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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 03, 2013

Vacinas de Cuba e do Brasil salvam vidas na África




Vacinas de Cuba e do Brasil salvam vidas na ÁfricaEm meados de 2006, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um SOS internacional: necessitava da produção massiva, ao preço mais baixo possível, da vacina polis-acárida contra a meningite A e C, com destino a 23 países do chamado “cinturão da meningite” da África, que se estende do oeste de Senegal até o leste da Etiópia, e onde vivem 430 milhões de pessoas.
A única empresa que fabricava estas vacinas era a transnacional “Sanofi Pasteur” mas, devido aos baixos índices de lucro, a empresa havia reduzido drasticamente seus volumes de produção, algo que colocava a África à beira da emergência sanitária. Cada vacina era comercializada nestes países por 20 dólares, impossibilitando que a maioria do povo tivesse real acesso a vacina.
Com este problema do lucro, a OMS teve que apelar para outros laboratórios públicos e privados de todo o mundo, pedindo que encontrassem a maneira de fabricar milhões de vacinas baratas. As multinacionais responderam, dizendo que era inviável a produção dessas vacinas pois não trariam grandes lucros, incluindo Fundação Bill e Melinda Gates que também recusou a proposta. No entanto, dois laboratórios públicos o fizeram.
O Instituto Finlay de Cuba e o Instituto Bio-Manguinhos do Brasil se associaram para a criação da vacina vax-MEN-AC, específica para os tipos de meningites que afetam a região africana. A partir de então, em Cuba é produzido o princípio ativo, e no Brasil desenvolve-se o resto do processo industrial, incluindo a liofilização e embalagem. O preço final de cada dose é reduzido quase 20 vezes: dos cerca de 20 dólares da vacina comercializada pela citada multinacional para menos de 0,95 centavos. Esta aliança entre Brasil e Cuba permitiu fabricar desde então 19 milhões de vacinas para a África, que são adquiridas e distribuídas por entidades como a própria OMS, UNICEF, Médicos Sem Fronteiras ou a Cruz Vermelha Internacional.
Mas apesar de sua relevância informativa inegável este tipo de iniciativa de cooperação em grande escala não mereceu o menor espaço nos grandes meios internacionais, localizados no Primeiro Mundo. Algo que contrasta com a cobertura periódica das ações sanitárias na África que são financiadas, por exemplo, pela fundação do multimilionário Bill Gates; ou de projetos de mínimo impacto, sustentados por empresas privadas, algumas do próprio ramo farmacêutico, a partir de orçamentos de marketing social corporativo.
Iniciativas como esta e como os programas educativos, sanitários, alimentares ou culturais de Cuba em dezenas de países pobres nos mostram que a teoria de que a única forma possível de cooperação internacional é a chamada “cooperação Norte-Sul”, isto é, a entrega de recursos dos países do Primeiro Mundo aos do Terceiro, está equivocada.
Uma segunda ideia é que o mercado e a empresa privada, neste caso, as multinacionais farmacêuticas, oferecem soluções mais eficientes às necessidades da população que as iniciativas públicas. A cooperação cubano-brasileira na África demonstra justamente o contrário: milhões de seres humanos desatendidos pelo mercado, que só age pela rentabilidade, conseguem solução para uma necessidade vital a partir da vontade política de governos, como o de Cuba Socialista e do Brasil!
Leonardo Zegarra
*Averdade

