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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 03, 2012

Classismo, sexismo, escravismo, racismo, xenofobismo, homofobismo e especísmo

O teocentrismo dominou o pensamento ocidental por mais de mil anos. O livro do Gênesis descreve a criação do mundo por Deus da seguinte forma: No primeiro dia, Deus criou a luz. No segundo dia, criou o firmamento. No terceiro dia, separou as águas da terra e mandou a terra fornecer ervas, plantas e árvores frutíferas. No quarto dia, criou luzes no firmamento para separar a luz da escuridão e marcar dias, estações e anos. No quinto dia, mandou o mar se encher de criaturas vivas e os pássaros voarem pelos ares. No sexto dia, mandou a terra produzir criaturas vivas (animais domésticos, répteis e animais selvagens segundo as diversas espécies) e, por último, criou o ser humano (primeiro o homem e depois a mulher) à sua própria imagem e semelhança, ordenando: "Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra." No sétimo dia Deus descansou.
 
Esse teocentrismo traz em seu bojo uma visão antropocentrica (teo-antropocentrismo), pois, segundo esse mito do surgimento do mundo, o ser humano foi criado à imagem de Deus, possuindo uma missão de se multiplicar e dominar a Terra e todas as espécies vivas do mundo. Mas, na tradição bíblica, embora o “Homem” tenha sido criado à imagem e semelhança de Deus ele não possui os poderes divinos, já que foi condenado a ter uma vida de sofrimentos na Terra, devido ao Pecado Original que provocou a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Somente pelo esforço, as penitências, as orações, os sacrifícios e muito trabalho o ser humano poderia conseguir a reabilitação divina e atingir, depois da morte, a vida eterna no paraíso perdido. A principal lição do teocentrismo-antropocentrico é que a natureza - criada por uma Força Superior – é imutável e que o ser humano é incapaz de alterar a ordem natural do mundo e tampouco a sua própria condição na Terra. Além do mais, a ordem hierarquica da natureza se reproduzia na sociedade humana, sendo que os reis (e a nobreza) tinham seus privilégios e riqueza atribuídos à origem divina e o clero tinha os privilégios de quem, supostamente, possuia contato direto com as leis divinas.
O renascimento, o empiricismo e o iluminismo foram movimentos que surgiram, no início da idade moderna, para se contrapor ao teocentrismo e ao poder das religiões sobre os costumes, a organização social e a ciência. Ajudados pela Reforma Protestante e por uma nova classe social que não estava ligada à renda da terra, mas sim ao comércio internacional e à industria, estes movimentos provocaram uma onda de revoluções, cujos eventos mais marcantes foram a Revolução Gloriosa (1688), na Inglaterra, a Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).
Com base no empirismo e no iluminismo os pensadores progressistas dos séculos XVII e XVIII buscaram combater os preconceitos, as superstições e a ordem social do antigo regime. Trocaram o teocentrismo pelo antropocentrismo. Ao invés de uma natureza incontrolável e caótica, passaram a estudar suas leis e entender o seu funcionamento. Associavam o ideal do conhecimento científico com as mudanças sociais e políticas que poderiam propiciar o progresso da humanidade e construir o “paraíso na terra”.
Entre os pensadores iluministas podemos encontrar aqueles que eram contra os privilégios da nobreza (classismo), contra a escravidão (escravismo), contra o racismo, contra os privilégios masculinos sobre os femininos (sexismo) e contra o preconceito contra estrangeiros e migrantes (xenofobismo).
Os pensadores iluministas buscaram substituir o Deus onipresente e onipotente da religião e das superstições populares pela Deusa Razão. Eles acreditavam que semeando razão se colheria progresso. De fato, as idéias iluministas foram fundamentais para o avanço da educação, da ciência e tecnologia e para o desenvolvimento econômico dos povos do mundo. Porém, a forma concreta como isto se deu foi por meio da Revolução Industrial e todas as suas consequências.
Na prática novas relações sociais foram implementadas com o desenvolvimento da sociedade industrial e o classismo, o sexismo, o racismo e o xenofobismo foram reconfigurados. O escravismo foi abolido oficialmente no final do século XIX e o Brasil foi o último país a acabar com a escravidão legal (embora ainda haja escravidão em escala local).
Na verdade, a razão e o progresso não foram implementados para o conjunto da humanidade e muito menos para o conjunto dos seres vivos do Planeta. O novo antropocentrismo passou a utilizar a razão, não como uma fonte substantiva de pensamento finalistico e valorativo, mas sim como uma razão instrumental a serviço da dominação da natureza e das espécies e dos diversos segmentos da população humana. Assim como muitos crimes e guerras foram cometidos em nome de Deus, também muitos crimes e guerras foram cometidos em nome da Deusa Razão.
O mundo continua um lugar perigoso, desigual e sem um rumo razoavelmente definido. Mas entre os avanços conquistados, diveros estão consolidados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Os quatro primeiros artigos da Declaração dizem o seguinte:
1° - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
2° - Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
3° - Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
4° - Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
Um item que ainda está longe de conseguir legitimidade e uma legislação adequada é o combate ao homofobismo e a todas as manifestações de homofobia. Mas em outras áreas houve grandes avanços, embora a civilização humana ainda esteje longe de tratar todos os seus membros de forma justa e igualitária. Porém, existem instrumentos para se combater as discriminações adivindas do classismo, escravismo, sexismo, xenofobismo e homofobismo.
Contudo, permanece a velha concepção antropocêntrica que se manifesta na separação entre natureza e cultura e na falta de instrumentos para combater o especísmo. Ou seja, o ser humano continua a discriminar os animais sencientes, utilizando-os para a alimentação, para diversos usos e a prática da “escravidão animal”. Muitas pessoas ainda acreditam que pelo simples fato de serem humanos e racionais possuem mais direitos e maior poder sobre a vida de outros seres vivos de outras espécies. É a racionalidade instrumental a serviço do egoísmo humano e em nome da dominação e exploração de outras espécies.
Ou seja, é preciso colocar um fim ao especísmo. Os Direitos Humanos não podem estar em contradição e em conflito com os direitos da Terra e os direitos da biodiversidade. A humanidade precisa saber utilizar a sua racionalidade, não para a dominação e a exploração predatória da Terra e das demais espécies vivas, mas é preciso saber utilizar a razão para a convivência pacífica e harmoniosa entre todos os seres vivos do Planeta.
José Eustáquio Diniz Alves
No O Pensador Selvagem
*comtextolivre

Charges do Dia

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50 ANOS SEM O PAI DO AMIGO DA ONÇA


50 anos sem Péricles (ou o Amigo da Onça?)

