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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, março 03, 2013
Ditadura na Europa
Via Resistir.info
Juan Torres López
Nem
24 horas se passaram desde o encerramento das urnas na Itália e Angela
Merkel ditou o que é preciso continuar a fazer ali. O porta-voz do seu
partido afirmou que seja qual for o governo que se forme só admitirá um
caminho a seguir, o das reformas de Monti. E o seu ministro da Economia
reiterou que não há mais alternativas senão as medidas que executava o
presidente-banqueiro que agora foi fragorosamente derrotado nas
eleições.
Não há forma mais clara de afirmar
que o que disseram os cidadãos através do voto é que se estão a marimbar
para aqueles que hoje em dia converteram a Europa numa ditadura de
facto.
Na Europa está a desmantelar-se a
democracia e é lógico que isto esteja a ocorrer. É a única maneira que
as autoridades têm de garantir que se possam continuar a aplicar
políticas cujo fracasso é indisfarçável e assim beneficiar uma minoria
muito poderosa que vive de um modelo social desigual e injusto.
O
relatório de Inverno apresentado há alguns dias pelo comissário da
Economia, Olli Rehn, demonstra claramente que os resultados das
políticas que se vêm impondo são totalmente distintos do que disseram
que iam conseguir quando as anunciavam como nossa salvação. Tudo é ao
contrário do que haviam previsto: o crescimento é menor, o desemprego
aumentou, os bancos não financiam, as empresas continuam a fechar, o
défice e a dívida crescem e ao invés de recuperar-se a economia europeia
entra em recessão.
Os danos sociais que isto
provoca aumentam em todos os países, sem excepção. Os indicadores que o
Eurostat, o gabinete de estatística europeu, apresentou esta semana
mostram que já quase um de cada quatro europeus (24,2%) e uns 27% dos
jovens menores de 18 anos está em risco de pobreza ou exclusão social.
Percentagens que são terrivelmente mais altas em alguns países da União
Europeia, como a Bulgária (49,1 e 51,8%), onde as pessoas na rua acabam
de derrubar o governo. E que alcançam proporções siderais quando se dão
em famílias de baixos níveis de estudos. Neste caso, a percentagem de
menores de 18 anos em risco de pobreza monetária no conjunto da UE é de
49,2%, de 76,2% na Chéquia ou de 78,3% na Roménia. Inclusive em países
que sempre havíamos considerado a vanguarda do progresso está a começar a
ser desencadeada a pobreza infantil e juvenil em famílias com baixo
nível de estudos: 54,4% na Suécia, 52,5% em França ou 55,1% na Alemanha.
A única coisa que avança na Europa é a concentração do rendimento e o
peso dos rendimentos do capital no conjunto dos rendimentos.
E
o problema maior que tudo isto está a provocar é que a deterioração
económica está a deixar de ser conjuntural. Estamos a ponto de cruzar
uma fronteira a partir da qual os danos, em forma de destruição de
tecido empresarial, de emprego, de inovação e de capital físico, social,
investigador e humano para o investimento futuro são irreversíveis. Por
isso é dramático que os líderes europeus se fechem em copas perante
qualquer sinal de reforma que não seja as que eles apregoam como
representantes dos grandes capitais, cujos negócios ajudam e gerir quer
no âmbito público como no privado através das portas giratórias que
funcionam tão bem sob o seu mandato.
A Alemanha
está a cometer com a Europa o mesmo erro que com ela cometeram os
países europeus que a venceram na Primeira Guerra Mundial. Então,
foi-lhe imposta uma política de reparações que criou o demónio que anos
mais tarde incendiou todo o continente e agora os alemães emprenham-se
em impor uma política de austeridade que não só é injusta e tosca como
também é impossível que possa ter êxito. Mais uma vez, ateiam fogo à
Europa.
