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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

PIMENTA NO...É REFRÊSCO - RACISTAS ESPANHÓIS AGORA ESPERNEIAM

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Espanha critica endurecimento do Brasil para entrada de turistas do País, depois que o governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiro.

Jamil Chade
GENEBRA - O governo da Espanha critica a postura do Brasil em relação ao endurecimento das condições para a entrada de espanhóis ao País e diz que as novas medidas adotadas pelo Brasil são "injustificadas " e que são "além do normal ". Questionado pelo Estado durante um evento em Genebra, o secretário de Assuntos Externos da Espanha, Gonzalo de Benito, insistiu que Madri tentará reverter as decisões de Brasília antes da entrada em vigor das medidas, no dia 2 de abril.
A Espanha vive sua pior crise econômica desde a volta da democracia, em 1977. O desemprego chega a 22% da população e metade dos jovens não tem trabalho.
A crise também reverteu o sentido da migração. Entre 2000 e 2007, a Espanha recebeu 5 milhões de imigrantes, a maioria da América Latina. Mas, pela primeira vez em 30 anos, a Espanha registrou em 2011 um êxodo de pessoas maior que a chegada de imigrantes. Uma parte importante desse contingente tem justamente ido ao Brasil.
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Diante do fluxo cada vez maior de espanhóis, o governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros.
No final de 2011, a reportagem esteve no consulado do Brasil em Madri, apenas para constatar as longas filas de espanhóis fazendo solicitações de vistos para trabalhar no Brasil. Fontes do Itamaraty, porém, admitiam já na época que um número importante de espanhóis estava desembarcando como turistas no Brasil e então partindo em busca de emprego.
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A partir do dia 2 de abril, o espanhol que chegue ao País terá de mostrar que tem passagem de volta marcada, comprovação de uma reserva de hotel e dinheiro suficiente para se manter. Isso significará R$ 170,00 por dia.
Se o turista for permanecer em casa de parentes ou amigos, uma carta terá de ser mostrada. O documento terá de conter uma assinatura reconhecida em cartório.
Negociação - Para o secretário espanhol, Madri não desistiu e vai continuar a pressionar o governo brasileiro a rever suas leis. "Isso é algo que estamos falando com o Brasil. Claro que cada país pode colocar as condições que quiser para a entrada de pessoas em seu território. Mas entendemos que diante do conjunta das relações que temos com a América Latina e em especial com o Brasil, não se justifica que espanhóis tenham restrições a entrada que vão mais além do normal e do que tínhamos até agora ", declarou o secretário.
Benito defendeu que haja ainda um acordo antes do dia 2 de abril. Mas não indicou que estaria disposto a rever as regras para a entrada dos brasileiros. " Esperamos chegar a uma solução e que o fluxo de intercâmbio continue com normalidade e sem os obstáculos que sejam os minimamente imprescindíveis ", disse.
Nos últimos anos, porém, o Brasil foi o alvo de o maior número de deportações em aeroportos espanhóis entre todas as nacionalidades e, apesar das queixas do Itamaraty, pouco foi feito para rever essa situação. Em 2010, 1,6 mil brasileiros foram barrados na Espanha, sob a alegação de que estavam tentando entrar ilegalmente para trabalhar sem visto.
Até agosto de 2011, esse número tinha sido de 1005 e o volume continua em franca queda diante da decisão de brasileiros de não buscar empregos na Espanha.
Benito não acredita que a medida brasileira seja agora uma retaliação. " São medidas que vamos tomando diante dos fluxos que temos. Mas esperamos chegar a uma melhoria nas condições para a entrada de espanhóis no Brasil ", concluiu.



*MilitânciaViva

Bíblia com 1500 anos é descoberta e Vaticano fica preocupado com seu conteúdo



Uma bíblia de 1500 anos foi descoberta na Turquia, após a prisão de uma quadrilha que comercializava antiguidades de forma ilegal. O livro, feito em couro tratado e escrito em um dialeto do aramaico, língua falada por Jesus, tem as páginas negras, por causa da ação do tempo.

Segundo informações do site Notícias Cristãs, peritos avaliaram o livro e garantiram que o artefato é original. A descoberta do livro se deu em 2000 e, desde então, vinha sendo mantido em segredo, guardado em um cofre-forte na cidade de Ancara.

