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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Dilma aos generais da reserva: a comandante sou eu!

 

O artigo 84 da Constituição Federal é claro. Ele arrolada entre os atributos que competem privativamente ao chefe da Nação a função de “exercer o comando supremo das Forças Armadas”.

Não há dúvidas a respeito. Nem pode haver. E foi o que a presidente Dilma Rousseff deixou claro, novamente, ao enquadrar oficiais generais da reserva, presidentes dos clubes Naval, da Aeronáutica e Militar, que quebraram a disciplina regimental ao criticar, em nota conjunta, a presidente Dilma Rousseff, duas ministras do governo e o Partido dos Trabalhadores que, na comemoração dos 32 anos de sua fundação, voltou à carga contra o regime dos generais.

O motivo é o de sempre; o apego dogmático à lei de Anistia de 1979, adotada pela própria ditadura de 1964 e que protege agentes da repressão que cometeram perseguição, sequestro, tortura e assassinato políticos durante aquele regime discricionário.

O pretexto, desta vez, foram declarações da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, apoiando processos judiciais contra agentes da repressão da ditadura. E da nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que, em seu discurso de posse, fez críticas veementes contra a ditadura e foi aplaudida pela presidente Dilma Rousseff.

São duas mulheres que têm a autoridade de quem sofreu na pele os abusos da repressão da ditatura. Não tem sentido, para os chefes militares da reserva saudosos da ditadura, argumentar perante elas para atenuar aquelas violências – estavam em lados opostos; elas – como os milhares de perseguidos políticos – na situação de vítimas; eles, ao lado dos algozes.

Soou mal quando, na nota conjunta que divulgaram em 16 de fevereiro, aqueles chefes militares manifestaram a pretensão de neutralidade da presidente Dilma Rousseff, ou de ministros de seu governo, contra aqueles crimes. É inadmissível a crítica que fizeram à presidente da República por ter aplaudido as manifestações da ministra Menicucci, e a cobrança clara, feita por eles, de que Dilma a condenasse ou desautorizasse.

A questão de fundo é a proximidade da entrada em funcionamento da Comissão da Verdade, cujos membros serão nomeados até março para examinar aquele passado tenebroso com olhar crítico. Aqueles chefes militares reivindicam o direito de ter presença e voz nessa Comissão e temem o que entendem como uma “unilateralidade” das apurações.

Dilma manifestou sua contrariedade com a atitude dos generais da reserva. E, de novo, fez valer sua voz de comandante em chefe das Forças Armadas, como já havia feito em agosto do ano passado, quando sua autoridade de comandante em chefe das Forças Armadas foi desafiada pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim, que acabou demitido.

O caminho seguido pela resposta da presidente foi o da hierarquia, cujo topo é ocupado por ela. Dilma convocou o ministro da Defesa, Celso Amorim, que chamou os comandantes de cada uma das Forças, cabendo a eles executarem o enquadramento dos generais indisciplinados, que foram constrangidos a divulgar outra nota, no dia 23, desautorizando a anterior. O comportamento da presidente não podia ser outro, até porque ela deve cumprir a Constituição em todos os seus quesitos.

O almirante Veiga Cabral, presidente do Clube Naval, ainda esperneou, dizendo que os militares não podem ficar calados ao serem “desafiados de um lado e engolirmos sapo de outro”.

Ele está errado. As críticas à ditadura militar e a exigência pública de esclarecimento dos crimes cometidos pela repressão não são desafios às Forças Armadas, mas expressam o clamor pela apuração da ação de agentes do Estado que cometeram aqueles crimes hediondos e imprescritíveis. Que precisam ser apurados e punidos, em nome da democracia e da civilização. Eles sim são “sapos” enfiados goela abaixo da Nação e que não podem ser aceitos e nem se pode calar sobre eles.

