Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

A outra história do mensalão”

Paulo_Moreira_Leite_Mensalao_Livro 
Neste livro corajoso, A Outra História do Mensalão – As contradições de um julgamento político (R$ 34,90, pag. 352), independente e honesto, o jornalista Paulo Moreira Leite, que foi diretor de Época e redator-chefe de Veja, entre outras publicações, ousa afirmar que o julgamento do chamado ‘mensalão’ foi contraditório, político e injusto, por ter feito condenações sem provas consistentes e sem obedecer a regra elementar do Direito segundo a qual todos são inocentes até que se prove o contrário.
Os acusados estavam condenados – por aquilo que Moreira Leite chama de opinião publicada, que expressa a visão de quem tem acesso aos meios de comunicação, para distinguir de opinião pública, que pertence a todos – antes do julgamento começar. Naquele que foi o mais midiático julgamento da história brasileira e, possivelmente, do mundo, os juízes foram vigiados pelo acompanhamento diário, online, de todos os seus atos no tribunal. Na sociedade do espetáculo, os juízes eles se digladiaram, se agrediram, se irritaram e até cochilaram aos olhos da multidão, como num reality show.
Este livro contém os 37 capítulos publicados pelo autor em blog que mantinha em site da revista Época, durante os quatro meses e 53 sessões no STF. A estes artigos Moreira Leite acrescentou uma apresentação e um epílogo, procurando dar uma visão de conjunto dos debates do passado e traçar alguma perspectiva para o futuro. O prefácio é do reconhecido e premiado jornalista Janio de Freitas, atualmente colunista do diário conservador paulista Folha de S. Paulo. Esse é o 7° titulo da coleção Historia Agora, lançada pela Geração Editorial, entre os livros desta coleção está o best seller, A Privataria Tucana.
Ler esses textos agora, terminado o julgamento, nos causa uma pavorosa sensação. O Supremo Tribunal Federal Justiça, guardião das leis e da Constituição, cometeu injustiças e este é sem dúvida um fato, mais do que incômodo, aterrador.
Como no inquietante Processo, romance de Franz Kafka, no limite podemos acreditar na possibilidade de sermos acusados e condenados por algo que não fizemos, ou pelo menos não fizemos na forma pela qual somos acusados.
Num gesto impensável num país que em 1988 aprovou uma Constituição chamada cidadã, o STF chegou a ignorar definições explícitas da Lei Maior, como o artigo que assegura ao Congresso a prerrogativa de definir o mandato de parlamentares eleitos.
As acusações, sustenta o autor, foram mais numerosas e mais audaciosas que as provas, que muitas vezes se limitaram a suspeitas e indícios sem apoio em fatos.
A denúncia do “maior escândalo de corrupção da história” relatou desvios de dinheiro público mas não conseguiu encontrar dados oficiais para demonstrar a origem dos recursos. Transformou em crime eleitoral empréstimos bancários que o PT ao fim e ao cabo pagou. Culpou um acusado porque ele teria obrigação de saber o que seus ex-comandados faziam (fosse o que fosse) e embora tipificasse tais atos como de “corrupção”, ignorou os possíveis corruptores, empresários que, afinal, sempre financiaram campanhas eleitorais de todos, acusados e acusadores.
Afinal, de que os condenados haviam sido acusados? De comprar votos no Congresso com dinheiro público, pagando quantias mensais aos que deveriam votar, políticos do próprio PT – o partido do governo! – e de outros partidos. Em 1997 um deputado confessou em gravação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo que recebera R$ 200 mil para votar em emenda constitucional que daria a possibilidade de o presidente FHC ser reeleito. Mas – ao contrário do que aconteceu agora – o fato foi considerado pouco relevante e não mereceu nenhuma investigação oficial.
Dois pesos, duas medidas. Independentemente do que possamos aceitar, nos limites da lei e de nossa moral, o fato é que, se crimes foram cometidos, os criminosos deveriam ter sido, sim, investigados, identificados, julgados e, se culpados, condenados na forma da lei. Que se repita: na forma da lei.
É ler, refletir e julgar. Há dúvidas – infelizmente muitas – sobre se foi isso o que de fato aconteceu.
Titulo: A outra história do mensalão
Autor: Paulo Moreira Leite
R$ 34,90
Formato 16×23
Número de páginas 352
Edição: Primeira
No Correio do Brasil

“Não” ao troglodismo tucano contra estudantes de USP

Via Revista Consciência.net
TODO REPÚDIO À CRIMINALIZAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL!!!
Celso Lungaretti

