessoal. Jornalismo não deve ser uma questão pessoal. Jornalistas têm inclusive o compromisso com o relato da história para as gerações futuras. Quando se faz jornalismo com o fígado, o relato da história fica prejudicado.


A quarta regra é a civilidade. As pessoas educadas não costumam atacar sequer um inimigo numa situação tão delicada de saúde. Isso depõe contra quem ataca. E é uma péssima lição para a sociedade. Sentimentos de humanidade e solidariedade devem ser a argamassa da construção de uma sólida democracia. Os formadores de opinião tem a obrigação de disseminar esses valores.


A quinta regra é não se deixar contaminar por sentimentos menores que estão entranhados na sociedade, como o preconceito. O julgamento sobre Lula, tanto de seus opositores políticos como da imprensa tradicional, sempre foi eivado de preconceito. É inconcebível para esses setores que um operário, sem curso universitário e criado na miséria, tenha ascendido a uma posição até então apenas ocupada pelas elites. A reação de alguns jornalistas brasileiros que cobriram, no dia 27 de setembro, a solenidade em que Lula recebeu o título “honoris causa” pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, é uma prova tão evidente disso que se torna desnecessário outro exemplo.


No caso do jornalismo, existe uma sexta regra, que é a elegância. Faltou elegância para alguns dos meus colegas.


(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo

*PHA

John Cage Uma das obras mais polêmicas de toda a história da música de concerto.


*comtextolivre

A verdade sobre a Líbia


*comtextolivre

terça-feira, novembro 01, 2011

Supremo rasgou a Constituição
para absolver Gilmar

Este ansioso teve acesso a novo movimento do corajoso advogado Alberto Piovesan.

Como se sabe, Piovesan foi ao Senado e ao Supremo para tentar o impeachment do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*).

Na verdade, Piovesan queria que o Senado e o Supremo apurassem informações de amplo conhecimento público: as relações entre o ex-Supremo e um dos 2001 advogados de Daniel Dantas (o banqueiro condenado a 10 anos de cadeia), o notório Dr Sergio Bermudes, são de fazer corar a Madre Superiora.

Tanto assim que este ansioso blog considerou um verdadeiro BO o trabalhou do dr Piovesan.

Pois, não é que o Senado do Presidente Sarney engavetou o trabalho do dr Piovesan ?

Piovesan recorreu ao Supremo.

E o Supremo absolveu Gilmar Dantas (*).

Só que agora se sabe que, para absolver Gilmar Dantas (*), o Supremo rasgou a Constituição !

Viva o Brasil !

Leia a seguir o embargo com que Piovesan sugere ao Supremo respeitar a Constituição:

EXMO. SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI

RELATOR DO MANDADO DE SEGURANÇA Nº 30672

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ALBERTO DE OLIVEIRA PIOVESAN, já qualificado nos autos do MANDADO DE SEGURANÇA nº 30672, vem em causa própria, respeitosamente, ante Vossa Exce-lência, com base nos artigos 337 e 338 do Regimento Interno dessa Egrégia Corte, tempestivamente interpor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ao v. Acórdão publicado no D.J. no último dia 18 do corrente mês de outubro de 2011, face a existência de omissão que impõe seja declarado nulo o respectivo julgamento concluído em 15 de setembro deste ano de 2011, conforme em seguida expõe.


A omissão decorreu da falta de verificação do quorum mínimo para o julgamento.


A matéria é constitucional. Tanto que do cabeçalho da própria Ementa do V. Acórdão consta expressamente esta circunstância (grifei):


“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. IMPEACHMENT. MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FE-DERAL. RECEBIMENTO DE DENÚNCIA. MESA DO SENADO FEDERAL. COMPETÊNCIA.”


No feito discute-se se a exata observância do disposto no artigo 52, II, da Constituição Federal, realiza-se mediante decisão colegiada do Senado Federal, ou concor-rentemente de seu Presidente e da respectiva Mesa.


E tanto é tranquilamente de índole constitucional a questão, que também o precedente citado na R. Decisão Agravada assim considerou a relacionada ao processo de impeachment.


Não é preciso mais argumentar, para tanto concluir.


Desta certeza resulta que o quorum mínimo para que o Egrégio Plenário decidisse o recurso é de 8 (oito) Ministros, nos termos do artigo 143 do Regimento Interno desse Egrégio Supremo Tribunal Federal:


“Art. 143. O Plenário, que se reúne com a pre-sença mínima de seis Ministros, é dirigido pelo Presidente do Tribunal.