Uma das maiores criações do cartum brasileiro - o Amigo da Onça - nasceu da cabeça de um pernambucano: Péricles de Andrade Maranhão. O personagem é, sem dúvida nenhuma, uma presença obrigatória no imaginário coletivo nacional desde a década de 40. Péricles nasceu no bairro do Espinheiro, no Recife, dia 14 de agosto de 1924, estudou no Colégio Marista e fez sua primeira charge para o Diário de Pernambuco. A charge viveu nas páginas de O Cruzeiro de 23 de outubro de 1943 a 3 de fevereiro de 1962. Depois da morte de seu criador, o Amigo da Onça foi desenhado por Carlos Estevão. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado de uma famosa anedota.

Péricles de Andrade Maranhão foi um adolescente pernambucano desenhista daqueles com talento de enlouquecer qualquer professor. Jovem durante a fase áurea dos quadrinhos, por vezes imitou os traços de Dick Tracy, Agente Secreto X-9 e Flash Gordon.

Menor de idade, chegou ao Rio de Janeiro, com uma carta de recomendação para nada mais nada menos que Leão Gondim de Oliveira, manda-chuva dos Diários Associados, então a mais poderosa rede de comunicações do país. Em sua estreia, a 6 de junho de 1942, era o funcionário mais jovem da empresa . Nove meses depois, seu primeiro personagem cômico no Diário da Noite, Oliveira, o trapalhão, já divertia os leitores.

No ano de 1943, O Cruzeiro, baseado numa equipe jovem e de qualidade, iniciava a revolução que faria nos anos seguintes, tornando-se a revista mais importante do Brasil. Péricles participaria com um tipo humorístico que traduzisse "a verve típica e o humor carioca", que captasse "o estado de espírito daquele que vive no Rio de Janeiro, não importa onde tenha nascido".

Rabisca pra cá, rabisca para lá, Péricles coloca o lápis para pensar e emerge uma figura que lhe parece apropriada: baixinho, cabelo penteado para trás à base de gumex, summer jacket, bigodinho safado, olhar de peixe morto. Fez tanto sucesso que as tiradas, que antes ficavam na capa e contra-capa, passaram a ser dentro da revista, evitando que as pessoas apenas as folheassem sem pagar.

O Amigo da Onça foi utilizado para fazer jornalismo e críticas e em muitas situações o Amigo da Onça esculhamba instituições como o casamento, exército e a hipocrisia social contida no jogo de aparências. (Fontes: Blog=Memorial pernambucano e Blog Luis Nassif).


A ordem criminosa do mundo

Em novembro de 2008, a TVE (Espanha) exibiu um documentário intitulado “A ordem criminosa do mundo”. Nele, Eduardo Galeano (foto), Jean Ziegler e outras personalidades mundiais falam sobre a transformação da ordem capitalista mundial em um esquema mortífero e criminoso para milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de três anos depois, o documentário permanece mais atual do que nunca, com alguns traços antecipatórios da crise que viria atingir em cheio também a Europa.