Novamente São Paulo é o palco escolhido para uma FLAGRANTE PROVOCAÇÃO contra o movimento estudantil, que parece ter tudo a ver com a sequência de descalabros e arbitrariedades cometidos pelos sucessivos governo tucanos no Estado.
Estou inteiramente solidário aos bravos estudantes da Universidade de São Paulo, que têm reagido até com timidez e comedimento à escalada autoritária em curso –a qual, em tudo e por tudo, faz lembrar os infames tempos da ditadura militar.
As coisas não teriam chegado a este ponto se a OCUPAÇÃO MILITAR DA USP houvesse sido firmemente repudiada por todas as forças de esquerda. A reação tíbia à INVASÃO BÁRBARA da Cidade Universitária estimulou os nostálgicos do arbítrio a radicalizarem ainda mais seus desmandos, que atingiram o auge no Pinheirinho; e, como subproduto temos agora uma INÍQUA E INACEITÁVEL TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO EXTREMA AOS USPIANOS.
Recomendo  o máximo de sangue-frio neste momento, para não fornecermos munição e pretextos aos PESCADORES EM ÁGUAS TURVAS.
E que todas as forças democráticas de São Paulo e do Brasil unam-se em defesa dos NOSSOS JOVENS IDEALISTAS, QUE NÃO SÃO NEM JAMAIS SERÃO QUADRILHEIROS!!!
Vamos acreditar que o juiz de quem depende abortar esta aberração honrará a toga. Vamos evitar quaisquer radicalismos que possam prejudicar aqueles companheiros a quem tentam injustiçar.
Nada está consumado. A batalha mal começa. Se a travarmos com inteligência e determinação, venceremos. Se perdermos a cabeça, os companheiros que estão na berlinda pagarão por nossos erros. Só idiotas fazem o jogo do inimigo.
 
COMECE DE BAIXO PARA CIMA

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Impressionante: como seria a paisagem noturna das cidades se elas não fossem poluídas

A vista noturna das cidades sem poluição luminosa

Impressionante: como seria a paisagem noturna das cidades se elas não fossem poluídas

Do Blog Buzz, do site da revista Galileu

Cidades estreladas

DÉBORA NOGUEIRA

Reconhece a paisagem? Essa foto é uma simulação de como a paisagem noturna do Rio de Janeiro seria se tirássemos da equação a poluição luminosa que ofusca o céu dos grandes centros urbanos.
O fotógrafo francês Thierry Cohen é o responsável pela série, chamada Darkened Cities (‘Cidades escurecidas’, em tradução livre). O truque está em tirar uma foto do céu precisamente na mesma latitude da cidade escolhida, mas em uma região menos povoada, e com a câmera exatamente no mesmo ângulo. Os resultados são fotos que jamais poderíamos observar na vida real, mas que mesmo assim tiram o fôlego.
Veja outras cidades:
Rio de Janeiro
São Paulo
Tóquio
Nova York
Paris
(Via New York Times)
*Nassif

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Jornalismo de classe

3marinhos
A fortuna dos filhos do Marinho 

Por Altamiro Borges 

Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, herdeiros do império das Organizações Globo, não têm o que reclamar dos governos Lula e Dilma. 

Eles ganharam muita grana neste período e só fazem oposição raivosa por razões políticas, de classe. 

Após quase dez anos de ausência na lista dos bilionários da revista Forbes, a família Marinho voltou a ocupar posição de destaque no ranking mundial. 

Segundo a publicação, os filhos de Roberto Marinho acumulam fortunas individuais próximas de 5 bilhões de dólares. 

Quando da morte do patrono da família, em agosto de 2003, o império midiático atravessava uma situação financeira complicada, quase falimentar. 

A Rede Globo tinha apostado as suas fichas na falsa estabilidade do governo FHC e se endividou aos tubos, inclusive junto ao generoso BNDES. 

Com a retomada do crescimento econômico no governo Lula, a corporação voltou a prosperar. Ela lucrou com a forte expansão do mercado publicitário e com outros negócios milionários – como o crescimento da tevê por assinatura. 

Em agosto do ano passado, a edição brasileira da Forbes já havia apontado o vertiginoso enriquecimento dos herdeiros das Organizações Globo. 

Segundo a publicação, a família Marinho ocupava a sexta posição entre os 15 empresários mais ricos do país – já Roberto Civita, dono do Grupo Abril e chefão da asquerosa revista Veja, aparecia em 14ª lugar. 

Agora, os filhos de Roberto Marinho voltam a ocupar posição de destaque no ranking mundial, apesar da grave crise que abala a mídia tradicional no mundo inteiro. 

O enriquecimento dos filhos de Roberto Marinho até mereceria uma investigação. 

Afinal, nos últimos anos a audiência da emissora na tevê aberta tem sofrido constantes quedas. Mesmo assim, no ano passado ela teve um estranho faturamento de R$ 12 bilhões – cerca de 10% acima do ano anterior. 

Todas estas “vantagens” não fizeram com que os filhos de Roberto Marinho refluíssem na sua postura de principal partido da direita nativa. 