Lula recebe título de doutor Honoris Causa no Peru e Equador



Por Marco Antonio L.
Do PT
Ex-presidente se encontrará com chefes de estado e receberá títulos de doutor Honoris Causa em universidade no Peru e de três instituições no Equador
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja neste segunda-feira (3) para a Colômbia, primeira etapa de uma viagem de cinco dias pela região andina, onde também visitará o Peru e o Equador.
Lula irá se encontrar com chefes de estado, debater programas sociais na Colômbia, e receber títulos de doutor Honoris Causa da Universidade Nacional Maior de São Marcos, no Peru, e de três instituições no Equador.
Na Colômbia Lula se encontrará com o presidente Juan Manuel Santos na terça-feira (4) de manhã, e verá uma apresentação dos programas sociais colombianos “Famílias en accion” e “Mujer Ahorradora”. O ex-presidente também fará uma palestra para empresários da Câmara de Comércio Brasil-Colômbia sobre a integração da América Latina.
Na terça-feira (4) à noite, já em Lima, Lula se reúne com o presidente do Peru, Ollanta Humala.
No dia seguinte, quarta-feira (5), Lula fará uma palestra para a Câmara de Comércio Brasil-Peru sobre os 10 anos da Aliança Estratégica entre os dois países, firmada por ele com o então presidente peruano Alejandro Toledo, em 2003. Nesse período foi concluída a rodovia Transoceânica, que liga o Brasil ao litoral peruano, oferecendo uma alternativa de transporte de produtos brasileiros para o Pacífico e impulsionando a integração entre os dois países.
À tarde, Lula receberá o título de doutor Honoris Causa da Universidade Nacional Maior de São Marcos, a mais antiga universidade das Américas, fundada em 1551.
Na quinta-feira (6), em Quito, no Equador, Lula se encontra com o presidente Rafael Correa e recebe a Condecoração da Ordem Nacional de San Lorenzo.
Na sexta-feira pela manhã (7), Lula faz uma palestra para a Câmara de Comércio Equatoriana Brasileira e à tarde recebe títulos de doutor honoris causa concedidos por três instituições equatorianas: a Universidade Internacional do Equador, a Universidade Andina Simon Bolívar e a Escola Politécnica de Guayaquil.
Na própria sexta-feira Lula retorna para São Bernardo do Campo.
(Assessoria de Comunicação / Instituto Lula)

Ex-executivo da Microsoft quer criar rede de lojas de maconha nos EUA


Vicente Fox e James Shively, durante entrevista coletiva
Vicente Fox, ex-presidente do México, manifestou apoio ao projeto do empresário James Shively
O empresário James Shively, ex-executivo da Microsoft, observou que o mercado legal da maconha nos Estados Unidos é enorme e chegou à conclusão de que é possível explorar o potencial comercial do negócio.
Shively planeja criar a primeira marca de cannabis e ser o líder na distribuição legal da droga no país. A ideia é abrir uma rede para vender maconha em moldes semelhantes aos da cadeia Starbucks, que domina o mercado americano de cafeterias.
O uso, a venda, e a posse da maconha são ilegais nos Estados Unidos em nível federal. Mas os Estados de Washington e Colorado já aprovaram em referendo o uso recreativo da droga, e outros 18 Estados permitem o consumo com fins medicinais.
Em uma coletiva de imprensa em Seattle, na semana passada, Shively declarou que quer importar cannabis legalmente do México para uso medicinal e recreativo.
O empresário apresentou seu plano ao lado do ex-presidente mexicano Vicente Fox, que, após deixar o cargo em 2006, defendeu publicamente a descriminalização das drogas. Fox disse que apoia o projeto de Shively.
"A iniciativa é bem-vinda no México porque o custo da guerra contra o tráfico no país é insustentável", afirmou o ex-presidente do país.
"Planejamos criar uma rede nacional e internacional de venda de cannabis", disse Shively, que pretende dar à empresa o nome de Diego Pellicer, em homenagem ao seu bisavô, que foi produtor de cânhamo - nome dado a fibra que se obtém da planta de cannabis.

Investimento milionário

Por enquanto, o empresário americano de 45 anos apresentou um projeto a investidores que prevê um capital inicial de US$ 10 milhões, mas seus planos são mais ambiciosos.
Uso da maconha para fins medicinais é atualmente permitido em 18 Estados americanos
"O tamanho estimado do mercado americano, uma vez que tudo estiver legalizado e regulamentado, avaliamos que será de cerca de US$ 200 bilhões, e o do mercado global ficaria acima de meio trilhão de dólares", afirmou Shively.
Para o ex-gerente de estratégia comparativa da Microsoft, a venda da maconha "é um mercado gigantesco em busca de uma marca". "Ficaremos felizes se chegarmos a 40% do total das vendas mundiais", acrescentou.
Shively admite que seus planos, no momento, são ilegais, mas diz que começará seu negócio em Seattle, comprando distribuidores de maconha medicinal de três Estados que já legalizaram esse tipo de uso - Califórnia, Washington e Colorado.
Um dos planos de Shively é que sua empresa encomende um estudo sobre o uso de óleo de cannabis no tratamento de câncer e de outras doenças.
Mas os opositores do projeto insistem que os danos à saúde causados pelo uso da maconha superam os benefícios que sua comercialização pode trazer em tempos de dificuldades econômicas.
Apesar das críticas, o ex-executivo da Microsoft diz que estamos vivendo um "momento único na história", que ele descreve como "a queda do Muro de Berlim da proibição da cannabis".

