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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 29, 2014

Charge foto e frase do dia























































































































































































Judeus brasileiros iniciam movimento para que Estado Palestino seja reconhecido

Enviado por Sérgio Storch
Uma onda dissidente na comunidade judaica brasileira vem acumulando forças, e se articulando com setores importantes no movimento dentro de Israel pelo fim da ocupação. Às vésperas do Dia Mundial de Solidariedade ao Povo Palestino,  judeus brasileiros que incluem lideranças de vários grupos juvenis e dezenas de intelectuais, artistas e profissionais liberais de 7 das maiores cidades brasileiras, e também pessoas residentes na Austrália, Israel e Turquia, divulgam uma carta de apoio a iniciativa de 660 israelenses, que pedem a parlamentares da União Europeia para atuarem para que seus países reconheçam o Estado Palestino.
O movimento responde também à tensão derivada de ações do governo Netanyahu com provocações aos palestinos na questão de acesso aos lugares sagrados, e com um projeto de lei submetido ao Knesset (Parlamento), que pretende instituir oficialmente a discriminação a não-judeus.
Diferente de iniciativas pontuais anteriores, desta vez a campanha prosseguirá acumulando força para catalisar outras iniciativas na Diáspora que fortaleçam os setores em Israel que resistem à direitização e ao racismo crescentes na sociedade israelense. A expectativa dos organizadores (rede JUPROG - Judeus Progressistas) é alcançar 1000 assinaturas qualificadas em 60 dias (120 foram obtidas em 10 dias, e agora se inicia um processo multiplicativo pelas redes sociais).

Esse movimento ocorre num contexto em que até nos Estados Unidos, que tem a maior comunidade judaica fora de Israel, com população quase equivalente, já se produziram rupturas no coração do establishment judaico (*).
A carta aberta (com versão em inglês para ser utilizada em Israel e outros países) encontra-se neste link: http://bit.ly/1BYsbVt, onde está linkada a página com assinaturas até 27/11.
(*) Henry Siegman, Leading Voice of U.S. Jewry, on Gaza: "A Slaughter of Innocents" | Democracy Now! - líder do American Jewish Congress - http://bit.ly/1wyv474
*CGN

Dilma aos movimentos sociais: "Quero diálogo construtivo e continuado"


A presidenta Dilma Rousseff participou da abertura da 3ª Conferência Nacional de Economia Solidária, nesta quinta-feira (27), e em seu discurso reafirmou o compromisso de amplo diálogo com os representantes da sociedade civil. 


Agência Brasil
Dilma reafirmou que o seu compromisso é “continuar fazendo mudanças”.Dilma reafirmou que o seu compromisso é “continuar fazendo mudanças”.
Dirigindo-se aos participantes da conferência, mas num recado a todos os movimentos sociais, Dilma afirmou que recebeu novomandato para “continuar fazendo mudanças” e priorizando a relação com o setor da economia solidária.

Dilma enumerou vários compromissos de seu segundo mandato como a inclusão social, emprego, acesso à educação, garantia deempregos, estabilidade política e econômica, investimento em infraestrutura e na modernização do país e elevação da renda do povo brasileiro.


“Nos próximos quatro anos, vou estabelecer, de forma sistemática, diálogo construtivo e continuado com vocês. Vamos fortalecer ainda maisempreendimentos solidários em todo o país. Vamos aprimorar mecanismos de oferta de crédito para sempre e vamos dar novos passos na regulação da economia solidária, garantindo a ela mais sustentabilidade e estabilidade”, prometeu a presidenta, declarando, ainda, que vai avançar na assistência técnica, já que a economia solidária é capaz de demonstrar a “melhor gestão compartilhada possível”.

A presidenta pediu empenho dos movimentos sociais para definir uma agenda propositiva para o novo governo. Dilma quer “construir junto” um caminho prioritário com foco na economia solidária, cidadania e processos democráticos de participação popular: “Eu quero que a voz de vocês apareça nas contribuições que vocês vão me enviar”.

Capacidade de superação do povo

Citando ações promovidas pelo governo federal nos últimos anos, no sentido de institucionalizar a economia solidária como uma política de Estado, Dilma afirmou que o compromisso com a criação de oportunidades será mantido. “Sabemos que muitas pessoas no Brasil em algum momento do passado diziam que pobres eram pobres porque queriam ser pobres, porque tinham preguiça e não porque pobres eram pobres através de um processo de exclusão que começa com a escravidão. Eu acho que nós temos sempre de afirmar que o compromisso é criar oportunidades e de forma muito simples abrir portas, é esse o nosso compromisso e sabemos que o povo brasileiro tem uma imensa capacidade de agarrar com as duas mãos as oportunidades e por esforço próprio. Com apoio da família e com portas abertas nós teremos um Brasil muito melhor”, afirmou.