Para tranquilizá-los, o governo ainda doa fortunas ao grupo em publicidade oficial. Haja bondade! 

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/02/a-fortuna-dos-filhos-do-marinho.html
*cutucandodeleve

POR QUE SÓ ATUAR POLITICAMENTE EM BENEFÍCIO DA SOCIEDADE DEPOIS DE UMA GRANDE E LANCINANTE DOR?

Imagem: gaf arq creative commons - flickrA história tem nos ensinado, pelo menos a história dos últimos séculos, que é na tragédia que o homem evolui. Essa é uma dialética cruel para nós humanos, mas parece ser esse o desafio da emancipação da razão. Depois da tragédia, a sociedade reage.

Parece muito fácil e raso culpar os músicos, os donos da boate e os bombeiros pela tragédia na boate Kiss em Santa Maria (RS), assim como fazem os programas policiais sensacionalistas da televisão brasileira ou a revista semanal Veja, que se limita a análises de dois neurônios, o do bem e o do mal, sempre que acontece algum grande drama social.

A culpabilidade serve para ver o passado, não o presente. É preciso pensar os sentidos humanos do problema para que se possa entendê-lo antecipadamente e talvez evitá-lo.

Existem inúmeras outras mortes traumáticas que acontecem constantemente por esse Brasil e que, após a tragédia, as pessoas agem da mesma forma que a sociedade age agora, com fiscalizações por todo o Brasil, tentando dar um resposta política.

Depois da tragédia, há a atuação politica na mobilização dos empresários de casa noturna, na imprensa, nos poderes públicos etc. Todos buscam na política e na solidariedade uma solução. Possivelmente emerge o sentimento de não querer passar por isso e nem que outras pessoas passem pelo que os parentes das vítimas passam.  Mas por que buscamos essa solidariedade e essa política somente depois da tragédia se somos suficientemente racionais para buscá-la preventivamente?

A tragédia, como a da boate Kiss,  é exposta mundialmente porque é coletiva, mas fica esquecida quando são vítimas individuais, uma tragédia familiar. Vale a pena recordar casos e histórias individuais. A primeira que me vem à cabeça é o Instituto Ives Ota, criado pelo pai do garoto de 8 anos do mesmo nome, após seu assassinato. Também há o caso dos pais de uma garota que criaram uma ong sobre segurança de esportes radicais após filmar a morte da filha em um bang jump, também  assisti a um vídeo sobre uma mãe que criou uma ong para segurança de turismo de aventura, após perder a filha em uma queda de cavalo em um resort e tantos outros.

Todos parecem fatalidades e é certo que essas coisas podem acontecer, mas é nesse momento de tragédia pessoal que atuação política surge e deixa a esfera do privado (prover e pensar somente na sua família) e passa a consciência dialética de que o bem estar da sua família precisa do bem estar também da sociedade. Nesse momento, país e mães com a dor da perda criam ongs, entidades e associações para que outras pessoas não sintam ou não passem pelo que passaram. Diante dessa dor impensável parece eclodir o gene social adormecido pelo capitalismo.

Por que não criar essas entidades antes da morte dos filhos? Por que só atuar politicamente e em benefício da sociedade depois de uma grande e lancinante dor? Por que não somos capazes de usar a razão e percebermos que é necessário que todos atuem de alguma forma socialmente, coletivamente e politicamente?

Parece triste reconhecer que no capitalismo a tragédia tornou-se a origem da ação política, seja na esfera pública ou privada.

*Educaçãopolitica

domingo, fevereiro 03, 2013

Esquerda e direita no Brasil de hoje 

 


Eduardo Guimarães, no Facebook 
Recentemente, fui jantar com um jornalista amigo cujo coração se divide entre o PT e o PSOL. Ele me criticou por estar "muito governista".

Não sou governista, sou brasileiro. O jornalista que criticou meu "governismo" e se acha "de esquerda", na verdade faz o jogo da direita

Quem é de esquerda no Brasil? Em minha opinião é de esquerda quem apoia governo que conseguiu a façanha de fazer o índice de Gini melhorar

Tenho 53 anos. Acompanho o índice de Gini há décadas. A desigualdade no Brasil só melhorou a partir da metade do primeiro governo Lula.

Que fique clara uma coisa: de esquerda é quem apoia que a renda se desconcentre no país virtualmente mais desigual do mundo, o Brasil.

Quem não apoia governos como os de Dilma e Lula, que fizeram o índice de Gini melhorar pela primeira vez em meio século, não é de esquerda

Não há discussão: Lula e Dilma fizeram a desigualdade cair pela primeira vez desde a redemocratização. Apoiar este governo é ser de esquerda

PSDB, DEM, PPS e PSOL, que se opõem ao governo que está reduzindo tanto a desigualdade após 50 anos sem cair, são partidos de direita.

*Saraiva