*CartaMaior

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Deleite Milton Santos

Mensalão do PT não chega aos pés da privataria tucana

Eduardo Guimarães


O ano novo começa com a promessa de uma disputa dolorosa para o país.  O Brasil atravessará 2012 discutindo se quem roubou mais  foram os petistas e aliados envolvidos no escândalo do mensalão ou se foram os tucanos envolvidos nas denúncias contra as privatizações de patrimônio público durante o primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Nos próximos meses, portanto, o escândalo petista e o tucano estarão na berlinda midiática, o que irá desencadear uma verdadeira guerra política, pois os meios de comunicação aliados à oposição tentarão usar o julgamento do mensalão para interferir nas eleições municipais.
Como o inquérito do mensalão deve ser julgado durante o processo eleitoral deste ano, prevê-se que a imprensa deve tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal a condenar expoentes governistas de forma a ajudar PSDB, DEM e PPS a elegerem governos municipais a fim de driblarem o processo de enfraquecimento pelo qual esses partidos vêm passando, com significativa redução de suas bancadas no Congresso Nacional.
Por outro lado, a base aliada, fustigada em 2011 por denúncias da mídia oposicionista contra ministros indicados pelos partidos que apoiam o governo federal, parece disposta a não apanhar sem reação. O previsível uso político-eleitoral do julgamento do mensalão fará os governistas se empenharem na CPI da Privataria, que já tem as assinaturas necessárias e já está protocolada na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Independentemente da tragédia que será a contaminação das eleições de prefeitos e vereadores devido à tentativa midiático-oposicionista de usar o julgamento do mensalão como vitamina eleitoral para tucanos e aliados, vale comparar o escândalo petista ao tucano. Afinal, a imprensa já tomou partido nessa disputa patética e há anos vem tentando transformar o mensalão no “maior escândalo de corrupção da história”.
Comparando-se os dois escândalos, porém, essa teoria se torna risível. O mensalão, basicamente, teria sido compra de apoio de parlamentares pelo governo Lula para votarem a favor de suas proposições ao Congresso Nacional. As cifras envolvidas, no entanto, mal se comparam às que transparecem no livro A Privataria Tucana.
A tese do mensalão é a de que a empresa de cartões de crédito Visanet (hoje Cielo) teria recebido dinheiro público do Banco do Brasil e repassado às agências de publicidade DNA e SMP&B, do publicitário Marcos Valério, quem, através do Banco Rural, teria pago mensalidades a deputados da base aliada do governo Lula.
Segundo o relator do inquérito do mensalão no Supremo, ministro Joaquim Barbosa, o montante de recursos públicos que pode ter abastecido o suposto esquema do mensalão seria de R$ 73 milhões. Esse seria o que a imprensa oposicionista chama de “maior escândalo de corrupção da história”.
Abaixo, as coincidências entre saques no Banco Rural e as votações do Legislativo que o governo Lula teria vencido por subornar parlamentares e partidos aliados.
1 – A reforma tributária aprovada na Câmara em 24 de setembro de 2003 se conectaria a pagamentos de R$ 1,212 milhão nos dias 23, 25 e 26 daquele mês e ano;
2 – A reforma tributária modificada no Senado em 17 de dezembro de 2003 se conectaria a pagamentos de R$ 470 mil no mesmo dia 17 e no dia 19;
3 – A Medida Provisória (MP) do salário mínimo aprovada na Câmara em 2 de junho de 2004 teria contrapartida de saques de R$ 500 mil no Banco Rural na mesma data;
4 – A MP do salário mínimo aprovada em 23 de junho de 2004 na Câmara após passar pelo Senado coincidiria com saques no total de R$ 200 mil no mesmo dia;
5 – Votação do status de ministro para o presidente do Banco Central ocorrida em 1º de dezembro de 2004 teria gerado pagamentos no total de R$ 480 mil em 29 e 30 de novembro daquele ano.
6 – A MP dos Bingos aprovada em 30 de março de 2004 teria gerado pagamentos totais de R$ 200 mil no dia anterior.
7 – A Reforma da Previdência aprovada em primeiro turno na Câmara em 5 de agosto de 2003 teria tido a contrapartida de R$ 200 mil no dia seguinte.
8 – A Reforma da Previdência aprovada em 27 de agosto de 2003 teria gerado propinas no valor de R$ 200 mil aos deputados governistas nos dois dias anteriores, 25 e 26.
9 – A Reforma da Previdência aprovada no Senado em 26 de novembro de 2003 teria gerado pagamentos totais de R$ 400 mil no mesmo dia e no dia seguinte.
10 – A Reforma da Previdência aprovada Senado em segundo turno em 11 de dezembro de 2003 resultaria em pagamentos de R$ 120 mil um dia antes.
O total de R$ 3,98 milhões sacados por parlamentares no Banco Rural deixa muito a descobrir sobre o restante dos tais R$ 73 milhões a que alude o ministro Joaquim Barbosa, mas mesmo que toda essa dinheirama tivesse sido rastreada – e até já pode ter sido, mas só se ficará sabendo quando ocorrer o julgamento do mensalão –, mal se compara às cifras que foram COMPROVADAMENTE pagas aos parentes e assessores de José Serra em períodos coincidentes com as privatizações do governo FHC.
O livro-bomba da privataria mostra que valores como os que foram detectados como tendo sido pagos a deputados “mensaleiros” (R$ 3,98 milhões) chegavam a ser pagos em poucas semanas, durante anos, a parentes e assessores do ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito e ex-governador tucano. O total de propinas nas privatizações, calculado pelo livro, ultrapassa a casa dos 2 bilhões de reais.
Além disso, as denúncias contra as privatizações tucanas envolvem gigantescas movimentações financeiras em paraísos fiscais por meio de contas e subcontas em instituições financeiras nacionais e estrangeiras envolvidas com lavagem de dinheiro do terrorismo e do tráfico de dogas. Isso sem falar no aumento exponencial do patrimônio dos envolvidos.
Pode-se dizer, tranquilamente, que evidências como as que pesam contra petistas e aliados no escândalo do mensalão existem muito mais contra tucanos no escândalo das privatizações. Na verdade, se a régua usada para acusar os “mensaleiros” tivesse sido usada contra os “privateiros”, teria havido – ou estaria havendo – também um inquérito da Privataria no Supremo.
Para entender por que um escândalo muito maior – que envolve quase cem bilhões de reais de dinheiro público, o montante das privatizações tucanas – jamais foi investigado e denunciado como foi o escândalo do mensalão, há que voltar a agosto de 2007. Então, o ministro do Supremo Ricardo Lewandovsky foi flagrado por jornalista da Folha de São Paulo dizendo ao telefone que ele e seus pares haviam acabado de aceitar o inquérito do mensalão por pressão da mídia, ou, como disse textualmente, “Com a faca no pescoço”.
Como se sabe, com exceção da Folha de São Paulo, que dedicou algumas matérias críticas ao obscuro processo de privatizações do governo FHC, a grande imprensa, hoje na oposição, jamais incomodou o governo tucano. Pelo contrário: até por ter comprado boa parte do que foi privatizado na telefonia, a imprensa defendia furiosamente aquele processo.
Nos próximos meses, portanto, conforme for se aproximando o julgamento do mensalão, a imprensa será inundada por pressões contra o Supremo Tribunal Federal para que, em pleno processo eleitoral, condene petistas graúdos como José Dirceu a fim de desmoralizar o PT e ajudar o PSDB e aliados a recuperarem um pouco do poder que vêm perdendo.
Enquanto isso, assim como a imprensa esconde ou desqualifica o explosivo livro A Privataria Tucana, deverá tentar esconder ou distorcer a CPI que se pretende instalar para investigar as denúncias que a obra do jornalista Amaury Ribeiro Jr. contém. Se o PT e seus aliados não denunciarem isso, o julgamento do mensalão poderá lhes produzir uma catástrofe nas urnas.
Se o PT e seus aliados não se acovardarem, portanto, o país descobrirá que o mensalão está muito longe de ser o “maior escândalo de corrupção da história”, pois as privatizações do governo FHC, sim, é que constituem não só o maior escândalo político do Brasil, mas, muito provavelmente, um dos maiores do mundo, se não for o maior.