A comandante em chefe sou eu: este foi o recado de Dilma para as viúvas da ditadura. A “neutralidade” reivindicada por eles é uma prerrogativa de casta inaceitável na democracia, regime no qual todos (chefes militares ou não) devem estar subordinados à Constituição. A apuração dos crimes cometidos durante a ditadura militar tem este sentido: o do respeito à Constituição. Respeito que não foi partilhado pelos golpistas de 1964, pelos generais e seus paus mandados que exerceram o poder e cometeram barbaridades condenadas, e que deixam saudades em setores conservadores cuja visão hierárquica da sociedade fundamenta a pretensão de terem direitos especiais e estarem a salvo da lei. Não estão.

Editorial do VERMELHO

São Paulo para todos

(texto  publicado na Carta Maior

O significado da eleição em São Paulo

O campo político brasileiro está constituído e polarizado entre o PT e o PSDB, desde o governo FHC, como pólos que agrupam a esquerda e a direita realmente existentes. Essa configuração foi a segunda, desde o fim da ditadura, quando havia um mapa mais difuso, com o PMDB ocupando o centro do campo político, com sua aliança com o PFL, que havia comandado a transição conservadora que tivemos, tendo o PDS mais à direita e o PT, o PDT, o PC do B, mais à esquerda.

Essa configuração foi sobre determinada pelo governo Sarney, surgido da aliança PMDB-PFL, passando pelo Colégio Eleitoral – que trocou Ulysses Guimarães por Tancredo Neves – e pela contingência da morte deste. Esse campo político foi sendo esvaziado pela impotência do PMDB e seu desgaste por pagar o preço de um governo em que não era hegemônico.
O novo campo político passou por uma transição, marcada pela chegada da onda neoliberal através da candidatura e do governo Collor. Ao final desse projeto, prematuramente cortado pelo impeachment, se desenhou a configuração atual do campo político, com o deslocamento do PMDB e a assunção da aliança PSDB-PFL como novo eixo da direita, assumindo a continuidade reformulada do projeto neoliberal. Desde a passagem ao segundo turno do Lula e a disputa acirrada com o Collor em 1989, o PT passou a polarizar pela esquerda o campo político.

Neoliberalismo e resistência ao neoliberalismo marcaram ideologicamente o novo campo político – e o definem até hoje. Ao encarnar o neoliberalismo aqui – depois que estava prestes a embarcar no governo Collor, quando do seu impeachment -, o PSDB assumiu o lugar de eixo político da direita brasileira, renovada, com o governo FHC e sua aliança com o então PFL. Como se viu pelas campanhas eleitorais posteriores, essa pecha nunca mais saiu dele – com as privatizações como sua marca essencial, mas acompanhada do Estado mínimo, da abertura acelerada do mercado interno, da precarização das relações de trabalho.

O PT, aliado à CUT, ao MST e ao conjunto dos partidos do campo da esquerda e aos movimentos sociais, esteve na resistência ao neoliberalismo, conseguindo frear a privatização já programada pelos tucanos da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica.

O triunfo do Lula fez com que seu governo aparecesse como o contraponto do modelo neoliberal encarnado pelos tucanos: prioridade das políticas sociais, fim da ALCA e prioridade da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul, Estado indutor do crescimento econômico e garantia das políticas sociais e não Estado mínimo que entregava a centralidade ao mercado.

Os PSDB se refugiou em São Paulo onde conseguiu manter sua hegemonia, controlando o governo do Estado e da cidade de São Paulo, por um conjunto de fatores, entre os quais não estão isentos erros do PT e da esquerda. O Estado foi guindado à posição de bastião da direita e do conservadorismo em escala nacional, pela associação com órgãos de imprensa – FSP, Estado, Editora Abril, Radio Jovem Pan, entre outros. Em mais de duas décadas, as únicas exceções foram os governos de Luiza Erundina e de Marta Suplicy, que não conseguiram reeleger-se.