As exigências alemãs para que os demais
países continuem a reduzir salários e exportem cada vez mais são
simplesmente estúpidas. É materialmente inviável que todos os países se
especializem da mesma forma e que todos possam ter vantagens se se
dedicarem a desenvolver a mesma estratégia. É um engano porque oculta
que assim só se beneficiam as grandes corporações exportadoras à custa
do empobrecimento de todo o mercado interno europeu. E o empenho em
reduzir despesas públicas é paranóico porque o que na verdade a cada dia
gera mais dívida são os juros por culpa de um banco central europeu que
não o é.
O impressionante, contudo, é que não
há reacção potente dos governos de países europeus que vêem como esta
estratégia afunda suas economias e destroça suas sociedades. Inclusive
uma grande potência como a França assume-a sem sequer refilar. A Espanha
tem um peso suficiente na Europa para forçar mudanças, mas nem sequer
tenta. E assim um atrás do outro, pois não parece que ao novo governo
italiano se vá dar muita capacidade de manobra.
As
imposições da Merkel e do capital alemão já são muito mais do que um
empenho ideológico. Não vale recorrer outra vez ao santo temor alemão à
inflação ou ao seu conceito pecaminoso de dívida. São as suas políticas
que alentam um poder de mercado que arrasa o poder aquisitivo da imensa
maioria das famílias europeia ou os que impõem um banco central que é a
fonte real do incremento do défice e da dívida.
O
que há por trás de tudo isto é a decisão de salvaguardar o poder
financeiro acima de qualquer outra vontade e a vontade firme de saltar
em estilo toureiro as preferências dos povos, e de evitar o que dizem
nas urnas. Mas vamos deixar de dissimulações. Isso já conhecemos na
Europa e chama-se ditadura.
28/Fevereiro/2013
O original encontra-se em http://juantorreslopez.com/impertinencias/dictadura-en-europa/
*GilsonSampaio
Merval Pereira é o lobisomem de capa e fardão
Merval gosta de lançar livros, contanto que o protagonista seja o ex-presidente Lula. O “imortal” não é bobo. Lula vende. E o FHC só vende mesmo o Brasil
MERVAL PEREIRA É O LOBISOMEM DE CAPA E FARDÃO
Merval Pereira é um homem crédulo. Digamos até que por sê-lo, o
“imortal” é considerado pelos seus semelhantes um cidadão de inocência
ímpar e de propósitos que fogem a razão e a compreensão dos seres
mortais. O empregado e porta-voz da família Marinho é um virtuoso, de
caráter inflexível e personalidade admirável para as pessoas que o leem e
o ouvem. Somente por isto e por causa disto, Merval se dá ao luxo de
acreditar no que escreve e em revistas e jornais, a exemplo de o O Globo
e de Veja, aquele pasquim de extrema direita, que enlameia a atividade
de jornalismo e debocha da inteligência alheia.
Merval Pereira é assim: crédulo e virtuoso. É o seu jeito de ser, e
contra esta realidade nada pode ser feito, porque é impossível
impedi-lo de ser tão perfeito e... crédulo! O “imortal”, por exemplo,
volto a repetir, acredita no que diz, bem como crê na imprensa de
negócios privados, autora de reportagens
tão sérias e voltadas ao jornalismo em prol dos interesses de cidadania
do povo brasileiro. Ele acredita piamente, sem ter qualquer dúvida, que
o presidente mais popular da história do Brasil é o chefe do
"mensalão", e que a copilação de seus artigos, que o Merval tem a mania
de transformá-los em livro, poderá ter consequência para o fundador do
PT e da CUT, que, em apenas oito anos, fez uma revolução silenciosa no
Brasil.
Merval Pereira age dessa forma, por se tratar de um gênio do
jornalismo, talvez incompreendido. Tal capataz da família Marinho
somente não lidera as massas porque ele sente tédio, que,
irreversivelmente, causa-lhe profunda melancolia ou desgosto, como
ocorria com os poetas românticos do século XIX, além de sentir também
uma incomensurável preguiça para se meter com questões populares, como,
por exemplo, permitir o acesso dos brasileiros menos premiados pela vida
— a exemplo do Merval, à saúde, à educação, à segurança, à moradia, ao
lazer, ao emprego, ao consumo, e, quiçá, sem exageros, a um pouquinho de
felicidade. Se o Merval concordar, evidentemente...