Estima-se que o valor do livro chegue a €20 milhões, dada sua importância histórica. Após a divulgação da descoberta, o livro foi considerado patrimônio cultural e após a restauração que será feita, o livro será exposto no Museu Etnográfico de Ancara.

Há informações de que o Vaticano demonstrou preocupação com a descoberta do livro e pediu às autoridades turcas que permitissem que especialistas da Igreja Católica pudessem avaliar o livro e seu conteúdo, que se suspeita, contenha o Evangelho de Barnabé, escrito no século 14 e considerado controverso, por descrever Jesus de maneira semelhante à pregada pela religião islâmica.

Assista abaixo à reportagem sobre a descoberta da Bíblia de 1500 anos.

*Bloglimpinhoecheiroso
Brasil sem Miséria dá benefícios de R$ 2,4 mil a agricultores pobres

SÃO PAULO - O Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, parceria no âmbito do plano Brasil sem Miséria entre os Ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), vai completar cinco meses em março e contabiliza 1.138 famílas de pequenos agricultores em situação de pobreza extrema (renda per capita mensal abaixo de R$ 70) contemplados, em 56 cidades de Bahia, Ceará, Pernambuco, Sergipe e Minas Gerais. No início do ano, cada família começou a receber R$ 2,4 mil como forma de inclusão e estruturação produtiva, com pagamento programado em três parcelas num prazo de seis meses.
*Ajusticeiradeesquerda

Rubem Fonseca: "escritor tem que ser louco"


*Brassilmostraatuacara

São Paulo pode ficar pior do que está

 


Em meio às negociações de alianças na corrida eleitoral e de mais espaço no Governo Federal, o PR cogita lançar o deputado Tiririca na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Segundo lideranças da legenda, o movimento tem dois objetivos principais. O primeiro é evitar indisposições com o PSDB e o PT.

Atualmente, o PR é aliado do prefeito Gilberto Kassab, mas teria dificuldade em apoiar o tucano José Serra por estar, em âmbito nacional, mais próximo de Dilma Rousseff do que da oposição. Ao mesmo tempo, caso apoie o petista Fernando Haddad ficaria "a pão e água", segundo palavras de uma liderança do partido, caso Serra ganhasse.

Oportunismo

Outra ideia com o lançamento do nome de Tiririca é puxar votos para os vereadores da capital. A cúpula do PR acredita que, na disputa, Tiririca seria um cabo eleitoral mais forte. Lideranças do PR, porém, negam que as negociações aconteçam para pressionar o Palácio do Planalto a indicar um novo ministro para os Transportes - já que a liderança da pasta está com o partido.

Questionado, o deputado diz achar que tem capacidade para administrar a maior cidade do País. "Acho que isso é um reconhecimento do meu trabalho aqui (na Câmara). Quem bota lá é o povo", disse. Segundo Tiririca, sua decisão depende apenas do partido.

"Pela votação dele, ele tem todo o direito de ser candidato. Além disso foi uma surpresa positiva aqui na Câmara", afirmou o líder do PR na Casa, deputado Licoln Portela (MG). 
*Osamigosdopresidentelula

Protecionismo é ruim só quando é nosso

A decisão dos EUA de cancelar a compra dos aviões Super-Tucano (20 unidades, com possibilidade de chegar a 55 aeronaves) para treinamento de sua Força Aérea não tem nenhuma razão formal ou burocrática.
É o bom e velho protecionismo em ação.
A Embraer cumpriu todas as regras: associou-se a uma empresa americana, ia produzir lá 80% da aeronave – aqui, nossas exigências de conteúdo nacional raramente superam os 65% -  e não havia questões de tecnologia a transferir.
Ao contrário, aliás, o fato de o avião da Embraer contar com sistema inercial de voo, computador de bordo, motor, hélice, e outros sistemas de origem norte-americana foi a razão para aquele país impedir-nos de vende-lo à Venezuela.
Mas na hora de ceder à pressão do lobby da Beechcraft e da Lockheed, aí os aviões não são “suficientemente americanos”.
E é claro que isso tem a ver com a questão da compra dos caças do programa FX-2, no qual os americanos querem nos vender os F-18 da Boeing.
E os bobocas aqui dizendo que o que vale é a “análise técnica” dos aviões. A oficial-aviadora Eliane Cantanhede, da esquadrilha da Folha, então, é brevetada nisso.
A possibilidade de um avião destes ser prejudicado em combate por um fiapo tecnológico é tão perto de zero que não é possível nem imagina-la.
Mas o poder gerado pela transferência de tecnologia e pela capacidade nacional de realizar, em ponto maior, projetos bem sucedidos como o do Super-Tucano é evidente.
E tecnologia, no poder bélico hoje, como em todos os tempos, é a verdadeira arma.  Abrir mão dela é desarmar-se.
O que não seria mau, se todos os fizessem. Mas não fazem.
*Tijolaço

