Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 01, 2012

Como se devasta um Continente inteiro

 

Mas isto é em África e talvez pensem que não lhes diga nada... mas então o que se passa na Europa e na América? 

 

O colapso moral da medicina no Ocidente.

 

 O mundo fez uma mudança. Os EUA tinham os melhores cientistas do mundo que foram descobrindo vitaminas, minerais, vacinas e curas para as doenças.  Nos tempos modernos,  os únicos medicamentos disponíveis são tóxicos com efeitos colaterais terríveis, vazios de nutrientes e no que diz respeito à parte alimentar, usa-se a  "química-terrorista"  sendo vendidos em quase todos os restaurantes, mercearias e supermercados, alimentos tóxicos, tudo em nome dos lucros das empresas que mantêm o público doente e na necessidade de tratamentos cada vez mais caros.

 

No início de 1900, a América estava cheia de pequenas propriedades e as famílias comiam alimentos frescos a partir dessas fazendas. Câncer, diabetes, doença cardíaca,  quase não existiam porque o solo era rico em nutrientes e minerais, e se você ficava doente um médico virnha a sua casa e  dava-lhe algumas tinturas de ervas ou remédios naturais... e era assim.

 

Após a Segunda Guerra Mundial, muitas famílias deixaram suas propriedades rurais, a vida urbana exigia produção alimentar em massa e começou então o fabrico de comida processada, enlatados e ensacados, sem os nutrientes necessários à saúde e que apenas uma década antes possuiam. Então, as cooporações de fast food como o McDonalds e Burger King invadiram toda a América, alimentando o público com alimentos carregados  de gordura saturada e açúcar.  Refeições quentes, baratas e convenientes.

 

Os Estados Unidos da América são a terra e a casa dos livres ... alimentos tóxicos e medicamentos venenosos,  à espera de seus próximos 80 milhões de vítimas. Aqui estão algumas estatísticas básicas de um país cheio de doenças:

 

Câncer: 1.500.000 diagnosticados a cada ano, mais de 50% irão morrer disso.
Diabetes: 25.000.000 pessoas estão diabéticos agora (incluindo crianças); 80.000.000 são borderline.

doenças cardíacas e derrames: 81,000,000 (cada adulto ) tem algum tipo de doença cardiovascular.

Doença de Alzheimer: 5.400.000 têm Alzheimer agora (cada sênior 8)

• defeitos de nascimento: um em cada 33 bébés nasce com um: (responsável por 20% de todas as mortes infantis).
( http://www.cdc.gov/ncbddd/birthdefects/data.html )

 

A maioria dos políticos norte-americanos não têm ética nem moral.


Era uma vez, o insider trading  uma lei assustadora que significava tempo de prisão para quem a violasse. Agora, os políticos ganham dinheiro com guerras que declaram entre si, com companhias de seguros de saúde e investiindo em cadeias de fast food que, lentamente, matam os seus próprios clientes. As empresas farmacêuticas (Merck, Pfizer, Bayer, Bristol Meyers, etc) são administradase os seus  CEO são pessoas que  foram já governadores, senadores e chefes do FDA e do Supremo Tribunal; com assento próprio, os juízes trabalharam já em grandes empresas farmacêuticas. Retomam os seus empregos, depois de fazerem uma nova legislação, para beneficiar os seus próprios investimentos.

 

Não se engane, os pesticidas utilizados na maioria das fazendas norte-americanas dão humanos com câncer, e os políticos que apoiam os alimentos geneticamente modificados, conhcidos por  OGM significa que as mudas de frutas e legumes são genéticamente modificados com pesticidas tóxicos num laboratório, por isso,  mesmo que você lave sua comida, você ainda está comendo dioxina, a mesma substância química tóxica (agente laranja), que os EUA despejaram  no Vietname, e que causou cancer aos nossos próprios soldados, para não falar dos vietnamitas!. ( http://people.oregonstate.edu/ ~ MUIRP / pesthist.htm )

 

As agências que você confia tanto (FDA / CDC / AMA / CDC / ACS / principais companhias de seguros) Apoiam alimentos tóxicos e medicamentos venenosos.