Parágrafo único. O quorum para votação de matéria constitucional e para a eleição do Presidente e do Vice-Presidente, dos membros do Conselho Nacional da Magistratura e do

Tribunal Superior Eleitoral é de oito Ministros.


É certo que na Sessão em que iniciado o julgamento do Agravo Regimental, do dia 17 de agosto de 2011, havia quorum para julgar o caso. Nessa Sessão apenas o Eminente Ministro


Relator proferiu seu Voto, tendo pedido vista o também Eminente Ministro Marco Aurélio. Mas, na Sessão do dia 15 de setembro de 2011, na qual o Ministro Marco Aurélio proferiu seu R. Voto, e foram colhidos os dos demais Ministros presentes e deu-se por concluído o julgamento, registrou-se, conforme consta do R. Acórdão, ausência justificada na votação do recurso de três dos Srs. Ministros que compõe esse Egrégio Supremo Tribunal Federal:


“A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Minis-tros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negar provimento ao recurso de agravo. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausentes, justificadamente, os Senhores Mi-nistros Celso de Mello, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa.


Brasília, 15 de setembro de 2011.”


Nessa ocasião o Egrégio Supremo Tribunal Federal contava com 10 (dez) Ministros, ante a aposentadoria de também Eminente Sra. Ministra, vaga que ainda não está preenchida.


Tem-se então que compunham a Sessão de 15 de setembro de 2011, no momento da votação do Agravo Regimental, apenas 7 (sete) Srs. Ministros, número inferior ao quorum exigido pelo próprio Regimento Interno para, vale enfatizar, votação de matéria constitucional.


Por falta de quorum, a decisão ora embargada é nula.


E por esta razão não se há ainda de apontar, nestes embargos, eventuais circunstâncias que em tese possibilitem aclaramento, o que se afirma com o costumeiro e devido respeito, em relação ao substancioso e respeitável Voto do Eminente Ministro Marco Aurélio, sendo também, por ora, pela mesma razão, e feitas as mesmas reverências, inoportunas ainda quaisquer considerações em relação ao costumeiramente primoroso e respeitável Voto do Eminente Sr. Ministro Relator, únicos que estão escritos no V. Acórdão.


O Embargante reconhece que dificilmente, em novo julgamento, haverá resultado diferente.


Sabe, todavia, que o voto faltante, acaso perfilhe a tese desenvolvida no Agravo, poderá sensibilizar os Srs. Ministros, juízes que são e, portanto, sempre dispostos a re-considerarem posições quando juridicamente convencidos.


E é para possibilitar mais debates, tendentes a solver todas as dúvidas envolvendo matérias constitucionais, uma das razões da exigência de quorum qualificado para decidir questão relevante como a posta ao crivo desse Supre-mo Tribunal Federal, a qual é, inegavelmente, matéria constitucional.


Pelo exposto o Embargante requer sejam provi-dos estes embargos de declaração para, sanada a omissão quanto à verificação do quorum exigido pelo Regimento In-terno desse Egrégio Supremo Tribunal Federal quando da conclusão do julgamento do Agravo Regimental interposto de decisão proferida no Mandado de Segurança nº 30672, e pa-tente a sua insuficiência, seja declarada a nulidade apontada, e realizado novo julgamento.


