Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 01, 2014
Ucrânia: golpistas de Kiev-EUA reconhecem derrota
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
John Brennan |
Estimulado
pelo diretor da CIA Brennan e pelo vice-presidente Biden dos EUA, o
governo ucraniano em Kiev tentou
duas vezes usar força militar contra os federalistas,
no leste. Na segunda vez, quando tentou bloquear a cidade de Slovyansk, a
Federação Russa anunciou manobras das tropas de fronteira e ameaçou intervir.
Kiev retrocedeu e os federalistas ocuparam prédios do governo ucraniano em mais
cidades no leste. Cerca de 23 cidades e vilas na região do Donbass, que gera
1/3 do PIB da Ucrânia, estão já controladas pelos federalistas. Espera-se que,
amanhã, esse número aumente.
Oleksandr Turchynov |
Pelo menos
por hora, o governo golpista em Kiev entregou
os pontos:
O presidente da Ucrânia advertiu, na 4ª-feira
(30/4/2014), que sua polícia e forças de segurança são “impotentes” para conter
os tumultos no leste do país, onde militantes pró-Rússia tomaram prédios do
governo em mais uma cidade.
“Serei franco: hoje, as forças de segurança não
conseguem retomar rapidamente o controle da situação nas regiões de Donetsk e
Luhansk” – disse o presidente “interino” Oleksandr Turchynov ...”
A
imprensa-empresa “ocidental” insiste em chamar os manifestantes do leste de
“separatistas” ou “pró-Rússia”. [1] São expressões ERRADAS.
Diferente da
Crimeia, nessas áreas não há maioria que deseje unir-se à Federação Russa. Aí,
as pessoas querem
estados autônomos dentro da Ucrânia,
com governos eleitos localmente e algum controle sobre as próprias relações
exteriores. Querem uma Ucrânia federal, com governo central fraco, que não
interfira nos assuntos das regiões.
Joe Biden |
Com as coisas
seguindo como até aqui, é possível que consigam o que eles – e a Rússia –
querem. E, sem autoridade sobre o leste e sem forças de segurança confiáveis, o
governo de Kiev nada pode fazer para impedir que aconteça.
A opinião
pública nos EUA é contra mais intervenção dos EUA na Ucrânia; e, a
seis meses das eleições de meio de mandato, não há dúvidas de que a opinião
pública será levada em conta, pelo menos por enquanto. Tampouco se vê qualquer
apoio vindo da Europa para a novas sanções contra a Rússia. O ‘ocidente’ e
seus sabujos em Kiev ficaram sem ferramentas para fazer avançar os próprios
planos.
O plano dos
neoconservadores, de capturar para a OTAN o porto Sebastopol no Mar Negro foi
derrotado no momento em que a Rússia apoiou o referendo dos (então, ainda)
ucranianos, que se manifestaram a favor da reintegração da Crimeia à Rússia.
Henry Kissinger |
O plano da
OTAN, de incluir a Ucrânia em seu anel “de contenção” em torno da Rússia,
fracassou. E jaz em cacos o plano da União Europeia, para devorar o que resta
das riquezas naturais da Ucrânia.
A Ucrânia se
converterá, como recomendava há dois meses, um
velho político (e criminoso de guerra), Henry Kissinger, uma nação
federal finlandizada, entre o leste e
o oeste.
Mas ainda há
fatores complicadores possíveis. Os intervencionistas humanitários
neoconservadores ficarão furiosos com a perda, e podem ainda inventar algum
neogolpe ou neocrime. Podem, usando suas conexões com os fascistas da Ucrânia,
iniciar uma guerra civil na Ucrânia. Se para mais não servir, servirá para
manter a Rússia ocupada, e desatenta, talvez, a outras questões.
*redecastorfoto
Assinar:
Postagens (Atom)