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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 02, 2013

ONU: 188 países apoiam o desbloqueio dos EUA contra Cuba



 

Via PCB
Resumen Latinoamericano / Telesur, 20 de outubro. A Assembleia Geral da ONU votou, nesta terça-feira, mais uma vez, por uma nova chamada à suspensão do bloqueio que os EUA mantém sobre o povo de Cuba. (foto: teleSUR)
Após um debate que girou em torno de um projeto de resolução em que se destacou a necessidade de colocar fim ao cerco econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA à ilha há mais de 50 anos, 188 Estados-membros votaram a favor da iniciativa, dois contra e três se abstiveram.
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) votou, nesta terça-feira, mais uma vez, por uma nova chamada à suspensão do bloqueio que os Estados Unidos (EUA) mantém sobre o povo e o Governo de Cuba, há mais de meio século, uma política unilateral que tem sido repudiada neste organismo durante os últimos 21 anos.
Após um debate que girou em torno de um projeto de resolução em que se destacou a necessidade de colocar fim ao cerco econômico, comercial e financeiro imposto por Washington à ilha há mais de 50 anos, 188 Estados-membros votaram a favor da iniciativa, enquanto dois o fizeram contra e três se abstiveram de emitir sua opinião.
Tratou-se de um documento similar ao que, desde de 1992, tem recebido um amplo respaldo da comunidade mundial, sempre com mais de 180 nações apoiando-o nos últimos sete anos.
Além disso, a plenária número 38 da Assembleia Geral, que em 17 de setembro passado instalou seu 68° período de sessões, tem como agenda a apresentação de um relatório do secretário geral do organismo, Ban Ki-moon, sobre o bloqueio estadunidense.
Este documento contempla informações fornecidas por, ao menos, 150 países, a União Europeia, a Santa Sede e diferentes entidades da ONU; dirigidas a fixar postura contra o cerco norte-americano, denunciar seu impacto e adiantar o respaldo ao projeto de resolução.
Por sua parte, Havana enviou à agência um texto que contém, de maneira detalhada, as implicações do bloqueio por setores e, também, denuncia seu caráter extraterritorial e seu recrudescimento em matéria financeira pela atual administração estadunidense.
O projeto a considerar pela Assembleia apela aos princípios de “soberania e igualdade entre Estados, a liberdade de comercio e navegação e a não interferência nos assuntos internos”, para, com base nele, demandar a suspensão das sanções de Washington.
Semanas atrás, mais de 40 presidentes, primeiros-ministros e chanceleres dos cinco continentes pediram no debate geral do 68° período de sessões da Assembleia o fim do bloqueio, que recebeu no fórum o qualificativo de “genocídio, ilegal e relíquia da guerra fria”.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Como o ministério público protegeu tucanos

Procurador Rodrigo de Grandis engaveta oito ofícios do Ministério da Justiça que pediam apuração do escândalo do metrô de São Paulo e prejudica o andamento das investigações

Apareceu um escândalo dentro do escândalo de corrupção em contratos de energia e transporte sobre trilhos de São Paulo que atinge em cheio os governos do PSDB. IstoÉ descobriu que o procurador Rodrigo de Grandis engavetou desde 2010 não apenas um, como se divulgou inicialmente, mas oito ofícios do Ministério da Justiça com seguidos pedidos de cooperação feitos por autoridades suíças interessadas na apuração do caso Siemens-Alstom. Ao longo de três anos, De Grandis também foi contatado por e-mail, teve longas conversas telefônicas com autoridades em Brasília e solicitou remessas de documentos. Na semana passada, soube-se que, devido à falta de cooperação brasileira, o Ministério Público suíço decidiu arquivar a investigação contra três dos acusados de distribuir propina a políticos tucanos e funcionários públicos. Em sua única manifestação sobre o caso, De Grandis alegou que sempre cooperou e só teria deixado de responder a um pedido feito em 2011, que teria sido arquivado numa “pasta errada”. Mas sua versão parece difícil de ser sustentada em fatos.