A nova derrota tucana para a presidência da República não impediu que Alckmin se elegesse no primeiro turno para o governo do Estado. Porém a manobra serrista da aliança do Kassab contra Alckmin nas eleições anteriores para a prefeitura, terminaram trazendo problemas para as hostes tucanas, pelo mau governo do Kassab e pela ausência de nomes para disputar sua sucessão.

Depois da farsa da consulta interna – em um universo de filiados que foi se revelando totalmente fictício, até chegar ao numero irrisório de 8 mil, sem a certeza de quantos votariam –, os tucanos apelaram para o Serra como candidato (não importando como vão resolver a farsa da consulta interna). O que recoloca fortemente a polarização nacional no coração do núcleo de resistência tucana, agora com Lula diretamente envolvido – pelo candidato escolhido por ele e pela sua participação sem os limites da presidência da República.

O significado desse embate eleitoral é o de trazer para a cidade os grandes debates nacionais. A cidade e o Estado foram transformados profundamente conforme os critérios mercantis do neoliberalismo pelos governos tucanos. A esfera pública e, com ela, os direitos sociais, foram enfraquecida, em favor da esfera mercantil. O Estado e a cidade mais ricos do país – o segundo e o terceiro orçamentos do Brasil – não são, nem de longe, referência para o país em nenhum dos quesitos essenciais – condições de trabalho, educação, saúde, transporte, segurança, políticas culturais, habitação, políticas para a juventude, pra as mulheres, para as diversidades étnica, sexuais e culturais, para a democratização dos meios de comunicação.
Ao contrário, a cidade de São Paulo, com toda a riqueza não apenas econômica, mas social, cultural, tornou-se uma cidade cruel, pelas condições péssimas em que vive a maioria da população. As elites paulistanas, que lograram impor seus interesses através dos tucanos e da mídia, oprimem, exploram e discriminam a grande maioria da população, que não encontrou até aqui formas eficientes no plano político para reverter essa situação.

A cidade de São Paulo tornou-se o epicentro do racismo e da discriminação no país, contra os pobres, contra os nordestinos, contra os homosexuais, contra os jovens pobres, contra todos os oprimidos, os humilhados, os marginalizados. Mais do que qualquer cidade do país São Paulo precisa de um governo que priorize as políticas sociais e culturais, que a humanize, que difunda os sentimentos e as políticas de solidariedade. Que troque o atual sentimento de exclusão que prioriza as políticas tucanas pela ideia de que precisamos de uma SÃO PAULO PARA TODOS.Emir Sader.
*Oterrordonordeste

Bloco dos sujos é criado no Rio

*esquerdopata

França em transe

O retorno da política 
Em abril, a Europa será palco de duas importantes eleições: o primeiro turno da eleição presidencial francesa e a eleição legislativa na Grécia. Ambas ocorrerão sob o signo do agravamento da crise socioeconômica na zona do euro e do esgotamento de modelos liberais de governo.
A França, sob Nicolas Sarkozy, iniciou um dos mais impressionantes processos, na sua história recente, de desmonte do serviço público, de restrição orçamentária e de redução de impostos para ricos.
Sarkozy havia prometido "aumentar o poder de compra das famílias", diminuir o desemprego por meio da flexibilização do trabalho e colocar a economia francesa em rota de crescimento. Nada disso foi feito. Em seu lugar, o governo francês divertia-se em expulsar ciganos e criar o Ministério da Imigração e Identidade Nacional, enquanto inúmeros estudos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) demonstravam a importância da imigração como motor de sustentação da economia europeia.
A situação política francesa parecia o pior dos mundos. Enquanto Sarkozy e François Hollande, candidato do PS (Partido Socialista), digladiam-se na conquista do primeiro lugar, cresce o inacreditável. O FN (Front National), um partido xenófobo, racista, representante da pior tradição da extrema-direita europeia, chegou à casa dos 20%. Não é difícil compreender que, quando o medo torna-se o afeto político central, a extrema-direita sempre capitaliza.
Mas não deixa de ser interessante um movimento político que muitos julgavam impossível. Uma coalizão de agrupamentos de esquerda conseguiu lançar um candidato com densidade eleitoral,
Jean-Luc Mélénchon, que chega a 10% das intenções de voto. Um partido à esquerda do PS com dois dígitos de intenção de voto é algo que não ocorre na França desde 1981.
Sem medo de chamar de gato a um gato e de estigmatizar as derivas racistas e isolacionistas da extrema-direita, Mélénchon conseguiu empurrar para a defensiva um partido que cresceu moldando impunemente a pauta do debate político e se colocando como defensor das classes baixas contra o "cosmopolitismo" dos burocratas de Bruxelas.
Em um impressionante debate na TV entre os dois representantes do extremo político, a candidata do FN, Marine Le Pen, preferiu ler ostensivamente jornais diante das câmeras a responder às acusações do candidato da esquerda.
Isso demonstra como vale a pena relembrar uma frase visionária de Jean Baudrillard: "Melhor morrer pelos extremos do que pelas extremidades". Em momentos de grave crise, deixar que o discurso da ruptura seja monopolizado pela extrema-direita é fazer prova de suicídio político.