Merval Pereira adora as capas da Veja ou de qualquer publicação
que afronte os governantes trabalhistas, como, por exemplo, ocorreu há
poucos meses com uma foto do Marcos Valério em um ambiente avermelhado,
sombrio e demoníaco, pois o “mensalão” do PT é coisa do diabo e por isto
a imprensa corporativa, comercial e privada (privada nos dois sentidos,
tá?) tem de rotineiramente denunciá-lo desde 2004, porque é o único
“trunfo” que a direita herdeira da escravidão tem para fazer frente a
governantes trabalhistas, como Lula e Dilma, que tiraram da miséria e da
pobreza mais de 30 milhões de brasileiros, além de não permitirem que a
crise neoliberal dos europeus e dos estadunidenses e do FHC, que foi
três vezes ao FMI pedir esmolas de joelhos e com o pires na mão
prejudicasse o projeto econômico e social do Brasil de crescer e
garantir empregos à população brasileira, o que, sobremaneira, foi
feito.
Merval Pereira deu a senha, e foi acompanhado por Ricardo Noblat,
blogueiro de alma tucana e colunista de O Globo, e Cristiana Lôbo, uma
das “meninas” do Jô, jornalista de perfil conservador e que, na verdade,
sempre opina “em cima do muro” talvez para dar uma (falsa) impressão
que ainda se mantém como uma profissional imparcial, o que,
evidentemente, não convence nem a um recém-nascido. O trio “global”
espera que matérias pérfidas e de má-fé como as de Veja sobre Marcos
Valério se desdobrem por toda mídia de forma incessante e sistemática
até o ano das eleições, em 2014, apesar de que as declarações e opiniões
dos “entrevistados” da imprensa de mercado contra Lula, José Dirceu,
José Genoíno e outros membros do PT serem, geralmente, em
off, ou seja, o jornalismo imprudente, maledicente, meramente
declaratório, de conotação golpista e por isso sem a gravação do
entrevistado, que comprove as palavras de quem falou com a imprensa.
Para resumir: o verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto.
Matérias
que não explicitam e evidenciam os nomes dos seres falantes, que, de
acordo com o pasquim de extrema direita e de péssima qualidade editorial
como o é a Veja, são amigos e parentes do publicitário considerado o
gerente do “mensalão”. Lembro que na época o advogado de Marcos Valeiro,
Marcelo Leonardo, negou ao Portal Terra que seu cliente tenha dado
entrevista, bem como informou que ele não fala com a imprensa há sete
anos. Esse caso é apenas um exemplo, somente para ilustrar, pois
inúmeras matérias alarmistas e de conteúdo escandaloso foram publicadas
ou veiculadas, sem, no entanto, haver preocupação em ouvir o acusado e
muito menos foi considerada a veracidade dos fatos. Esta foi a tônica,
inclusive no decorrer do julgamento do “mensalão”, que, para mim, foi
uma farsa de propósitos totalmente políticos e partidários. O "mensalão"
para mim é o Mentirão.
Até hoje juridicamente e oficialmente o tal “mensalão”, que
deveria, volto a repetir, ser chamado de mentirão, não foi comprovado
mesmo a ser denunciado pelo procurador geral da República e opositor ao
Governo, Roberto Gurgel, que prevaricou durante quase três anos sobre o
escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus aliados do PSDB e do
DEM, e que um dia poderá responder no Senado e no STF pelos seus atos.
No momento, tal procurador está a ser pressionado severamente pelo
senador Fernando Collor (PTB/AL). Muitos dos punidos e dos que ainda
serão punidos não tiveram observados — é o caso de Dirceu — a presunção
da inocência. Seria
terrível para a democracia brasileira, que se baseia no estado
democrático de direito, ter a Constituição rasgada, principalmente no
que diz respeito ao seu artigo 5.°, inciso LVII: "ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória".