domingo, junho 02, 2013

PSDB 2013


Cuba

O turismo es la revolución

A Ilha aposta nos visitantes, principalmente brasileiros, para realizar sua transição econômica
por André Barrocal

1 comentário e 23 comentários
Cuba
Mercado quase livre. Os cubanos agora podem abrir pequenos negócios e comercializar automóveis
Por André Barrocal, de Havana
Gastador, o turista do Brasil é cobiçado pelo resto do mundo, seja pela porção desenvolvida e em crise no planeta, seja pelos emergentes e paraísos tropicais em busca de novos recursos. Há um bom motivo: em 2012, os brasileiros consumiram 22 bilhões de dólares no exterior. Em Cuba não é diferente. A ilha socialista sonha com o nosso viajante para levar a cabo o projeto de reforma econômica. Em junho o governo cubano abrirá no Brasil um escritório da Havanatur, estatal que vende pacotes turísticos, e em julho começará a operar um voo semanal entre São Paulo e Havana, por meio da Cubana de Aviación.
Vários motivos justificam a estratégia, segundo Luis Felipe Aguilera Gutierrez, chefe da área do Cone Sul do Ministério do Turismo de Cuba. O mais importante é o Brasil ainda gerar emprego e renda, apesar da crise global. Também pesam as boas relações políticas estabelecidas no governo Lula e preservadas com Dilma Rousseff. E o fato de o País ser hoje o maior investidor na economia cubana (ao todo, 2 bilhões de dólares). “Interessa-nos o turismo massivo, inclusive para que mais brasileiros vejam com seus próprios olhos qual é a realidade de Cuba.” No ano passado, 2,8 milhões de estrangeiros testemunharam essa realidade, mas só 16 mil eram do Brasil.
Para seduzir os brasileiros, Cuba aposta no sol e no mar. Sobretudo nas praias do Balneário de Varadero, principal polo turístico local. Mas também pode se beneficiar de uma espécie de turismo político, e neste caso o charme está na capital, Havana. “Cuba tem carisma para os brasileiros com mais de 40 anos”, diz Gastão Vieira, ministro do Turismo do Brasil.
O “carisma” é inspirado pela revolução socialista de Fidel Castro e Che Guevara, ainda capaz de embalar o imaginário latino-americano e sonhos de igualdade e justiça social. Independentemente do público-alvo, o atual estímulo ao turismo, setor responsável por 300 mil empregos e 6% do PIB, “está inserido na atualização do sistema econômico”, segundo o ministro da pasta, Manuel Marrero Cruz.
Os rumos da “atualização” foram definidos nas Linhas da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução aprovadas em abril de 2011 pelo VI Congresso do Partido Comunista. São duas as premissas básicas. Abrir espaço para investimentos estrangeiros e pequenos negócios privados – os grandes setores permanecem sob controle estatal. E incentivar o empreendedorismo dos cidadãos.
O país de 11,5 milhões de habitantes contabiliza cerca de 160 mil negócios por conta própria, entre artesanato, livrarias, táxis, bares, salões de beleza e restaurantes, conhecidos como “paladares”, por causa de uma novela brasileira da década de 1980. Desde 2012, o governo subsidiou, com o equivalente a 50 milhões de reais, 33 mil cidadãos interessados em construir ou reformar suas casas e apartamentos. O programa deu certo, e a partir de junho o limite do subsídio será ampliado, pois os cubanos foram autorizados a vender os imóveis, antes cedidos pelo Estado apenas para moradia.
Embaixador do Brasil em Cuba desde o fim de 2010, o diplomata José Felício é testemunha das mudanças e diz que elas são visíveis no cotidiano. Há maior oferta de alimentos nos mercados, afirma, os pequenos negócios se multiplicam e o trânsito piorou – a exemplo dos imóveis, os veículos também já podem ser transacionados entre cubanos, o que aumentou a frota nas ruas.
O número de automóveis não apenas cresceu, como tem começado a se renovar. Em Havana, alguns carros mais novos, principalmente conduzidos por taxistas, misturam-se à frota que faz as ruas da capital parecer uma locação de um filme dos anos 1950. Além disso, os prédios públicos históricos passam por reformas. O objetivo é atrair mais turistas. “Há mais estrangeiros e capital externo”, constata um jovem vendedor de livros, herdeiro de uma livraria em Havana Velha.