De Vitória/ES para Brasília, em 20 de outubro de 2011


ALBERTO DE OLIVEIRA PIOVESAN



(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.
*PHA

A depravação da América

A cultura dos Estados Unidos foi inundada por um tsunami de mentiras. O marketing se tornou a atividade predominante da cultura. É uma coisa seguida por pessoas de negócios, políticos e pela mídia. O dinheiro é tudo o que importa. Foi-se o tempo em que a ética protestante definia o caráter dos EUA. Ela foi usada pelos sociólogos como fator responsável pelo sucesso do capitalismo na Europa do Norte e nos EUA, mas a ética protestante e o capitalismo se tornaram incompatíveis. A "América" está se tornando uma região de depravação raramente superada pelas piores nações da história.
Foi-se o tempo em que a ética protestante definia o caráter dos Estados Unidos. Ela foi usada como fator responsável pelo sucesso do capitalismo na Europa do Norte e na América, pelos sociólogos, mas a ética protestante e o capitalismo são incompatíveis, e o capitalismo, em última análise, faz com que a ética protestante seja abandonada.
Há um novo ethos que emergiu, e as elites governamentais não o entendem. Trata-se do etos da “grande oportunidade”, do “prêmio”, da “próxima grande ideia”. A marcha lenta e deliberada em direção ao sucesso é hoje uma condenação do destino. Junto à próxima grande ideia comercial está o novo modelo do "sonho americano". Tudo o que importa é o dinheiro. Dada essa atitude, poucos na América expressam preocupações morais. A riqueza é só o que se tem em vista; vale inclusive nos destruir para alcançá-la. E se não chegamos lá ainda, certamente em breve chegaremos.
Eu suspeito que a maior parte das pessoas gostaria de acreditar que sociedades, não importa as bases de suas origens, tornam-se melhores com o tempo. Infelizmente a história desmente essa noção; frequentemente as sociedades se tornam piores com o tempo. Os Estados Unidos da América não é exceção. O país não foi benigno em sua origem e agora declina, tornando-se uma região de depravação raramente superada pelas piores nações da história.
Embora seja impossível encontrar números que provem que a moralidade na América declinou, evidências cotidianas estão onde quer que se veja. Quase todo mundo pode citar situações nas quais o bem estar das pessoas foi sacrificado pelo bem das instituições públicas ou privadas, mas parece impossível citar um só exemplo de instituição pública ou privada que tenha sido sacrificada em nome do povo.
Se a moralidade tem a ver com o modo como as pessoas são tratadas, pode-se perguntar legitimamente onde a moralidade desempenha um papel no que está se passando nos EUA? A resposta parece ser: “Em lugar nenhum!” Então, o que tem aconteceu nos EUA para se ter a atual epidemia de afirmações de que a moralidade na América colapsou?
Bem, a cultura mudou drasticamente nos últimos cinquenta anos. Foi isso o que aconteceu. Houve um tempo em que a "América", o "caráter americano", era definido em termos do que se chamava de Ética Protestante. O sociólogo Max Weber atribuiu o sucesso do capitalismo a isso. Infelizmente, Max foi negligente; ele estava errado, completamente errado. O capitalismo e a ética protestante são inconsistentes entre si. Nenhum dos dois pode ser responsável pelo outro.
A ética protestante (ou puritana) está baseada na noção de que o trabalho duro e a ascese são duas consequências importantes para ser eleito pela graça da cristandade. Se uma pessoa trabalha duro e é frugal, ele ou ela é considerado como digno de ser salvo. Esses atributos benéficos, acreditava-se, fizeram dos estadunidenses o povo mais trabalhador do que os de quaisquer outras sociedades (mesmo que as sociedades protestantes europeias fossem consideradas parecidas e as católicas do sul da Europa fossem consideradas preguiçosas).
Alguns de nós afirmam agora que estamos testemunhando o declínio e a queda da ética protestante nas sociedades ocidentais. Como a ética protestante tem uma raiz religiosa, o declínio é frequentemente atribuído a um crescimento do secularismo. Mas isto seria mais facilmente verificável na Europa do que na América, onde o fundamentalismo protestante ainda tem muitos seguidores. Então deve haver alguma outra explicação para o declínio. Mesmo que o crescimento do secularismo tenha levado muita gente a dizer que ele destruiu os valores religiosos juntamente aos valores morais que a religião ensina, há uma outra explicação.
No século XVII, a economia colonial da América era agrária. Trabalho duro e ascese combinam perfeitamente com essa economia. Mas a América não é mais agrária. A economia dos EUA hoje é definida como capitalismo industrial. Economias agrárias raramente produzem mais do que é consumido, mas economias industriais o fazem diariamente. Assim, para se manter a economia industrial funcionando, o consumo deve não apenas ser contínuo, como continuamente crescente.
Eu duvido que haja um leitor que não tenha escutado que 70% da economia dos EUA resulta do consumo. Mas 70% de um é 0,7, ou de dois é 1,4, de três, 2,1, etc. À medida que economia cresce de um a dois pontos do PIB, o consumo deve crescer de 0,7 para 1,4 pontos. Mas o aumento crescente do consumo não é compatível com a ascese. Uma economia industrial requer gente para gastar e gastar, enquanto a ascese requer gente para economizar e economizar. A economia americana destruiu a ética protestante e as perspectivas religiosas nas quais foi fundada. O consumo conspícuo substituiu o trabalho duro e a poupança.
No seu A Riqueza das Nações, Adam Smith afirma que o capitalismo beneficia a todos, desde que cada um aja em benefício dos outros. Agora estão nos dizendo que “economizar mais e cortar gastos pode ser um bom plano para lidar com a recessão. Mas se todo mundo proceder assim isso só vai tornar as coisas piores....aquilo de que a economia mais precisa é de consumidores gastando livremente”. A grande recessão atingiu Adam Smith na sua cabeça, mas o economista admitiria isso. “Um ambiente em que todos e cada um quer economizar não pode levar ao crescimento. A produção necessita ser vendida e para isso você precisa de consumidores”.