Merval foi nomeado pelas Organizações Globo na ABL, e se comporta como um cafeicultor do século XIX.
A presunção da inocência é, talvez, a mais importante garantia
constitucional. Se ela é desrespeitada, voltamos à barbárie. Acontece
que José Dirceu foi cassado politicamente e por causa da pressão da
mídia alienígena e golpista sua cabeça foi oferecida pela Câmara dos
Deputados, pois se não conseguiram dar um golpe branco, de estado, no
presidente trabalhista Lula, em 2005, pelo menos, momentaneamente,
matariam a sede de sangue da imprensa burguesa que há dez anos tenta
desconstruir a moral e a imagem de Lula, que saiu às ruas naquele ano e
evitou o golpe, porque a direita recuou. E isto é inadmissível e
imperdoável para o baronato carcomido por suas ideias reacionárias e
retrógadas e que sente uma imensa nostalgia da ditadura militar.
José Dirceu foi considerado culpado pelos guardiões do
establishment, que é a maioria dos juízes que compõe o STF, porque não
houve condições e nem clima para absolvê-lo. Dirceu, juntamente com
Lula, é o político brasileiro mais combatido pela oligarquia
escravagista brasileira. Sofre um linchamento moral e sem direito à
presunção da inocência há oito anos. Até o seu apartamento em hotel de
Brasília foi invadido por repórter da revista Veja, que se deixou levar
por sua índole duvidosa e mesmo assim até hoje não foi punido, apesar de
eu não saber se ele foi processado, o que, sobremaneira, deveria
acontecer. A presunção da inocência é uma prerrogativa conferida ao
acusado e no Brasil não está a ser respeitada, porque temos uma imprensa
suja que distorce os fatos, mente sobre as realidades e, de tão
audaciosa por saber de sua impunidade, tenta derrubar governantes
constitucionalmente eleitos pela maioria do povo brasileiro. É o fim da
picada.
Depois “temos” de aguentar o tal do Merval Pereira, que, do alto
de sua pose pseudointelectual, deita falação e se nega a observar os
fatos e os ditames constitucionais, por ele ser um dos porta-vozes de
uma das seis famílias que controlam o sistema midiático comercial e
privado, que tem a ousadia de fazer da vida brasileira uma novela
terrível e de má qualidade, onde as pessoas são moídas moralmente sem
ter o direito de se defender, porque a imprensa de negócios privados não
se subordina à Constituição e ao Direito. A imprensa imperialista e as
mídias de direita não são regulamentadas, porque no Brasil não foi
efetivado um marco regulatório para esse setor da economia, apesar de
estar previsto na Constituição. Alô, presidenta Dilma, cadê o projeto de
regulamentação das mídias elaborado pelo jornalista Franklin Martins?
Não sabe onde está? Então fale com o ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo, e pergunte em qual gaveta do Ministério ele escondeu o
projeto, que deve estar todo empoeirado.
Merval Pereira é assim: acredita no que é injusto e se torna um
algoz com a faculdade de escrever o que lhe vem na telha, ao ponto de
ter previsto que certas reportagens patrocinadas pela velha mídia de
direita vão ter desdobramentos terríveis contra o Lula e muitos de seus
aliados políticos. Para o Merval, o setor midiático empresarial é
completamente verossímil, e, portanto, uma ferramenta de combate aos
governantes trabalhistas. Apesar dos offs, das distorções e das
manipulações. Merval gosta de lançar livros, contanto que o protagonista
seja o ex-presidente Lula. O “imortal” não é bobo. Lula vende. E o FHC
só vende mesmo o Brasil. Ele sabe disso.
Merval Pereira é o lobisomem de capa e de fardão. É isso aí.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/95078/
JANGO - O GOLPE COMEÇOU NA ITÁLIA
JANGO - O GOLPE COMEÇOU NA ITÁLIA
JANGO – O GOLPE COMEÇOU
NA ITÁLIA
Laerte Braga
João
Belchior Marques Goulart nasceu no dia 1º. de março. O registro é importante.