Os novos tempos alimentam ambições materiais dos cidadãos, algo que o governo evitou durante 50 anos com uma economia planejada para suprir as necessidades básicas, não para produzir riqueza. Quando deu o primeiro empurrão no turismo, nos anos 1990, Cuba criou um universo paralelo só para estrangeiros, com moeda e hotéis próprios, na esperança de blindar a população contra “tentações capitalistas”, entre elas o acesso a roupas de grife e celulares. Com o impulso de agora ao setor, isso também mudou. O cubano pode usar a moeda e os hotéis dos gringos e até viajar ao exterior, o que antes era proibido. “Estamos corrigindo alguns erros, mas essas mudanças reforçam o socialismo. Elas estão sendo feitas para melhorar a qualidade de vida da população”, acredita Marrero Cruz.
Qualidade de vida já alta, segundo um indicador das Nações Unidas que combina renda, saúde e educação. No Relatório do Desenvolvimento Humano 2013, divulgado em março deste ano, Cuba aparece na posição 59ª, entre 187 países. Faz parte do bloco de nações de nível “elevado”. A Ilha, assinala a ONU, é a nação que proporciona mais desenvolvimento humano com menos dinheiro. No quesito renda per capita, Cuba está fora da lista dos cem primeiros.
É o que explica Cuba ser um país pobre, pelo critério da renda, mas um dos 16 onde não há fome, de acordo com a agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, que em sua conferência de junho vai propor ao mundo a meta de erradicar o problema. A renda per capita equivale a 900 reais mensais, metade da brasileira, segundo o relatório da ONU. O salário médio é de 300 pesos mensais, informa uma guia turística, o equivalente a 27 reais, dinheiro que os cubanos usam basicamente para pagar serviços públicos como luz e ônibus, de tarifas subsidiadas.
As reformas em processo de implantação têm potencial para fazer o bolso de alguns cubanos – os que arranjarem bons empregos privados, por exemplo – engordar mais do que o de outros. O resultado óbvio será um aumento da desigualdade, mas o governo, que modificou a legislação trabalhista para eliminar o igualitarismo salarial, impôs limites máximos aos vencimentos na tentativa de conter esse efeito. E só vai subi-los à medida que a renda do conjunto da população crescer no mesmo ritmo. O tempo dirá se é possível manter essa política.
As empresas brasileiras estão entre os responsáveis por pressionar os salários. A maior e mais cara obra em Cuba é executada pela empreiteira Odebrecht e recebeu 700 milhões de dólares de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Orçado em quase 900 milhões de dólares, o porto de Mariel começou a ser construído em 2010, está 78% concluído e deve ficar pronto em janeiro de 2014. Será o centro de uma zona industrial voltada para exportações e deve contar com a presença de Dilma Rousseff na inauguração.
No início de maio, os ministros de Comércio Exterior de Brasil e Cuba assinaram um acordo para que a mesma Odebrecht reforme e modernize cinco aeroportos na ilha. O BNDES emprestará ao projeto outros 170 milhões de dólares. A construtora, que opera em Cuba sob o nome de Companhia de Obras em Infraestrutura, também é favorita para montar um gasoduto de 1,5 bilhão de dólares que vai abastecer o polo industrial de Mariel. Neste caso, enfrenta a concorrência chinesa, e ainda não há uma decisão do governo cubano sobre o vencedor.
A principal contrapartida são as importações. Sobretudo de alimentos, como soja, carne, arroz, milho e café, responsáveis por mais da metade dos embarques brasileiros para Cuba. O lucro do Brasil no comércio com a Ilha cresceu oito vezes em uma década e atingiu 470 milhões de dólares em 2012. Segundo Hipólito Rocha Gaspar, diretor do escritório aberto pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos em Havana em 2008, o País tem todas as condições de ultrapassar a China e se converter no maior parceiro comercial cubano. “O empresário brasileiro é muito conservador, não gosta de riscos. Se está entrando aqui, é porque a situação está boa.”
Entre as companhias nacionais que descobriram Cuba está uma fabricante de vidros. A empresa vai construir uma subsidiária na Ilha para fornecer ao Brasil material atualmente comprado na China. O investimento é estimado em 250 milhões de dólares. Já a Brascuba, sociedade de 1995 entre a produtora de cigarros Souza Cruz e uma estatal cubana de tabaco, planeja a primeira expansão em 18 anos, para dobrar a capacidade.
*Cartacapital