 
Os políticos deveriam defender o bem da maioria das pessoas, mas vigora a política "bastardizing" o sistema do lucro, tanto quanto possível, antes de ser afastado do cargo  4 anos mais tarde. Alimentos, remédios e vacinas tornaram-se catapultas de tóxicos  para exploração pela Big Pharma e agências governamentais (sociedades secretas).

 

Você já se perguntou como as empresas de seguros de saúde angariam negócios futuros? Eles investem em empresas, cujos produtos causam doenças crônico-degenerativas, reduzindo os custos de cuidados de saúde das pessoas através do telhado. As gigantes canadenses e norte americanas das seguradorasde saúdeinvestem  quase US $ 2 bilhões em acções nos gigantes do fast food como o McDonalds, Burger King, KFC e Taco Bell.

fonte : Natural News
*Guerrasilenciosa

Deleite Ballet Bolshoi Adágio de Spartacus e Prygia


*passeandopelocotidiano

Dilma critica lógica perversa do setor financeiro

Em pronunciamento veiculado em rede nacional de rádio e TV na noite desta segunda-feira (30), alusivo ao 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, a presidente Dilma Rousseff criticou os bancos pelas exorbitantes taxas de juros que praticam nas operações de crédito.

presidente-dilma-rousefA presidenta disse que, além de cuidar da economia, quer ser conhecida pela defesa da capacitação profissional do trabalhador brasileiro. “Não quero ser a presidenta que cuida apenas do desenvolvimento do país, mas aquela que cuida, em especial, do desenvolvimento das pessoas”, afirmou.
Uma das iniciativas nesse sentido, segundo Dilma, é a concessão de bolsas para 100 mil brasileiros estudarem em universidades estrangeiras por meio do Programa Ciência sem Fronteira, que a presidente chamou, no pronunciamento, de Brasil sem Fronteira. A capacitação profissional, continuou a presidente, contribui para a luta contra a pobreza extrema, a conquista de melhores salários e, consequentemente, permite ao trabalhador ter acesso a mais bens e serviços.
Dilma cobrou dos bancos privados mais esforços para reduzir as taxas de juros cobradas em empréstimos, cartões de crédito e no cheque especial. E aconselhou o brasileiro a procurar os bancos que ofereçam as taxas mais baixas.
“É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Esses valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso. Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros para empresas e para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade os seus compromissos”, disse Dilma.
Para a presidenta, com a queda da taxa básica de juros e a inflação estável, os bancos privados estão sem argumento para explicar a manutenção dos altos juros cobrados dos clientes. “O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros. A Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de crédito não diminuem”.De acordo com a presidenta, somente quando os juros nacionais chegarem ao patamar das taxas internacionais, a economia brasileira “será plenamente competitiva”, saudável e moderna.
Para fortalecer a economia do país e estimular a abertura de vagas de trabalho, Dilma citou que, no seu governo, retirou impostos incidentes sobre a folha de pagamento, “dando mais alívio ao empregador e mais segurança ao empregado”. E defendeu a necessidade de se investir em educação de qualidade “em todos os níveis” e, também, na qualificação e treinamento dos trabalhadores.
No pronunciamento que fez para comemorar o Dia do Trabalho (1º de maio), a presidenta Dilma Rousseff também garantiu que irá combater “malfeitos e malfeitores”.
*Ocarcará

Antonio Gramsci: 75 anos de sua morte

Há exatamente 75 anos atrás, em 27 de abril de 1937, morreu Antonio Gramsci, comunista italiano.



O mundo de Gramsci
Por Guido Liguori
As Cartas do cárcere provavelmente não têm nenhum rival, na literatura italiana do século XX, em termos de testemunho de desinteresse pessoal, senso de dever, concepção alta da "missão do douto" e do político. É conhecido o trecho de uma carta à mãe em 10 de maio de 1928: "A vida é assim, muito dura, e os filhos devem às vezes trazer grandes sofrimentos para suas mães, se querem conservar sua honra e sua dignidade de homens. [...] no fundo, eu mesmo quis a prisão e a condenação [...] porque nunca quis mudar minhas opiniões, pelas quais estaria disposto a dar a vida e não só a ficar na prisão".


O mundo dos afetos familiares, mesmo sendo tão importante para Gramsci no cárcere, é posto em segundo plano; tem um limite insuperável no fato de que existe um dever superior, que se refere à esfera da ética pública. "O mundo grande e terrível, e complicado" - como várias vezes o define Gramsci - pode colocar um filho na condição de sequer dar esperança à própria mãe. Gramsci sabe que está doente; sabe que o cárcere pode ser (e de fato será) fatal para si; sabe que bastaria um pedido de clemência ao chefe de Governo [Benito Mussolini] para sair, para poder se tratar, para salvar a vida; sabe que, provavelmente, este seu gesto poderia até ser recebido com indulgência e compreensão, precisamente porque não fazê-lo significaria uma condenação que nem o Tribunal Especial ousara impor-lhe; mas sabe que seu gesto, embora legítimo, embora previsto pelas normas vigentes, seria usado pelo inimigo e pela propaganda. Sua gente - derrotada, perseguida, presa - viria assim a saber que até ele, o líder, o máximo dirigente do partido no qual - certa ou erradamente - tantas esperanças tinham sido depositadas, até ele se rendera, até ele cedera, até ele vergara a cabeça diante do chefe de Governo, do líder dos inimigos. Por isto, Gramsci não fará e jamais há de querer fazer, jamais há de permitir que em seu nome se faça o pedido de clemência, como seus familiares repetidamente lhe pediram. Por isto, Gramsci foi assassinado pelo cárcere, quando teria podido se salvar: pelo seu senso de dever, pela dimensão ética intrínseca na sua escolha política.

FONTE: LIGUORI, Guido. Roteiros para Gramsci. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2007, p. 130 e 131.

Razão e paixão em Gramsci

Como poucos, Gramsci conseguiu entrelaçar razão e paixão, quer dizer, filosofia e política. Nele a relação dialética entre essas duas "virtudes", essenciais e inseparáveis na vida humana e social, resulta em uma intensa paixão política racionalmente conduzida e em uma profunda investigação teórica voltada para um revolucionário agir político.


Hoje, como nunca, a filosofia da práxis delineada por Gramsci guarda não só toda a sua vitalidade, mas se abre para novos e mais elevados desafios de transformação da realidade. Seu instrumento de análise e a revolucionária concepção de mundo que descortina tornam-se referenciais imprescindíveis na construção de uma nova civilização que exige embates cada vez mais difíceis e planetários diante dos quais ninguém pode considerar-se neutro e omisso.



FONTE: SEMERARO, Giovanni. Gramsci e os embates da filosofia da práxis. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006.



Foto do Dia Frida Kalo


SALVE OS TRABALHADORES DO MUNDO !




De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome,
A crosta bruta que a soterra .
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final!
Uma terra sem amos
A Internacional!

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Refrão

Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Refrão

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu!

Refrão

Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais!

Refrão

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas, deixai o mundo!
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

Refrão

O SEU BLOG MILITANCIAVIVA SAÚDA OS TRABALHADORES DO MUNDO !
*Chebola também

MISCIGENAÇÃO E MISTIFICAÇÃO



O conceito de miscigenação pode se prestar a vários propósitos: serve tanto para explicar nossa singularidade antropológica, como fazia o mestre Darcy Ribeiro (foto), quanto para mascarar nosso racismo dito "cordial", como faz a soi disant elite branca brasileira, para quem o Brasil sempre viveu uma "democracia racial" plena. Por isso, para eles, qualquer tentativa de tratar desigualmente os desiguais com políticas de ação afirmativa para reparar injustiças é um crime de "lesa-pátria". O texto do jornalista Paulo Moreira Leite põe os pingos nos iis.     

Quando celebrar a miscigenação é só esperteza

Paulo Moreira Leite

Confesso que fico envergonhado com a insistência de muitos advogados da democracia racial em apresentar a miscigenação da sociedade brasileira como a demonstração definitiva de que os portugueses e seus descendentes brancos não possuíam uma cultura de caráter racista.