Nada mais que o impossível

JANIO DE FREITAS

Cético desde sempre e para sempre, trago aqui meus desejos situados acima de toda possibilidade para 2012
As coisas que podem ser alcançadas, mude ou não o calendário, não precisam de tantos votos e pedidos na passagem de ano. O impossível desejado, aí sim, vale empenhar uma esperança contra a sua própria certeza. Cético desde sempre e para sempre, por natureza e convicção, trago aqui, para abordar 2012, meus desejos situados acima de toda possibilidade. Poderiam ser milhares, mas os três selecionados já sobrecarregam de desesperança as vãs esperanças.
Os três são simples. Tanto que o primeiro é só o desejo de uma pergunta alheia, que pode mesmo ser silenciosa. Não importaria se a fizesse uma autoridade paulista em nível estadual ou municipal.
É necessária uma explicação preliminar. Embora a riqueza paulista, algumas das favelas de São Paulo estão entre as mais desumanas nas milhares de favelas espalhadas pelo Brasil. Igualam-se, porém, às suas vizinhas menos degradantes nesta peculiaridade: em nenhum outro lugar as favelas são tão atingidas por incêndios como as de São Paulo.
A sequência é assombrosa. Ainda que não para os jornais, que nem se dispõem a substituir uma vulgaridade em suas primeiras páginas (estarei sendo redundante?) por documentos fotográficos da pobreza e da miséria incandescentes, literalmente como o inferno em vida.
A naturalidade com que os poderes públicos acompanham a sequência única de incêndios corresponde à rotina do fogo e da destruição. Vão os bombeiros, "o fogo é muito forte", "estamos tomando todas as providências", depois o rescaldo, as carcaças de fogões e de algumas geladeiras, o chão calcinado -pronto. Agora é aguardar o incêndio seguinte, para que tudo seja igual.
O desejo impossível é, então, o de que em 2012 alguma autoridade estadual ou municipal, sem furtar de seu tempo mais do que rápidos segundos, de repente se fizesse esta pergunta: "Por que será que há tantos incêndios de favelas aí pela Grande São Paulo?" Por que será?
Neste final de ano, o Rio ganhou dois presentes extraordinários. Aliás, extraordinário seria qualquer presente para a cidade que há muito tempo deixara de receber algum. O prefeito Eduardo Paes, cuja administração dinâmica injeta novidades valiosas e variadas em grande parte da cidade, adotou duas decisões muito muito inovadoras.
Uma: estudar a adoção de bondes modernos na região central da cidade e algumas adjacências. A outra: transferências da finalidade de lojas no Leblon (por ora, aí) não dependerão só das exigências burocráticas, mas de uma aprovação especial. Assim será evitado que livrarias, o comércio tradicional e serviços essenciais à vida de bairro continuem desaparecendo, devorados por mais agências bancárias e farmácias, já em número sufocante.
O desejo versão 2012: prefeitos e governadores admitirem não pensar em metrôs, só por serem obras de fácil (e aparente) justificação e alta rentabilidade para os bolsos próprios e alheios. E se interessarem pelo estudo de bondes modernos, tão menos custosos e de tanta eficiência para o público, como provam as deliciosas Amsterdã e San Francisco, entre outras. E ainda o estudo da ONU sobre transporte urbano, que qualificou o bonde moderno como o melhor em todos os sentidos.
Por fim, Marco Aurélio Villa, professor de história da Universidade Federal de São Carlos e colaborador de jornais, escreve que o best-seller "A privataria tucana", do repórter Amaury Ribeiro Jr., "foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto".
Aí há duas possíveis metáforas e uma informação. As primeiras são "nos esgotos" e o próprio historiador e professor de história. É a informação que justifica o desejo inalcançável: ver provar-se, por qualquer meio inequívoco, que "A privataria tucana" "foi produzido" no Palácio do Planalto, mesmo que na garagem ou no abrigo das emas.
Como os desejos impossíveis não impedem os realizáveis, agradeço a cada leitor a presença de sua leitura, mesmo que por uma só vez, e espero que seja protegido pela sorte em 2012.

*esquerdopata

Seis Presidentes Sul Americanos, anti globalização, com câncer.





O seguinte relato-vídeo expõe a coincidência muito suspeita que vários líderes latino-americanos, não alinhados com os interesses de outros elementos da elite do poder mundial, estão a contrair muito coincidentemente vários tipos de câncer. Por acaso você acha? Você acredita que não existe tecnologia para isso? Veja esta entrevista e tire as suas próprias conclusões.
 

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sugeriu que os EUA podem estar por trás da propagação de doenças de câncer entre os líderes dos países latino-americanos.
"Seria estranho se tivessem desenvolvido uma tecnologia para induzir o câncer e ninguém saber nada sobre isso?"  Chávez citou na Venezuela TV.
 

O Presidente venezuelano expressou-se nestes termos, após a notícia de que  Cristina Fernandez, da Argentina ter contraído de câncer.
Neste sentido, Chávez lembrou que em meados do século XX experiências realizadas em humanos, pelos EUA na Guatemala, durante as quais milhares de pessoas foram infectadas por diversas doenças.
 

Assim, descreveu como "muito estranho" que vários líderes latino-americanos, incluindo ele próprio,  viessem a ser diagnosticados com câncer.
Ao mesmo tempo, Chávez  recusou-se a acusar directamente os EUA de estarem por trás da condição que foi detectada em Luiz Inácio Lula da Silva, ex Presidente do Brasil, ou do Presidente paraguaio Fernando Lugo.
"Eu não estou acusando ninguém, estou apenas usando minha liberdade de expressão para reflectir e fazer comentários a factos muito estranhos e difícieis de explicar", disse ele no momento de solidariedade com a presidente da Argentina "desejamos-lhe uma rápida recuperação".
 

Disse ainda:  Que já é um "segredo" de um lado da comunidade Atlântico Ibero-Americana cujos seis Chefes de Estado contrários à Nova Ordem Mundial (se incluirmos Fidel Castro) terem contraído câncer de repente, foi uma declaração do Chefe de Estado da Venezuela, referindo-se específicamente a Cristina Kirchner, da Argentina.
 

A notícia aparece no jornal uruguaio The Observer e nela, Chávez refere-se ao câncer que afecta Fidel Castro, dizendo:
"Fidel sempre me disse: 'Chávez, tenha cuidado, porque você é descuidado, estas pessoas desenvolveram tecnologias... tenha cuidado com o que come, com uma pequena agulha que lhe possam injectar... você não sabe o que pode lá estar. "
Hugo Chavez também fez uma recomendação aos seus amigos Presidentes Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador). "Bem, temos que ter muito cuidado! Nunca se sabe. "
 

Chávez disse numa reunião da ascensão militar "não fazer qualquer acusação irresponsável ", mas, no entanto, perguntou:" Seria estranho que eles tivessem desenvolvido uma tecnologia para induzir o câncer e ninguém saber até agora, e encontrar isso dentro de 50 anos? ". 
O Presidente venezuelano lembrou, nesse contexto, o caso de centenas de guatemaltecos submetido a experiências com sífilis pelos os EUA na década de 40.
 

"Eu não sei, deixo o pensamento, mas este é muito, muito, muito estranho que o câncer nos tenha atingido a todos", disse o presidente, que passou por uma cirurgia a um tumor na região pélvica em 20 de Junho.
 

PS: Lembre-se que a perda para a causa da Verdade e da Liberdade de casos de câncer súbitos, datam de Andreas Faber Kaiser Big em Espanha e, recentemente, Aaron Russo documentarista, criador do "America: Da Liberdade ao Fascismo".



Entretanto num comentário, a Karocha  deixou um vídeo com Aaron Russo, o documentarista mencionado acima, bastante revelador e polémico, sobre os chips que vão ser impantados nos humanos com a sua concordância...para que os possam desligar!  



“Atiram em Cristina para acertar Dilma”


Os blogues independentes tem feito um excelente trabalho de divulgação das notícias da América Latina.