A regulação da economia solidária será uma prioridade da presidenta no seu segundo mandato. De acordo com Dilma, esses empreendimentos fazem parte da estratégia de inclusão social, um dos pilares de seu governo. “Nós vamos fortalecer ainda mais os empreendimentos solidários em todo o país. Vamos aprimorar os mecanismos de oferta de crédito para os empreendimentos solidários, e vamos dar novos passos na regulação da economia solidária garantindo a ela maior estabilidade e mais sustentabilidade”, garantiu a presidenta.

A 3ª Conferência Nacional de Economia Solidária conta com 1.600 delegados e é resultado de debates realizados, ao longo deste ano, em várias conferências municipais e estaduais e encontros nacionais com mais de 20 mil participantes. Metade dos delegados é composta por trabalhadores e trabalhadoras de empreendimentos nascidos sob a lógica da economia solidária, associações e cooperativas. Neste ano, cerca de 65% dos participantes eram mulheres.

Na abertura do evento, também estiveram presentes o ministro do Trabalho, Manoel Dias, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Fonte: Agência Brasil, alterado às 11h10 para inclusão de informações

*Vermelho

(O velho amigo)

casaco
Como um velho casaco jeans assim vivia…
…Já conformado, marcado pelo tempo, esquecido de si mesmo, ali morava ele dentro da caixa, sem a memória real do seu valor. Ali ouvia histórias da vida, lembrava momentos, carregava no seu cheiro de guardado segredos e confissões, não havia nele novidades para contar; a vida o fez assim jogado, esquecido de sonhar. Foi já tão amado, tanto amou, tanto viveu… Agora seu universo era apenas um armário, portas que se abriam, pessoas que nem o olhavam, por ele passavam sem lhe tocar…
Seria ingratidão assim pensar que foi esquecido? Ou, o seu valor mudara? e agora tantas outras coisas aconteciam… O que o fazia ali está esquecido, descartado? Foi companheiro de sonhos, deu tanta festa, doou muita euforia, via-se esquecido agora, dizia-se amarrotado, sem graça, um leve desbotar já anunciava que tudo era menos sem cor. Quem sabe no vai-e-vem das horas alguém poderia dele lembrar… Pura ilusão; descontentamento, e então…
Lamentos, recordação, muita saudade………..
Saudade da felicidade de crer no sonho, de ir em busca do novo acontecimento, e assim olhar na cara da covardia, sair do seu lugar SEGURO, colocar-se à prova do desconhecido…
É preciso recomeçar, pensava. Com muito medo quase morria no armário, na dor, todo perdido; vivia sem respirar… Até, que numa bela manhã, levado pelo descuido do seu destino, viu a fresta que o levaria para a sua liberdade, num gesto brusco e magoado sai da caixa; olhou em volta de si, há vida.
La fora, tudo é diferente… Mas nada é tão mudado que eu não possa retomar a minha já “suposta” (perdida felicidade). Fora do armário o dia tem outro cheiro, o Sol brilha e dá sentido à minha respiração, pulsa, remete, alerta-me a alma fraca quase doente…
Olhos atentos, nas mãos os sonhos, uma vontade imensa de sorrir, alguém, por favor, conte-lhe uma boa piada, faça-o voltar a sorrir, pois é urgente ter vida, perder esta poeira que o tempo deu-lhe como uma camada protetora e falsa.
Esteve tanto tempo renegado, renegando-se, perdendo-se da magnífica palavra: “LIBERDADE”, liberdade sim! De ver-se vivo, de ir ou ficar, e apenas por querer ser o que é, sem dar explicação, com a cabeça sobre os ombros, sair do esconderijo, as ervas daninhas dos seus caminhos já tão batidos do seu tempo… Um tempo que jogou fora com tamanha ignorância da tal felicidade (felicidade? Que palavra é esta que já não me é pão?) Pensava , chorava, gemia na sua nova busca de viver.
Nascera agora, passava pelo fogo da desilusão, para chegar ao frescor da aceitação do real (Realidade), palavra que a alguns assusta, pois ela trás consigo a pura flor, o direito de ser como ela se apresenta, sem pedir licença instala-se na vida , que por vezes lutamos em rejeitar
.Assim, e vestido de uma tentativa de reviver, saiu, abriu a porta, pegou o seu antigo jeans, deu-lhe umas batidas de saudação, pediu-lhe desculpas pelo abandono, sorriu para o velho amigo, e disse-lhe com um sorriso novo: “agora virás mais uma vez comigo, já não estaremos sós, direi e ouvirás, calarei e entenderás, pois nesta vida quem não precisa ter fora do armário um velho casaco jeans?” Limpou-lhe os cantos, arrumou, cheirou, vestiu e saiu buscando os novos caminhos.
Descobriu portas, janelas, e reviu tantos rumos…
…Foi correr de encontro a tudo que deixou no desencontro, jogou sobre os cansados ombros o velho companheiro e partiu, consciente da inércia em que vivera, olha-se no espelho, põe na mochila a coragem e segue com a força e a certeza de que é preciso trilhar esta estrada: VIDA, sem olhar para trás, sentir-se bem-aventurado e seguir na direção do horizonte que o espera.