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Informado da falta de cooperação, o ministro Cardozo
determinou novo contato com o procurador

Conhecido pelo vigor demonstrado em investigações sobre o ex-governador Paulo Maluf e também no caso Satiagraha, que colocou o banqueiro Daniel Dantas na prisão, desta vez o procurador federal, de 37 anos, não demonstrou a mesma energia. Para usar uma expressão que costuma definir a postura de autoridades que só contribuem para a impunidade de atos criminosos: ele sentou em cima do processo. No mês passado, um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo chegou a denunciar a seus superiores que a conduta de De Grandis “paralisou” por dois anos e meio a apuração contra os caciques tucanos. As razões que o levaram a engavetar o caso agora serão alvo do procurador-geral, Rodrigo Janot, e da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, que abriu uma queixa disciplinar contra De Grandis.

Até o momento, as explicações do procurador carecem de consistência. Com boa vontade, sua teoria de “falha administrativa” poderia até caber para explicar um ofício perdido. Mas não faz sentido quando se sabe que foram oito os ofícios encaminhados, sem falar nas conversas por telefone e e-mails. O último dos ofícios, que chegou à mesa de Rodrigo De Grandis há apenas duas semanas, acusa o procurador de “nunca” ter dado retorno às comunicações feitas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, responsável pela interface em matéria judicial com outros países.

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A primeira solicitação oficial do MP suíço chegou ao Brasil em 15 de março de 2010 e, em 16 de abril, foi encaminhada à PGR e ao procurador federal pelo ofício nº 3365. As autoridades suíças queriam a quebra de sigilo bancário, o interrogatório, além de busca e apreensão nos escritórios de Romeu Pinto Júnior, Sabino Indelicato e outros suspeitos. Nada se fez. Em 18 de novembro, a Suíça fez o primeiro aditamento ao pedido de cooperação e novo ofício foi encaminhado ao MPF, em 1º de dezembro. Desta vez, o MP suíço pedia informações que poderiam alimentar sete processos em curso naquele país. Nada. Em 21 de fevereiro de 2011, os procuradores estrangeiros tentaram pela terceira vez. Queriam que fossem ouvidos, entre outros, o lobista Arthur Gomes Teixeira e João Roberto Zaniboni, ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

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Em março, as autoridades suíças cobraram retorno das demandas. De Grandis foi novamente acionado, mas não deu resposta. Em julho e novembro, foram encaminhados novos ofícios sobre os pedidos de cooperação da Suíça. Mais uma vez, o silêncio. Depois de dois anos e meio, em 7 de agosto deste ano, já com o escândalo das propinas batendo à porta do Palácio dos Bandeirantes, o ministro José Eduardo Cardozo foi informado da falta de cooperação e determinou que se fizesse novo contato com o procurador. Tudo em vão. Sem obter resposta, o MJ encaminhou outro ofício (6020/2013) ao MPF em 10 de outubro. E novamente outro (6280/2013) no dia 21, reiterando “extrema urgência e a importância do tema” e pedindo retorno em cinco dias. De Grandis solicitou novas remessas de documentos e finalmente respondeu na última quarta-feira 30. A resposta, porém, foi incompleta – apenas algumas oitivas.  O silêncio obsequioso do procurador inviabilizou diligências que poderiam ser essenciais para alimentar as investigações do propinoduto, tanto na Suíça como no Brasil, causando um prejuízo incalculável ao esclarecimento de um esquema de corrupção cuja dimensão total ainda não se conhece. Feitas no tempo certo, poderiam ter ajudado as autoridades a estabelecer, antecipadamente, a relação entre o esquema usado pela Alstom e o da Siemens para subornar políticos.

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Teixeira, Zaniboni e Matarazzo (da esq. para a dir.): personagens centrais do escândalo do PSDB

Em agosto de 2012, após quatro anos de investigação, a Polícia Federal concluiu o primeiro inquérito sobre o caso Alstom. Sem acesso a dados bancários e fiscais da Suíça, conseguiu apenas reunir provas parciais para indiciar por corrupção passiva o vereador Andrea Matarazzo, que, em 1998, era secretário estadual de Energia no governo Mário Covas. O inquérito foi para as mãos de De Grandis, que, passado mais de um ano, ainda não apresentou sua denúncia. Nos bastidores, o procurador reclamava a assessores que a peça policial era pouco fundamentada. Sob pressão, solicitou à Justiça Federal a quebra do sigilo de 11 acusados. O promotor Silvio Marques, do MP estadual, e outros procuradores federais em São Paulo pediram em julho o compartilhamento das provas para aprofundarem a apuração. Os procuradores suíços, longe de arquivar os processos, também estão interessadíssimos em conseguir a cooperação brasileira.