Aposentado morre congelado por não poder pagar conta de energia elétricaShare

Padrão de energia elétrica de John Morgan, lacrado pela companhia de energia elétrica Consumers EnergyUm aposentado de 86 anos foi encontrado morto por congelamento dentro de seu carro na cidade de Flint, Michigan, EUA. John Morgan, ex-metalúrgico da indústria automobilística, morreu poucos dias após a companhia Consumers Energy ter cortado o fornecimento de energia elétrica por uma conta atrasada de $291 dólares.
De acordo com alguns amigos e vizinhos, Morgan usava a eletricidade de sua casa para recarregar a bateria de seu carro. Quando a energia foi cortada ele perdeu o aquecimento tanto de um quanto do outro, e provavelmente estava tentando se aquecer no veículo quando não resistiu. A autópsia confirmou as causas da morte por hipotermia e problemas de pulmão e coração.
De acordo com alguns órgãos de imprensa, quando a polícia chegou para recolher o corpo de Morgan os oficiais se depararam com um aviso de corte de energia logo na porta. Um representante da empresa justificou a ação dizendo que eles chamaram em sua casa mas que ninguém respondeu, e que não sabiam que Morgan era idoso.
No entanto, os vizinhos contestam esta alegação, dizendo que John morava naquela casa – que ele mesmo construiu – desde 1955, e que a empresa estava mandando as contas para a mesma pessoa por quase seis décadas.
Mas não é a primeira vez que algo assim acontece. Em 2009 o aposentado Marvi Shur, de 93 anos, da cidade de Bay City, morreu congelado depois que um redutor de consumo foi instalado no seu padrão de energia elétrica, e isso apesar de uma lei já ter proibido o corte de energia a idosos no período de inverno.
Esta morte desumana apenas evidencia a indiferença das empresas de energia elétrica e o caráter antisocial de sua ganância por lucros cada vez mais elevados. A Consumers Energy, companhia que matou John Morgan, cortou serviços básicos de 107.083 domicílios no ano de 2007. Em 2011 ela cortou gás e eletricidade de mais de 164.634 domicílios, o que representa um aumento de 50%.
Steve Walker, diretor do Departamento de Recursos de Ações Comunitárias, afirmou que os recursos do governo para evitar cortes de energia e dar assistência aos mais pobres se tornaram escassos nos últimos anos. Alguns programas já nem existem mais. Interrogado pelo jornalista Lawrence Porter da World Socialist Web Site se ele ficou surpreso pela morte de Morgan, ele respondeu: “Sabendo do que eu sei sobre a dimensão desta crise eu diria… eu estou chocado, mas não surpreso.”
Carro no qual John Morgan morreu congelado
Carro no qual John Morgan morreu congelado
Glauber Ataide