 Graças a esse trabalho de formiguinhas de blogues amadores, como este , feitos por militantes, professores, sociólogos,  não necessariamente jornalistas, ou de blogues mais populares como o Paulo Henrique Amorim e do Luis Nassif que são jornalistas e homens de mídia televisiva  ou de sites como o Carta Maior  o Vermelho.org., temos tido a oportunidade de nos informar sobre o que acontece com nossos vizinhos e irmãos latino americanos.

 

 

A mídia hegêmonica continua noticiando apenas o que lhe convém, com manipulações e distorções da realidade, como a PORCARIA de reportagem da Rede Globo sobre Cuba, feita recentemente.
O Brasil e os brasileiros viveram ( e a maioria ainda vive) de costas para seus vizinhos latino americanos. Historicamente nossas escolas, públicas ou privadas deram grande importância ao ensino do francês até a década de 60 do século passado e ao inglês a partir da supremacia cultural imposta pelo Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XX.
Não é por acaso, que há resistência em se implantar o ensino do espanhol nas escolas públicas, principalmente em São Paulo, apesar de já ser lei federal -(05 de agosto de 2005, foi sancionada a Lei 11.161 que torna obrigatória a oferta do espanhol em todos os estabelecimentos de Ensino Médio do país e faculta essa oferta ao Ensino Fundamental de 6º a 9º ano a partir de 2010.)-  
. Se não nos entendemos com nossos vizinhos ficamos mais fracos e como todos sabemos a melhor estratégia de dominação sempre foi , dividir para dominar.
Esse alerta também deve ser feitos aos latino-americanos de fala hispanica. 
Os hispanofalantes deveriam se esforçar para entender o idioma português, assim como os brasileiros para entender o espanhol.
 Estamos todos no mesmo Continente, ou no mesmo barco, se pensarmos que há uma Águia feroz com um apetite incontrolável, com suas garras e olhos de predador voltado para todos o nosso continente.
Sempre que possível os blogues independentes deveriam postar notícias em espanhol no Brasil e em português nos países irmãos de lingua espanhola.
Seria uma forma de,mutuamente, aprendermos o idioma uns dos outros. 
Façamos nós o que o (PIG), não faz e o que alguns governantes, deliberadamente, não quer fazer: 
Em espanhol, em portugês, em Portunhol ou Espanhês, temos que nos comunicar eficazmente, pois como dizia o velho guerreiro : Quem não se comunica se trumbica.


“Atiram em Cristina para acertar Dilma”

Em entrevista ao jornal Página/12, o jornalista Paulo Henrique Amorim fala sobre as críticas feitas pela imprensa brasileira contra as reformas na legislação da comunicação impulsionadas pelo governo argentino. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”, diz Amorim.

“A imprensa brasileira, com a Globo na liderança, tem por hábito promover chanchadas para demonizar a presidenta Cristina, criticando as reformas na legislação dos meios de comunicação”. Dizem que Paulo Henrique Amorim, um dos jornalistas mais influentes do Brasil, está entre as pessoas mais detestadas pelos executivos da rede Globo, onde trabalhou por mais de uma década. 

“Conheço a maquinaria da Globo por dentro, vi ela funcionar quando fui editor e depois correspondente em Nova York, entre 1985 e 1996, sei como orquestraram uma campanha para destruir a reputação de Lula nas eleições de 1989. As campanhas sujas contra governantes que provocam algum incômodo são habituais aqui e, ressalvadas as distâncias, se repetem agora contra Cristina. Isso que digo sobre a Globo alcança também outros meios de comunicação aos quais passei a chamar Partido da Imprensa Golpista (PIG)”, assinala o jornalista. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Um absurdo...em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”.

A entrevista de Amorim ao Página/12 iniciou há dois meses no aeroporto de Porto Alegre, onde um grupo de senhoras o observava insistentemente, até que uma delas se aproximou de mim para perguntar: “É o Amorim, da televisão?” O diálogo foi retomado na semana passada por telefone, desde São Paulo, onde ele trabalha como um dos âncoras da Rede Record, a única que disputa em alguns horários a liderança ainda incontestável da Globo.

Uma espécie de movimento de “indignados” contra o bloco midiático dominante começa a se observar no Brasil, processo vigoroso, mas que ainda permanece nas bordas do sistema, dado que ainda não conseguiu colocar o pé na televisão nem conta com o apoio de um jornal de alcance nacional. Encabeçando essa guerrilha informativa, há centenas de blogueiros e sites independentes como Carta Maior, Vermelho, Opera Mundi, Brasil Atual, identificados com uma bandeira comum: a aprovação de uma nova legislação para a regulação dos meios de comunicação.

Nas últimas semanas de seu governo, Lula deu a benção ao movimento insurrecional concedendo-lhe uma entrevista no Palácio do Planalto e elaborando um esboço para esse projeto de legislação, herdado por Dilma Rousseff.

Paulo Henrique Amorim está entre os poucos, ou pouquíssimos, âncoras televisivos de grande audiência alinhado com as reivindicações da imprensa genericamente chamada de “alternativa”. Por isso, suas intervenções sarcásticas acabam sendo particularmente incômodas para os herdeiros de Roberto Marinho, patriarca do grupo Globo, falecido em 2003.

“O Brasil precisa despertar, e creio que está despertando. A Globo é poderosa, mas já não é mais tanto quanto foi. A Globo quis, mas não conseguiu impedir que Lula fosse eleito e reeleito, quis e não pode impedir que Dilma fosse eleita. A família Marinho é uma ameaça à democracia”.

Uma hipotética lei de comunicação deveria acabar com o modelo “monopolista onde a família Marinho abusa da propriedade cruzada de meios de comunicação para asfixiar a competição; no Rio de Janeiro, são donos de tudo, até do Cristo Redentor, a fundação Marinho limpou a estátua do Cristo Redentor, e o próximo passo é se adonarem da Copa do Mundo de 2014”. O método do maior grupo midiático da América Latina, sustenta Amorim, pode ser sintetizada em uma linha: “Proscrever todo debate com um mínimo interesse na mudança”.

“Se dependesse da família marinho, se interromperiam os movimentos de rotação e translação da Terra, eles não querem mudar nada”, reforça. Seguindo a lógica de um partido político, a “Globo atuou como oposição golpista contra Lula e atrasa mesmo as transições mais modestas em um país como o nosso, onde nunca caminhamos na direção de mudanças com grande velocidade”.