Deixou lições de grandeza, humildade, coragem e determinação. E acima de tudo
de integridade, talvez a soma de todas essas virtudes, num conceito mais amplo.
O
golpe militar de 1964 começou nos campos de batalha da 2ª. Grande Guerra. As
forças brasileiras faziam parte do contingente norte-americano e Vernon
Walthers, mais tarde general e diretor da CIA (Agência Central de Inteligência)
era o oficial de ligação. O brasileiro era Castello Branco, primeiro presidente
do golpe. À época, 1964, Walthers era Adido Militar da embaixada dos EUA no
Brasil. Foi o comandante operacional dos golpes.
Foram
dois. O que abortou a saída de Mourão Filho de Juiz de Fora, MG em parceria com
o governador de Minas Magalhães Pinto e o que levou Castello à presidência.
A
queda de Getúlio Vargas foi decidida na Itália. Os militares brasileiros que
voltaram da campanha da FEB (FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS BRASILEIRAS) vieram
imbuídos do propósito de construir uma “democracia”. O regime de Vargas não
era, estava esgotado naquele momento, mas a “democracia” dos militares não
tinha compromisso algum com o Brasil e os brasileiros.
Desde
a queda de Vargas em 1945 tentaram chegar ao poder. Perderam com Eduardo Gomes
duas vezes e com Juarez Távora uma vez.
A
volta de Getúlio em 1950 abriu espaços para uma tentativa mais direta com o
Manifesto dos Coronéis, entre eles Golbery do Couto e Silva e Bizarria Mamede,
protagonistas diretos de 64. A renúncia de Jânio, um bêbado tresloucado que se
esqueceu de combinar com as forças armadas o golpe na farsa das “forças ocultas”,
foi a segundo oportunidade direta.
Fracassou
na reação popular e na coragem de Leonel Brizola que se levantou contra a
quartelada de Dennys, Grum Moss e Sílvio Heck.
Em
1964 não deram chance de reação aos militares legalistas e nem de protestos
populares. Tudo foi tramado na embaixada dos EUA com Lincoln Gordon e o comando
entregue a Vernon Walthers para evitar trapalhadas. E por pouco Mourão Filho,
que era juscelinista, não põe tudo a perder (Mourão nasceu em Diamantina e foi
feito general por JK, traz consigo também o Plano Cohen, a farsa montado para o
Estado Novo em 1937).
A
traição descarada de Amauri Kruel e de Justino Alves Bastos (IV Exército então)
eliminou qualquer chance de reação com êxito em curto prazo e poderia mergulhar
o Brasil numa guerra civil que acabaria fracionando o País, bem ao sabor dos
interesses norte-americanos. A IV Frota norte-americana já estava em águas
brasileiras para garantir os comandados de Vernon Walthers.
No
pote de ambições que o golpe destampou, Lacerda e Magalhães foram logo
engolidos, Ademar de Barros era mero sobrevivente e morreu afogado na enchente
da corrupção. Linha dura e linha moderada se viram frente a frente e a
imposição de Costa e Silva a Castello (Costa e Silva era bisonho em todos os
sentidos) acabou resultando num acordo entre os dois grupos.
O
acordo não afastou a barbárie. As torturas, os assassinatos, as covardias
dentro dos quartéis eram rotina entre os golpistas. O comando político, militar
e econômico só sofreu alguns arranhões no governo Geisel, mas logo curados com
mercúrio cromo no governo Figueiredo e na ação das elites econômicas seja via Delfim
Neto, ou Mário Henrique Simonsen.
Um
golpe dentro do golpe tentado por um gorila (que me perdoem os gorilas) por
Sílvio Frota acabou abortado e a democracia consentida se instalou. O que seria
Tancredo acabou sendo Sarney, pústula golpista, hoje aliado de Dilma Roussef,
como foi de Lula.