Índia: milhões em greve geral

Milhões em greve geral na ÍndiaMobilização foi convocada pelas onze principais centrais sindicais do país, paralisando bancos, transportes e amplas áreas. Pode ter sido a maior greve geral já registada na história.
A greve geral realizada na Índia esta terça-feira pode ter sido a maior greve geral já registada na história do capitalismo. Como sempre, a imprensa tenta minimizar a participação e as consequências, mas as primeiras informações já nos permitem ter uma ideia da força da mobilização.
A greve geral foi convocada pelas onze principais centrais sindicais do país, paralisando bancos, transportes e amplas áreas, em particular os estados de Kerala, West Bengal, Andhra Pradesh e Tripura.
A população da Índia, de 1,2 bilhão, tem todos os motivos para desenvolver uma greve dessa envergadura, já que, mesmo após a vitória na luta anti-colonial derrotando o império britânico, a independência do país não conseguiu tirar a maioria da população da miséria em que vive. Mesmo o reacionário governo de Manmohan Singh é obrigado a reconhecer que é uma vergonha nacional a existência de nada menos que 60 milhões de crianças sub-nutridas.
Os trabalhadores lutam pela melhoria das suas condições de vida. Levantam reivindicações como a elevação do salário mínimo para 20 mil rupias, pelo direito ao trabalho, pela efetivação dos 50 milhões de trabalhadores temporários
Segundo sindicalistas, o centro financeiro do pais, Mumbai, foi completamente paralisado e até os taxistas aderiram à greve. Ninguém sabe ainda quantos milhões aderiram à greve, mas, para se ter uma ideia, basta lembrar que na greve geral de 2010 foram 100 milhões. E que nas últimas duas décadas, esta é a 14ªa greve geral.
Crise no meio de uma guerra civil e do ascenso operário
A greve geral é, nos factos, a comprovação da existência de uma crise revolucionária no momento em que ela se desenvolve. Cria uma situação de dualidade de poderes onde o governo não governa, os políticos não podem fazer politicagem e as armas do aparelho repressivo do estado, mesmo sendo utilizadas, não conseguem reprimir a rebelião momentânea. Enquanto dura, são os 99% que impõem a sua vontade, demonstrando a impotência dos 1% de capitalistas.
A greve geral deste dia 28 ocorre num pais que vive uma guerra civil escamoteada, onde a guerrilha maoísta domina amplas áreas do pais e os confrontos armados são constantes. Um país com milhares de etnias em franca rebelião com o que chamam de “centro”, o governo, como é o caso de Caxemira, região onde os protestos são permanentes.
A população da Índia está cansada da visceral corrupção do país, encarnada no governo de Manmohan Singh. Mesmo que a imprensa mundial diga que a economia indiana cresce, no quotidiano o que se vive é um processo inflacionário que deteriora as condições de vida de uma população paupérrima
Nesse sentido, a greve geral não é apenas um poderoso movimento por melhorias nas condições de vida, mas também um violento soco no estômago do governo.
O recente desenvolvimento de setores económicos criou também o mais jovem proletariado do planeta. Uma força composta de jovens, que não estão amordaçados pelas burocracias que infestam os sindicatos. Um proletariado que, a exemplo do chinês, se constituiu num dos mais poderosos do globo e que ensaia os seus primeiros passos. A Índia é, hoje, o país mais jovem da terra.
A greve geral abriu, certamente, um novo período da luta dos trabalhadores indianos. No momento em que se vive um poderoso ascenso do movimento operário mundial, com as revoluções do mundo árabe, a mobilização que se desenvolve na China e com a resistência dos trabalhadores europeus e americanos, não será novidade se o jovem proletariado indiano se levantar para derrubar o governo de Singh. Avançando, assim, naquela que, junto com a chinesa, promete ser uma das mais significativas revoluções da história moderna. Definitivamente, devido ao lugar que a China e a Índia passaram a ocupar na atual divisão mundial do trabalho, as revoluções que estão em marcha nesses dois países provocarão as mudanças mais radicais na história deste século.
Resta lembrar também que a revolução, em marcha na Índia, ocorre num país onde, na prática, o aparelho de estado e, comparativamente fraco, não dispondo de tantos recursos para controlar e reprimir com mão de ferro todas as rebeliões no pais. O melhor exemplo disso é que, em apenas alguns anos, a guerrilha maoísta passou a ser o governo, na pratica, de vastas áreas do país.