“O Brasil foi o último país a liberar os escravos (no final do século XIX) e para que ninguém se sentisse ameaçado queimaram os arquivos; um século depois veio a transição para a democracia, uma transição porca, porque em 1985 assumiu a presidência um colaborador dos militares, José Sarney. E seguimos esperando a transição completa porque até hoje se obstrui toda investigação sobre a ditadura”.

No dia 18 de novembro, Dilma Rousseff promulgou a Comissão da Verdade, atribuindo a ela poderes para averiguar e examinar os delitos perpetrados durante a ditadura. O lobby militar e o “boicote” do grupo Globo serão, aponta Amorim, dois fatores de poder que oporão “total resistência” a uma comissão que, segundo a lei, só procurará levantar os responsáveis por assassinatos, desaparecimentos e torturas, mas não encaminhará o julgamento de ninguém. “Se a Comissão avançar, inevitavelmente virá a público a cumplicidade da Globo com a ditadura, por isso eles vão combatê-la ou ocultá-la. A Globo foi muito mais porta-voz, foi um dos grupos mais beneficiados pelos militares, que deram a ela uma rede nacional de micro-ondas, tornando possível que se tornasse o gigante que é hoje”.

Tradução: Katarina Peixoto
no site CartaMaior

Charge do Dia

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domingo, janeiro 01, 2012

Fórum Social Temático 2012


Fórum Social Temático 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro, já tem mais de 400 atividades autogestionárias inscritas. Estão confirmados, por exemplo, nomes como Boaventura de Sousa Santos, Ignacio Ramonet, José Graziano, Gilberto Gil, Manu Chao e João Pedro Stédile, entre outros. No dia 25 de janeiro, o FST 2012 deverá abrigar uma mesa de cúpula reunindo os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.



Marco Aurélio Weissheimer
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A assessoria de comunicação do Fórum Social Temático 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro, divulgou alguns números e informações sobre atividades confirmadas para o evento. Já há mais de 400 atividades autogestionárias inscritas e estão confirmadas a presença de 300 convidados nacionais e internacionais, entre intelectuais, líderes de movimentos sociais, ativistas das causas ambientais, trabalhistas, indígenas e de direitos humanos.

Estão confirmados, por exemplo, nomes como Boaventura de Sousa Santos, Ignacio Ramonet, José Graziano e João Pedro Stédile, entre outros. No dia 25 de janeiro, o Fórum Social Temático 2012 abrigará uma mesa de cúpula reunindo os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Paralelamente a essas atividades, ocorrerão vários outros eventos, entre eles o Fórum Mundial de Educação e Fórum Mundial da Saúde e Seguridade Social. Os quatro municípios que recebem o encontro terão eventos culturais, feiras de economia solidária e praças de alimentação. Em Porto Alegre, o Acampamento Intercontinental da Juventude instalará suas barracas mais uma vez, no Parque Harmonia. Na programação cultural, estão confirmados shows de Gilberto Gil, Manu Chao, Fito Paez, Leci Brandão, Martnália, entre outros. Além desses shows, estão programadas mostras de cinema, espetáculos de teatro de rua e apresentações circenses.

O tema central de debates do FST 2012 será a crise capitalista e os caminhos para a justiça social e ambiental. Além disso, o Fórum pretende ser um espaço para a formulação de propostas para a Cúpula dos Povos, que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro, paralelamente à reunião de cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Maiores informações sobre como participar, credenciamentos (de imprensa, inclusive) e sobre a programação podem ser acessadas na página do encontro (www.fstematico2012.org.br).

Acampamento da Juventude



Já estão abertas as inscrições para o Acampamento Intercontinental da Juventude do Fórum Social Temático 2012, que será realizado de 24 a 29 de janeiro, em Porto Alegre. O Acampamento da Juventude ocupará o tradicional espaço já ocupado em outras edições de Fóruns, no Parque Harmonia, região da orla do Guaíba, na capital gaúcha.

O valor da inscrição é de R$ 20,00 e dará direito à participação nas atividades do FST 2012. Todos os participantes do AJ receberão uma bolsa e uma caneca de plástico recicladas.Para fazer a sua inscrição, entre emhttp://www.fstematico2012.org.br/acampamento.

Inscrição para os demais eventos

A organização do FSt 2012 aproveita para lembrar que inscrições para todas as demais modalidades de participação no FST 2012 só terão validade quando feitas no site oficial do evento, emhttp://www.fstematico2012.org.br
*Tecedora

A 1ª "boa notícia" de 2012

A partir de agora, se você der problemas, prisão consigo e assunto resolvido.
O Presidente Obama assinou a lei controversa, imposta pelo Senado em Dezembro, como tinha já sido previsto num post que fiz há uns dias atrás, O Totalitarismo Substitui a Democracia.


Obama foi mais ou menos bem à frente da opinião pública e, assim, pode continuar a enganar a maioria dos americanos, pois são  um povo  calmo e confiante.
"O facto de eu apoiar esta lei como um todo não significa que concordo com tudo lhe que diz respeito", disse o Presidente no comunicado. "Especificamente, eu assinei a lei, apesar de ter sérias reservas às disposições que regulam a detenção, interrogatório e julgamento de suspeitos de terrorismo. Nos últimos anos,  a minha administração tem desenvolvido um quadro eficaz e sustentável para a detenção, interrogatório e julgamento de suspeitos de terrorismo, o que nos permite maximizar a nossa capacidade de recolher informações e para incapacitar pessoas perigosas em situações de rápido desenvolvimento, e obtiveram resultados que são inegáveis. "  

A notícia ...El Pais

Livro - A Privataria Tucana

Os blog's deram um jeito de driblar a censura da velha mídia ao livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

A mídia golpista escondeu do povo brasileiro o lançamento do livro do Amaury Ribeiro Jr., que mostra com vasta documentação como foram as privatizações na era PSDB.
Formato- PDF
*Baixandonafaixa

Galeano e "o direito de sonhar"



Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.

Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede.

Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.

Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.

O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.

O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV.

A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.

Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.

Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.

Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.

Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.

Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.

Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.

O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.

Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.

Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua.

Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.

A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.

A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.

Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.

Uma mulher – negra – vai ser presidente do Brasil, e outra – negra – vai ser presidente dos Estados Unidos.

Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.

Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.

A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro.

A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".

Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro. 
*blogdoTurquinho

Deleite Tente outra vez

Deleite Obrigado Lula


*osamigosdopresidentelula

CONTRA O JÚBILO COLETIVO OBRIGATÓRIO

Antonio Gramsci

Um belo texto do jovem Antonio Gramsci, fundador, teórico e dirigente do Partido Comunista Italiano, sobre a hipocrisia desta época do ano.