Poupar é (presumivelmente) bom para indivíduos, mas ruim para a economia, a qual requer gasto contínuo crescente. Se um economista tivesse dito isso na minha frente, eu teria lhe dito que isso significa claramente que há algo fundamentalmente errado com a natureza da economia, que isso significa que a economia não existe para prover as necessidades das pessoas, mas que as pessoas existem apenas para satisfazer as necessidades da economia. Embora não pareça isso, uma economia assim escraviza o povo a quem diz servir. Então, de fato, o capitalismo industrial perpetrou a escravidão; ele tem reescravizado aqueles que um dia emancipou.
Quando o consumo substituiu a poupança na psique americana, o resto de moralidade afundou junto na depravação. A necessidade de vender requer marketing, o que nada mais é que a mentira das mentiras. Afinal de contas, toda empresa é fundada no que disse o livro de Edward L. Bernays, de 1928: Propaganda. A cultura americana tem sido inundada por um tsunami de mentiras. O marketing se tornou a atividade predominante da cultura. Ninguém pode se isolar disso. É uma coisa seguida por pessoas de negócios, políticos e pela mídia. Ninguém pode ter certeza de estarem lhe contando a verdade a respeito de alguém. Nenhum código moral pode sobreviver numa cultura de desonestidade, e de resto, ninguém pode!
Tendo subvertido a ética protestante, a economia destruiu toda ética que a América um dia promoveu. O país tornou-se uma sociedade sem um etos, uma sociedade sem propósito humano. Os americanos se tornaram cordeiros sacrificáveis para o bem das máquinas. Então, um novo etos emergiu do caos, um etos que a elite governamental desconhece completamente.
Diz-se frequentemente que Washington perdeu o contato com as pessoas que governa, que não entende mais seu próprio povo ou como sua cultura comum funciona. Washington e a elite do país não entendem isso, mas a cultura não valoriza mais o certo sobre o errado ou o trabalho duro e a ascese sobre a preguiça e a extravagância. Hoje os americanos estão buscando a “grande oportunidade”, o “prêmio”, a “próxima grande ideia”. O Sonho Americano foi hoje reduzido ao “acertar em cheio!”. A longa e deliberada estrada para o sucesso é uma condenação. Vejam American Idol, The X-Factor e America’s Got Talent e testemunhe a horda que se apresenta para os auditórios. Essas pessoas, em sua maior parte, não trabalharam duro em nada na vida. Contem o número de pessoas que regularmente apostam na loteria. Esse tipo de aposta não requer trabalho algum. Tudo o que essas pessoas querem é acertar em cheio. E quem é nosso homem de negócios mais exaltado? O empreendedor!
Empreendedores são, na sua maior parte, fogo de palha, mesmo que haja exceções notáveis. O problema com o empreendedorismo, no entanto, é a alta conta em que passou a ser tomado. Mas o único valor ligado a ele é a quantidade de dinheiro que os empreendedores têm feito. Raramente ouvimos alguma coisa a respeito do modo nefasto como esse dinheiro foi feito. Bill Gates e Mark Zuckerberg, por exemplo, dificilmente representam imagens de pessoas com moralidade exemplar, mas na economia sem escrúpulos morais, ninguém se importa; tudo o que importa é o dinheiro.
Dada essa atitude, por que alguém, nessa sociedade, expressaria preocupações morais? Poucos na América o fazem. Assim, enquanto a elite americana fala na necessidade de produzir força de trabalho sustentável para as necessidades de sua indústria, as pessoas não querem nada disso.
A elite frequentemente lastima a falência do sistema educacional americano e tem tentado melhorá-lo sem sucesso, por várias décadas. Mas se alguém presta atenção no atual estado de coisas na América, vê que a maior parte dos empreendedores de sucesso são pessoas que abandonaram faculdades. Como se pode convencer a juventude de que a educação universitária é um empreendimento que vale a pena? Assim como Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg mostraram, aprender a desenhar um software não requer graduação universitária. Nem ganhar na loteria ou vencer o American Idol. Fazer parte da Liga Nacional de Futebol pode requerer algum tempo na universidade, mas não a graduação. Todo o empreendedorismo requer uma nova ideia mercantil.
Entretenimento e esportes, loterias e programas de jogos e disputas, produtos de consumo de que as pessoas não tiveram necessidade por milhões de anos são agora as coisas que formam a cultura americana. Mas não são coisas, são lixo; não podem formar a base de uma sociedade humana estável e próspera. Esta é uma cultura governada meramente por um atributo: a riqueza, bem ou mal havida!
A capacidade humana de autoengano é sem limites. Os estadunidenses vêm se enganando com a crença de que a riqueza agregada, a soma total de riquezas, em vez de como ela é distribuída, dá certo. Não importa como foi obtida ou o que foi feito para se obter tal riqueza. A riqueza agregada é a única coisa que se tem em vista; é algo pelo que vale à pena destruir a nós mesmos. E mesmo que não o tenhamos alcançado ainda, em breve certamente o conseguiremos.
A história descreve muitas nações que se tornaram depravadas. Nenhuma delas jamais se reformou. Nenhum garoto bonito pode ser convocado para desfazer a catástrofe do Toque de Midas. O dinheiro, afinal de contas, não é uma coisa de que os humanos precisem para sobreviver, e se o dinheiro não é usado para produzir e distribuir as coisas necessárias, a sobrevivência humana é impossível, não importa o quanto de riqueza seja agregada ou acumulada.
John Kozy é professor aposentado de filosofia e lógica que escreve sobre assuntos econômicos, sociais e políticos. Depois de ter servido na Guerra da Coréia, passou 20 anos como professor universitário e outros 20 trabalhando como escritor. Publicou um livro de lógica formal, artigo acadêmicos. Sua página pessoal é http://www.jkozy.com onde pode ser contatado.
Tradução: Katarina Peixoto
*Carta Maior