Acampamento de sem-tetos revela desigualdade social nos EUA

Acampamento de sem-tetos revela desigualdade social nos EUA“A maioria das pessoas pensa que alguém se torna sem-teto porque é viciado em drogas ou em álcool. Não é verdade. Elas se tornam isso ou pioram depois que se tornam sem-tetos.” (Alanna, 23 anos, norte-americana sem-teto)
Situado em região arborizada, fora da vista da rodovia principal da cidade de Ann Arbor, Michigan, o acampamento Take Notice é sintomático do agravamento das desigualdades sociais nos EUA e do completo colapso do sonho americano. As histórias de seus habitantes é um retrato devastador da insegurança social encontrada por milhões de pessoas nos EUA.
Rick, 50, por exemplo, explicou à equipe de reportagem do World Socialist Web Site que visitou o local que ele era um bombeiro hidráulico até 2008, quando o setor da construção civil quebrou. Depois da devastadora queda de sua renda ele foi preso por não conseguir pagar pensão alimentícia de seus dois filhos em 2010. Em agosto, sem perspectiva de trabalho e não querendo ser um peso para sua família, ele decidiu se mudar para Ann Arbor e viver no acampamento. Ele iniciou sua viagem de 241 km de bicicleta, mas depois que ela quebrou teve que ir pegando caronas até chegar ao seu destino.
Jocelyn, 40, era babá e cuidadora de idosos até ser gravemente ferida em um acidente de carro. Ela tentou voltar ao mercado de trabalho através de um programa chamado WorkFirst, mas diz: “tantos precisam mas tão poucos conseguem. Um único deslize pode ser fatal”. O estigma de ter uma passagem por assalto à mão armada, ela explica, pode impedir alguém de conseguir até aquelas vagas que exigem as mais baixas qualificações técnicas.
Suas dificuldades se multiplicaram quando o apartamento de quatro quartos que ela possuía com seu marido em Romulus, Michigan, foi tomado. Seu relacionamento com seu parceiro, um veterano com múltiplas escleroses, rapidamente se deteriorou. “Tudo foi pelo ralo”, ela diz. “Perdi minha casa. Fui separada por causa de finanças, estresse e contas. Então todos nos separamos e perdi minha família.”
Acampamento de sem-tetos revela desigualdade social nos EUA
Ao mostrar o acampamento à equipe de reportagem, Jocelyn descreveu como é viver sem água encanada e sem banheiros. “Eu não fui ao banheiro por cinco dias quando cheguei aqui e adoeci por causa disso”. Ela disse que tinha medo de dormir porque os tanques de propano usados para manter as barracas aquecidas podem explodir em um incêndio. Os moradores guardam estes tanques dentro das barracas ao invés do lado de fora porque eles podem ser roubados.
Alanna, 23, que está no acampamento há duas semanas, diz que ela e seu noivo vivam em outro acampamento, em uma barraca com muito mofo. “Ficávamos coçando o rosto todas as noites. Estou tossindo desde outubro.”
O acampamento conta também com pouca comida. Segundo Jocelyn, “comida é algo difícil por aqui. As igrejas trazem alguma coisa mas a gente não tem conseguido muito.”
“Isso é ridículo”, diz Alanna. “Quando estava na escola ninguém me ensinou como fazer finanças ou conseguir moradia. Eles dão aulas de educação sexual mas não de como viver. Eu formei no segundo grau e tentei uma faculdade, mas tive um problema em minha coluna e não posso me rematricular porque devo $1.200 dólares e não consigo financiamento. Eu não tenho passagens pela polícia. Poderia estar no topo do mundo se tivesse oportunidade!”
“Se você precisa de experiência para arranjar um emprego, mas não pode arranjar um emprego para ganhar experiência, então o que você pode fazer? Eu gostaria de voltar para a escola. Quero ser uma cosmetologista, uma assistente social ou uma enfermeira, mas estou encurralada e não sei como sair.”
Acampamento de sem-tetos revela desigualdade social nos EUA
Grit é um outro morador do acampamento, de idade avançada. Ele agora trabalha como vendedor ambulante do Groundcover News, um jornal relativamente novo da cidade de Ann Arbor que publica histórias de e sobre os sem-tetos. Ex-funcionário da Ford, Grit diz que sua mãe, seu pai, irmãs e tios trabalharam todos na Ford, e que pode mostrar os contra-cheques de sua família remontando à década de 1930.
Jocelyn disse que ficou surpresa ao chegar ao acampamento porque muitos dos sem-tetos são bem mais jovens e bem aparentados do que o velho estereótipo do “vagabundo”. Alanna concordou e disse: “A maioria das pessoas pensa que alguém se torna sem-teto porque é viciado em drogas ou em álcool. Não é verdade. Elas se tornam isso ou pioram depois que se tornam sem-tetos.”
Uma grande contradição é que a cidade de Ann Arbor, que abriga este acampamento, tem uma renda média de $52.711,00 dólares anuais, ligeiramente acima da média nacional. Na cidade também se encontra a Universidade de Michigan, que está listada entre as 20 melhores do mundo. Neste mês a cidade foi escolhida pela revista Kiplinger’s Personal Finance como “A melhor cidade para solteiros no país”. Além disso, ela é com frequência listada em listas do tipo “melhores de”, e foi recentemente incluída nas seguintes: “Melhores cidades na América para se encontrar emprego”, “10 cidades mais escolarizadas”, “10 lugares mais acessíveis para se viver” e “10 melhores lugares para se ter família”. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que caíram abaixo da linha da pobreza no censo de 2010 foi de 20%, que são seis pontos percentuais acima da média nacional.
Glauber Ataide

 *AVERDADE