Odeio o Ano Novo


Avanti! , 1º de Janeiro de 1916.

Toda manhã, ao acordar mais uma vez sob o manto do céu, sinto que para mim é o primeiro dia do ano.


Por isso odeio estes anos novos a prazo fixo, que transformam a vida e o espírito humano em uma empresa comercial, com sua prestação de contas, seu balanço e suas previsões para a nova gestão. Eles fazem com que se perca o sentido de continuidade da vida e do espírito. Termina-se por acreditar a sério que entre um ano e outro exista uma solução de continuidade e comece uma nova história; fazem-se promessas e projetos, as pessoas se arrependem dos erros cometidos etc. É um equívoco geral que afeta a todas as datas.

Dizem que a cronologia é a ossatura da história. Pode-se admitir que sim. Mas também é preciso admitir que há quatro ou cinco datas fundamentais, que toda pessoa conserva gravadas no cérebro, datas que tiveram efeito devastador na história. Também elas são primeiros dias de ano. O Ano Novo da história romana, ou da Idade Média, ou da era moderna. Elas se tornaram tão invasivas e tão fossilizantes que nos surpreendemos a pensar algumas vezes que a vida na Itália começou em 752, e que 1490 ou 1492 são como montanhas que a humanidade ultrapassou de um só golpe para entrar em um novo mundo e em uma nova vida. Com isso, a data converte-se em um fardo, um parapeito que impede que se veja que a história continua a se desenvolver de acordo com uma mesma linha fundamental, sem interrupções bruscas, como quando o filme se rompe no cinematógrafo e se abre um intervalo de luz ofuscante.

Por isso odeio a passagem do ano. Quero que cada manhã seja um ano novo para mim. A cada dia quero ajustar as contas comigo mesmo e renovar-me. Nenhum dia previamente estabelecido para o descanso. As pausas eu escolho sozinho, quando me sinto embriagado de vida intensa e desejo mergulhar na animalidade para extrair um novo vigor. Nenhum travestismo espiritual. Cada hora da minha vida eu gostaria que fosse nova, ainda que vinculada às horas já transcorridas. Nenhum dia de júbilo coletivo obrigatório, a ser compartilhado com estranhos que não me interessam. Só porque festejaram os avós dos nossos avós etc., teremos também nós de sentir a necessidade de festejar. Tudo isso dá náuseas.


[...]


QUE POVOS COMEMORAM O ANO NOVO EM OUTRA DATA?


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por Fabrício Moreira


CHINA Quando - Fim de janeiro ou começo de fevereiro
Ano atual - 2010
Os chineses seguem o calendário lunar, elaborado com base no tempo que a Lua leva para dar uma volta em torno da Terra - cerca de 29 dias e 12 horas. Antes da celebração, é tradição limpar a casa para afastar os maus espíritos. À meia-noite da virada, todos comem o guioza, um pastel típico. As festividades duram um mês e incluem desfiles e show pirotécnico
JAPÃO Quando - Do dia 1º ao dia 3 de janeiro
Ano atual - 2010
O Réveillon nipônico é um pouco adiantado (por causa do fuso horário), mas também é celebrado no dia 1º de janeiro. A diferença é que lá do outro lado do mundo, a festa dura três dias - um superferiado. Na virada, os japoneses costumam comer macarrão, que representa uma vida longa. Também vão a um templo para rezar e pedir boa sorte para o novo ano
JUDAÍSMO Quando - 1º dia do mês de Tishrei (meados de setembro)
Ano atual - 5771
Tishrei é o nome do primeiro mês do calendário judaico, no qual se comemora o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico. A data é determinada pelas fases da Lua e é festejada durante dois dias com uma farta refeição. No banquete, carnes ensopadas e doces de frutas e mel, para atrair um ano doce
HINDUÍSMO Quando - 1º de março (sul da Índia), 1º de outubro (leste e no centro indiano) e 14 de abril (comunidade tâmil)
Ano atual - 2067
A Festa das Luzes, o Réveillon hindu, dura cinco dias. A comemoração incluiu lamparinas, incensos e fogos de artifício para afastar as forças do mal. O Ano-Novo hindu varia entre as regiões da Índia, dependendo do estudo dos astros, e celebra o retorno da deusa da prosperidade, Lakshmi
ISLAMISMO Quando - 7 de dezembro
Ano atual - 1432
No ano de 622 d.C., Maomé deixa Meca e vai para Medina. A hégira, como o episódio ficou conhecido, determina o início do ano islâmico - ou 1º de Muharram. Durante a celebração, que dura dez dias, são realizados atos de compaixão e jejum. Como utiliza calendário lunar, a virada do ano é comemorada em datas diferentes todos os anos
FÉ BAHÁ'Í Quando - Entre 2 e 20 de março
Ano atual - 167
A religião, que teve origem na antiga Pérsia (atual Irã), segue um calendário astronômico que tem 19 meses com 19 dias. Em meados de março, os bahá'ís celebram o Ano-Novo. Um período antes da comemoração, eles se purificam espiritualmente e costumam fazer jejum, que só termina quando o Sol se põe - indicando o início do novo ano
WICCA Quando - 31 de outubro
Ano atual - 2011
Os praticantes da religião neopagã Wicca, difundida a partir da década de 1950, comemoram o fim de um ano e o começo de outro no último dia de outubro. Na data, são realizados rituais em altares para recordar aqueles que já morreram e eliminar as energias negativas. Velas, incensos, maçãs, vinho quente e pratos com abóbora e carne fazem parte da celebração
THELEMA Quando - 20 de março
Ano atual - IV:xix (ou 4º ciclo desde 1904, mais 19 anos)
A corrente celto-xamânica comemora o Ano-Novo no dia 20 de março, ou numa data próxima. A virada coincide com o Banquete pelo Equinócio dos Deuses, época em que o Sol passa de um hemisfério para o outro
Pode acreditar
O Dia da Mentira surgiu na França, quando o Ano-Novo mudou de 25 de março para 1º de abril e, depois, para 1º de janeiro. Desde então, as pessoas começaram a sacanear uns aos outros
FONTE - Departamento de Geodésia da UFRGS; embaixada indiana; Comunidade Bahá'í do Brasil; Dicionário Hebraico-Português (Edusp, 1995); Casa de Bruxa - Universidade Livre Holística; Ordo Templi Orientis Brasil - Ordem do Templo do Leste/Ordem dos Templários Orientais.