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Fachada do prédio do Ministério Público em São Paulo: investigações emperradas 

Na semana passada, IstoÉ enviou ao gabinete de De Grandis uma lista com 20 perguntas. Nenhuma foi respondida. Por meio da assessoria de imprensa, o MPF alegou “sigilo das investigações” e disse que o procurador está de licença até 5 de dezembro para concluir um mestrado. Especialista em direito penal e professor da Escola Superior do MP de São Paulo, De Grandis é considerado pelos colegas um sujeito de temperamento difícil e de poucos amigos. Entre eles, o ex-delegado Protógenes e o neoativista Pedro Abramovay, hoje antipetista de carteirinha após ser banido do governo. Para o advogado Píer Paolo Bottini, ex-secretário da gestão Márcio Thomaz Bastos e professor de Rodrigo de Grandis num curso de pós-graduação, o procurador nunca usaria o cargo para fins políticos. “Conheço ele e não acredito que tenha qualquer direcionamento em sua atuação”, diz.

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O ex-ministro José Dirceu pensa diferente. Na semana passada, ele voltou a acusar De Grandis de agir politicamente ao quebrar seu sigilo telefônico para tentar envolvê-lo no caso MSI, o esquema de cartolagem do futebol paulista. Na Satiagraha, De Grandis e Protógenes se uniram contra Daniel Dantas, um velho aliado do PSDB e de Marcos Valério, que se aproximou do PT depois que Lula chegou ao poder em 2002. A partir de 2008 o deputado estadual Roberto Felício (PT) encaminhou seis representações ao procurador. O deputado ainda alertou De Grandis sobre indícios de que Alstom e Siemens usavam as mesmas consultorias internacionais para lavagem de dinheiro e pagamentos de propinas e subornos a diversas autoridades no Brasil. Nenhuma foi concluída.

Claudio Dantas Sequeira e Alan Rodrigues No IstoÉ

O procurador que apostou na blindagem errada


A enrascada em que se meteu o procurador da República Rodrigo De Grandis se deve à sua aposta na blindagem errada: julgou que o PSDB fosse um todo homogêneo e não se deu conta de que a blindagem da mídia beneficiava exclusivamente o grupo ligado ao ex-governador José Serra.

A primeira prova de fogo de De Grandis foi a Operação Satiagraha. Nela, os principais atores - juiz Fausto De Sanctis e delegado Protógenes Queiroz - foram alvos de uma campanha implacável – da mídia, como um todo, reforçada pelo Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.

De Sanctis e Protógenes mostraram estrutura psicológica para resistir ao massacre a que foram submetidos. De Grandis encolheu-se, assustou-se.

Quando a Satiagraha recrudesceu,  seus parceiros apontavam para seu pouco entusiasmo, o desagrado de ser interrompido em alguma festa para tomar alguma medida urgente, a demora em responder a algumas questões, nada que o comprometesse mas que já demonstrava seu desconforto de enfrentar empreitada tão trabalhosa - que, para procuradores mais vocacionados, poderia ser o desafio da vida.

Definitivamente, De Grandis não tinha a estrutura psicológica e a vocação dos que se consagraram no combate ao crime organizado, como os procuradores Vladimir Aras, Raquel Branquinho, Luiz Francisco, Celso Três, Janice Ascari e Ana Lúcia Amaral - firmes e determinados, alguns até o exagero, como várias vezes critiquei.

O convite inacreditável a Mainardi

Na primeira vez que foi alvo de ataques, De Grandis arriou.

Ocorreu quando o colunista de Veja Diogo Mainardi avançou além da prudência e anunciou que entregaria pessoalmente ao juiz da Operação Chacal (na qual Dantas era acusado de grampear adversários e jornalistas) o relatório da Itália sobre as escutas da Telecom Italia.

Titular do caso, a procuradora Anamara Osório reagiu e publicou nota no site do Ministério Público Federal de São Paulo alertando que se tratava de um jogo de Dantas para contaminar o inquérito. Sem noção, Mainardi partiu para ataques destrambelhados contra os procuradores. Depois, caiu a ficha e entrou em pânico.

Dias depois, foi recebido por De Grandis, através da intermediação de um colega de faculdade ligado à ex-vereadora Soninha - do grupo de Serra. Foi um encontro surpreendente. Numa ponta, um colunista assustado – conforme algumas testemunhas do encontro -, quase em pânico, querendo desfazer a má imagem perante os procuradores. Na outra ponta um procurador assustado, querendo desfazer a má imagem junto à mídia.