A
consumação de 1964 na entrega despudorada do Brasil se deu nos oito anos de
FHC, velho udenista no espírito. Eleito para um mandato de quatro anos comprou
o segundo num golpe de mão, ao implantar a peso de ouro o instituto da
reeleição.
A
despeito dos dois mandatos de Lula e do atual de Dilma, a essência política e
econômica da ditadura e de FHC se mantém. O Brasil continua um País manco,
submerso no poder da “globalitarização” (a globalização pela força das armas,
termo de Mílton Santos) e dependente de tecnologias básicas passiveis de serem
desenvolvidas aqui. A antiga, não tanto, crítica de Ari Toledo ainda é válida –
“o Brasil ind-é-pendente”.
No
governo Dilma essa característica se acentua de forma assustadora.
João
Goulart dera início ao processo de reforma agrária ao decretar a desapropriação
de terras num limite de oito quilômetros às margens de rodovias, ferrovias,
lagos, rios e açudes. Ao nacionalizar o petróleo de ponta a ponta, inclusive a
distribuição. Ao permitir que trabalhadores se organizassem num central, o
COMANDO GERAL DO SO TRABALHADORES – CGT -, sob batuta do deputado mineiro
Clodesmith Riani, principal líder sindical do País. Hoje vive de modo simples e
espartano em sua cidade, Juiz de Fora. A reforma urbana, que previa um
percentual nos aluguéis de imóveis de proprietários de um número elevado deles,
como pagamento de prestação para compra dentro de um determinado prazo.
Santos
Vahlis, um especulador, tinha dois mil apartamentos no Rio, o projeto era do
notável deputado Sérgio Magalhães.
Goulart
passou a comprar o ácido acetilsalicílico – as aspirinas nossas de cada dia –
dos chineses, a um custo mais baixo e isso irritou, além de outras coisas, a
norte-americanos e alemães.
Moniz
Bandeira registra o fato em seu livro O GOVERNO GOULART, publicado pela
Civilização Brasileira.
Os
generais norte-americanos que comandam as forças armadas brasileiras hoje
agregaram outro “general”, a mídia de mercado, um poder quase absoluto a
alienar e esconder a história real do Brasil, transformando brasileiros em
objetos. O latifúndio hoje é o mesmo de ontem. As elites paulistas que comandam
o Brasil são controladas pela OPUS DEI, fração de extrema-direita da igreja
católica (a que está procurando um “papa limpo” segundo o jornal O GLOBO).
O
governo é a soma de interesses espúrios e alianças inacreditáveis, acredita que
os avanços superficiais, na verdade populista, transformam o Brasil em País
independente.
Goulart
é muito maior que Lula e Dilma. Não há comparação possível. Tinha um projeto
Brasil para os trabalhadores brasileiros. Ultrapassava as dimensões eleitorais
do partido de Lula e Dilma.
1964
começou na Itália e se consumou na traição de militares brasileiros ao seu
próprio País numa longa noite de sombras e sangue da barbárie e da crueldade
dos ditadores e seus sequazes.
João
Belchior Marques Goulart, um homem de classe média alta, teve a percepção de ao
lado de Leonel Brizola, Celso Furtado, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, Raul
Riff, Santiago Dantas e outros, pensar e caminhar para um Brasil diverso do de
hoje.
Falo
por exemplo do aumento da população de rua do Rio em 31%, a despeito de todo o
populismo existente.
Os
trabalhadores continuam os grandes explorados, a luta continua sendo de classes
e sem organização popular, dentro do modelo consentido, não se vai a lugar
nenhum, que não virar posto de troca de cavalos das diligências da Wells Fargo.
Goulart
foi o último grande presidente do Brasil, por isso foi deposto. Presidente do
Brasil e não das elites políticas e econômicas, do latifúndio, de bancadas
evangélicas que controlam o que hoje são “negócios”.