PELO DIREITO DE SER CONTRA

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Moisés e as tábuas da Lei: um Deus implacável
Um amigo reagiu furioso a uma postagem que fiz no Facebook – era uma charge ironizando uma citação particularmente belicosa do Velho Testamento da Bíblia (Números 31: 17-18). Bem, todos que se deram ao trabalho de ler o livro sagrado dos cristãos, particularmente o Velho Testamento, sabe que é possível encontrar aos montes citações semelhantes, em que um Deus vingativo e ciumento exige dos homens provas de seu amor incondicional por Ele, pedindo sangue e até matança de inocentes. Meu amigo argumenta que a citação está descontextualizada, que o Novo Testamento é diferente e que ateus e agnósticos, quando atacam as religiões, se igualam aos fanáticos religiosos que discriminam homossexuais e não-crentes.

Mas o Estado brasileiro não é laico?
Respondo que, num país como o Brasil, em que ateus e agnósticos são estigmatizados como pessoas sem ética nem moral, em que candidatos a cargos eletivos já tiveram que esconder sua condição de não-crentes para serem aceitos pelo eleitorado, em que crucifixos são pendurados em repartições públicas violando a laicidade do Estado, e em que posições contrárias aos dogmas cristãos – principalmente católicos –, como por exemplo pesquisas com células-tronco, casamento de pessoas do mesmo sexo, aborto e AIDS, são vistas como heresia, é preciso partir para o confronto. Os não-crentes precisam “sair do armário”, como disse Richard Dawkins, e defender suas posições.

Ao fazer isso, eles estarão também defendendo a liberdade de expressão. Sim, porque, como bem sabiam os Pais Fundadores dos Estados Unidos, para garantir a liberdade religiosa e de expressão, o Estado deve ser impedido de promover qualquer confissão religiosa. Aqui, os ateus e agnósticos precisam demarcar terreno, conquistar espaço na sociedade, expor suas idéias – e isso certamente ferirá suscetibilidades religiosas. Talvez depois dessa etapa seja possível encontrar denominadores comuns entre crentes e não-crentes, como fizeram Umberto Eco e D. Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão, no memorável diálogo epistolar reproduzido no livro “Em que crêem os que não crêem”.

Rushdie: condenado à morte por blasfêmia
À parte isso, ofender ou ironizar religiões pode não ser de bom tom, mas é um direito democrático líquido e certo. Mas ainda é perigoso e não está totalmente assegurado. Quando Salman Rushdie escreveu Os Versículos Satânicos, no final dos anos 1980, o aiatolá Khomeini se arvorou o direito de emitir uma fatwa (decreto religioso) pedindo a morte dele. O escritor teve que ficar escondido em Londres por quase uma década. Quando o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou uma série de 12 caricaturas do profeta Maomé como terrorista, em 2005, manifestantes e governos islâmicos de todos os cantos do planeta promoveram ruidosas manifestações e fizeram pressões pedindo a proibição de publicações semelhantes e a punição do jornal. Temendo ferir “suscetibilidades islâmicas” – afinal, a Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo, é um Estado teocrático islâmico –, vários governos ocidentais, laicos e democráticos, condenaram publicamente as charges. O próprio governo da Dinamarca criticou o jornal, que acabou pedindo desculpas públicas aos muçulmanos. Duas décadas atrás, grupos católicos fizeram pressão para a proibição do filme Je Vous Salue Marie, de Jean-Luc Godard (conseguiram aqui no Brasil, durante o governo de José Sarney). Há poucos anos, a organização católica ultraconservadora Opus Dei tentou proibir o filme Código da Vinci. Se para evitar ferir suscetibilidades religiosas tivermos que censura obras de arte ou simplesmente espetáculos, o que restará da liberdade de expressão e de pensamento tão duramente conquistada, principalmente abaixo do Equador? Não podemos esquecer Voltaire ("Não concordo com nada do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-lo"), Rosa Luxemburgo ("a liberdade é a liberdade de quem pensa de modo diferente de nós") e George Orwell ("se a liberdade significa alguma coisa, é o direito de dizer o que as pessoas não querem ouvir").

Ayaan Hirsi Ali: contra a intolerância religiosa
Por isso, creio que o multiculturalismo, por mais bem intencionado que possa ser, é um equívoco. Veja-se o caso da escritora e política somali nacionalizada holandesa Ayaan Hirsi Ali. No seu país de origem, ela foi submetida a uma infibulação do clitóris, numa cerimônia religiosa presidida por sua avó. A família deixou a Somália em 1975, quando ela tinha seis anos. Em 1992, Ayaan conseguiu entrar na Holanda, onde recebeu o status de refugiada, começou a estudar e a se envolver na política. Ela fugira de um casamento arranjado por seu pai, prática comum na tradição clânica da Somália e de outros países. Mas na Holanda, Ayaan começou a enfrentar a pressão de somalis ali residentes, que queriam que ela se submetesse aos costumes culturais e religiosos - no caso, islâmicos - da comunidade. Mas ela não aceitava isso e começou a denunciar a pressão. E o pior é que o Estado holandês protegia a opressão familiar sob a bandeira do multiculturalismo, o que na prática significava fazer vista grossa a práticas medievais como excisão de clitóris, casamentos arranjados e submissão da mulher ao homem.

Isso é tolerância? Ou uma forma sutil de discriminação travestida de comportamento politicamente correto? Ao isolar imigrantes em verdadeiros "bantustões culturais" nos países desenvolvidos, o multiculturalismo europeu compactua com a opressão familiar e religiosa e renega o valor universal dos direitos humanos. Enquanto isso, os europeus brancos e cristãos podem desfrutar das liberdades civis e individuais.
  




Desde sempre até os dias de hoje que vejo todos os anos as pessoas de forma entusiasta a comemorarem a passagem para um novo ano, coisa que sempre achei uma bobagem e que na verdade não é mais um para ser vivido, mas menos um nas nossas vidas, e os desejos e as boas intenções para um novo recomeço são somente votos de repetição pois os desejos ficam somente na intenção assim como os sonhos do sonhador. Os votos de paz e prosperidade duram enquanto durarem o efeito do álcool no organismo. Depois, sóbrios todos voltam a sonhar o mesmo sonho de que uma realidade diferente está por vir, mas esta realidade nunca vem, já que ficar "dormindo" é mais confortável...e assim vamos até o próximo ano...quem sabe será diferente?

 
Outra Perspectiva: