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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, novembro 27, 2012
Jornal Nacional 'engasga' e não veicula operação da PF sobre vice da CBF
http://glo.bo/XXzMzX |
Entre as vítimas já identificadas da arapongagem estão um senador, ex-ministros, prefeitos, desembargadores e, curiosamente... uma filial de "uma Rede de TV". A Polícia Federal não divulgou os nomes.
Um dos alvos de busca e apreensão foi o presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. A operação não teve relação com futebol, mas ao contrário do que disse Bonner, teve a ver sim com o escritório de advocacia criminalista de Del Nero. O próprio cartola, na TV Record, desmentiu Bonner, dizendo que teria obtido informações da organização acreditando serem legais, como trabalho de despachantes.
Por coincidência, a TV Globo sempre manteve boas relações comerciais com a cartolagem do futebol brasileiro, onde conquista os direitos de transmissão dos campeonatos e da seleção, desde os tempos de Ricardo Teixeira.
Se eu fosse desconfiado, eu acharia que uma emissora que comete essa falha, estaria com algum rabo preso e quereria esperar ver o que todo mundo publica sobre a operação, para só depois noticiar.
A TV Record "conseguiu" o que a Globo "achou difícil fazer a tempo". O jornal da Record veiculou no mesmo horário do Jornal Nacional, a notícia sobre a operação da PF que aconteceu pela manhã, a entrevista coletiva com os policiais federais feita à tarde, e ouviu as declarações de Del Nero dadas durante o dia:
*osamigosdopresidentelula
MPF/MS denuncia 19 pessoas por homicídio de cacique guarani-kaiowá
Da Redação do SUL21
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul denunciou 19
pessoas a responderem como réus na Justiça por vários crimes
relacionados à expulsão dos indígenas do acampamento Guaiviry, instalado
em área mata nativa de propriedade rural, localizada no sul do estado
mato-grossense.
A ação aconteceu no dia 18 de novembro de 2011 e resultou na morte do
cacique Nízio Gomes e em lesões corporais ao indígena Jhonaton
Velasques Gomes. Foram utilizadas ao menos seis armas de fogo calibre 12
na ação, ainda que com munição menos letal. Sete réus continuam presos.
O crime repercutiu internacionalmente e colocou em foco o “ambiente
onde imperam o preconceito, a discriminação, a violência e o constante
desrespeito a direitos fundamentais” dos 44 mil guarani-kaiowá e
guarani-ñandeva que vivem em Mato Grosso do Sul, como descreve a
denúncia do MPF.
Crimes
Dos 19 acusados, 3 respondem por homicídio qualificado, lesão
corporal, ocultação de cadáver, porte ilegal de arma de fogo e corrupção
de testemunha; 4, por homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação
de cadáver, porte ilegal de arma de fogo; e 12, por homicídio
qualificado, lesão corporal, quadrilha ou bando armado e porte ilegal de
arma de fogo.
As investigações revelaram que, após a ocupação da área de mata da
fazenda pela comunidade indígena, em 1º de novembro de 2011, um grupo
iniciou planejamento com o objetivo de promover a retirada violenta dos
indígenas. Na madrugada de 18 de novembro, iniciou-se a ação. O objetivo
era a expulsão violenta da comunidade indígena. Ao chegar na trilha que
dá acesso ao interior do acampamento, o grupo abordou o cacique Nízio
Gomes (55 anos), que ofereceu resistência. Iniciou-se intenso confronto,
em que Nízio Gomes foi alvejado, resultando em sua morte. O corpo de
Nízio Gomes até hoje não foi localizado, mesmo com a realização de
buscas até em território paraguaio.
Homicídio apurado mesmo sem o corpo
Sobre a não localização do corpo ou dos restos mortais, para o MPF há
provas e indícios suficientes do homicídio qualificado do cacique Nízio
Gomes. Além das declarações dos réus e do depoimento de testemunhas,
laudo pericial apontou a existência de vestígios de sangue em fragmentos
de madeira e na terra do interior da trilha do Tekoha Guaiviry. Exame
de DNA confirmou ser “perfil genético de indivíduo do sexo masculino,
geneticamente relacionado à mãe e aos filhos de Nízio Gomes”.
Com informações do Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
*Turquinho
43,5 mil mulheres foram assassinadas em dez anos
A
sociedade capitalista é fundamentada na opressão e exploração do povo
trabalhador para garantir privilégios a uma minoria que nada produz e de
tudo se apropria, gerando desigualdade e violência, sobretudo contra os
pobres e as mulheres.
A desigualdade entre
homens e mulheres se instala sempre pelo crescimento da ideologia
burguesa da submissão da mulher ao homem. Essa ideologia responsabiliza
as mulheres pelos cuidados dos filhos e tarefas domésticas, garantindo
ao capitalismo ganhos exorbitantes com a exploração da mulher dentro e
fora do espaço doméstico.
Dados do Censo 2010,
divulgados pelo IBGE, afirmam que no Brasil cerca de 37% das mulheres
são chefes de família, isto é, são responsáveis pelo sustento da
família, lembrando que grande parte dessas são constituídas apenas pela
mãe e seus filhos.
Dados da OIT mostram que
mais 42% das mulheres da América Latina estão no mercado de trabalho,
no entanto, são submetidas a condições degradantes de trabalho e
salários inferiores aos dos homens. No Brasil, a diferença salarial
entre homens e mulheres chega a 30%.
É nessa sociedade
capitalista que milhões de mulheres morrem todos os anos, vítimas das
mais diversas formas de violência. Na última década, 43,5 mil mulheres
foram assassinadas no país.
A cada 15 segundos, uma
mulher é agredida no Brasil. Essas agressões, em geral, são cometidas
por pessoas do seu convívio: namorados, maridos, irmãos ou pais, que
expressam através da violência a posse sobre a mulher.
O problema precisa ser
enfrentado de forma séria pelo Estado e pela sociedade. Às mulheres
vitimadas deve ser garantido o apoio necessário para superação das
condições de violências a que estão submetidas, principalmente às
mulheres pobres que, muitas vezes, dependem economicamente do agressor.
Na cidade de São Paulo,
as mulheres de baixa renda que sofrem violência têm à disposição apenas
dez Centros de Defesa e Convivência da Mulher, que são equipamentos
públicos com o objetivo de apoiar e fortalecer mulheres em situação de
risco social e violência doméstica. Nesses serviços, as mulheres são
acolhidas, orientadas e encaminhadas para outros serviços conforme a
necessidade: delegacia de defesa da mulher para denunciar o agressor,
abrigos, quando há risco de morte, serviços de saúde, etc. Em alguns
equipamentos são oferecidos cursos e oficinas de geração de renda. Já na
Grande São Paulo, várias cidades não possuem sequer um abrigo.
As mulheres que desejam
romper com a situação de violência na qual estão inseridas não contam,
portanto, com políticas públicas que viabilizem esta ruptura. As
mulheres pobres têm ainda menos condições, pois, muitas vezes, não têm
para onde ir com seus filhos e filhas. Por isso, para garantir alimento e
moradia para suas crianças, muitas mulheres aguentam caladas essa
opressão.
É fundamental fortalecer
as mulheres para que compreendam as raízes dessa violência se
fortalecendo e se unindo ao conjunto das mulheres para lutar contra essa
barbárie. O dia 25 de novembro é uma data simbólica desta luta, já que é
o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. É um
dia importante para se intensificar a denúncia e o combate à violência e
para conscientizar todas as mulheres que sofrem essa triste realidade
sobre a necessidade de se organizarem e lutarem pelo fim de tais crimes.
Toda essa situação é
fruto da sociedade em que vivemos, que lucra milhões com a exposição do
corpo feminino e com o estímulo direto ou indireto à exploração sexual e
à violência. Por isso, é necessário também lutar contra esse sistema.
Lutar para construir uma sociedade na qual todos possam ser, de fato,
iguais.
Camila Matos, Carolina Vigliar e Ana Rosa Carrara, São Paulo
*Turquinho
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