Foi provavelmente ali que De Grandis sentiu a oportunidade de se aproximar dos detratores e proteger-se do fogo futuro. Convidou Mainardi para palestrar em um encontro social de procuradores, avalizando - perante a classe - a conduta de um dos principais suspeitos de atuação pró-Dantas.

Só não ocorreu o encontro por falta de agenda de Mainardi.

As mudanças na atuação

A partir daquele episódio, surgem os sinais mais nítidos da aproximação de De Grandis com o grupo Serra.

Quando a Operação Satiagraha foi anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), De Grandis recorreu, como não poderia deixar de fazer, mas chamou a atenção sua indiferença contra uma medida que comprometia o que procuradores mais vocacionados considerariam o trabalho de sua vida.

Tempos depois, recusou pedido da Polícia Federal para indiciar o vereador Andreá Matarazzo - também do grupo Serra. Devolveu o inquérito solicitando mais informações para tomar sua posição.

Poderia ser apenas rigor técnico, não fossem os fatos posteriores.

Foi apanhado no contrapé quando a revista IstoÉ mencionou os pedidos de procuradores suíços para atuar contra suspeitos do caso Alstom - dentre os quais José Ramos, figura-chave da história. Alegou ter esquecido o pedido em uma pasta errada. Agora, a Folha informa que o próprio Ministério da Justiça enviou três cobranças, os procuradores paulistas também o questionaram, e nada foi feito.

O erro de avaliação

Há vários pontos a explicar seu comportamento.

O primeiro, o da análise incorreta do benefício-risco.

A Satiagraha revelou, em sua amplitude, o risco de atuar contra pessoas próximas a Serra. Se fosse a favor, haveria blindagem. E a comprovação foi o próprio comportamento do ex-Procurador Geral da República Antônio Fernando de Souza. Ele retirou da AP 470 o principal financiador do mensalão – as empresas de telefonia controladas por Dantas -, escondendo dados levantados pelo inquérito da Polícia Federal. Foi premiado com contratos milionários da Brasil Telecom, e continuou vivendo vida tranquila.

Antes disso, o mesmo Antônio Fernando anulou a Operação Banestado, em uma atitude escandalosa que não mereceu uma reação sequer da corporação dos procuradores, menos ainda da mídia.

Depois, o ativismo político de Roberto Gurgel, comprometendo a imagem de isenção da corporação e garantindo aos inimigos, a forca, aos aliados, a gaveta.

Com tais exemplos, De Grandis deve ter apostado que, ficando longe dos esquemas tucanos, seria poupado pela mídia.

A falta de informação lhe custou caro.

A blindagem da mídia abrange exclusivamente o esquema Serra - uma estrutura complexa que passa pelo banqueiro Daniel Dantas, por Verônica Serra, por lugares-tenentes como Andrea Matarazzo, Gesner de Oliveira, Mauro Ricardo, Hubert Alqueres (e seu primo José Luiz), antes deles, por Ricardo Sérgio, Vladimir Riolli, pelos lugares-tenentes que levou ao Ministério da Saúde, pelos esquemas de arapongagem.

Não entram na blindagem outros grupos tucanos, como o do governador paulista Geraldo Alckmin ou os mineiros de Aécio. Pelo contrário, não poucas vezes são alvos de fogo amigo.

Ao não se dar conta dessas nuances, De Grandis se expôs.

Agora ficou sob fogo cruzado do PT e no grupo de Serra.

O PT, para atingir o PSDB; o grupo de Serra para fornecer mais elementos para Dantas anular a Satiagraha no Supremo Tribunal Federal. O primeiro grupo ataca De Grandis da Operação Alstom; o segundo, o De Grandis que não mais existia, da Satiagraha.

O anacronismo da gestão Gurgel

Some-se a tudo isso o anacronismo burocrático da gestão Gurgel.

O MPF padece do mesmo vício do jornalismo: as tarefas principais, a linha de frente das investigações são entregues a procuradores ou repórteres novatos. Quando ganham experiência, procuradores são promovidos e limitam-se a dar pareceres; e repórteres tornam-se editores.

O burocratismo de Gurgel não criou nenhuma estrutura intermediária, com procuradores mais experientes coordenando, orientando e fiscalizando a atuação da linha de frente.

Agora, o novo PGR, Rodrigo Janot, montou essa estrutura intermediária, nomeando procuradores experientes para essa função.

O episódio traz inúmeras lições.

A principal delas são os efeitos deletérios sobre o trabalho dos procuradores, quando submetidos ao jogo de interesses da mídia.

Recentemente, o MPF de São Paulo montou um seminário apenas com representantes da velha mídia, para falar das relações entre eles. Houve loas à liberdade de imprensa, ao apoio que a mídia dá a escândalos mesmo que não devidamente apurados pelo MPF, a celebração da amizade – que já feriu tantos direitos individuais, pelo hábito da escandalização.

Em nenhum momento entrou-se nos temas centrais: a influência deletéria dos interesses econômicos na cobertura jornalística; a maneira como essa submissão à mídia inibe ou pauta o trabalho de procuradores; o novo papel das redes sociais, como freio e contrapeso aos interesses corporativos.

Quem sabe, comecem a acordar para os novos tempos.

Luis Nassif

*comtextolivre

Carta revela mais detalhes o apoio popular a Jango. “Voz das ruas” era da minoria


A revista CartaCapital publica neste sábado novas e mais profundas informações sobre o processo de agitação que levou à deposição do João Goulart em 64.

A “voz das ruas” de então, as marchas da Família com Deus pela Liberdade, francamente apoiadas pela mídia e pela Igreja, está longe de representar a maioria.

Ao contrário, era uma minoria de classe média que, em boa parte, mal sabia que estava escancarando as portas do país à selvageria que, pouco tempo depois, iria devorar seus próprios filhos, em 68.

Uma das informações mais interessantes é a das pesquisas Ibope, realizadas antes do golpe.

Uma delas, concluída apenas cinco dias antes do movimento militar, em oito capitais, mostra que 49,8% dos pesquisados admitiam votar em Jango caso ele pudesse se candidatar à reeleição – o que não era permitido, à época – contra 41,8% que rejeitavam essa possibilidade.

Segundo o Brasil Econômico, que antecipa trechos da matéria da Carta, “em São Paulo, 72% da população aprovava o governo Goulart. Entre os mais pobres, a popularidade chegava a 86%.

O golpe saiu não pelas massas, mas pelas malas de dólares, como as que, agora, sabe-se que foram entregues ao general Amaury Kruel, até ali um amigo do presidente, e então, devidamente “abastecido” , peça chave na sua derrocada.

É bom que uma turminha que acha que tudo é “puro e espontâneo” revisite o passado, para ver como se demoliram os governos trabalhistas neste país: Getúlio, Jango e…

Fernando Brito

*Tijolaço

Atenção para este post: Não deixe de ler, agir e reagir!

Eduardo Cunha articula acordão entre Globo e teles contra o Marco Civil


É hora de pressionar Eduardo Cunha enviando e-mail, postando memes, ligando no gabinete. 
 Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Este blogue apurou que o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, está se empenhando pessoalmente para transformar um longo debate na sociedade em um acordo entre dois setores econômicos, as teles e a radiodifusão. Ou seja, a Vivo, a TIM, a Claro e a Globo. A aprovação do texto do Marco Civil da Internet subiu literalmente no telhado e só irá descer com algum nível de qualidade se a sociedade for à luta.

Pelo acordo que está sendo encaminhado por Eduardo Cunha, a Globo negociaria ao menos parcialmente a neutralidade na rede e ficaria com o artigo que garante que os direitos autorais no Brasil se sobrepõem aos direitos humanos.

É isso mesmo, você não leu errado. A Globo defende que apenas para questões que envolvam direitos autorais não haja necessidade de processo judicial para que um conteúdo seja retirado do ar. Ou seja, você pode defender a pedofilia que tudo bem, mas se divulgar o capítulo da novela no seu blogue estará perdido.

Mas o artigo que ajuda a Globo permitirá de alguma maneira que outros grupos se apropriem dele para praticar censura, utilizando-se do recurso do “uso indevido da imagem”. Por exemplo: os grupos LGBTS publicam textos pela sua militância e o Marco Feliciano solicita, via notificação extrajudicial, e retirada do ar porque usaram uma foto dele. O mesmo pode acontecer com o MST se criticar a Kátia Abreu. E aí aquela lei da biografias vai virar piada de salão…

Enquanto isso, as teles querem ser donas não só dos dutos por onde passam as informações, querem controlar também as informações que passam por ali. E a depender do que estiver circulando, cobrar diferente por isso, como fazem as tevês a cabo.