WAGNER MOURA: "EU NÃO FALO COM A REVISTA VEJA"

Matéria extraída do Blog de Luis Nassiff, postada por José Luís Ribeiro da Silva.

Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elistista".
Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elitista".

Dando uma pausa na linha literária. Terminei de ler a entrevista do ator Wagner Moura na edição deste mês da revista “Caros Amigos”. Recomendo a leitura. Entre outros assuntos, o ator fala (ainda) sobre as polêmicas em torno do filme Tropa de Elite e diz o que pensa da mídia brasileira.
Wagner declarou, sem meias palavras, que não dá entrevistas à “Veja”, por considerá-la “uma revista de extrema direita brasileira”. Confira um aperitivo:
“A linha editorial da revista Veja, uma revista de extrema direita brasileira. Eu me lembro claramente de uma capa da revista Veja que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia assim: “Dez motivos para você votar ‘Não’ “. Eu me lembro claramente da revista Veja elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E semana sim, semana não está sacaneando colega nosso: Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante, violenta. Outro motivo é que na revista Veja escreve Diogo Mainardi! Eu não posso compactuar com uma revista dessas, entendeu? Conservadora, elitista. Então, não falo com a revista Veja, assim como não falo para a revista Caras. Agora, a mídia é um negócio complexo, importante. A imprensa brasileira, nessa episódio agora do Congresso, cumpre um papel sensacional. Achei ótimo o fim dessa lei de imprensa, careta, antiga. Acho que a imprensa tem que se sentir livre e trabalhar e quem se sentir agredido por ela entra em juízo e processa”.
Pegando carona na metáfora usada pelo ator em outro trecho da entrevista, muita gente ainda não tomou a pílula nem despertou para o deserto do real – são os que ainda estão conectados à Matrix. Felizmente, é uma espécie cada vez menos numerosa.
http://embolandopalavras.com.br/?p=73
*Historiavermelha