Eu acho que a miscigenação criou pessoas bonitas, trouxe muitos  benefícios a população brasileira e deve ser celebrada pelos motivos verdadeiros.
 
Ajudou a valorizar a cultura negra e enriqueceu nossa maneira de olhar o mundo e perceber que somos parte de um universo mais amplo, que envolve toda a humanidade.
Mas é absurdo tentar apresentar o acasalamento de brancos e negros (em temos históricos, em 99,99% dos casos, brancos e negras, o que já quer dizer alguma coisa) como “prova” que não somos um país racista.

Não há relação entre as coisas. O racismo e outros sentimentos de ódio nunca impediram relações sexuais entre pessoas que de nações diferentes e até inimigas.

A crônica final de todas as guerras da humanidade inclui milhares de casos de estupro da população feminina pelas tropas vencedoras, permitida por uma situação de força.
Alguém vai falar em miscigenação na Bósnia? Ou na Europa depois da chegada dos russos? Ou na Polônia após a invasão nazista?
Não. Mas falamos em miscigenação de forma positiva no Brasil. Dizemos que é uma demonstração do espírito aberto e desprovido de preconceito do branco brasileiro.  A miscigenação seria, nessa visão, o ponto essencial de nossa democracia racial, pois envolve a família. Bobagem.

Gostaria que alguém apontasse uma diferença, essencial, entre uma escrava deitar-se com o seu senhor e uma mulher de um país vencido numa guerra fazer o mesmo com tropas invasoras.

Além de costumes, comportamentos, geografias e etc, a verdadeira diferença reside no olhar que compara os dois fenômenos. Fomos habituados a olhar para a escrava negra como uma mulher disponível, que gostava de seduzir o senhor. Não se enxerga aí uma relação determinada por uma violência absoluta contra uma população arrancada de seu país de origem, destituída de sua família e de sua cultura, sem direitos elementares.
Imagina-se a sedução, o desejo, até amor, quando havia um massacre prolongado, permanente, que durou séculos.
Essa visão preconceituosa é um produto histórico do cativeiro, uma cultura criada pelo olhar do senhor.

Muitos senhores de cativos gostavam de culpar as mulheres negras por deitar-se com elas. Diziam que eram provocantes, sedutoras, irresistíveis. Em mais um gesto que prova que podia ter idéias erradas mas não era desprovido de bom senso, Gilberto Freyre chegou a denunciar o preconceito vergonhoso de um médico brasileiro que, num Congresso em Paris, culpou a “lubricidade simiesca” das escravas negras pela expansão das doenças venéreas no país.

Na verdade, lembrou o antropólogo, as doenças se espalhavam porque muitos cidadãos brancos, contaminados por sífilis, gostavam de acreditar na lenda de que precisavam deitar-se com uma “negrinha virgem” para serem curados. Assim, justificavam suas investidas contra cativas ainda adolescentes.
Celebrar a miscigenação como “prova” do espírito democrático implicar em imaginar que, na cama, a escravidão pudesse desparecer por encanto. Vamos combinar que nem Reich e outros profetas da revolução sexual pensaram nisso….rsrsrsrsrsr
Do ponto de vista branco, a mulher escrava servia para o sexo. Mas não tinha direito a casamento nem a formar família.
Pode haver maior demonstração de preconceito?

 
Como assinala o professor Alfredo Bosi, “a libido do conquistador teria sido antes falocrática do que democrática na medida em que se exercia quase sempre em uma só dimensão, a do contacto físico: as escravas emprenhadas pelos fazendeiros não foram guindadas, ipso facto, à categoria de esposas e senhoras de engenho, nem tampouco os filhos dessas uniões fugazes se ombrearam com os herdeiros ditos legítimos do patrimônio de seus genitores. As exceções, raras e tardias, servem apenas de matéria de anedotário e confirmam a regra geral. As atividades genésicas intensas não têm conexão necessária com a generosidade social. ( “Dialética da Colonização,” página 28).
*Postado por Paulo Moreira Leite, em seu blog “Vamos Combinar”
*MilitânciaViva