Ou seja, você quer só receber e enviar email, paga 10 reais por mês. Quer assistir vídeo no youtube é vintão. Quer ter um blogue, o pacote já fica 30. Quer também colocar vídeos na rede, o preço pode chegar a 100. É isso que está em jogo. Eduardo Cunha está (parafraseando Brizola) articulando a aliança entre o coisa ruim e o satanás.

A presidenta Dilma já deu declarações a favor da neutralidade na rede e contra o artigo que só interessa à Globo. Mas a relação do governo com o PMDB está num momento tenso e o Marco Civil pode pagar o pato.

É hora de pressionar Eduardo Cunha enviando e-mail, postando memes, ligando no gabinete, utilizando todos os instrumentos democráticos para convencê-lo a recuar desta operação.

O custo da aprovação de uma lei para garantir mais privilégios ainda à Globo e às telefônicas no Brasil seria imenso. De dimensões terríveis para o Brasil. E para quem defende a liberdade.

Renato Rovai


 ATENÇÃO, ATENÇÃO:  
 
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Endereços úteis para contato com Eduardo Cosentino da Cunha:

- Portal Eduardo Cunha

- Twitter Dep Eduardo Cunha

- Email  dep.eduardocunha@camara.leg.br

- Gabinete em Brasília

Gabinete: 510

Câmara dos deputados - Anexo 4

Brasília/DF - Cep:70160-900

Telefone: (61) 3215-5510  Fax: (61) 3215-2510

- Gabinete no Rio de Janeiro

Av. Nilo Peçanha 50 - sala 2909

Centro - Rio de Janeiro - Cep: 20020-100

Telefone: (21) 2220 9804 / 2532 4252  Fax: (21) 2220 9798

Assine pela democratização do Poder Judiciário


A Associação Juízes para a Democracia (AJD) lança campanha de democratização do poder judiciário. De início, através de petição no site Avaaz, promove a campanha para eleições diretas para as mesas diretoras dos Tribunais de Justiça.

Clique aqui para assinar.

O Poder Judiciário precisa ser democratizado, o que só é possível se o pluralismo das ideias tiver oportunidade de manifestação durante as eleições internas.

Atualmente, a cúpula dos tribunais é eleita por uma minoria. Apenas os desembargadores votam (são 2.380 no Brasil e eles são os julgadores dos recursos). Os juízes de primeiro grau (13.000 juízes que têm contato direto com a população) não podem votar para eleger os que dirigem os tribunais.

O mínimo que se espera de uma democracia é que todos os seus membros possam participar da eleição de seus cargos diretivos, de modo a garantir maior transparência no trato da coisa pública. Se quiserem, os tribunais podem alterar essas regras. O Poder Legislativo também pode promover essa mudança mediante lei.

Assine esta petição para que possamos construir um Poder Judiciário verdadeiramente democrático.

* Gerivaldo Neiva

Das flores*

Das flores*


Os homens homenageiam seus mortos, quando deveriam silenciar, pois, toda ausência é silenciosa.

Doam flores e dizem rezas, explanam ao vento inúteis lamentos. Não é descaso, nem descrença, tampouco invasão à dor alheia.

Todos os anos, pintam cemitérios, tumbas, ornam lápides, lustram quase a espelho uma casa onde ninguém mora: o túmulo.

Acredito nas flores e na alegria e nos sorrisos que os já mortos poderiam ter gozado. Precisaria ser “dia de finados” para doar flores, doar poesia, demonstrar sentimentos? Onde mora a saudade, longe deste dia no calendário? São perguntas que não calam. Dia de todos os santos, a morte causa santidade? Desperta amor?

Quantas vezes está ali ao lado a pessoa que hoje te faz chorar e jamais moveste os braços na direção de um abraço, jamais olhastes nos olhos para doar um pequeno gesto de gratidão, um elogio, uma carícia, apenas.

A vida é hoje, repito, repetirei tantas vezes quantas forem necessárias.

A vida é hoje. Não espere ver alguém sem vida, não espere ter saudade para doar gestos, sentimentos, amor, para quem já não pode receber.

(Ednar Andrade).

Luiza Erundina estara presente