*Brasilmobilizado
A austeridade fracassou
Com a palavra um Nobel em Economia
Por Paul Krugman
Há
dois meses, quando Mario Monti deixou o cargo de premiê da Itália, a
revista britânica The Economist afirmou: "As próximas eleições serão,
acima de tudo, um teste de maturidade e realismo dos eleitores
italianos". Uma atitude amadurecida e realista seria, ao que se supõe,
recolocar Monti em seu cargo. A situação, porém, não é boa.
O partido de Monti deve ser o quarto mais votado - atrás de Silvio Berlusconi e do comediante Beppe Grillo. Na realidade, Monti foi o procônsul instalado pela Alemanha para implementar a austeridade fiscal numa economia já fragilizada. Nos círculos políticos europeus, a disposição para persistir numa austeridade sem limite é o que define a respeitabilidade. Isto seria correto se a austeridade funcionasse, mas não funciona.
Longe de parecerem maduros ou realistas, os defensores dela se mostram cada vez mais petulantes e equivocados. Quando a Europa começou sua obsessão pela austeridade, as principais autoridades minimizaram os temores de que o corte violento dos gastos e a elevação dos impostos em economias deprimidas pudessem aprofundar a depressão. E insistiram que, na realidade, essas medidas impulsionariam a atividade econômica inspirando a confiança do público.
O partido de Monti deve ser o quarto mais votado - atrás de Silvio Berlusconi e do comediante Beppe Grillo. Na realidade, Monti foi o procônsul instalado pela Alemanha para implementar a austeridade fiscal numa economia já fragilizada. Nos círculos políticos europeus, a disposição para persistir numa austeridade sem limite é o que define a respeitabilidade. Isto seria correto se a austeridade funcionasse, mas não funciona.
Longe de parecerem maduros ou realistas, os defensores dela se mostram cada vez mais petulantes e equivocados. Quando a Europa começou sua obsessão pela austeridade, as principais autoridades minimizaram os temores de que o corte violento dos gastos e a elevação dos impostos em economias deprimidas pudessem aprofundar a depressão. E insistiram que, na realidade, essas medidas impulsionariam a atividade econômica inspirando a confiança do público.
*observadoressociais
Surviving Progress / Sobrevivendo ao Progresso (2011)
SOBREVIVENDO AO PROGRESSO / Surviving Progress (2011) LEGENDA PT from famintos um on Vimeo.
SOBREVIVENDO AO PROGRESSO / Surviving Progress (2011) LEGENDA PT
(Reino Unido, 2011, 86 min. - Direção: Mathieu Roy, Harold Crooks)
Imperdível!
Maravilhoso documentário da BBC, com imagens belíssimas.
Sinopse: "A ascensão da Humanidade é geralmente medida pela velocidade do
progresso. Mas e se o atual progresso estiver nos prejudicando, em
direção ao colapso? Ronald Wright, autor do best-seller "A Short History
Of Progress" (A Breve História do Progresso), que inspirou este
documentário, mostra como as civilizações do passado foram destruídas
pelas "armadilhas do progresso" - tecnologias fascinantes e sistemas de
crença que atendem a necessidades imediatas, mas comprometem o futuro.
Com a pressão sobre os recursos mundiais aumentando e as elites financeiras levando nações ao fundo do poço, poderá nossa civilização globalizada escapar da catástrofe - a "armadilha do progresso" final?
Com a pressão sobre os recursos mundiais aumentando e as elites financeiras levando nações ao fundo do poço, poderá nossa civilização globalizada escapar da catástrofe - a "armadilha do progresso" final?
Através de imagens marcantes e insights iluminadores, de pensadores que
investigaram nossos genes, cérebros e comportamento social, este réquiem
do modelo de progresso usual também propõe um desafio: provar que
tornar macacos mais inteligentes não é um beco sem saída evolucionário."
Download:
Via Torrent Full-HD (KAT) (legendas em Inglês embutidas)
Legendas pt-br (Alexap2p, Marcelo Rouanet, Ana Seno)
Legendas pt-br (Alexap2p, Marcelo Rouanet, Ana Seno)
(Subtitltes ENG)
agradecimentos a Júnior Vidal pela sugestão e links e a equipe do docspt.
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