Charge foto e frase do dia
































Parada do Orgulho LGBT pretende ser mais política e menos carnavalesca


Presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo diz que evento é ato de afirmação de cidadania e não pode ser vista apenas como carnaval fora de época
©Daniela Souza/Folhapress)
Parada do orgulho GLBT em São Paulo, junho de 2013
Com público cada vez maior, Parada Gay paulistana se firma como manifestação públicade luta por cidadania irrestrita
São Paulo – Menos carnavalesca e mais política. Este é o tom da 17ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) que ocorre hoje (2) em São Paulo. Durante entrevista coletiva concedida na manhã de hoje (2), Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), disse que a Parada do Orgulho LGBT não pode ser vista apenas como um carnaval fora de época.
"A parada não é um carnaval fora de época. Mas sim o maior movimento de visibilidade massiva de uma parcela da comunidade que sofre diariamente preconceito e discriminação, violência, ódio e intolerância”, disse o presidente da APOGLBT. O tema da Parada do Orgulho LGBT deste ano é Para o Armário Nunca Mais! União e Conscientização na Luta contra a Homofobia.
Quaresma criticou o Congresso Nacional, dizendo que “o Poder Legislativo tem sido omisso no cumprimento de seu papel de fazer lei e garantir o fim da injustiça social”. Sem citar nomes, disse que alguns parlamentares - a quem se referiu como “fundamentalistas religiosos” - estão “atacando o Estado laico e os direitos civis de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros”. Segundo Quaresma, nos últimos 20 anos, mais de 3 mil pessoas morreram no país vítimas da intolerância social.
“A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que deveria cuidar dos direitos humanos e das minorias sociais do Brasil, é hegemonizada pelo deputado Marcos Feliciano (PSC-SP) e outros fundamentalistas de plantão. Nesse sentido, nos preocupa a composição dessa comissão, que deveria lutar pelos direitos humanos e das minorias”, declarou.
Presente ao evento, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, também criticou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. “Temos agora a tragédia grega que é na Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. Atingimos o ápice da falta de respeito à comunidade e aos direitos humanos. É um acinte uma pessoa com um discurso homofóbico estar presidindo uma comissão que trata exatamente de combater a homofobia e tudo que é contra os direitos humanos”, disse.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que também participou da entrevista à imprensa, disse que há três eixos principais da luta pelos direitos LGBT tramitando no Congresso Nacional. O primeiro é o do direito ao casamento igualitário que, apesar de ter sido discutido e garantido pelo Supremo Tribunal Federal, ainda precisa, segundo ele, estar previsto em lei. O segundo ponto é a questão da lei de identidade de gênero (que prevê, entre outras coisas, o nome social para as travestis e transexuais) e o, último, o da aprovação da projeto de lei complementar (PLC) que criminaliza a homofobia, mais conhecida como PLC 122.
Em seu discurso de abertura do evento, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que é um desejo da cidade e do país de não se opor aos direitos humanos e civis. Segundo ele, “todas as minorias políticas já tiveram, em algum momento, que despertar o desejo de mais liberdade e igualdade” e, portanto, em sua visão, seria inconcebível admitir que, pessoas que já sofreram algum tipo de perseguição ou intolerância, “sejam hoje os promotores dessa mesma incompreensão e intolerância”.
“É muito significativo que, nós, neste dia de combate à intolerância e à homofobia, nos lembremos que, muitas vezes aqueles que hoje têm um comportamento homofóbico, em algum momento tiveram que lutar por sua própria liberdade”, falou o prefeito.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou que “uma injustiça cometida contra um cidadão é uma ameaça a toda sociedade”. O governador lembrou também que São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a criminalizar a homofobia, com a Lei 10.948, de 2001, que pune com multa ou até cassação de licença estabelecimentos comerciais, organizações sociais, empresas públicas e funcionários públicos por discriminação homofóbica.
*redebrasilatual