*esquerdopata

A promessa de cErra 2º turno


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O retorno da múmia em São Paulo

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Em se tratando de processos eleitorais internos de seu partido, Serra tem uma preferência algo bizarra por só entrar na luta após humilhar seus correligionários e incendiar suas bases. Foi assim em 2010, é assim agora. Confesso que desta vez cometi um erro crasso como analista político: acreditei em Serra. Depois de ouvir inúmeras declarações peremptórias, até mesmo raivosas, de que não entraria na campanha, que era a sua palavra final, blá blá, eu acreditei que o ex-governador desta vez estava falando sério. Vivendo e aprendendo.

Beijo gay entre soldado do exército dos EUA e namorado causa frenesi no Facebook

O beijo foi do sargento do Exército dos EUA Brandon Morgan e seu namorado Dalan Wells.

Una fotografía de dos soldados del Ejército de EE.UU. dándose un beso de bienvenida a su llegada a Hawaii está causando revuelo en internet y levantado el apoyo de los simpatizantes de la neuva ley que permite el servicio a militares abiertamente homosexuales.

El sargento Brandon Morgan y su pareja Dalan Wells compartieron la fotografía de su abrazo el domingo en su clic perfil de Facebook y en la página clic Gay Marines de esa red social.

De inmediato, otros usuarios hicieron miles de comentarios, la calificaron con el botón "me gusta" y la compartieron, convirtiéndola en un fenómeno viral.

"Como un veterano gay, esa imágen me llenó los ojos de lágrimas", escribió un usuario de Facebook. "Nunca ni en mis sueños más salvajes pensé que lo vería en esta vida" [leia reportagem completa na BBC]

Enquanto isso, no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, um soldado foi estuprado por outros quatro num quartel do Exército e ainda está sob ameaça de expulsão:

Ele era um pracinha que amava a banda Restart e usava calças coloridas como as dos ídolos, mas pro pelotão dele seu gosto é coisa gay. Durou três meses no quartel, até o estupro na frente de 14 colegas – nenhum o ajudou. IPM sob medida recomenda expulsá-lo do Exército.

Mas, para o o general Sérgio Etchegoyen, comandante da 3ª Divisão do Exército, em Santa Maria, “Houve crime, mas não foi estupro".

“O IPM foi conduzido de forma isenta pelo oficial encarregado”.

Uma versão completa do incidente já tinha sido dada pelo general em sigilo aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa gaúcha, em sete de julho. Lá, ele disse que tudo fora “uma espécie de luta corporal de brincadeira entre os rapazes”. Etchegoyen disse ainda que apenas “constatou-se lesão leve no ânus do soldado DPK, o que por si só não comprova o alegado estupro” – falava 50 dias depois do ocorrido, antecipando em 70 o resultado do IPM.[leia reportagem completa aqui]
*Blog do Mello